nazista

O Brasil declarou guerra em agosto de 1942 contra a Alemanha nazista e a Itália fascista, mas por pouco o país não entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos alemães. Somente após a proposta feita pelos Estados Unidos de financiar a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), entre outras propostas de auxílio à economia nacional, o país declarou guerra aos nazistas. Os EUA não hesitariam também em invadir o litoral do nordeste brasileiro para ocupar portos e bases caso a proposta fosse negada.

Antes do rompimento das relações diplomáticas entre os países, no entanto, o Brasil na época de Getúlio Vargas mantinha boas relações comerciais com a Alemanha e a Itália. Em 1936, o Brasil e a Itália firmaram um acordo para comprar submarinos italianos, que seriam pagos com algodão e outros produtos brasileiros. O Exército Brasileiro chegou a importar armamentos da Alemanha nazista.

O governo de Vargas manteve, durante quase toda a década de 1930, relações de amizade e de cordialidade com o III Reich. Em documento de 1936, um representante do III Reich referiu-se às relações Brasil-Alemanha como satisfatórias, apesar da “ameaça judaico-comunista”. Membros do governo brasileiro tinham relações cordiais com o partido nazista no país. Em 1937, o governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, compareceu a uma festividade nazista em Porto Alegre, e disse que os alemães eram “um componente racial do muito valoroso povo brasileiro”.

O Brasil de Vargas e a Alemanha de Hitler mantiveram acordos políticos com foco na caça a comunistas e na troca de informações entre as polícias secretas de ambos os países, incluindo-se a expulsão de alguns judeus comunistas, como ocorreu com Olga Benário. Ela foi mandada para a Alemanha em um navio de carga, mesmo com os protestos do próprio capitão do navio por ela estar grávida de 7 meses. Olga teve sua filha em um campo de concentração e esta foi retirada dos seus braços logo após o período de amamentação. Olga morreu torturada em um campo de concentração.

Em novembro de 1937, por ocasião da troca de embaixadores alemães no Brasil, Getúlio Vargas e Adolf Hitler trocaram correspondência. Vargas chamou Hitler de “grande e bom amigo” na carta. Vargas também escreveu que desejava “sempre manter, e estreitar, cada vez mais, as relações de boa amizade, felizmente existentes entre os dois países”. Essa declaração ocorreu poucos meses antes da proibição do partido nazista no Brasil, o que demonstra que as boas relações entre os dois regimes só foram rompidas de última hora.

A íntegra da carta de Vargas a Hitler, de 1937:
“A sua Excelência e Senhor Adolf Hitler, Grande e Bom amigo, Recebi a carta pela qual Vossa Excelência houve por bem participar-me que, tendo resolvido chamar o Senhor Doutor Schmidt-Elskop, deu por finda a Missão que ele desempenhava no Brasil, na qualidade de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Alemanha. Posso assegurar a Vossa Excelência que o Senhor Doutor Arthur Schmidt Elskop, durante a permanência aqui soube, pelas suas distintas qualidades, grandecer a estima, e simpatia do governo e do Povo brasileiro, processando sempre manter e estreitar, cada vez mais, as relações de boa amizade, felizmente existente entre os dois países”.

Brasil Nazista? Vargas chamava Hitler de “grande e bom amigo”