O mundo dá voltas, Moro

Podcast tá de volta amanhã, os episódios você ouve lá na Central3.
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E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )
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1. Ministro terrivelmente fascista

O ministro terrivelmente evangélico foi à Globonews e que maravilha de resposta:
“”Independente da existência ou não [do relatório], e eu não posso confirmar [a existência], determinei a abertura de uma sindicância para apurar os fatos relacionados, no âmbito do Ministério da Justiça, à produção de relatórios” [G1]
Ele meteu um hilário ‘não nego nem confirmo’, porra!
“Em entrevista à GloboNews, o ministro da Justiça disse que, ao saber de reportagem do portal Uol, procurou a Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do MJ e foi informado de que a secretaria não elabora dossiês desse tipo. “Então, eu chamo a Secretaria e pergunto: ‘foi elaborado algum dossiê’? E eles me respondem e isso está na nota [do MJ]: ‘Nós não elaboramos dossiê’. ‘Até porque, se nós quiséssemos ou pudéssemos elaborar um dossiê com aquela conotação de prejudicar determinado grupo de forma parcial, persecutória, nós não elaboraríamos um relatório’. Se é que esse relatório, e eu tenho que falar sempre em tese, foi produzido”, afirmou André Mendonça.”
Sim, ele tá dizendo algo na linha ‘a gente não seria burro de deixar rastros‘. Mas eles foram burros, deixaram astros, tanto que na noite de segunda um dos cabeças da tal Seopi foi afastado.
“O ministro da Justiça disse ainda não admitir “qualquer perseguição a grupo de qualquer natureza”. “Isso é inaceitável no estado democrático de direito”. Ele também disse ser impossível “consentir” com a produção de dossiês contra quem quer que seja. Questionado sobre o que fará caso fique comprovado que a Seopi elaborou um dossiê contra servidores públicos supostamente ligados a grupos antifascistas ou contrários ao governo, André Mendonça afirmou: “Se for verificado que há qualquer atuação persecutória ilegítima, essa pessoa [responsável pelo relatório] não tem condições de continuar trabalhando comigo […]. A gente precisa ter serenidade, fazer as apurações devidas. Agora, qualquer indicativo de uma atuação persecutória a grupo A, B ou C, que restrinja, por exemplo, indevidamente, uma manifestação, isso não é aceitável dentro da democracia”. Mendonça também disse se considerar um antifascista, mas emendou: “não é necessariamente um rótulo que vai dizer o conteúdo de um eventual grupo que se manifesta pelo antifascismo. Nós não podemos, numa questão de segurança, simplesmente por um rótulo deixar de considerar eventos concretos que possam existir e caracterizar um grupo determinado”.”
Lembra que Bolsonaro classsificou antifascistas como “terroristas, marginais e maconheiros“, certo?
“Mendonça também disse se considerar um antifascista, mas emendou: “não é necessariamente um rótulo que vai dizer o conteúdo de um eventual grupo que se manifesta pelo antifascismo. Nós não podemos, numa questão de segurança, simplesmente por um rótulo deixar de considerar eventos concretos que possam existir e caracterizar um grupo determinado”.”
Reinaldo Azevedo fez um bom resumo do absurdo:
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2. Murros, Pontapés e Facadas

Não é à toa que nos últimos dias eu me refiro ao MPF como Murros, Pontapés e Facadas. A reunião de Conselho Superior do MP foi um shit show conduzido com maestria pelo escroto do Aras
“O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o subprocurador Nicolao Dino discutiram nesta sexta-feira (31), no início da reunião do Conselho Superior do Ministério Público. O encontro, ainda em andamento, tem, por objetivo debater o orçamento do órgão para 2021. “Vossa Excelência, com o peso da autoridade do cargo que exerce, e evocando o pretexto de corrigir rumos ante os supostos desvios das forças-tarefas, fez graves afirmações em relação ao funcionamento do Ministério Público Federal em debate com advogados”, disse Dino logo no início da reunião.Aras rebateu: “Conselheiro Nicolao Dino, essa sessão é para o orçamento. Solicito a vossa excelência que reserve suas manifestações pessoais e de seus colegas, meus colegas, para após a sessão”, disse. Ao que Dino replicou: “O regimento interno me faculta o uso da palavra. Não faz sentido que se cerceie o uso da palavra por parte de um membro desse conselho. Isso nunca aconteceu nesse colegiado.” O procurador-geral, então, falou que lhe daria a palavra após a votação do Orçamento. Também declarou que ia “replicar os pretextos”, “com a documentação que disponho em mãos”. Nicolao Dino, por sua vez, insistiu: “O regimento interno me assegura a palavra no início da sessão.” Aras então rebateu-o novamente: “Não aceitarei ato político em uma sessão de orçamento. Depois do orçamento teremos a manifestação da sessão ordinária e vossa excelência poderá falar à vontade”, disse. Na sequência, outros dois subprocuradores, Luiza Frischeisen e José Adonis Callou de Araújo Sá, manifestaram-se em favor de Dino: “Acho importante que todos se manifestem nesse colegiado. Que possamos debater com vossa excelência como vossa excelência tem debatido com outros profissionais de direito”, declarou Luiza.” [CNN]
Luiza foi na ferida – Aras conversa de boa com advogados ditos garantistas mas com os procuradores ele não tem muita paciência não – e mais pra frente Aras vai acusar o golpe de forma cretina.
“Já Adonis afirmou que não via “qualquer impedimento a que o conselheiro manifeste sua opinião sobre temas caros à instituição e que estão na pauta, que foram objeto da manifestação pública de vossa excelência em debates com outras instâncias”. O constrangimento só acabou depois que Aras garantiu a todos que haveria tempo para este debate. “Sobrará tempo suficiente para todos nós nos manifestarmos. Eu pondero a todos que a palavra será amplamente aberta”, disse.”
Não, o constrangimento não acabou.
youtube.com/watch?v=PfM6RF0zBW0
Tem reunião de condomínio problemático por aí sendo conduziodo de forma mais digna, que sujeito triste é o Aras, o PGR escolhido a dedo pelo presidente que confessou lol e já falou em vaga ao STF ao sujeito responsável por investigar o governo.  E aqui me valho do Ayres Britto:
“Augusto Aras poderia dar uma contribuição importante para serenar os ânimos. Bastaria anunciar publicamente que se recusa a admitir ou aceitar qualquer indicação para o Supremo Tribunal Federal. E, a partir daí, permitir que não se veja em suas atitudes parte de uma campanha para chegar à Corte Suprema.” [Folha]
“A recomendação está no artigo intitulado “Um desastre institucional –o efeito Aras no combate à corrupção”, publicado no jornal digital Poder360. Segundo Britto, Aras “acaba de assegurar um lugar de destaque na lista de autoridades brasileiras cujo comportamento mostra enorme distância entre o que o país espera, o que o cargo exige e o que fazem”. Ele critica o fato de o PGR ter escolhido “uma conversa com os advogados que lideram o combate à Lava Jato, um cenário informal para cometer o suicídio simbólico que vai perseguir sua gestão, além de reduzir o espaço para o bom senso em questão tão essencial”.”
Essa é a conversa mencionada pela Luiza.
Mas voltemos ao Aras com a faca nos dentes na reunião:
“Enquanto eu estava aqui, havia perguntas de um determinado blog contaminado com muitos vícios, talvez com medo até de investigações por vir, questionando sobre a minha família. Quero dizer, doutor Nicolao, que o senhor não vai gostar de nenhuma fake news sobre a sua família. E MUITO MENOS A DOUTORA LUIZA, QUE TALVEZ NÃO TENHA FAMÍLIA, MAS TALVEZ TENHA, mas talvez tenha. Doutor Adônis muito menos. Mas enquanto eu estava aqui eu estava recebendo uma ataque à minha família e provavelmente saiu daqui.” [O Globo]
“Desde a noite de ontem, procuradoras e procuradores fizeram críticas a Aras nos grupos internos por causa de seus ataques e realizaram manifestações de solidariedade à subprocuradora Luiza Frischeisen, que já foi coordenadora da Câmara Criminal do MPF e foi segunda colocada na votação interna da lista tríplice para o cargo de PGR — Aras foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a PGR sem ter concorrido à lista. “Car@s colegas, todos que assistimos à sessão de hoje do conselho temos nossas razões para lamentar. Mas queria fazer um registro nesse grupo em especial. A fala do PGR, referindo-se a Luiza como uma pessoa “sem família”, me soou profundamente machista, agresiva e misógina. Estou muito revoltada (também com isso. O que o PGR quis dizer com isso? Qual a ideia que ele tem de família? De mulheres?” escreveu uma procuradora em um grupo. “Eu assisti. Fiquei estarrecida e muito triste por ouvir isso de um PGR. Foi, sim, misógino e agressivo. Me ofendeu profundamente. Já manifestei diretamente a Luiza minha irrestrita solidariedade, mas registro aqui também”, respondeu outra colega do MPF. Uma terceira procuradora classificou a declaração de Aras de “sórdido ataque”: “Quando o PGR te ataca, ataca todas as mulheres. Aliás, a carta que supostamente o ofendeu e irritou também foi assinada por outros conselheiros, mas ao proferir uma ofensa a Luiza, o PGR deixa claro que, além de não gostar de receber críticas, não admite que sejam feitas por mulheres”, escreveu. Homens também entraram na discussão e manifestaram apoio. “Luiza merece toda essa solidariedade. Esse ataque misógino, que lhe foi dirigido pelo PGR, atingindo ainda as demais mulheres que integram o MPF, causam indignação também a todos os homens comprometidos com a igualdade e a defesa dos direitos humanos. Não vamos nunca tolerar ataques dessa natureza numa instituição como o MPF”, escreveu um procurador.”
O Aras tava puto com isso aqui ó:
“Integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) divulgaram nesta sexta-feira (31) uma carta aberta em que criticam as recentes declarações do procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre a atuação das forças-tarefas da Operação Lava Jato. “As palavras do procurador-geral da República pavimentam trilha diversa e adversa, uma vez que alimentam suspeitas e dúvidas na atuação do MPF”, diz o documento. Assinada pelos subprocuradores-gerais Nicolao Dino, Nívio de Freitas Silva Filho, José Adonis Callou de Sá e Luíza Cristina Frischeinsen, a carta foi lida durante a reunião do CSMPF que discutia a proposta orçamentária do próximo ano. A carta aberta afirma que um Ministério Público “desacreditado, instável e enfraquecido” atende aos interesses daqueles que se posicionam à margem da lei. Os subprocuradores-gerais que a endossam afirmam que “nunca, jamais, houve fraude em quaisquer eleições no âmbito do Ministério Público Federal, sendo absurdo cogitar-se de sua ocorrência”.
Após ouvir os colegas, Aras disse que não lhe falta coragem para rebater cada crítica e afirmou que suas declarações feitas em videoconferência com advogados foram baseadas em informações que estão em poder de órgãos competentes do MPF, incluindo a Corregedoria-Geral. “Eu me dirigi em evento acadêmico baseado em fatos e provas”, afirmou. Em seguida, o chefe do MPF passou a sugerir que os colegas que subscrevem o documento estão por trás de fake news “plantadas” na imprensa. Ele disse que está colecionando as “fake news” e que ao final de sua gestão cada uma terá resposta. No início da reunião, Dino começou a abordar os recentes ataques de Aras à Lava Jato, mas foi interrompido pelo atual chefe do MPF. Dino respondeu que Aras “quer estabelecer um monólogo e não um diálogo” e disse que isso nunca havia acontecido na história do Conselho Superior. O procurador-geral afirmou que não aceitaria ato político em sessão convocada para tratar de orçamento, que as manifestações pessoais deveriam ser reservadas para o final do encontro e que replicaria todos os comentários dos colegas. “E o farei com documentação de que disponho em mãos para acabar com qualquer dúvida acerca dos fatos. É com documentos que responderei a Vossa Excelência [Dino] e a todos os conselheiros”, disse Aras.” [Folha]
Se ele tem provas ele deveria tomar os devidos procedimentos legais, e não ficar balançando provas e afetando indignação.
Do Lauro Jardim:
“Augusto Aras conseguiu: as força tarefas da Lava-Jato estão nas cordas. Atônitas, não sabem como reagir aos ataques quase diários do PGR. No mês que vem, Aras pode acabar com a força-tarefa de Curitiba e, em dezembro, com a do Rio de Janeiro.” [O Globo]
Deltan respira – por aparelhos:
“Os conselheiros do CNMP críticos ao “lavajatismo” trabalham contra o relógio nas próximas três semanas para garantir apoios suficientes pela remoção de Deltan Dallagnol da força-tarefa da Lava Jato. Na sessão do próximo dia 18, o relator Luiz Fernando Bandeira apresentará seu voto pela abertura do processo contra o procurador e o grupo favorável ao afastamento já diz contar com ao menos 6 dos 11 votos. A ideia é, primeiro, evitar um pedido de vista e conseguir aprovar o afastamento imediato, por liminar, de Dallagnol já no dia 18. Para que isso tudo seja possível, no entendimento de conselheiros, é preciso Augusto Aras entrar com mais força na costura. Apesar de bradar contra a Lava Jato em lives, nos bastidores, o PGR tem jogado quase parado.” [Estadão]
E olha que loucura:
“Emissários do CNMP foram ao STF pedir a ministros que pressionem o procurador-geral. Aras, que busca se viabilizar para a vaga de Celso de Mello, estaria mais aberto a pedidos de possíveis futuros colegas, digamos assim. Eles têm pressa. Luiz Fux, que assumirá o comando da Corte em 5 de setembro, é visto como simpático aos “lavajatistas”.”
Que bad trip escrota…
E olha o Alexandre Garcia se valendo da Vaza-jato, viado!
“A guerra bolsonarista contra a Lava Jato vem produzindo cenas curiosas. Na semana passada, por exemplo, o bolsonarista Alexandre Garcia usou as revelações da Vaza Jato para criticar a turma de Curitiba. Quando o Intercept Brasil publicou as denúncias, Garcia estava entre os que atacaram os jornalistas. Pesquise o artigo “Estranhas Coincidências”, publicado em 30 de julho de 2019, em que Garcia repete a mesma lista de mentiras que os bolsonaristas lançavam na época contra Glenn Greenwald e sua família. Na esquerda, que perdeu uma, e talvez duas Presidências da República no auge do lavajatismo, há gente comemorando a guerra de Aras contra Curitiba. Pode ser compreensível, mas é um erro.” [Folha]
Sim, ml vezes sim. E taí uma bela aposta, hein:
“Ninguém ficaria surpreso se, enquanto tenta desmontar a Lava Jato, Aras requentasse uma delação contra Lula para acalmar os bolsonaristas que ainda mentem que se preocupam com corrupção.”
E quem quer um presidente da câmara ligado ao Bolsonaro não entendeu PORRA NENHUMA:
“Na direita tradicional também tem gente querendo ver no desmonte da Lava Jato uma espécie de acomodação de Bolsonaro com o centrão, o que, por um raciocínio meio tortuoso, poderia ser visto como aceitação da política institucional. A política brasileira vem sendo isso, um esforço para que um sujeito que causou cem mil mortes aceite ser menos golpista se a gente ajudá-lo com uns problemas que ele tem com a polícia. E mesmo isso me parece otimismo demais. Não acho que o acordão vai parar o golpismo. Bolsonaro ficou com raiva da polícia e do Judiciário porque eles pegaram Queiroz e atrapalharam seu autogolpe. Quando Judiciário e polícia tiverem sido aparelhados, Bolsonaro voltará à carga. Talvez por isso MDB e DEM tenham saído do bloco parlamentar do centrão semana passada. A manobra parece ter sido pensada para enfraquecer Bolsonaro na eleição para a presidência da Câmara. Se for isso, MDB e DEM estão certíssimos. Não se pode entregar o controle da presidência da Câmara, que com Rodrigo Maia foi um dos pontos de resistência ao autoritarismo, a quem se tenha vendido a Bolsonaro.”
Se depender do Alcolumbre estamos fodidos:
“Da mesma forma, o leilão da vaga no STF para quem fizer a maior oferta de golpismo tem que acabar. É preciso ficar claro que o Senado não aprovará o vencedor da disputa.”
Sim, mil vezes sim!
E o Alcolumbre tá soltinho, ao que parece já tem o apoio do STF:
“Davi Alcolumbre perdeu a timidez na cruzada para se manter na presidência do Senado: está pedindo votos ostensivamente, antes mesmo de saber se o STF vai autorizá-lo a disputar a reeleição à Mesa Diretora. Aos colegas de quem pleiteia o apoio, Alcolumbre afirma que amadureceu muito nos últimos dois anos e agora reúne as condições para ser o presidente que sempre sonhou para a Casa. Os senadores saem da conversa impressionados com a certeza que Davi Alcolumbre diz ter de que seu pleito será acolhido pelo STF.” [O Globo]
Passo ao Guilherme Amado:
“Os procuradores da Lava Jato em Curitiba que votaram em Jair Bolsonaro em 2018, acreditando que o PT desmontaria a engrenagem de combate à corrupção, têm afirmado privadamente que se arrependeram do voto. Consideram que Bolsonaro está trabalhando deliberadamente para matar não só a Lava Jato, mas todas as condições que permitiram seu surgimento. Ninguém diz que preferia ter votado no PT. Arrependem-se de não ter votado nulo.” [Época]
Não entenderam porra nenhuma, como são burros e cretinos. O problema nunca foi o rival do Bolsonaro, o problema é…o Bolsonaro! Sabe quem criou “todas as condições que permitiram seu surgimento”?! O PT, porra! Foi graças à autonomia dada à PGR, PF e por aí vai que o PT se fodeu, por um de seus grandes méritos.
Ah, e tudo aí em cima tem como pano de fundo a implosão da candidatura do Moro em 2022:
“Parlamentares que acompanham o duelo entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro avaliaram nesta quarta-feira (3) ao blog que o projeto do governo é inviabilizar a carreira política do ex-ministro da Justiça, com foco na eleição presidencial de 2022. Moro, diferentemente de um adversário de esquerda, racha a bease de Bolsonaro — por isso, o presidente prefere antagonizar com Lula, por exemplo. Porém, desde que saiu do governo e passou para o lado de inimigos de Bolsonaro, Moro virou pré-candidato à Presidência em 2022. O Planalto tem certeza de que o ex-ministro quer suceder Bolsonaro no Planalto e, por isso, quer desidratar o adversário.” [G1]
Até porque é o único rival a essa altura do triste campeonato. E aí são duas frentes, essa idéia de quarentena pra ex-juízes que de alguma forma incluiria casuisticamente até o Moro, mexendo em um direito adquirido e a coleta de informações pelo Aras de informações da LJ de Curitiba.
“Segundo o blog apurou junto a fontes da PGR, há 90 dias as conversas entre a PGR e Duran foram retomadas. Nos bastidores, Aras rechaça insinuações de que o Ministério Público estaria à disposição de Bolsonaro para se vingar de Moro — e que jamais permitiria o uso político da instituição. Já interlocutores de Moro não descartam, inclusive, que ele vire alvo de buscas, o que classificam como uma operação para desconstruir a sua imagem de símbolo de combate à corrupção.”
Imagine aí o Japonês da Fedderal na casa do Moro. METE UMA COERCITIVA NELE PRA DEIXAR DE SER OTÁRIO!
“Por isso, senadores que acompanham os lances e avanços da guerra entre Bolsonaro e Moro avaliam que o projeto Bolsonaro é tornar Moro inelegível em 2022. Para isso, por exemplo, Moro precisaria ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ou seja, condenado por órgão colegiado.”
E agora de tarde Fachin derrubou a decisão do Tofoli que passava as mãos do Aras as informaçoes das forças-tarefa, Moro e Deltan respiram um pouco mais aliviados:
“O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou nesta segunda-feira (3) a decisão liminar (provisória) que determinou o compartilhamento de dados entre as forças-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, no Rio de Janeiro e em São Paulo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Fachin é o relator da ação e revogou decisão do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que autorizou o compartilhamento. Na decisão desta segunda-feira, Fachin determina que a ordem tem eficácia retroativa. Na prática, isso significa que eventuais dados compartilhados não poderão ser mais acessados pela PGR.” [G1]
E segundo o Lauro Jardim Aras ficou a ver navios:
“O PGR Augusto Aras tentou, mas vai ficar a ver navios em relação à totalidade dos dados colhidos pelas três forças-tarefas da Lava-Jato (Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba). Tanto o MPF do Rio de Janeiro quanto o de São Paulo ainda não haviam repassado quaisquer dados. O trabalho em Curitiba, porém, já havia se iniciado. Lá, estavam desde o mês passado os enviados de Aras copiando o material colhido desde 2014. Estima-se, contudo, que o procedimento não estava em estágio avançado. Os arquivos copiados terão que ser apagados — inclusive os que já haviam sido repassado a Augusto Aras.” [O Globo]
Ah, a discrição do Bolsonaro é comovente:
“Quando se pergunta nos gabinetes de Brasília sobre a quantas anda a nomeação de Maurício Valeixo, o ex-diretor-geral da PF que foi o pivô da crise que levou Sergio Moro a deixar o governo, para ser adido da corporação em Lisboa, a resposta é sempre a mesma: “Está encaminhada”. Mas o fato é que a nomeação está “encaminhada” há quase quatro meses — Valeixo deixou a direção-geral da PF em 24 de abril, quando foi publicada no Diário Oficial a polêmica exoneração “a pedido”, assinada por Bolsonaro, que nunca havia sido a pedido. Desde então, Valeixo está à espera da nomeação para a adidância. A papelada já está na Casa Civil há semanas e nada de Bolsonaro assinar.” [Época]
Retaliação pura e simples sob as asas do general da Casa Civil.
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3. Vai dar merda, vai dar merda

Vai dar merda, vai dar merda, vaaaaaaaiii.
“O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que altera a organização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), aumenta o número de cargos comissionados e cria um novo órgão chamado de Centro de Inteligência Nacional. Pelo texto publicado na última sexta-feira, o Centro de Inteligência Nacional terá como função “planejar” e “executar” ações de inteligência voltadas ao “enfrentamento de ameaças à segurança e à estabilidade do Estado e da sociedade”; assessorar os órgãos competentes em ações e políticas de segurança pública e à identificação de “ameaças decorrentes de atividades criminosas”; e planejar, coordenar e implementar a “produção de inteligência corrente e a coleta estruturada de dados”. Além disso, deverá “realizar pesquisas de segurança para credenciamento e análise de integridade corporativa”, o que sugere a realização de um pente-fino antes da indicação de um nome para o cargo no governo.” [Valor]
Pra quê serve  a Abiin, caralho?!
“Outro setor que sofreu alterações foi o Departamento de Inteligência, que agora passará a fazer “análise de oportunidades e ameaças à segurança econômica nacional nas áreas de energia, de infraestrutura, de comércio, de finanças e de política econômica” e “análise da conjuntura internacional, em suas dimensões política, econômica e social, e dos seus impactos para o País”. Também houve mudanças na Escola de Inteligência, que vai passar a cuidar da “capacitação em inteligência e em competências transversais e complementares” tanto para “agentes públicos em exercício na Abin”, como para “os indicados pelo Sistema Brasileiro de Inteligência ou por entidades ou órgãos parceiros da Abin”. O texto indica que o treinamento poderá ser oferecido a funcionários não-concursados. O decreto também extinguiu o Departamento de Contraterrorismo e Ilícitos Transnacionais, que foi incorporado ao Departamento de Inteligência.”
Entendi foi porra nenhuma, ams vindo desse governo é porque vai dar merda.
“O texto abre brecha para que a Escola de Inteligência, que faz parte da Abin, ofereça treinamento para funcionários não-concursados. Na redação de 2016, assinada por Michel Temer, à Escola de Inteligência cabia “realizar a capacitação e o desenvolvimento de recursos humanos (…) e a capacitação de pessoal selecionado por meio de concurso público”. No novo texto, a Escola pode “planejar e executar atividades de capacitação em inteligência e em competências transversais e complementares para os agentes públicos em exercício na Abin e para os indicados pelo Sistema Brasileiro de Inteligência ou por entidades ou órgãos parceiros da Abin”. A menção a “concurso público” foi removida.
Como Bolsonaro é um grande inovador, o Centro também pode “desenvolver ações destinadas à inovação na atividade de inteligência e coordenar unidades da Abin com parceiros para a produção integrada de conhecimentos de inteligência”. O termo ‘inovação’ não aparece no decreto de 2016. Já algumas responsabilidades presentes no decreto anterior ficaram menos claras na nova versão. O Departamento de Contraterrorismo e Ilícitos Transnacionais deixou de existir, sendo incorporado ao Departamento de Inteligência. Este departamento trabalha no “enfrentamento do extremismo violento e do terrorismo;” mas não está previsto mais, especificamente, “implementar os planos relacionados à atividade de contraterrorismo”.
Além disso, antes cabia a três departamentos a tarefa de “processar dados e conhecimentos fornecidos pelos adidos civis brasileiros no exterior”. Esse texto sumiu e agora o termo ‘adidos’ aparece apenas no artigo da Assessoria de Relações Internacionais, a quem cabe “supervisionar” as atividades deles. Na famosa reunião ministerial sem pauta de 22 de abril, Bolsonaro disse sobre os sistemas de inteligência no Brasil: “o meu particular funciona”.” [Não lincamos Antagonista]
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4. A ingenuidade e a auto-estima do Moraes

Faltam ao Brasil a brutal ingenuidade do Alexandre de Moraes, o ministro jurou que os bolsonairstas não fariam contas gringas, e sua inesgotável auto-estima, que faz do planeta Terra sua jurisdição.
“O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes aumentou nesta sexta-feira (31) a pressão sobre o Facebook no caso do bloqueio de perfis alvos do inquérito das fake news. Após a empresa afirmar que não cumpriria a decisão de quinta-feira (30) que determinava o bloqueio internacional de perfis bolsonaristas, Moraes ampliou de R$ 20 mil para R$ 100 mil a multa diária pelo descumprimento e intimou o presidente da companhia no Brasil. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o fato de o ministro ter jurisdição para decidir sobre determinado caso concreto não quer dizer que os efeitos de suas decisões possam extrapolar as fronteiras do Brasil.
A partir desta sexta-feira, com a decisão de Moraes, a multa diária por descumprimento será de R$ 1,2 milhão –no total, 12 contas foram alvos do bloqueio. O ministro do STF determinou a intimação pessoal do presidente do Facebook no Brasil, Conrado Leister, para que ele recolha a multa pendente e cumpra a determinação quanto ao bloqueio no Brasil e no exterior das contas dos perfis bolsonaristas. Como mostrou a Folha, após terem suas contas bloqueadas no Brasil, tanto perfis bolsonaristas como seus seguidores puderam continuar a publicar e visualizar mensagens normalmente ao mudarem suas configurações de localização.” [Folha]
Prepare-se para rir:
“Segundo o advogado especialista em direito digital Henrique Rocha, “há na prática um extrapolar da jurisdição nacional aqui. Quando a gente avalia um ministro, ainda que do STF, determinando que haja a suspensão de atividades de um acesso realizado no exterior é objeto de curiosidade”.”
Objeto de curiosidade, viado!
“Em sua última decisão, Moraes determina que o bloqueio seja feito “independentemente do acesso a essas postagens se dar por qualquer meio ou qualquer IP, seja do Brasil ou fora dele”. O IP se refere à conexão de internet do usuário. Para Christian Perrone, que é pesquisador de direitos e tecnologias do ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), a decisão abre um precedente complexo e não é boa para o próprio sistema da internet, pois seria muito difícil lidar com a reciprocidade e os conflitos que podem advir dela. “Imagina que fosse um país ditatorial que impedisse acesso internacionalmente a conta de alguém?”, questiona Perrone.”
Eu fico aqui imaginando o Celsão descobrindo dessa decisão, que constrangimento brutal. Imagine a risada dos advogados gringos descobrindo essa porra.
“”Quando você está publicando na internet, você pode estar no Brasil, mas você está simultaneamente fazendo essa publicação em diversos lugares no mundo. Será que o juiz brasileiro pode impedir publicação de livro em outro país? Mas por que ele pode impedir a publicação de uma mensagem em todos os demais países?” O pesquisador questiona o que aconteceria se as mesmas pessoas que são alvo do inquérito fossem a um tribunal no país-sede das empresas, no caso os Estados Unidos, onde o conceito de liberdade de expressão é mais amplo que no Brasil, e dissessem que estão violando esse seu direito. “O que aconteceria se a decisão do juiz de lá tivesse efeitos internacionais?”, completou.”
Moraes, responde aí.
“Especialistas apontam que há precedentes internacionais de discussões sobre o tema. Um deles ocorreu na França e se referia a casos em se pedia para que as referências a determinada pessoa fossem excluídas dos sites de busca. O Conselho Nacional de Informática francês queria que os pedidos de retirada de resultados na França valessem no mundo todo. O Google discordou, e o caso seguiu para o Tribunal de Justiça da União Europeia, que deu vitória à empresa. Segundo a decisão da corte, no caso de decisões de remoção em um dos países da União Europeia, a empresa ficaria obrigada a remover as referências apenas dentro do bloco. De acordo com Francisco de Mesquita Laux, especialista em direito digital e tecnologia, o argumento foi de que a corte não tinha como avaliar como o direito de outros países aborda determinada situação. Laux questiona o motivo pelo qual determinou-se o bloqueio das contas alvos no inquérito do Supremo em outros países. “Essas pessoas que estão acessando essa informação e as pessoas que o STF considerou que estão cometendo ilícitos no Brasil estariam cometendo ilícitos também no exterior? Não houve essa apuração de ilicitude ou não da conduta no estrangeiro, até porque não é nem competência do STF fazer isso.””
E no limite até dava pra fazer algo assim, mas Moraes optou pelo absurdo:
“De acordo com o advogado Leonardo Sica, doutor em direito penal pela USP, há um caminho já estabelecido do que fazer em situações como essa. “O juiz manda uma ordem para a autoridade central do país, que manda uma ordem para a autoridade do outro país, que então comunica o juiz de lá e, então, o juiz do outro local manda cumprir. Isso é para não invadir jurisdição internacional”, afirmou. “Tem potencial de grande confusão. E se os juízes de todo lado começarem a fazer o mesmo? Existem instrumentos legais de cooperação e entendo que o ministro os driblou”, acrescenta. O Facebook decidiu que não cumprirá a determinação de retirar do ar internacionalmente os perfis. A empresa informou que recorrerá ao plenário do STF e, enquanto isso, manterá as contas no ar fora do Brasil. “Respeitamos as leis dos países em que atuamos. Estamos recorrendo ao STF contra a decisão de bloqueio global de contas, considerando que a lei brasileira reconhece limites à sua jurisdição e a legitimidade de outras jurisdições”, afirma nota da assessoria de imprensa do Facebook.
O Facebook decidiu que não cumprirá a determinação de retirar do ar internacionalmente os perfis. A empresa informou que recorrerá ao plenário do STF e, enquanto isso, manterá as contas no ar fora do Brasil. “Respeitamos as leis dos países em que atuamos. Estamos recorrendo ao STF contra a decisão de bloqueio global de contas, considerando que a lei brasileira reconhece limites à sua jurisdição e a legitimidade de outras jurisdições”, afirma nota da assessoria de imprensa do Facebook. Já o Twitter atendeu à decisão e bloqueou internacionalmente as contas alvo do inquérito. No entanto, classificou a ordem como desproporcional e anunciou que recorrerá da decisão de bloqueio. De acordo com Francisco Brito Cruz, do InternetLab, a empresa tem pouca margem para recurso no confronto com Alexandre de Moraes. “O Twitter pode recorrer no máximo ao próprio Supremo. Se o STF se pronunciasse definitivamente, ou seja, no plenário, não há foro internacional que tenha força de tornar inválida a decisão”, afirma. “E se decidir desobedecer, estará desobedecendo uma ordem judicial válida, sendo passível de ser punido por isso.”
Prepare seu diafragma:
“Um emissário do blogueiro Allan dos Santos, um dos investigados no inquérito das Fake News, procurou advogados de Jair Bolsonaro para pedir que defendam o soldado do bolsonarismo no processo — de graça, claro. Ouviu um “não”. De acordo com o emissário, Santos considera uma questão de dignidade o apoio da equipe jurídica do presidente, posto que ele atua nas redes exclusivamente em favor de Bolsonaro e suas bandeiras. O pedido foi feito antes de o blogueiro de estimação dos Bolsonaro aparecer numa live, na quinta-feira passada, dizendo que deixou o Brasil e que sua vida corre risco.” [O Globo]
E tá mais que provado que boa parte dos ataques aos demais poderes eram financiados com dinheiro público vindo da famiglkia presidencial e de aliados:
“Páginas na internet com conteúdo bolsonarista removidas pelo Facebook no último dia 8 tentavam manipular discussões na rede, difundiam fake news e atacavam adversários da família Bolsonaro. O “Fantástico” da TV Globo divulgou neste domingo parte do conteúdo das contas. Entre os administradores dos perfis está o assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, Tércio Tomaz, que trabalha no Palácio do Planalto. Além de uma conta pessoal, o assessor mantinha outras duas, anônimas, chamadas de Bolsonaro News. Tércio é acusado por parlamentares de integrar o gabinete do ódio — grupo suspeito de promover ataques virtuais a desafetos dos Bolsonaro. Na página Bolsonaro News, Tércio se dedicou a atacar adversários políticos, principalmente o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. A conta também publicou notícias falsas sobre a pandemia do coronavírus. Na página, o assessor postou um vídeo em que tira de contexto uma entrevista do diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o isolamento social. No mesmo dia, Bolsonaro compartilhou o vídeo, dizendo que a OMS defendia a reabertura das cidades. No dia seguinte, foi desmentido pelo diretor da OMS. Segundo o “Fantástico”, a página postou fake news sobre o governador e o prefeito de São Paulo: “João Doria e Bruno Covas mandam abrir covas para imprensa fotografar”. A investigação apontou que a rede de contas falsas era operada por dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro deles é Eduardo Guimarães, alvo da CPI das Fake News, por ter usado um computador da Câmara dos Deputados pra criar a conta de ataques virtuais Bolsofeios.
O outro assessor é Paulo Eduardo Lopes, o Paulo Chuchu. Ex-policial militar, ele trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro até junho. Paulo teve seis contas derrubadas. Quatro se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo. Outro assessor que mantinha pelo menos oito páginas inautênticas era Leonardo Rodrigues de Barros. Ele trabalhava para deputada estadual Alana Passos (PSL), aliada da família Bolsonato. O presidente chegou a gravar um vídeo para uma dessas páginas: “Leonardo, parabéns pela página Bolsonéas. Está fazendo um trabalho excepcional, ficou muito feliz. Estamos juntos, tá ok?”, disse Bolsonaro. Na página Bolsonéas havia mais fake news sobre a pandemia, culpando governadores e dizendo que a cloroquina cura a Covid-19. O medicamento que não teve a eficácia comprovada. E chamava Sergio Moro de “fofoqueiro”, depois que ele pediu demissão. Publicações da Bolsonéas eram as mesmas do site Jogo Político, também criado por Leonardo. As contas do Jogo Político no Facebook e no Instagram foram tiradas do ar. Hoje Leonardo tem pelo menos duas páginas ativas no Facebook, onde compartilha o mesmo tipo de conteúdo. O histórico de postagens mostra uma série de fake news nas eleições de 2018. Na campanha, 5página Bolsonaro News disse que a candidata Marina Silva defendia a legalização do aborto, o que não era verdade. Contra Fernando Haddad, são várias postagens que misturam críticas e fake news, como a que vincula o petista a um suposto kit gay.” [O Globo]
De one você acha que saiu a mamadeira de piroca?!
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5. Malditos milicos

Se prepare para passar raiva.
“A dependência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) das Forças Armadas para governar começa a incomodar os próprios militares.” [Folha]
“Militares da ativa e da reserva, alguns dos quais pediram anonimato, dizem que a principal preocupação é que os fortes laços com Bolsonaro possam MANCHAR A IMAGEM DE GUARDIÕES DA DEMOCRACIA CUIDADOSAMENTE RECONSTRUÍDA.”
Imagem de “guardiões da democracia cuidadosamente reconstruída“?!
“Entrevistas com vários generais do alto escalão da ativa e da reserva mostram que integrantes das Forças Armadas, que inicialmente viam a participação no governo Bolsonaro como uma chance de moldar a política depois de anos à margem das decisões de poder, agora se preocupam com o comportamento errático do presidente.”
Puxa, apostar todas as fichas num capitão expulso do Exército por indisciplina deu errado, quem poderia imaginar?!
Alguns oficiais temem que a resposta do governo à pandemia de coronavírus já não possa ser corrigida. Raul Jungmann, que foi ministro da Defesa no governo de Michel Temer, disse que o papel de Pazuello à frente da batalha contra o coronavírus sendo um general da ativa está causando “desgaste e tensão” entre as fileiras. Outros generais exigem que Pazuello assuma um cargo da reserva ou deixe o ministério, segundo entrevistas com oficiais. O vice-presidente Mourão, em entrevista ao UOL em 15 de julho, deu a entender que Bolsonaro poderia substituí-lo. “O Exército está lutando contra a retaguarda para desvincular sua imagem do governo Bolsonaro”, disse Octavio Amorim Neto, cientista político especializado em relações civil-militares. “Quando a pandemia chegou, eles começaram a ver sua aventura de retornar ao centro da política como extremamente custosa.”
E esse general chamando Bolsonaro de burro?!
“A busca de apoio dos militares ao assumir o poder era um processo natural para Bolsonaro, disse o general da reserva Paulo Chagas, que apoiou o presidente na campanha de 2018. Sem um partido político forte e inicialmente desdenhado pela elite empresarial e intelectual do país, Bolsonaro apelou para os colegas de farda para ajudá-lo a governar. “Bolsonaro se deu conta de que não estava preparado para a função de presidente. Ele tinha prestígio político, mas não tinha embasamento cultural para encarar esse desafio”, disse Chagas. “Aí ele pediu ajuda às pessoas nas quais sabia que podia confiar: os companheiros militares.”
“Em abril de 2018, parentes de Hélio Baptista Lyra, coronel já falecido, procuraram o Exército para se desfazer de três armas que haviam feito parte do acervo do oficial. Eram duas pistolas — uma delas brasonada, de propriedade das Forças Armadas — e um revólver, que foram entregues no Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) da 1ª Região Militar, no Palácio Duque de Caxias, Centro do Rio. Pela legislação brasileira, a arma brasonada deveria voltar para o arsenal do Exército e as demais seriam destruídas. As três armas, entretanto, alimentaram um esquema de desvio de armamento do Exército. Uma investigação conjunta do Ministério Público Militar (MPM) e do Exército descobriu que centenas de armas de propriedade de colecionadores — vários já falecidos — que seriam destruídas ou incorporadas ao arsenal das Forças Armadas foram desviadas para clubes de tiro, empresas de segurança e outros colecionadores. As duas pistolas e o revólver do acervo do coronel Lyra, por exemplo, foram “requentados” e revendidos para um tenente-coronel do Exército e dois atiradores esportivos. De acordo com o MPM, armas apreendidas com criminosos cuja destruição pelo Exército havia sido determinada pela Justiça também fazem parte do esquema.
Na última sexta-feira, a investigação avançou: por ordem da Justiça Militar, 182 armas foram apreendidas em endereços relacionados a 13 pessoas — entre colecionadores, militares e civis — no Rio, no Espírito Santo e no Paraná. Desse total, 101 foram desviadas no esquema; as 81 restantes estavam em situação irregular. Os alvos dos mandados de busca e apreensão são os receptadores das armas “requentadas” pelo esquema — entre elas, as pistolas e o revólver do coronel Hélio Lyra. Na sede da Guardian Segurança Vigilância, na Zona Oeste do Rio, que pertence ao major da reserva da PM Álvaro Fernandes Sabino, onde foram apreendidas 83 armas. Já na Confederação de Tiro e Caça do Brasil, no Centro do Rio, foram apreendidas peças de fuzis. A operação foi um desdobramento da prisão, em abril do ano passado, do ex-chefe do SFPC, tenente-coronel Alexandre de Almeida. O militar, identificado como principal o responsável pelo esquema, era a mais importante autoridade do setor no controle de armas que circulam no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Foi Almeida quem recebeu as armas da família do coronel Lyra, dias antes de ser preso. Segundo o inquérito, o oficial registrava as armas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma), o cadastro das armas registradas no Exército, em nome de seus novos donos ilegalmente. Um mês após a prisão, a Justiça Militar determinou sua soltura. A investigação segue em andamento.” [O Globo]
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6. Diplomacia do Insulto

Bolsonaro em Bagé:
“E é daqui o Médici também. O homem que pegou o Brasil em um dos momentos mais difíceis, quando alguns lutavam para tomar o poder a qualquer preço. Não conseguiram, vencemos aquela etapa. Não podemos esquecer o que aconteceu porque não queremos nos transformar no que a nossa Venezuela é e que parece que outro país está indo para o mesmo caminho” [Terra]
Em menos de 24 horas Bolsonaro se recusou a falar “China” e “Argentina”, China virou “aquele país lá” e a Argentina “outro país.” Bolsonaro desqualificou a vacina chinesa – sim, o charlatão apostou em remédio e agora dá all-in com as fichas alheiras em vacina – e voltou a acusar a Argentina de… comunismo!
E olhe o timing:
“De Genebra, o embaixador Roberto Azevêdo me disse ontem que o comércio no mundo vai cair 13% em 2020. Em volume, o comércio encolheu 18% no segundo trimestre e ele acha que a recuperação será modesta nos próximos meses. Ao final, o mundo terá no ano uma crise maior do que a de 2008/2009. Ficou claro esta semana o tamanho do tombo. O número americano parece cataclísmico, mas o 32,9% é anualizado. O PIB americano diminuiu, na verdade, 9,5% em relação ao trimestre anterior, no indicador a que estamos acostumados.
A Alemanha caiu 10,1%, ou seja, um pouco mais do que os 9,5% dos Estados Unidos. Nos EUA, a maneira de apresentar o número é pegar o resultado do trimestre e extrapolá-lo para o ano inteiro, como se aquele resultado fosse se repetir por quatro trimestres. Aí deu esse fim de mundo. Mas a queda, mesmo vista na comparação com o trimestre anterior, já assusta. O PIB americano havia encolhido no começo do ano. A dúvida é se as tensões entre os Estados Unidos e a China vão aprofundar ainda mais a recessão.
— O impacto da pandemia, com a virtual paralisia das principais economias, é tão expressivo que o efeito das tensões entre Estados Unidos e China, ainda que importante, fica apequenado. A redução das tensões entre as duas potências terá um papel bem mais importante durante a etapa de recuperação econômica. Uma distensão entre os dois países ajudaria a economia global a crescer mais fortemente no pós-pandemia — diz Azevêdo.” [O Globo]
Economia mundial de quatro e o presidente de um país extrativista resolve ofednedr dois de seus principais parceiros comerciais:
“No Brasil, há vários problemas extras. Um deles é qual é o limite dos erros que o governo Bolsonaro pode cometer na sua relação com a China? Na quinta-feira, houve a demonstração pública de desprezo por parte do presidente. Ele elogiou a vacina que está sendo desenvolvida, mas avisou que falava da Universidade de Oxford, “e não daquele outro país”. Bom, aquele outro país é o responsável por ter amortecido o tombo do nosso comércio no primeiro semestre. O mundo comprou menos 15% do Brasil, a China comprou mais 15%. A economia chinesa apresentou números positivos no segundo trimestre, de 3,2%. Depois de ter encolhido 6,8%. Do ponto de vista de investimentos, eles são importantes também. Esta semana mesmo o Ministério da Infraestrutura começou um roadshow virtual para atrair investidores para a Ferrogrão, projeto que liga Sinop (MT) a Mirituba (PA). Dois dos investidores contatados foram a CCCC e a CRCC. Chinesas. Não é a primeira vez, não será a última, que o governo Bolsonaro lança ofensas gratuitas sobre os chineses. Parece um teste para saber até que ponto eles aguentarão. Mas nessa roleta chinesa nós somos a parte vulnerável. Dos ataques racistas de Abraham Weintraub aos delírios persecutórios de Ernesto Araújo, passando pelas grosserias de Bolsonaro&Filhos, o governo agride diariamente o nosso maior parceiro.”
Ah, e não é só de países que Bolsonaro se recusa a falar o nome, tem governador também – e ainda sobra patada para o jornalista que pergunta o nome:
“No passeio deste domingo, Bolsonaro saiu sem máscara, apesar de o item ser de uso obrigatório em todo o Distrito Federal.” [Folha]
“Ao conversar com os jornalistas, o presidente voltou a criticar a politica de fechamento de comércios adotada por prefeitos e governadores em uma tentativa de minimizar a disseminação do novo coronavírus. Sem citar nomes, ele criticou quem defende que o auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais seja perenizado.
“Alguns estão defendendo o auxílio indefinido. Esses mesmos que quebraram os estados deles, esse mesmo governador que quebrou seu estado, está defendendo agora o [auxílio] 6mergencial de forma permanente. Só que, por mês, são R$ 50 bilhões. Vão arrebentar com a economia do Brasil”, disse o presidente da República.”
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7. Make Trump Elected Again

O furo é do Lauro Jardim:
“Comandado pelo embaixador , os EUA estão promovendo um pesado lobby dentro do governo para que as tarifas de importação do etanol americano sejam reduzidas a zero. Atualmente, há isenção para até 750 milhões de litros por ano, mas a partir daí a tarifa é de 20%. Entre os argumentos usados por Chapman está a importância para o governo Bolsonaro da manutenção de Donald Trump na presidência dos EUA. E o que a eleição emericana tem a ver com isso? Iowa é o maior produtor de etanol dos EUA (4% do PIB do estado é resultado do etanol) e o estado pode ser peça fundamental na reeleição de Trump. Daí a importância, segundo Chapman, de o governo Bolsonaro fazer um carinho nos EUA. Chapman, que tem tido conversas nos ministérios da Fazenda, Relações Exteriores e com Eduardo Bolsonaro, quer que a isenção de tarifas seja aprovada até agosto.” [O Globo]
Imagine a alegria de Ernesto e Eduardo com o gentil pedido. Eles vão negar, claro, isso pegaria muito mal com os ruralistas, né, Alceu Moreira?!
“O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), confirmou que o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, está trabalhando pelo livre comércio na importação do etanol de milho americano com o argumento de que essa medida é “muito importante” eleitoralmente para o presidente Donald Trump e, inclusive, o diplomata usou o mesmo discurso para convencer membros do governo brasileiro a aceitar o etanol americano. — Ele (Chapman) diz que eles têm um processo eleitoral. Ele não fala direto porque nós temos dito para ele o seguinte: ‘Assim como nós não temos ingerência em políticas americanas, vocês não têm o direito de fazer isso no Brasil’. Mas ele deixa claro que o produtor de etanol americano foi induzido no governo Trump a vender etanol e agora não tem para quem vender e isso prejudica eleitoralmente o Trump. Então, ele sempre faz alusão que se nós não concordamos com a liberação do comércio de etanol, nós vamos ter uma série de consequências em relação a outros temas que o Brasil tem parceria com os Estados Unidos — disse Moreira ao GLOBO.” [Estadão]
Porra, já que Eduardo Bolsonaro deu o ar de sua graça, que tal essa foto maravilhosa?!
dudubozo
Pare de rir e voltemos à matéria, imagine como essa notícia caiu lá nos EUA:
“Por meio de carta, os deputados Eliot Engel, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, e Albio Sires, presidente da Subcomissão para o Hemisfério Ocidental, Segurança Civil e Comércio, consideram que as declarações violam a Lei Hatch de 1939, que veda a participação de funcionários do Poder Executivo em certos tipos de atividade política. Segundo Alceu Moreira, em reunião, o diplomata repetiu várias vezes a proximidade com o calendário eleitoral americano e frisa a importância de o Brasil ser parceiro comercial dos Estados Unidos. Chapman tem usado o mesmo discurso para convencer integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro a ceder à importação de etanol de milho americano, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO. Nas conversas com membros do governo, o embaixador também diz que esse processo é importante eleitoralmente para o presidente Trump. Em conversas reservadas, os ministros da Economia, Paulo Guedes; da Agricultura, Tereza Cristina, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, têm demonstrado preocupação com as pressões pela liberação do etanol americano. Eles devem se reunir em breve com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para tratar do assunto.
Há uma preocupação com o aumento do desemprego no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus, principalmente no Nordeste, caso o governo brasileiro decida absorver o etanol americano. A liberação do comércio de etanol americano é considerada prejudicial para o Nordeste, que produz muito etanol de cana de açúcar. — A economia no Brasil não tem como absorver isso. Nós estamos numa pandemia, com consumo de combustível reduzido, gastando menos que antes. Fazer isso significa quebrar uma cadeira produtiva importantíssima para o Nordeste. Se liberar, será a mesma coisa de dizer que nós gostamos mais do povo americano do que do nosso. A gente gosta dos americanos, mas muito mais do nosso povo. Não vamos desproteger os nossos irmãos do Nordeste só para ajudar os americanos — frisou Alceu Moreira.
Na conversa com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Chapman também falou do interesse dos Estados Unidos na rede 5G, cujo leilão está previsto para 2021, e disse que pode haver consequências para o Brasil caso o país permita que a gigante chinesa de tecnologia Huawei forneça equipamentos para a rede 5G. — Ele (embaixador) diz que se nós permitirmos que a China ganhe o direito de 5G aqui no Brasil, nós acabaremos passando para China todas as informações estratégicas do Brasil e que isso seria um desastre. Esse discurso é muito usado na linguagem diplomática. Trabalha-se muito a margem do risco para dizer que nós, para não corrermos o risco, deveríamos fazer o que querem. Mas não faremos. Vamos correr o risco de sofrer as sanções, mas não faremos — afirmou Alceu Moreira. Moreira completa: — Na minha opinião, nós não compramos o etanol e não vamos sofrer retaliações porque eles não vão querer dar o Brasil de presente para a China. Isso estrategicamente seria um horror. Eles estão usando esse argumento para nos constranger e fazer com que nós suportemos um volume de etanol muito maior do que poderíamos, inclusive com prejuízos brasileiros, mas, se não fizermos e não devemos fazer, não vai haver retaliação — frisou o parlamentar.”
Alô, Alceu, um beijo pra você! Sei que é puro corporativismo ruralista mas vai o beijo assim mesmo.
“Procurada, a embaixada dos EUA não se manifestou. A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA vai abrir uma investigação sobre o caso, de acordo com o New York Times. Segundo o jornal, em uma declaração enviada por e-mail, o Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, negou que o embaixador Chapman esteja fazendo campanha por Trump. “Alegações de que o embaixador Chapman pediu aos brasileiros para apoiar um candidato americano específico são falsas”, diz a declaração. “Os Estados Unidos há muito tempo têm como foco a redução de barreiras tarifárias e vão continuar a fazê-lo”.”
Do Nelson de Sá:
“Em reportagens de New York Times, Washington Post, The Hill e outros no final de semana, parlamentares americanos “cobram respostas de embaixador após relatos de que pediu favor ao Brasil para ajudar a reeleger Trump”. O prazo para responder acaba nesta terça (4). A Comissão de Relações Exteriores da Câmara, sublinhou o NYT, “abriu investigação” contra Todd Chapman, que teria defendido a retirada das tarifas sobre o etanol produzido em Iowa, dizendo a “autoridades brasileiras” que elas ajudariam eleitoralmente o presidente republicano. É o mesmo Chapman que falou dias antes ao jornal O Globo que o Brasil sofrerá “consequências” se permitir a chinesa Huawei na rede 5G, o que também ecoou por NYT e outros. De Pequim, a chancelaria respondeu, segundo a agência France Presse, apontando “coação inescrupulosa”.” [Estadão]
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8. Tributária

Que zona do caralho é essa reforma:
“Na tentativa de distensionar o debate em torno da criação do novo tributo sobre transações digitais, a equipe econômica deve enviar ao Congresso a proposta de forma que ela tramite paralelamente à reforma tributária. Assim, a discussão sobre o novo imposto não tumultuaria os trabalhos em torno da reforma, já em análise. A tramitação paralela do novo imposto também é vista como uma forma de dirimir os entraves com Rodrigo Maia, principal voz contrária à ideia. Para ele, o novo tributo significa a recriação da CPMF.” [Estadão]
E se passa a reforma e não passa a CPMF, um dos pilares da reforma?!
Lembra do “se colar, colou?” sobre a reforma tributária, frase dita por um assessor palaciano? Bolsonaro confirmou:
“O que eu falei com o Paulo Guedes, você fala CPMF, né, pode ser o imposto que você quiser, tem que ver por outro lado o que vai deixar de existir. Se vai diminuir a tabela do Imposto de Renda, o percentual, ou aumentar a isenção, ou desonerar a folha de pagamentos, se vai também acabar com o IPI”, disse Bolsonaro em uma padaria no Lago Norte, área nobre de Brasília, para onde foi de moto em um passeio de cerca de uma hora na manhã de domingo. “Então, falei com ele, quando for apresentar a vocês, botar os dois lados da balança. Se o povo não quiser, […] se não quiser mexer, deixa como está”, afirmou o presidente.” [Folha]
Só mudou o vertbo.
“Todo mundo falando sobre tudo. Ela só vai para o Congresso por assinatura minha. Não tem aumento de carga tributária. Você pode substituir imposto, agora, aumentar, o pessoal não aguenta mais pagar imposto.”
Esse “todo mundo falando sobre tudo” é o… Guedes, que vive falando em reforma tributária. E que inclusive clasificou a oposição ao imposto como “histeria“, ouviu, Bolsonaro?
Passo ao Andreazza – ATENÇÃO, PAULO GUEDES!
“Há um novo pacto social, uma nova convenção social naturalmente representada no Parlamento: para que, ante dificuldades sem precedente, com aumento da pobreza, o governo gaste à altura para induzir artificialmente a economia. Há votos no tesouro destampado. Essa demanda, por óbvio, é incompatível com a natureza austera do teto – e tem apoiadores, repito, de influência ascendente entre os ministros. Rogério Marinho, Tarcisio de Freitas e Braga Netto – aqueles que simbolizam o nacional-desenvolvimentismo que desafiou Guedes na reunião ministerial de 22 de abril. O desafiante Marinho, particularmente, aquele cuja ascensão coincide com a chegada do Centrão ao governo. Jair Bolsonaro está claramente seduzido pelo canto deste Brasil Grande. Está, a rigor, seduzido pelo que ele, Bolsonaro, é e sempre foi: um misto de Ernesto Geisel e Dilma Rousseff em matéria econômica, alguém pronto a se deixar levar pela projeção de um milagre econômico para chamar de seu. [O Globo]
E se você acha um absurdo o nome da Dilma aí saiba que Dilma ressuscitou justamente o programa Brasil Grande dos milicos, na cara dura. Amo a história dela, aquela foto dela desafiadora depondo na ditadura, a chegada ao poder de uma torturada, a mais linda das ironias. Dito isso, seu governo foi uma tragédia, ninguém entrega 2 anos com -3% de PIB (ok, útltimo ano influenciado, em parte, pela pauta-bomba do outrora aliado Cinha – ao acaso. Não à toa Lula quis voltar à presidência em 2014 e Dilma se fez de surda. Mas divirjo.
“Guedes sabe que seu ambicioso pacote (por ora pura palestra) de reformas – de execução já improvável sem a pandemia – muito dificilmente sairá, com vigor, até 2022. E agora trabalha, envergando os dogmas, para prover Bolsonaro de recursos capazes de tocar o programa Pró-Brasil, um PAC de coturno; e, sobretudo, com senso de urgência, de financiar o Renda Brasil, a perenização – incorporando e alargando o conjunto de beneficiados pelo Bolsa-Família – do auxílio-emergencial por meio do qual o presidente parece conseguir sustentar patamares competitivos de popularidade enquanto muda de pele para nova base social. É, da parte do ministro da Economia, corrida para sobreviver; uma aposta arriscada em que, reeleito Bolsonaro, haveria, a partir de 2023, as condições para finalmente reformar o Estado, assim como se fosse natural que um governante, depois de colher os frutos da gastança, voltasse a uma persona de austeridade que jamais vestiu senão para discurso eleitoral. É óbvio, para tanto, considerando de súbito a improvável existência, no futuro, de um Bolsonaro liberal e reformista, que Guedes teria também de apresentar – à parte conversas e promessas – um projeto que não no gogó… Quem sabe até 2023, né?”
Bolsonaro entrou no modo campanha eleitoral – e tá feroz, claramente ele se empolgou com a recepção no Nordeste e Sul do páis.
“Na sexta-feira, em Bagé (RS), numa sinalização de que concorda com o ministro do Desenvolvimento Regional, Bolsonaro afirmou que, “pelo menos uma vez por semana”, sairá de Brasília para percorrer o país: — O que eu sempre falei com meu ministro, o Marinho, é não deixar obra parada. Temos problemas de Orçamento? Temos. Estamos tentando arranjar recursos para que as obras sejam concluídas.”
isso aí é asquela treta da fatídica reunião ministerial, Marinho e milicos dum lado, Guedes do outro e Bolsonaro no muro, com medo de contrariar seu Posto Ipiranga.
“Guedes é contra a ideia. Ele entende que o sinal passado com uma eventual burla ao teto de gastos seria péssimo, com repercussão sobre a situação econômica do país. O ministro argumenta que é mais importante construir regulamentos que permitam a ampliação do capital privado e que os R$ 35 bilhões não seriam suficientes para recuperar a atividade econômica. A aliados, Guedes também reclama que, por trás do desejo de aumento de gastos, pode estar a pretensão de Marinho de concorrer ao governo do Rio Grande do Norte em 2022. Próximo de Tarcísio de Freitas e também de Ramos, Marinho tem defendido que a reeleição de Bolsonaro depende dessa nova agenda de inaugurações de obras pelo país.”
Bolsonaro é tão frouxo que foi pedir ajuda ao TCU!
“Sem conseguir costurar um consenso no governo e no Congresso sobre o tema, o ministro do Desenvolvimento tentou convencer o titular da Casa Civil, Walter Braga Netto, a consultar o Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Corte avalizasse o aumento de gastos. Braga Netto tem feito a ponte entre Guedes e a ala favorável a mais gastos. O desejo pela liberação de mais recursos esbarra também no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Diante desse cenário, ministros do TCU decidiram não se envolver na polêmica. Consultados informalmente, integrantes do tribunal avisaram o governo que qualquer decisão a respeito dependeria de um acordo prévio entre Executivo e Congresso, já que deputados e senadores teriam de aprovar um projeto de remanejamento de recursos.”
Números vindos dos planos de saúde devem ser ouvidos com os dois pés atrás, mas dada a estupidez da equipe econômica eu não duvido nada:
“A proposta de reforma tributária do ministro Paulo Guedes (Economia) que prevê a criação de um novo tributo sobre bens e serviços aumentaria em 67% os impostos na saúde suplementar, segundo estudo da Confederação Nacional de Saúde em parceria com a LCA Consultoria. A mudança poderia acentuar a queda no número de beneficiários dos convênios. Guedes também propõe uma desoneração da folha de salários, mas, segundo o estudo, para que a compensação seja eficaz no caso da saúde, o governo deveria deixar de cobrar 100% desses encargos —o que é pouco provável.” [Folha]
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9. Flavinho Desmaio

Flavinho Desmaio prestou depoimento ao MPF em seu gabinete no Senado, grande dia!
“No vídeo do depoimento ao qual O GLOBO teve acesso, Flávio Bolsonaro foi questionado pelo procurador Eduardo Benones sobre o motivo da exoneração de Queiroz e informado de que o ex-assessor relatou, também em depoimento ao MPF, que pretendia trabalhar com ele no Senado. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro confirmou a intenção de Queiroz. O senador relatou que Queiroz iria trabalhar com ele em Brasília caso o escândalo sobre a movimentação atípica dele no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não tivesse vindo à tona em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 6 de dezembro de 2018.
– A expectativa era que ele (Queiroz) viesse comigo mesmo, sempre foi uma pessoa da minha confiança – afirmou Flávio. – Se não tivesse acontecido nada de anormal, como aconteceu, ele provavelmente estaria aqui (Senado) comigo hoje. As coisas foram acontecendo nesse cronograma e explodiu essa situação dele em dezembro, dia 6 de dezembro, obviamente que não tinha mais clima dele ir trabalhar comigo – finalizou Flávio, no depoimento prestado em seu gabinete no Senado.
Em relação à demissão de Queiroz, o senador relatou no depoimento que teria ouvido do ex-assessor que ele queria cuidar da saúde e fazer o processo de aposentadoria da Polícia Militar do Rio. Queiroz é subtenente da reserva da PM e concluiu esse processo em 2018.
– Quando ele (Queiroz) pediu para sair ele me falou duas coisas: chefe, tenho que fazer meu processo de passagem para a reserva da PM… Aí ele reclamou comigo que tava saindo sangue nas fezes dele – contou Flávio ao procurador mencionando o câncer de Queiroz descoberto em dezembro de 2018.
Na sexta-feira, o “Jornal Nacional”, da TV Globo, divulgou outros trechos do depoimento nos quais Flávio Bolsonaro negou ter conhecimento de vazamentos da operação. O senador confirmou que esteve em reunião na casa do empresário Paulo Marinho em dezembro de 2018, depois da divulgação do relatório do Coaf e disse que o encontro ocorreu porque ele procurava um advogado. A sugestão para procurar Marinho, segundo o próprio senador, foi do presidente Jair Bolsonaro.
– As coisas foram acontecendo como todo mundo acompanhou e eu precisava de um advogado e como eu não tinha recurso para pagar advogado, que essa em tese é uma causa na qual advogado cobra muito dinheiro, aí eu conversei com meu pai, e fui pedir ajuda para o Paulo Marinho porque no nosso entendimento ele era uma pessoa bem relacionada no mundo jurídico – afirmou Flávio.
Flavio negou ter recebido informações vazadas da PF. Quando o procurador afirmou que Paulo Marinho disse que ficou sabendo do vazamento pelo advogado de Flávio à época, Victor Granado, na reunião, o senador afirmou:
– Ele (Marinho), certamente, ouviu uma coisa e entendeu errado – declarou Flávio.
Quando foi questionado sobre o motivo de buscar um advogado, o senador afirmou ao procurador Benones que ‘estavam falando do meu gabinete’.
– Tinha que ter uma pessoa para me defender – afirmou. Na sequência do depoimento, Flávio disse que nunca notou nada de ‘anormal’ no gabinete e que pudesse suspeitar do vazamento.
– Se o senhor (procurador) visse como era meu gabinete, o senhor ia ver como era humanamente impossível perceber alguma coisa. Eram dezenas de pessoas dentro uma sala que nem essa aqui. Não conseguia nem andar direito de tanta gente que ia – afirmou Flávio, ao relatar que recebia muitas pessoas e o ‘gabinete era todo aberto para todo mundo’.” [O Globo]
Sim, Flavinho Desmaio mal conseguia andar no gabinete de tanta gente, então tá, né?
“A empresária Val Meliga, ex-assessora de Flávio na Alerj, também prestou depoimento ao MPF na investigação sobre a Operação Furna da Onça. No relato dela, divulgado pela Globonews, Val não reconheceu imagens de Fabrício Queiroz. Ela esteve lotada no gabinete no mesmo período que Queiroz e, na mesma época, era tesoureira do PSL, em 2018. – Esse daqui (Queiroz) ta estranho… tá parecendo mas não é o Queiroz – disse ela, ao mencionar que tinha dificuldades para reconhecer as fotos do policial.”
Val Seguiu:
“Vou atribuir a irresponsabilidade ao Paulo Marinho. Porque quem começou com isso tudo em jornais, até para se autopromover, porque ele vem candidato, foi o sr Paulo Marinho. Então eu não posso dizer que a irresponsabilidade é do Victor. Porque eu também nem sei se o Victor falou para o Paulo Marinho dessa história ou não. Posso dizer que essas palavras não foram do Victor, mas sim do Paulo Marinho. É mais uma era daninha que quer hoje subir às custas da família Bolsonaro, que como todo mundo sabe, são pessoas íntegras, estão contribuindo pro nosso país. Então é mais um querendo se dar bem, se autopromover porque vem candidato”
A PGR demorou mas enfim recorreu:
“A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) que reverta a decisão do presidente da Corte, ministro João Otávio Noronha, que beneficiou no mês passado com prisão domiciliar o policial militar aposentado Fabrício Queiroz e a mulher dele, Márcia Oliveira de Aguiar. No pedido, apresentado ao tribunal na semana passada, o subprocurador Roberto Thomé afirmou que não houve ilegalidade na ordem de prisão preventiva do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e amigo do presidente Jair Bolsonaro. O representante da PGR argumentou também que Márcia Aguiar, então na condição de foragida da Justiça, não poderia ter sido beneficiada com a domiciliar, segundo a jurisprudência. A partir deste pedido da Procuradoria, o relator do caso, ministro Felix Fischer, poderá decidir monocraticamente ou levar o recurso para julgamento da 5ª Turma, um dos dois colegiados criminais do STJ. Antes das férias, Fischer negou uma série de habeas corpus a favor de presos que alegaram riscos em razão do novo coronavírus. Colegas de STJ apontam Fischer como um dos mais rigorosos ministros na análise dos pedidos de prisão domiciliar ou liberdade para presos que acionam o tribunal em razão da pandemia. Eles apostam que isso não deve ser diferente com o caso de Queiroz.” [Folha]
– Galvão.
– Fala, Tino!
– Noronha sentiu
“Em congresso virtual organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nesta sexta, 31, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, afirmou que imaginava que seria criticado pelo parecer. “Eu sabia que seria criticado pela imprensa quando decidi o caso famoso, mas não podia me furtar de decidir. Os analfabetos jornalistas, que mal sabem versar uma palavra de direito, criticam decisões cujos fundamentos não leram.O exemplo do lavajatismo está aí, demonstrado para os senhores. Democracia requer independência, não é pirotecnia.” [O Globo]
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10. Covid-17

Das maravilhas do capitalismo:
“Até agora, EUA, Reino Unido, União Europeia e Japão garantiram cerca de 1,3 bilhão de doses de potenciais imunizações contra a Covid-19, de acordo com a empresa de análise de Londres Airfinity. Opções para comprar mais suprimentos ou acordos pendentes adicionariam cerca de 1,5 bilhão de doses a esse total.” [O Globo]
A mão invisível do mercado como?!
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, neste sábado, que a pandemia do novo coronavírus será provavelmente “muito longa”. Seis meses depois de declarar a emergência internacional, o comitê de emergência da entidade disse que a pandemia “continua a constituir uma emergência de saúde pública de interesse internacional”. A decisão foi anunciada em comunicado assinado pelo diretor da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, após o comitê de emergência se reunir pela quarta vez, na sexta-feira. O texto também alerta obre “o perigo de que a resposta diminua em um contexto de pressões socioeconômicas”. A OMS registrou recorde de casos de Covid-19 em todo o mundo na sexta-feira, com 292.527 novas infecções em 24 horas. O relatório diário mostrou que aumentos foram puxados pelos Estados Unidos, Brasil, Índia e África do Sul, países que lideraram a disseminação do contágio pelo novo coronavírus. As mortes aumentaram em 6.812.
O país chegou aos 92.789 óbitos e 2.675.676 contaminações pela Covid-19, com 221 novos óbitos e 9.378 novas infecções neste sábado, segundo o boletim das 13h do consórcio de veículos de imprensa, formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde. O Rio de Janeiro é um dos oito estados que apresentam tendência de alta de mortes. Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins também apresentam um aumento superior a 15% na média móvel diária de óbitos em comparação com duas semanas atrás. Na sexta-feira, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmaceutica AstraZeneca assinaram um documento que dará base para o acordo entre os laboratórios sobre a transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, caso seja comprovada a sua eficácia e segurança.” [O Globo]
E não dá pra flaar da pandemia pelas bandas de cá sem versar sobre nossa brutal desigualdade.
“A zona sul da capital tem sete dos dez distritos com mais mortes confirmadas ou suspeitas pelo novo coronavírus, segundo mapa divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB). O balanço, com números absolutos, se refere a casos até o dia 22 de julho. Sapopemba, na zona leste; Brasilândia, na zona norte; Grajaú, Sacomã, Jardim Ângela, Capão Redondo, Cidade Ademar, Jardim São Luís, Jabaquara, na zona sula; e Tremembé, na zona norte, são os bairros que lideram o número de mortes. Nesta semana, a gestão municipal também divulgou a terceira etapa do inquérito sorológico que revelou que 11,1% da população na capital já contraiu o vírus. O estudo mostra que do em relação à taxa de prevalência da infecção por Covid-19, 16,1% das pessoas estão concentradas na zona sul, o maior percentual entre as regiões da cidade. “Pegue o mapa da pobreza e coloque em cima, vai bater com as regiões. Existem outras com bairros pobres a alta densidade demográfica em São Paulo, mas a zona sul apresenta maior falta de estrutura, tanto a estatal, como a da própria organização da sociedade”, afirma o professor de saúde pública da USP (Universidade de São Paulo) Gonzalo Vecina Neto.
A população que não colabora com as medidas de combate à pandemia do novo coronavírus na zona sul, diz o líder comunitário Bony Silva, 39 anos, morador no distrito do Grajaú. Segundo ele, “desde o início [da quarentena] as pessoas não estão cumprindo com as normas impostas pelo governo”. Silva diz que muitas pessoas se recusaram a cumprir o distanciamento social. E que também se negam a usar máscaras na rua, o que é obrigatório. Ele acredita também que o transporte público está cheio nos bairros da zona sul. O morador cita, por exemplo, o terminal Grajaú, que tem apresentado grande circulação de pessoas diariamente. O professor de saúde pública da USP (Universidade de São Paulo) Gonzalo Vecina Neto acredita que o transporte público pode ser um dos fatores que expliquem a prevalência da doença na zona sul, já que a região é a mais afastada do centro da capital paulista. “Com certeza ficam mais tempo no transporte, existem menos, também existem menos agências bancárias e por isso as pessoas precisam se deslocar mais”, afirma o professor.” [Folha]
O que vai abaixo me deu uma raiva fodida:
“No hospital municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, zona leste da capital paulista, a mortalidade na UTI destinada a pacientes da Covid-19 chega a 90%, seguindo o cálculo da Agência Nacional de Saúde, que leva em conta número de óbitos dividido por número de saídas, que inclui altas ou transferências. De acordo com dados epidemiológicos do hospital, desde 16 de março, houve 237 mortes nas UTIs reservadas para infectados com a Covid-19 e apenas 23 altas. Quando se contabilizam somente os casos confirmados com exame PCR, usado para detectar se o paciente está com a doença, houve 166 mortes nas UTIs e 9 altas.” [Folha]
“Como comparação, no Hospital Emílio Ribas, que também é público, mas conta com mais recursos e fica em uma área rica da cidade, a taxa de mortalidade é de 27,4% em seus leitos de UTI reservados para Covid-19. Segundo levantamento realizado por Carlos de Carvalho, professor titular de pneumologia da Faculdade de Medicina da USP, o índice de mortalidade médio por Covid-19 nas UTIs de 16 hospitais estaduais em São Paulo é 46%.”
E o Rio de Janeiro é o cúmulo do absurdo:
“A empresa CyberLabs que vem monitorando, diariamente, a circulação de pessoas no Centro, Tijuca, Barra, Botafogo, Copacabana, Ipanema e Leblon, informou que o índice de isolamento no Rio caiu para 47% nesse domingo. Foi menor do que a média de 52% registrada para a cidade domingo anterior e é o menor dos últimos quatro meses. Em Botafogo, o índice chegou a ser negativo (-9), segundo a CyberLabs. — Isso quer dizer que há, aproximadamente, igual quantidade de transeuntes nas ruas de Botafogo em relação a um domingo anterior à pandemia — explica Felipe Vignoli, sócio-fundador da Cyberlabs.” [Extra]
A Itália, apesar do trágico começo, vai muito bem e adivinhe a razão:
“Os hospitais do país basicamente não têm mais pacientes com Covid-19. As mortes diárias, especialmente na Lombardia, a região no Norte que mais sofreu o impacto da pandemia, estão por volta de zero. O número de novos casos diários caiu para “um dos mais baixos da Europa e do mundo”, disse Giovanni Rezza, diretor do departamento de doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde. — Temos sido muito prudentes — avaliou Rezza. Após um início complicado, a Itália consolidou, ou pelo menos manteve, as recompensas de uma rigorosa quarentena por meio de uma mistura de vigilância com a dolorosa experiência médica adquirida. O governo tem sido orientado por comitês científicos e técnicos. Médicos, hospitais e autoridades de saúde locais coletam diariamente mais de 20 indicadores sobre o vírus e os enviam para as autoridades regionais, que os encaminham ao Instituto Nacional de Saúde. O resultado disso é um raio-x semanal da situação da saúde no país, no qual se baseiam as decisões políticas. O cenário atual está muito longe dos momentos de pânico e do colapso que atingiu a Itália em março.
Não há dúvida de que a quarentena teve um custo para a economia. Durante três meses, empresas e restaurantes foram fechados, o movimento foi altamente restrito — mesmo entre regiões, cidades e até ruas — e o turismo parou. Espera-se que a Itália perca cerca de 10% de seu PIB este ano. Mas, a certa altura, quando o vírus ameaçou se espalhar incontrolavelmente, as autoridades italianas decidiram pôr vidas à frente da economia. “A saúde do povo italiano vem e sempre virá em primeiro lugar”, disse Conte à época. A estratégia de adotar uma quaretena rigoroso trouxe críticas de que a excessiva cautela do governo estava paralisando a economia. Mas pode revelar-se mais vantajosa do que tentar retomar as atividades econômicas enquanto o vírus ainda permanece forte, como está acontecendo em países como Estados Unidos, México e Brasil.” [O Globo]
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11. Economia em tempos de pandemia

“Em meio à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, os estados brasileiros atravessaram o primeiro semestre de 2020 com uma queda na arrecadação de R$ 16,4 bilhões em comparação com o mesmo período do ano passado. Levantamento da Folha com base nos relatórios de execução orçamentária dos estados aponta que, das 27 unidades da federação, 20 registraram queda na arrecadação nos primeiros seis meses deste ano. Seis estados e o Distrito Federal tiveram arrecadação maior que no ano passado, com destaque para Mato Grosso e Amapá. Ao todo, os estados tiveram uma receita com impostos, taxas e contribuições de R$ 251 bilhões entre janeiro e junho de 2020 contra R$ 267,6 bilhões no mesmo período de 2019, em valores atualizados pela inflação; uma queda de 6%. Especialistas apontam que não há paralelo de baque tão grande no cofre dos estados na história recente do país. O resultado já é pior do que o obtido nas crises de 2008 e 2015.” [Folha]
E Bolsonaro ironiza governadores que pedem que o governo cumpra seu papel de ajudar os Estados, muitos quebrados ou na iminência de quebrar muito antes da pandemia.
“No primeiro semestre de 2015, por exemplo, a queda na arrecadação dos estados foi de R$ 14,6 bilhões, em valores atuais, comparado ao mesmo período de 2014. “Os estados seguem sofrendo bastante com a dinâmica de suas receitas próprias, dado que o isolamento social afetou diretamente a arrecadação de ICMS, principal tributo estadual”, avalia Juliana Damasceno, pesquisadora do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A perda de receita aprofundou a crise em estados que já vinham enfrentando um cenário de dificuldade nas contas públicas, caso de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os três estados mantêm o pagamento escalonado de servidores públicos. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que vem fazendo um trabalho de reformas e redução de despesas, registrou queda real de 5,7% na arrecadação. Com isso, a meta de terminar o ano sem déficit não deve ser mais alcançada.
Em geral, o impacto da perda de receita dos estados só não será pior por causa da aprovação das medidas de auxílio financeiro do governo federal aos estados e municípios. Estados e DF receberão, juntos, R$ 22,3 bilhões. O benefício, contudo, vai compensar apenas entre 30% e 40% da perda de arrecadação dos entes, conforme estudo feito pela Secretaria da Fazenda de São Paulo. “O pacote foi desidratado nas discussões entre o Congresso e a equipe econômica, o que na prática reduziu seu alcance, prolongando a situação de dificuldade que os estados já vinham enfrentando antes da pandemia”, afirma o secretário da Fazenda da Bahia, Manoel Vitório. Com maior arrecadação própria entre os estados brasileiros, São Paulo teve uma receita de R$ 89,1 bilhões com tributos no primeiro semestre ante R$ 95,7 bilhões no mesmo período de 2019, uma queda de 6,8%. A Fazenda paulista estima que o estado deve fechar o ano com uma queda de receita de R$ 18 bilhões, equivalente a 10% da arrecadação.
Os estados da região Nordeste, como Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe, tiveram uma forte perda na arrecadação com o ICMS. O mesmo aconteceu em estados do Sul, que têm uma economia mais voltada para o comércio de bens. No Paraná, por exemplo, a arrecadação caiu de R$ 13 bilhões para R$ 11,6 bilhões, já descontados os repasses para municípios. A queda nas receitas com tributos foi de 10,5%. O secretário estadual da Fazenda, Renê Garcia Junior, afirma que, além das exportações agrícolas, a economia paranaense depende do comércio interregional, sobretudo com São Paulo. Por isso, teve forte impacto das medidas de isolamento social. A substituição do comércio em lojas físicas pelas compras online em meio à pandemia, explica o secretário, também impactou a arrecadação. Para completar, o fechamento definitivo de cerca de 20% das empresas do estado deve tornar o cenário ainda mais adverso.”
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12. É nóis que voa, Fachin!

A mais bela das notícias:
“A proibição de operações policiais em favelas durante a pandemia de coronavírus não aumentou a criminalidade violenta no Rio. Ao contrário. A região metropolitana registrou queda de 70% no número de mortes decorrentes dessas incursões nas comunidades, além de reduções significativas nos registros de crimes contra a vida (48%) e contra o patrimônio (40%). Os dados estão no estudo “Operações policiais e ocorrências criminais: Por um debate público qualificado”, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgado nesta segunda-feira, 3. Para estimar os efeitos da proibição, o estudo comparou os números do período de um mês com a média das mesmas datas desde 2007. Segundo o relatório produzido pelos pesquisadores, 30 vidas foram salvas nas favelas por causa da decisão de Fachin. Entre as vidas poupadas, estão as de policiais, que também costumam ser vítimas em confrontos nas favelas do Rio.
A liminar favorável à interrupção das operações policiais durante a pandemia deverá ser analisada pelo STF nesta semana, quando acaba o recesso do Judiciário. Enquanto as polícias são contrárias à medida, a Defensoria Pública do Rio a defende. O órgão participa, inclusive, da divulgação do estudo da UFF, que conta ainda com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e com o auxílio da plataforma Fogo Cruzado, responsável por traçar um mapa de tiroteios na região metropolitana do Rio. “O cruzamento dos dados de ocorrências criminais e operações policiais realizados indica que as operações policiais não são eficientes em reduzir a ocorrência de crimes e, pelo contrário, parecem contribuir para o seu incremento”, aponta Daniel Hirata, pesquisador do GENI.
Uma região que tem passado por confrontos é a da Praça Seca, na zona oeste da capital, que vive um cenário de disputa entre traficantes de drogas e grupos de milicianos. Em 28 de julho, manhã seguinte a um intenso tiroteio, a PM realizou uma operação no bairro. A noite anterior tinha sido marcada por mais de três horas de tiros: a maior facção do tráfico do Rio, o Comando Vermelho, estaria tentando retomar uma favela da região, hoje dominada pela milícia. Naquele bairro, há inclusive depoimentos que apontam para a participação de policiais militares em ações de milicianos, como forma de ajudar os grupos paramilitares na disputa com os traficantes. Isso porque, como mostrou reportagem do portal Uol, apenas 3% dos tiroteios no Rio se dão em áreas dominadas por milicianos. Ou seja, a polícia evitaria confrontar esses grupos, o que passa falsa sensação de segurança. O estudo do grupo de pesquisadores da UFF aponta ainda para a diminuição nos registros de tiroteios no entorno de unidades de saúde. Esses números caíram 61% desde a decisão de Fachin e, se considerados só as trocas de tiros em que havia policiais, a queda é ainda maior: 82%.” [Estadão]
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13. Católicos e evangélicos

Texto interessante de Rodrigo Coppe e Rodrigo Toniol.
“Essa característica também marcou as interpretações sobre política, religião e conservadorismo, fazendo parecer que a face religiosa do conservadorismo brasileiro é evangélica e, por isso, tão recente quanto a presença pública deste grupo na política nacional. Embora compreensível, esse tipo de enquadramento é limitante em dois sentidos. Primeiro, porque tende a reduzir a relação entre religião e política à lógica das disputas partidárias, das alianças e das eleições. A isso pode ser atribuída a persistente ênfase que os analistas dão aos movimentos de apoio e de ruptura de atores religiosos com grupos políticos e com governos. A miopia aqui está em raramente partir da dimensão política intrínseca à teologia dos religiosos, optando, ao revés, por enfatizar as contingências das ações dos religiosos na política.
E, segundo, porque se os evangélicos são a face religiosa mais visível do conservadorismo brasileiro contemporâneo, a força dessa tendência ecoa na tradição do catolicismo, traço tão fundamental da formação societária do Brasil e de um imaginário social que atravessa suas experiências históricas. Não se trata de uma disputa pela origem ou pelo legítimo credor do que há de elementos religiosos em nosso conservadorismo. O que está em jogo é desfazer as interpretações que tendem a eclipsar a relevância do catolicismo nas análises sobre religião e política na contemporaneidade. As influências do catolicismo na formação cultural brasileira não nos permitem abandoná-lo como elemento significativo para se compreender os fenômenos políticos atuais. Se estamos atentos aos substratos societais que insistem em permanecer nas estruturas e no imaginário que atravessa o campo religioso, devemos nos atentar ao fator católico para análises mais compreensivas. Como entender, por exemplo, os ataques às religiões afro-brasileiras de algumas igrejas evangélicas sem retornar à longa tradição católica de perseguição à “feitiçaria” no período colonial? Ou relembrar sua práticas deslegitimadoras de outras tradições religiosas nas primeiras décadas do século 20?
Em suma, por mais que a demografia religiosa do Brasil tenha se transformado radicalmente nas últimas décadas, deslocando a hegemonia da Igreja Católica, isso não necessariamente significa que o catolicismo tenha deixado de ser uma referência balizadora das relações sociais no Brasil. Esse chamamento não significa deixar de reconhecer as profundas transformações culturais da política nacional neste período mais recente, mas sim re-enquadrar essas próprias transformações a partir de suas permanências. Ou ainda, como roga a máxima da antropologia estrutural, reconhecer aquilo que quanto mais se transforma, mais permanece. Os elementos religiosos do conservadorismo político brasileiro –e estamos tratando esse campo em sua vertente autoritária– tiveram em movimentos católicos leigos no início da história republicana sua fermentação e desenvolvimento. Foi nesse novo contexto, em que as forças pluralizantes da sociedade brasileira ficaram mais evidentes, que a faísca da reação foi acendida.
Bebendo na tradição contrarrevolucionária francesa, toda uma estirpe de pensamento e ação antimoderna brasileira foi sendo gestada desde a década de 1920, com, entre outros, Jackson de Figueiredo, Gustavo Corção e Plinio Corrêa de Oliveira. O último liderou desde meados dos anos 1930 um grupo de militantes católicos, incluindo clérigos, que desembocou na criação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a TFP, em 1960. Esse movimento teve papel de destaque entre a direita religiosa brasileira, apoiando o golpe civil-militar de 1964 e o regime ditatorial com o intuito de garantir a sua própria segurança e existência –recebeu generais para eventos privados e os agradeceram pelo golpe.
Depois da morte de Plinio Corrêa (foto acima) em 1995, o último líder da já combalida direita católica, que era tido como profeta e cultuado como um santo pelos seus seguidores, acreditou-se que as forças que a impulsionaram haviam desaparecido. Porém, essas forças se rearranjaram a partir do final da década de 1990. Inicialmente por meio do mundo nascente da blogosfera, e posteriormente via redes sociais, atores antes marginais, como Olavo de Carvalho, ganharam força suficiente para mobilizar afetos e imaginários, principalmente entre os jovens. Com a ebulição das guerras culturais que chegaram ao Brasil e que tiveram nas jornadas de junho de 2013 um momento chave e o crescimento da insatisfação com os governos de Dilma Rousseff condensados na onda antipetista, grupos católicos conservadores vislumbraram uma oportunidade e fizeram coro com algumas tendências evangélicas, formando um caldo de potenciais apoiadores da campanha ao Poder Executivo de um candidato afeito à sua agenda de costumes.
Os detalhes do enredo dessa história que conecta a TFP, a blogsfera olavista e a adesão dos católicos ao bolsonarismo ainda estão para ser contados. Por enquanto, o que podemos reconhecer é que esse alinhamento se reforça a partir de um horizonte teológico e de uma atitude psicopolítica. Em termos teológicos, os grupos católicos que passaram a demonstrar alguma atuação mais contundente nos últimos anos no Brasil tomam para si a curiosa missão de recristianizar o catolicismo. Recristianizar, nesse caso, é sinônimo de restaurar uma ordem perdida após a despressurização distensora com a modernidade levada pelo Concílio Vaticano 2º (1962-1965). A revolução teológica que se coloca no horizonte desses atores é a contrarrevolução, a restauração. Uma luta feita em latim, língua cuja diferença entre restaurar e renovar é apenas um problema de extensão. Nesses termos se arma a teologia de uma política do conservadorismo. Se há algo novo nessa atitude, ela não está em seus efeitos para o campo da religião, mas sim nos contornos da linguagem política que ela assumiu no mundo do século 21.
Há anos estamos diante de um processo de alinhamento entre grupos católicos e grupos evangélicos, que têm conseguido articular suas reivindicações na lógica da cidadania. Se é a nova direita o que nos interessa como analistas, é preciso reconhecer os ecos da história que nela ressoam. E, nesse caso, poucos passos são possíveis enquanto a força do catolicismo conservador estiver eclipsada em nossas reflexões.” [Folha]
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14. Clac clac bum

Qual a chance do presidente tarado por armas, amiguíssimo do embaixador israelense, ter feito merda?!
“A bancada do PSOL na Câmara enviou ofício aos ministérios da Justiça e da Defesa pedindo confirmações e detalhes sobre relações entre as Forças Armadas, a Polícia Federal (PF) e a Força Nacional de Segurança (FNS) com Israel e empresas daquele país. Os deputados perguntam, por exemplo, se os órgãos têm acordo com Israel na área de segurança ou inteligência, se usam arsenal de empresas do país e se têm contato com seus representantes.” [Folha]
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15. Correspondência de Jango

Bem interessante:
“Pedir era o verbo mais declinado então. A frase do livro “A Memória e o Guardião” (2020, Civilização Brasileira), de Juremir Machado da Silva, sintetiza o conteúdo de 927 correspondências recebidas, despachos e relatórios do ex-presidente João Goulart (1961-1964). Os documentos inéditos permaneceram guardados em duas malas durante meio século. O livro resgata o conteúdo das cartas recebidas por Jango, deposto pelos militares no golpe que instaurou a ditadura no país (1964-1985). “A leitura dos 927 itens com textos acaba por gerar um efeito impressionante: o presidente da República parece cercado por uma matilha de vorazes pedintes”, escreve Silva. Políticos de siglas como a UDN (União Democrática Nacional) e PSD (Partido Social Democrático) figuravam entre os que pediam favores a Jango, especialmente de estados como Minas Gerais e São Paulo. Para Silva, a presença constante de líderes desses estados revela a importância que tinham na política brasileira desde o pacto “Café com Leite”, durante a República Velha, quando presidentes originários destes estados se revezavam no poder. Até mesmo o ex-presidente Juscelino Kubitschek, o mineiro JK, estava habituado a escrever para Jango “sempre que achava necessário”, explica Silva. O que chama mais atenção, porém, é a insistência do governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto. Ele seria um dos principais articuladores do golpe contra Jango. “Magalhães Pinto fazia uma espécie de jogo duplo. Por um lado, mostrava-se cordial e disposto a dialogar. Por outro lado, especialmente quando o tema das reformas se consolidou na pauta, partiu para a conspiração”, diz Silva à Folha.” [Folha]
Uma das coisas que me espanta é que Jango caiu por reformas que até hoje nunca foram feitas, repare como o plano dos milicos deu certo pra caralho. Nem o PT em 13 anos oucsou fazer a reforma agrária:
“O presidente gaúcho costumava responder favoravelmente aos pedidos. “Na instabilidade do poder, caminhando sempre no fio da navalha, como Jango poderia não atender pedidos de próceres da política mineira?”, diz o autor. Mesmo sendo católico e um fazendeiro rico, Jango foi tachado de comunista ao tentar emplacar as reformas de base. Para Silva, mesmo que fosse contraditório, o rótulo foi “eficaz” para colaborar com sua derrubada por um contexto de Guerra Fria. “Jango foi vítima de uma poderosa campanha de desqualificação que soube explorar um fantasma fácil de ser disseminado. De certo modo, os espantalhos são sempre os mesmos. Para assustar uma população nada como recorrer aos velhos e cansados, embora eficazes, estereótipos: o comunismo, o ateísmo, a ameaça à liberdade, esses arquétipos constituídos nalgum momento e até agora passíveis de atualização”, afirma o professor. Entre as recorrentes queixas recebidas pelo presidente estão as vidas dos agropecuaristas, como ele próprio. A principal reclamação era contra o projeto de reforma agrária. Em uma carta, líderes ruralistas escrevem pedindo a revogação do “decreto monstruoso que irá derramar o sangue dos nosso filhos”. Entre os documentos conservados pelo assessor de Jango está o despacho em que Jango escreve à mão para que ele responda aos ruralistas que “o desejo é justamente evitar a luta entre irmãos”. Guimarães respondeu, então, que o presidente planejava as reformas “dentro da paz social”. “Na época de Jango, a concentração da propriedade rural era escandalosa. A reforma agrária de Jango era capitalista, um bem para o Brasil, inclusive para as elites, que veriam se constituir um mercado interno mais consistente para a indústria.””
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>>>> Adoro essa indiscrição: “Em documento enviado à Justiça, o governo Jair Bolsonaro afirmou que não é papel da segurança presidencial proteger jornalistas. A declaração foi feita em processo aberto por contas das hostilidades cometidas por apoiadores de Bolsonaro contra profissionais de imprensa que fazem a cobertura jornalística na portaria do Palácio da Alvorada. Na ação, a organização Repórteres Sem Fronteiras, o Instituto Vladimir Herzog, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e a Federação Nacional dos Jornalistas pedem que a Justiça obrigue o governo a adotar medidas preventivas para garantir a segurança dos jornalistas. Em razão das agressões aos profissionais, alguns veículos chegaram a suspender temporariamente a cobertura. As entidades pedem que, em situações assim, a guarda presidencial identifique o agressor, promova a sua detenção e o encaminhe para a Polícia Militar. “Divididos por uma simples grade da claque aglomerada pela atenção do presidente, os jornalistas têm sido insultados, ironizados e agressivamente ameaçados.” O governo, no entanto, disse à Justiça, que não é papel da segurança presidencial intervir nesses casos. Afirmou que a guarda tem a função específica de proteger o presidente e que apenas em situações de grave e iminente risco pode atuar em prol de terceiros. “Se diante de infrações de menor potencial ofensivo, os agentes de segurança presidencial fossem obrigados a intervir, com legítimo poder de polícia, na defesa dos jornalistas e representantes dos órgãos de imprensa, a segurança presidencial restaria comprometida”, declarou o governo. Os órgãos de imprensa presentes no processo entendem que a postura de conflito do presidente da República em relação aos veículos de comunicação inspira seus apoiadores. “Há uma autorização tácita para a hostilização dos profissionais e dos veículos de impressa”, disseram, citando ocasião em que Bolosonaro mandou um jornalista calar a boca e outra em que chamou profissionais de imprensa de mentirosos.” [UOL]
>>>> Do Maurício Stycer: “Entrevistado neste domingo (02) na GloboNews, o youtuber Felipe Neto criticou o canal de notícias do Grupo Globo por ajudar a “validar” a posição de “negacionistas da pandemia e negacionistas da necessidade de isolamento social”. Felipe se referiu especificamente ao deputado Osmar Terra (MDB-RS), convidado para debates no canal. “Toda semana ele fala que a próxima semana é o fim constatado da pandemia. Ele está falando isso desde março. Falou que iam morrer mil pessoas e continua até hoje arrotando que está certo em relação à pandemia”. O youtuber foi ainda mais duro com a CNN Brasil, concorrente da GloboNews. A jornalista Cristiana Lôbo perguntou se ele se sentaria para discutir o projeto das fake news, que está sendo debatido no Congresso, com blogueiros que defendem o governo Bolsonaro. “Eu não me sentaria da mesma forma que eu não aceito aparecer na CNN Brasil pela mesma razão”, disse. Prosseguiu Felipe: “A gente está vivendo hoje no Brasil um momento de validação do negacionismo, a validação do obscurantismo, a validação de pessoas e ideias que sempre ficaram no esgoto da opinião pública. E que de repente saíram dos esgotos, como ratos pela cidade, de uma forma tão violenta e grotesca, que saíram contaminando todo mundo.” Na visão do youtuber, os meios de comunicação precisam fazer um contraponto mais efetivo a pessoas que disseminam informações falsas. “E aqui não estou falando de opiniões divergentes, estou falando de negacionistas científicos, péssimos revisionistas históricos, pessoas que intencionalmente deturpam, manipulam e negam o que a ciência diz para tentar vender uma ideologia”. Disse ele ainda: “Sentar com essas pessoas, pra mim, é validá-las. E eu não posso fazer isso. Eu não me sentaria com esses indivíduos, principalmente desses blogs, que fazem parte deste esquema de articulação da extrema direita, que ajudam a disseminar o tempo inteiro notícias mentirosas e estão sendo alvo de investigações.” Dirigindo-se aos jornalistas da GloboNews que o entrevistavam, Felipe Neto pediu: “É papel do jornalismo negar. Eu levanto essa necessidade, pedindo para os bons jornalistas, que vocês são, quando encontrarem essas pessoas, essas opiniões, que as neguem e que mostrem a verdade de imediato”. O youtuber citou o caso da âncora da CNN americana que interrompeu um assessor do presidente Donald Trump que insistia em defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid. “Você está prestando um desserviço real aos americanos”, disse ela, encerrando a entrevista. Felipe Neto não foi contestado por nenhum de seus entrevistadores da GloboNews. Procurada, a CNN Brasil não quis comentar as declarações do youtuber.” [UOL]
>>>> Eu ri: “Jair Bolsonaro visitou Bia Kicis na semana passada para por fim a rusga criada depois que ele a destituiu da vice-liderança do governo, uma retaliação ao voto de Bia contra o projeto que prorrogou o Fundeb. Ao encontrá-la em casa, Bolsonaro mandou, ao seu estilo: — Tu também pediu, né? Ao fim, porém, voltaram às boas. Bolsonaro indicou, inclusive, que pode devolvê-la ao posto num futuro próximo.” [O Globo]
>>>> Maia comendo pelas beiradas: “A alternativa número 1 de Rodrigo Maia para sucedê-lo continua sendo Aguinaldo Nogueira (PP/PB). Assim como a opção número zero continua sendo ele mesmo — no caso, claro, se rolar a virada de mesa que possibilite sua reeleição e que está sendo capitaneada por Davi Alcolumbre.” [O Globo]
>>>> Do Thiago Amparo: “Alguns, os delicados, preferem evitar as palavras que lhes machucam. Outros, os povos indígenas, dirão que não são as palavras que machucam, mas o extermínio dos seus. Nesta guerra das palavras travada sobre corpos indígenas —ou seria ineficiência ou seria genocídio— perde-se de vista o que importa de fato: quem o impedirá? Nesta segunda (3), o Supremo Tribunal Federal (STF) tem a chance de fazer o que o Tribunal Penal Internacional (TPI) não fará: prevenir que a pandemia extermine povos indígenas. Não fetichizemos cortes internacionais, importantes que sejam. O TPI não seguir com a investigação sobre crimes internacionais contra Bolsonaro diz mais sobre os entraves burocráticos de que o tribunal padece do que porventura diga sobre a lisura das ações do presidente, porque sobre esta nada diz. Usando metáfora da professora de Harvard Kathryn Sikkink, levar demandas para esfera internacional, ganhando ou não, equivale a jogar um bumerangue esperando que, ao voltar, este ponha fim a violações a direitos, aqui e agora. Bumerangue está nesta segunda (03) no campo do STF para referendar a cautelar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso, no dia 8 de julho, a favor dos povos indígenas. Ele, em síntese, determinou que o governo federal, em diálogo com povos indígenas, saia da inação. Espera-se que o plenário da corte, ao menos, referende esta ordem. Diferentemente de países como Hungria que se valeram da pandemia para alargar as prerrogativas do poder executivo, o governo Bolsonaro —como Trump— fez da incompetência sua política de estado. Esta é a conclusão dos professores David Pozen, da universidade de Columbia, e Kim Scheppele, Princeton, em recente artigo, ao cunhar o termo “executive underreach”: a contrassenso, governos com inclinações autoritárias podem, intencionalmente, preferir a omissão. E numa pandemia, omissão custa vidas. A diferença entre ineficiência na pandemia e genocídio não está na sensibilidade dos ouvidos. Está na intenção ou não de sujeitar um grupo étnico a condições de vida que tendam à sua destruição, total ou parcial. A propósito, crime contra a humanidade de extermínio sequer exige tal intencionalidade.” [Folha]
>>>> as: “”Ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (sem partido), Ricardo Vélez está lançando um livro para contar como deixou a esquerda, que seguiu em sua juventude, para se tornar conservador. “Da Esquerda para a Direita: Minha Opção Liberal Conservadora”, da editora Távola”, promete tratar da trajetória do filósofo, que desemboca em sua experiência como ministro de Bolsonaro, cargo que ocupou durante três meses. Um dos trechos do livro publicados por Vélez em suas redes sociais narra encontro com Bolsonaro antes de assumir a pasta.Bolsonaro me perguntou, direto: ‘professor Vélez, você teria faca nos dentes para combater a esquerda radical no ministério?’. Respondi: ‘Presidente, claro que sim, é o que faço nas universidades há 30 anos. Agora, se tiver a caneta na mão, completo o serviço'”, descreve.” [Folha]
michael scott
>>>> Esse começo da coluna do Haddad me deixou boquiaberto. olha a proeza que os milicos conseguiram em míseros 6 anos: “Dos anos 1960 para cá, vivemos dois choques tributários. O primeiro, depois do golpe militar, que elevou a carga tributária de 16% do PIB para 26%, no período entre 1964-70. O segundo, depois do Plano Real, que elevou a carga tributária de 26% do PIB para 32%, no período entre 1994-2002. Entre 1970-94 e pós-2002, não houve oscilações bruscas e consistentes.” [Folha]
>>>> Eita porra: “A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho informou nesta sexta-feira (31) que recebeu pedidos de exoneração de 52 servidores que ocupavam cargos de confiança na estrutura da Perícia Médica Federal. Entre os motivos da entrega coletiva de cargos está a decisão do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de reabrir suas agências ao público em 24 de agosto, com a qual a categoria não concorda por alegar risco de contágio dos profissionais pelo novo coronavírus. O número de desligamentos confirmados representa 65% dos 80 cargos de chefias regionais do setor e inclui a demissão da subsecretária da Perícia Médica Federal, Karina Braido Santurbano de Teive e Argolo, conforme informou a secretaria. Além da insatisfação com a retomada do atendimento ao público durante a pandemia de Covid-19, a categoria também reclama de interferências técnicas do INSS, segundo declarações à imprensa republicadas nesta semana pela ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos) em sua página na internet. A Perícia Médica Federal é responsável pela análise de pedidos de benefícios por incapacidade, como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez pagos pelo INSS. Com a demissão em massa de chefes do setor de perícias, existe entre servidores do INSS o receito de que ocorra atraso na concessão das antecipações. Além disso, caso persista o impasse envolvendo os médicos peritos, a reabertura das agências em 24 de agosto poderá ser inviável. A retomada das perícias é um dos principais motivos para a volta do atendimento presencial, uma vez que diversos serviços que não envolvem avaliações médicas estão sendo prestados por canais remotos, como pelo aplicativo Meu INSS e pelo telefone 135. Procurado, o diretor presidente da ANPM, Lu” [Folha]
>>>> A Folha escreveu sobre uma eminência parda tucana que rodou na delação da Odebrcht e olha que free-style maravilhoso: “Ele é formado em administração de empresas e transitou em gabinetes na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara dos Deputados antes de virar superintendente do Centro Paula Souza (responsável pela educação técnica no estado) na gestão Mario Covas. Sob Alckmin, passou a comandar a antiga Febem (hoje fundação Casa) em 2004. À época, era questionado sobre qual experiência tinha para assumir o posto. Em entrevista à Folha logo após iniciar a gestão na entidade, disse que conhecia “superficialmente” o Estatuto da Criança e do Adolescente. “Estou conhecendo melhor agora.” No ano seguinte, em 2005, passou a presidir o Conselho Estadual de Educação.” [Folha]
>>>> O “Cavalieri do Otoni”: “Leandro Cavalieri, homem que ameaçou Felipe Neto em frente ao condomínio do youtuber, perdeu o seu principal apoio para tentar uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro neste ano. O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) desautorizou o uso de seu nome pelo ex-aliado político. O afastamento ocorreu após Cavalieri se apresentar como seu assessor parlamentar no ataque com fogos de artifício ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) em junho. Ele não trabalhava no gabinete. “Aquela situação foi algo que não gostei. Nada contra ele [Cavalieri], mas não há mais vinculação política ou pessoal. O motivo foi ele ter se apresentado como meu assessor sem nunca ter sido. O ato em si [contra o STF] não foi antidemocrático como tem sido descrito”, disse Otoni, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de difamação, injúria e coação no inquérito que investiga atos antidemocráticos. O deputado do PSC disse ainda não querer comentar as ameaças feitas por Cavalieri a Felipe Neto em frente ao condomínio do youtuber. “Não tenho nada a declarar sobre esse episódio. São decisões que cada ser humano toma. Se alguém se sentiu ofendido cabe também procurar a Justiça para obter alguma retratação”, disse o congressista Cavalieri, que até o mês passado se apresentava como “Cavalieri do Otoni”, foi com um carro de som para a frente do condomínio onde mora Felipe Neto e fez ameaças contra ele. No alto-falante, repetiu as fake news que acusam o youtuber de incentivar a pedofilia. “Chega, chega! Cadê você Felipe Neto?”, gritava Cavalieri, que agora se apresenta como “Guerreiro de Bolsonaro”. “É, Felipe Neto. A gente vai se encontrar em breve. Quero ver se tu é macho [sic]. Quero ver tu tirar onda comigo. Seus seguranças não me intimidam, não. Aqui o bonde também é pesado”, disse Cavalieri em vídeo postado nas redes sociais.” [Folha]
>>>> Assédio: “A CGU (Controladoria-Geral da União) recebeu até aqui 680 denúncias de assédio moral apresentadas por funcionários públicos federais durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Isso representa uma média de pouco mais de uma denúncia (1,2) por dia desde o início da gestão. Lideram a lista os ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Educação, Saúde e Economia, além de Polícia Federal e a própria CGU. Instituições de ensino também aparecem na lista, como a Universidade Federal de Goiás, no topo do ranking. De janeiro a julho deste ano, por exemplo, foram 254 relatos registrados. Em todo o ano passado, 426, um avanço de 20% em relação aos 356 casos registrados em 2018 e de 49% ante os 285 em 2017, ambos sob a gestão de Michel Temer (MDB). O analista ambiental do Ibama José Olímpio Augusto Morelli diz que foi vítima de assédio moral. Ele é o servidor que, em janeiro de 2012, multou o então deputado federal Jair Bolsonaro por pesca irregular no litoral fluminense. Em março de 2019, logo no início do atual governo, foi exonerado quando estava em Brasília e ocupava um cargo de chefia no Centro de Operações Aéreas do órgão. “Os constrangimentos se iniciaram com a nova gestão do Ibama. Fiquei sabendo informalmente que seria exonerado em janeiro, mas a publicação veio somente em março. Passei por um processo de fritura, incluindo o assédio moral de colegas do próprio setor”, disse. Morelli, no entanto, não detalhou as situações de suposto assédio por se tratar de um assunto interno. De acordo com Morelli, o assédio moral pode ser uma ferramenta para perseguição política no setor público. Considerado falta grave, pode levar à perda do cargo. “O grande problema é que muitas vezes o ato não é explícito, são atitudes e falas que ficam nas entrelinhas”, afirmou.” [Folha]
>>>> Do Nelson de Sá: “No alto da home page do Wall Street Journal, “Se a vacina de Oxford funcionar, camadas de investidores privados estão prontos nos bastidores para lucrar”. Além do laboratório AstraZeneca, que produziria a vacina, aparecem “um fundo pouco conhecido” de um ex-corretor do Deutsche Bank e, com participações menores, os braços de investimento do Google e até da chinesa Huawei. Também no alto do WSJ, o Paquistão é agora “um ponto brilhante”, um caso de sucesso contra a pandemia. Paquistão que “há dois meses estava sendo comparado ao Brasil”, de população similar e “devastado pela doença”. Casos e mortes caíram mais de 80% desde o pico, em junho. Jornais locais enfatizam a parceria com a China no combate à Covid.” [Folha]
>>>> as: “Também no alto do WSJ, o Paquistão é agora “um ponto brilhante”, um caso de sucesso contra a pandemia. Paquistão que “há dois meses estava sendo comparado ao Brasil”, de população similar e “devastado pela doença”. Casos e mortes caíram mais de 80% desde o pico, em junho. Jornais locais enfatizam a parceria com a China no combate à Covid.” [Folha]
>>>> Do Nelson de Sá: “A ameaça de apagar o TikTok nos EUA veio após o anúncio dos Top Apps no mundo, no segundo trimestre, pela consultoria App Annie (acima). Logo abaixo do TikTok, em downloads, apareceu o Zoom, sediado na Califórnia, mas de dono nascido na China —e já transformado em alvo, nesta semana, de um pedido de investigação no Departamento de Justiça.” [Folha]
>>>> Mais Tik Tok: “A Microsoft anunciou neste domingo (2) que continuará as negociações com o TikTok após conversa entre o seu presidente-executivo, Satya Nadella, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um blog da empresa, a companhia afirmou que considera as preocupações de Trump e confirmou que está agilizando as discussões com a ByteDance, dona do aplicativo de vídeos, notificando o governo dos EUA sobre uma possível aquisição de ativos da TikTok no país. Trump disse na semana passada que não era a favor de um de um acordo com a empresa chinesa, e planejava proibir o app nos Estados Unidos, alegando questões de segurança nacional. A TikTok diz que tem 100 milhões de usuários nos EUA. Ainda não é rentável, pois gastou muito para adquirir usuários nos últimos anos, mas internamente a companhia projeta receitas de US$ 1 bilhão neste ano e US$ 6 bilhões no próximo, disse uma pessoa informada do assunto ao jornal The Wall Street Journal. Neste domingo (2), o jornal havia informado que a Microsoft tinha interrompido as negociações após a conversa entre Nadella e o presidente americano. Esta é a primeira vez que a companhia confirma que está em negociação com a TikTok nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia após dias de especulação. A empresa estima encerrar as discussões até o dia 15 de setembro deste ano. As declarações de Trump estimularam a TikTok a fazer novas concessões nos Estados Unidos, incluindo aumentar em 10 mil seus postos de trabalho no país (hoje são 1.500 funcionários) nos próximos três anos, mas não está claro se isso vai modificar a posição do presidente americano. As duas empresas estão tentando saber com clareza a posição da Casa Branca e se ela está planejando uma ação separada que dificultaria a operação da TikTok nos EUA. Elas planejavam concluir um acordo nesta segunda-feira (3). Trump disse que preferia proibir totalmente o aplicativo. “No que diz respeito ao TikTok, vamos bani-lo dos Estados Unidos”, disse ele. “Bem, eu tenho essa autoridade.” O fundador da Bytedance, Zhang Yiming, também aceitou vender sua participação como parte do negócio para manter o app funcionando nos Estados Unidos, disse uma fonte.” [Folha]
>>>> Do Gabeira: “Jorge Luis Borges escreveu a bela “História universal da infâmia”. Nas suas obras completas é possível encontrar também algumas notas sobre a injúria, uma categoria específica de agressão. É um texto curto, intitulado “Arte da injúria”. Segundo Borges, o agressor deverá saber, conforme advertem os policiais da Scotland Yard, que qualquer palavra que diga pode ser voltada contra ele. O sonho dele, portanto, é ser invulnerável. Isso foi escrito na década dos 30, muito antes da internet, que trouxe o conforto do anonimato. O roteiro da injúria em Borges passa pelas ruas de Buenos Aires. O agressor sempre adivinha a profissão da mãe dos outros e quer que mudem para um certo lugar que pode ter diferentes nomes. Em português, é possível conciliar os dois tipos de injúria enviando a pessoa para um lugar que, em linguagem amenizada, é a ponte que partiu. Ao longo de sua análise, Borges descobre que, nas “Mil e uma noites”, célebre texto árabe, há um xingamento que se tornou popular: cão. E chega aos que parecem mais sofisticados e certeiros como este: “Sua esposa, cavalheiro, sob o pretexto de trabalhar num prostíbulo, vende artigos de contrabando”. Borges destaca também a injúria mais esplêndida feita por alguém que não tinha contato com a literatura. Ele descreve um homem chamado Santos Chocano, dessa maneira: “Os deuses não consentiram que Santos Chocano desonrasse o patíbulo, nele morrendo. Aí está vivo, depois de ter fatigado a infâmia”. O personagem me lembra um pouco velhos políticos que ganham uma espécie de pele de elefante depois de tantas pancadas pela vida afora. Cansam até o xingamento. Mas os insultos contra as pessoas que têm outra atividade costumam ser devastadores para suas relações familiares, de amizade e a própria autoestima. Sou solidário com elas e desejaria ver algo na lei que acabasse com a invulnerabilidade do agressor. Pessoalmente, não guardo ressentimentos, sobretudo agora nessa idade. Não me ameaçam de morte, simplesmente afirmam que já morri e não me dei conta. Decretaram minha morte em algum momento do passado e reclamam por não ter levado a sentença a sério.” [O Globo]
>>>> Muitos risos: “Fundadores do Aliança pelo Brasil andam irritados com a falta de engajamento da principal interessada na criação do partido: a família Bolsonaro. Cansaram de esperar movimentos de Jair, Flávio e Carlos. Eduardo, avaliam, é o único integrante do clã que se dispõe a trabalhar para pôr a sigla de pé. Há nove meses na rua tentando amealhar filiados, o Aliança conseguiu míseros 15,8 mil assinaturas, o que representa 3% do necessário para ser registrado.” [O Globo]
>>>> É cabide de emprego que chama, né?: “A militarização do governo federal dragou a EBC. Hoje, das seis cadeiras de cúpula da estatal, metade está ocupada por militares: presidência, diretoria de Finanças e diretoria-geral. As duas primeiras têm chefes de gabinete originários da caserna. Não só. O chefe da assessoria do presidente é um coronel reformado. A tropa, porém, deverá ser desmobilizada em breve. Fábio Faria, recém-empossado ministro das Comunicações, pretende mexer no comando da empresa.” [O Globo] A dúvida é para qual outro órgão do governos os honrados milicos irão.
>>>> Lá no twitter o Thibério Oliveira me apontou esse outro absurdo: “Aliás, a atual diretoria do Inmetro tem sete coronéis, incluindo o presidente e o assessor de imprensa. O instituto, entre outras atribuições importantes, faz a aferição de balanças.” [O Globo]
>>>> Essas matérias sobre a extrema-direita na Alemanha, infiltrada no exército, na polícia e na política, são espantosas: “O plano parecia assustadoramente real. O grupo iria capturar inimigos políticos e todos que defendiam imigrantes e refugiados, colocá-los em caminhões e dirigir para um local secreto. Depois, todos seriam mortos. Um integrante do grupo havia comprado 30 sacos para cadáveres, e outros mais seriam encomendados, de acordo com os investigadores, além de óxido de cálcio, usado para decompor material orgânico. Em princípio, aqueles que discutiam o plano pareciam ter alguma reputação. Um era advogado e político local, com especial ódio por imigrantes. Dois eram reservistas do Exército. Dois outros, policiais, incluindo Marko Gross, um atirador de elite da polícia e ex-paraquedista, que atuava como líder informal. Esse grupo nasceu em uma rede usada por soldados e pessoas que viam com simpatia a extrema direita, criada por um integrante da força de elite militar da Alemanha, a KSK. Com o tempo, sob supervisão de Gross, criaram um grupo paralelo. Os integrantes incluíam um médico, um decorador, um dono de academia e um pescador. Eles se autointitulavam “Nordkreuz”, ou “Cruz do Norte”. — Entre nós, éramos uma comunidade — afirmou Gross, um dos vários integrantes da Nordkreuz que descreveu, em uma série de entrevistas ao longo deste ano, como o grupo se juntoi e começou a fazer planos. Eles negam terem planejado matar alguém. Mas investigadores e promotores, assim como um relato à polícia por um integrante do grupo, indicam que eles planejavam ações um pouco mais sinistras.Uma motivação central e comum aos extremistas sempre pareceu tão absurda e fantasiosa que, por muito tempo, as autoridades e investigadores não pareciam levá-la a sério, mesmo com as evidências de que estava ganhando relevância em grupos da extrema direita. Neonazistas e demais extremistas a chamavam de “Dia X” — um momento mítico em que a ordem social da Alemanha desmoronaria, demandando dos extremistas de direita, segundo sua narrativa, um esforço de autopreservação e de salvação nacional. Hoje, os defensores do “Dia X” atraem pessoas sérias, com habilidades e ambições concretas. Cada vez mais, as autoridades alemãs consideram esse cenário um pretexto para atos de terrorismo interno por conspiradores ou mesmo para uma tentiva de tomar o governo.” [O Globo]
>>>> Irã: “A Juventude do PT está irritada com a cúpula do partido, que decidiu transferir apenas 3% do fundo eleitoral para sete setores: jovens, combate ao racismo, LGBT, agrário, sindical, cultural e de meio ambiente. …política? O grupo reivindicava 5% do total do fundo eleitoral somente para as suas candidaturas. Integrantes da juventude dizem ainda que 30% dos recursos obrigatórios para mulheres serão usados para custear viagens da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann e de Fernando Haddad, de olho em 2022. A prática pode ser questionada juridicamente.” [Estadão]
>>>> Irã e Venezuela: “Primeiro enviaram cinco navios com gasolina e semanas depois um barco carregado com alimentos para inaugurar o primeiro supermercado iraniano na Venezuela. Um negócio que representa competição para os produtores locais e um desafio aos Estados Unidos, inimigo dos dois países aos quais impõe severas sanções. Há tempos Caracas e Teerã são alvo das críticas do governo do presidente Donald Trump, que chama o líder venezuelano, Nicolás Maduro, de ditador e assegura que o governo do país persa tem vínculos com o terrorismo. “Nós, países sob sanções, podemos ajudar-nos. Por exemplo, a Venezuela tem muitos produtos que não há no Irã e os venezuelanos têm muitas necessidades que podemos suprir”, disse Issa Rezaei, vice-ministro da Indústria do Irã à TV estatal venezuelana na inauguração do novo supermercado, no dia 30. Megasis, instalado em um bairro de classe média cercado pela imponente montanha de Ávila e com uma panorâmica da empobrecida favela de Petare, é propriedade da Etka, um consórcio operado pelo Ministério de Defesa iraniano. O galpão, de 20 mil², pertencia à rede de hipermercados franco-colombiana Éxito, expropriada em 2010 por ordem do presidente Hugo Chávez, morto em 2013. Entregar este supermercado ao Irã é uma “demonstração de que tudo que foi expropriado pelo chavismo fracassou, além de representar uma bofetada às sanções de Washington”, disse o economista José Manuel Puente, professor do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA). Compradores com máscaras, de uso obrigatório por causa da covid-19 – que, segundo números oficiais, teria infectado cerca de 20 mil pessoas na Venezuela -, têm feito longas filas para entrar no supermercado. Em seu interior, os clientes caminham curiosos pelos corredores. Ao lado de produtos iranianos, como roupas, mel, cordeiro enlatado e tâmaras, encontram vários com a etiqueta “Made in USA”, país com quem o Irã carrega quatro décadas de inimizade. Ana María Chávez, uma professora de 29 anos, que mora perto do supermercado, comprou 12 rolos de papel higiênico iraniano e outros produtos de higiene que estavam “mais baratos” que em outros lugares. Vários dos produtos importados, como o grão de bico, têm preços mais competitivos que os cultivados na Venezuela, graças à exoneração dos impostos às importações de alimentos, uma medida questionada por muitas cooperativas agrícolas. A Venezuela está entrando em seu sétimo ano de recessão e seu quarto de hiperinflação. A crise impede que quatro em cada cinco venezuelanos tenham acesso aos produtos da cesta básica, segundo a Pesquisa Nacional de Condições de Vida, conduzida por três das principais universidades do país. Para Puente, apesar da retórica anti-EUA que Caracas e Teerã compartilham, a relação “não resolverá o ciclo de desastre que a Venezuela vive”.” [Estadão]
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