Pesquisadora da Unicamp traça o “mapa neonazista” no Brasil

Pesquisadora da Unicamp traça o “mapa neonazista” no Brasil


Trote racista por alunos da UFMG que foram flagrados em fotos que circularam pelas redes sociais em poses de práticas com simbologia nazista.
Publicada originalmente no portal Pragmatismo Político no último 19/abril, notícia destaca o crescimento dos grupos neonazistas no Brasil, em especial na região Sudeste, onde se multiplicam em São Paulo e Minas Gerais, e também no Centro-Oeste, no Distrito Federal.
Segundo a reportagem:

Mapa da intolerância: região sul concentra maioria dos grupos neonazistas no Brasil, mas crescem em São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais

O crescimento do número de simpatizantes neonazistas tem se tornado uma tendência internacional. É o que aponta um monitoramento da internet realizado pela antropóloga e pesquisadora da Unicamp, Adriana Dias. De 2002 a 2009, o número de sites que veiculam informações de interesse neonazistas subiu 170%, saltando de 7.600 para 20.502. No mesmo período, os comentários em fóruns sobre o tema cresceram 42.585%.
Nas redes sociais, os dados são igualmente alarmantes. Existem comunidades neonazistas, antissemitas e negacionistas em 91% das 250 redes sociais analisadas pela antropóloga. E nos últimos 9 anos, o número de blogs sobre o assunto cresceu mais de 550%.
Adriana Dias trabalha há 11 anos mapeando grupos neonazistas que atuam na internet e também no mundo não virtual. Devido ao conhecimento construído, a pesquisadora já prestou consultoria para a Polícia Federal e para serviços de inteligência de Portugal, Espanha e outros países.
Veja as estatísticas do crescimento de sites com assuntos neonazistas:
mapa neonazista brasil
(Gráfico – EBC)

Brasil

Segunda Adriana, os grupos neonazistas eram predominantes no sul do país, mas nos últimos anos têm crescido vertiginosamente no Distrito Federal, em Minas Gerais e em São Paulo. Ela vem mapeando o número de internautas que baixam arquivos de sites neonazistas e considera simpatizantes aqueles que já fizeram mais de 100 downloads. Por esse critério, seus dados de 2013 apontam que há aproximadamente 105 mil neonazistas na região Sul.


Estados com maior número de internautas que baixaram mais de 100 arquivos de sites neonazistas:
  • Minas Gerais: Simpatizantes neonazistas: 6.000
  • Goiás: Simpatizantes neonazistas: 8.000
  • Paraná: Simpatizantes neonazistas: 18.000
  • São Paulo: Simpatizantes neonazistas: 29.000
  • Rio Grande do Sul: Simpatizantes neonazistas: 42.000
  • Santa Catarina: Simpatizantes neonazistas: 45.000
No caso de Minas Gerais, os movimentos parecem ter ganhado fôlego em 2009, como forma de responder ao assassinato de Bernardo Dayrell Pedroso. Fundador da revista digital “O Martelo”, ele era uma referência do movimento neonazista na cidade. Acabou morto em um evento no município de Quatro Barras (PR), por uma outra gangue de skinheads neonazistas que via em Bernardo uma barreira para sua ascenção.

Organização

Não é possível descrever um único percurso para ingresso no movimento neonazista. Mas há uma trajetória mais comum: “Geralmente, eles atendem ao proselitismo na juventude. O jovem em busca de uma causa acaba recebido pelo grupo, que o convencem de que o negro ou o judeu tomou seu espaço no mercado de trabalho, na universidade, etc”, explica Adriana Dias.
Os líderes dos grupos geralmente não participam das ações violentas. “São pessoas que já possuem uma condição financeira melhor e geralmente possuem curso superior. Eles conduzem o movimento e leem muito material antissemita. Possuem um alto grau de instrução e buscam se resguardar de eventuais ações judiciais”, descreve a pesquisadora.
Léo Rodrigues, EBC
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