E o Toffoli, Costinha?!

Logo menos atualizo o podcast por aqui, os episódios você ouve lá na Central3.
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1. Era uma vez o Toffoli

Do Bernardo Mello Franco:
“O ministro Edson Fachin cassou a liminar de Dias Toffoli que obrigava a Lava-Jato a enviar informações sigilosas para a Procuradoria-Geral da República.” [O Globo]
Vem, Fux!
“A decisão não influi apenas na guerra interna do Ministério Público Federal. Na prática, também antecipa o fim da Era Toffoli no Supremo Tribunal Federal. Toffoli assumiu a presidência da Corte em 2018, depois de um período marcado por crises na gestão da ministra Cármen Lúcia. Ele prometeu pacificar o Supremo e reduzir o protagonismo do Judiciário.”
“Não fez uma coisa nem outra. O tribunal continuou dividido, e agora vive em tensão permanente com o governo. O presidente da Corte buscou se aproximar de Jair Bolsonaro. Não convenceu o Planalto a baixar as armas e ainda se desgastou com parte dos colegas. Os ministros que enfrentaram a ofensiva autoritária tiveram que se defender sozinhos.”
Beijo, Lula!
“Enquanto Toffoli frequentava o palácio, eles eram alvejados pelas milícias virtuais. No mês passado, o presidente do Supremo abriu novas frentes de atrito. Em seu último plantão no cargo, ele concedeu uma série de decisões favoráveis a figurões sob investigação. Soltou Geddel Vieira Lima, barrou uma operação contra José Serra, suspendeu o processo de impeachment contra Wilson Witzel e arquivou inquéritos contra ministros do STJ e do TCU. Para completar, Toffoli tomou partido do procurador-geral Augusto Aras em sua cruzada contra a Lava-Jato.”
O sujeito que consta na planilha da OAS não tá de bobeira, né?
“Ao suspender o compartilhamento de dados da força-tarefa no primeiro dia após o recesso, Fachin mostrou seu descontentamento. E ainda abriu caminho para a derrubada de outras decisões do plantão. Com o fim das férias de inverno, o presidente do Supremo volta a dividir poder com os outros dez ministros. Os holofotes se viram para Luiz Fux, que assumirá a chefia da Corte em 10 de setembro. Em princípio, a nova gestão tende a ser mais alinhada com a Lava-Jato. Numa célebre mensagem para o procurador Deltan Dallagnol, revelada pelo Intercept, o então juiz Sergio Moro escreveu “In Fux we trust” (“Em Fux, nós confiamos”). Mas há ministros que se transformam ao assumir a presidência do tribunal.”
E o mais absurdo é que Toffoli viu alguma urgência nessa questão – o texto é da Míriam Leitão:
“O princípio do juiz natural é muito valioso dentro do Judiciário. As decisões durante o plantão acontecem quando há o risco de uma perda imediata. Na volta dos trabalhos no STF, segunda-feira, o ministro Luiz Edson Fachin reverteu a decisão do presidente Dias Toffoli, que obrigava a Lava-Jato a compartilhar seus arquivos com a Procuradoria-Geral da República. Havia sido um erro de Dias Toffoli. Ele era o plantonista, mas não deveria ter acatado o pedido de Augusto Aras, o procurador-geral. Não havia uma necessidade urgente para definir que todas as forças-tarefa da Lava-Jato deveriam compartilhar suas informações com a Procuradoria-Geral da República.” [O Globo]
Tirar o próprio cu da reta sempre é urgente, né?
“Tanto não era urgente que o procurador-geral só buscou as informações de Curitiba. Augusto Aras não enviou ninguém para recolher dados das forças-tarefas de São Paulo ou do Rio, por exemplo. Já oss efeitos dessa decisão foram imediatos. Parte das informações já foram colhidas pela PGR.”
E olhe como é burro o Aras:
“Na sua decisão, Fachin mostrou inclusive que havia um erro técnico no caso. A PGR, em seu pedido, usou um instrumento que não cabia, pela boa técnica do direito. O ministro decidiu também que os dados já repassados não poderão ser acessados pela PGR. Fachin reestabeleceu a autoridade que ele tem como relator da Lava-Jato no Supremo. Conselheiros acham que, até o dia 18, quando o caso será analisado no CNMP, a Corte não terá terminado de analisar o tema.”
Deltan deve ter chorado e os caralhos:
“Um dos efeitos da decisão de Edson Fachin de interromper o compartilhamento de dados das forças-tarefa com a Procuradoria-Geral da República deve ser o de enfraquecer, no CNMP, o pedido de afastamento de Deltan Dallagnol da Lava Jato de Curitiba. Tanto Augusto Aras quanto o conselheiro Otávio Luiz Rodrigues têm até amanhã para se manifestar no caso e, apesar de já terem acesso a dados preliminares de Curitiba, não poderão utilizá-los no processo. Na leitura de conselheiros ouvidos pela Coluna, foi esse o objetivo da decisão de Fachin.” [Estadão]
E lá vamos nós concordar com o Merval:
“Aras buscou tornar o compartilhamento dos dados o tema mais importante do momento. Faz parte de sua estratégia enfraquecer e centralizar o Ministério Público. O problema é que constitucionalmente ele é desacentralizado. O procurador-geral não é um chefe dos procuradores. Ele tem poder para decidir sobre a administração do órgão, mas não controla as investigações feitas pelos membros. Os procuradores têm autonomia no trabalho. Aras faz isso de forma deliberada, ele evidentemente conhece o Ministério Público. Aras discorda dessa organização do trabalho, mas é a Constituição que define a estrutura do MP. O caminho para alterar isso seria propor uma mudança constitucional. Um exemplo do comportamento de Aras foi visto na semana passada. O procurador-geral discutiu com colegas em uma sessão do Conselho Superior do MPF, os acusou de espalhar fake news, foi grosseiro com a subprocuradora Luiza Frischeisen e com o procurador Nicolao Dino. A Aras falta a serenidade que se espera de um PGR. Ele não respondeu às questões de mérito apresentada na reunião, interrompei os colegas e usou expressões fantasiosas, como “anarco-sindicalismo”.”
Esse dia foi louco!
E lá vem o maior absurdo:
“Outro erro recente de Dias Toffoli foi negociar com o governo uma proposta de lei que tira do MP o poder de celebrar acordos de leniência com empresas. Não faz sentido algum o presidente do Supremo prestar assessoria jurídica aos órgãos do governo federal que pretendem propor uma mudança na legislação. Esse tipo de ação rebaixa o cargo de presidente da suprema corte. Há muito o que ser colocado no lugar.”
Na moral, que diabos tem na cabeça o presidente da Suprema Cortre que acha uma boa idéia jogar os acordos com empresas investigadas no colo do governo?! Justamente quando é esse governo aí?!
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2. O ministro terrivelmente fascista

Palavras do André Mendonça na Globonews, na noite de domingo:
“Então, eu chamo a Secretaria e pergunto: ‘foi elaborado algum dossiê’? E eles me respondem e isso está na nota [do MJ]: ‘Nós não elaboramos dossiê’. ‘Até porque, se nós quiséssemos ou pudéssemos elaborar um dossiê com aquela conotação de prejudicar determinado grupo de forma parcial, persecutória, nós não elaboraríamos um relatório’. Se é que esse relatório, e eu tenho que falar sempre em tese, foi produzido”
Entendeu? Se André e seus comandados tivessem elaborado “um relatório de forma parcial, persecutória” seria tudo por debaixo dos panos, porra, cê acha que os caras são otários?!
A retórica desse governo é mafiosa.
E se não houve relatório por que diabos o chefe do Seopi foi trocado?!
“O ministro da Justiça, André Mendonça, decidiu nesta segunda-feira (3) trocar a chefia da Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi). O atual diretor do órgão é Gilson Libório. Ele foi nomeado para o cargo em 25 de maio, pelo próprio ministro. A exoneração de Libório foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU), que foi ao ar na madrugada desta terça (4). Seu substituto ainda não foi definido. A exoneração foi feita em meio à abertura, pela corregedoria do Ministério da Justiça, de uma sindicância para apurar a existência de um relatório com informações sobre opositores do governo. Segundo o ministério, a exoneração foi feita “como medida considerada adequada à realização dos trabalhos” da comissão responsável pela sindicância. Internamente, a troca na diretoria é vista como uma forma de dar transparência à investigação sobre o caso.”  [G1]
Sim, esse governo preza pela transparência absloluta.
Palavras do Maia:
“Se ele [ministro da Justiça] demitiu um assessor hoje, é porque não pode. E, se não pode, cabe ao ministro uma explicação à sociedade. Se eu fosse o ministro, eu iria ao Congresso, em uma sessão das duas Casas. Me parece muito grave esse tipo de atitude. Ele precisa de uma posição clara, de uma reunião, ser ouvido, ser cobrado pela sociedade através do Parlamento, para que se possa encerrar o assunto. A cada dia que passa, acho que a situação do ministério da Justiça e de seu ministro, claro, vem ficando pior”, avaliou. “Acho que seria bom se ele pudesse encerrar esse assunto de uma forma mais contundente do que a forma como ele reagiu até agora. Do jeito que as coisas estão caminhando, eu acho que a situação do ministro vem piorando ao longo dos últimos dias.” [Folha]
O ministro terrivelmente evangelico terá que se explicar ao STF:
“A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira (4) cobrar explicações do Ministério da Justiça sobre um dossiê elaborado pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi) contra 579 servidores federais e estaduais identificados como “antifascistas”. A ministra determinou que os esclarecimentos sejam enviados ao Supremo dentro de um prazo de 48 horas. “A gravidade do quadro descrito, que – a se comprovar verdadeiro – escancara comportamento incompatível com os mais basilares princípios democráticos do Estado de Direito e que põem em risco a rigorosa e intransponível observância dos preceitos fundamentais da Constituição da República e, ainda, a plausibilidade dos argumentos expostos, pelos quais se demonstra a insegurança criada para os diretamente interessados e indiretamente para toda a sociedade brasileira impõem o prosseguimento da presente arguição de descumprimento, com tramitação preferencial e urgente”, escreveu a ministra. A decisão de Cármen foi tomada no âmbito de uma ação movida pelo partido Rede Sustentabilidade.”  [Estadão]
E o Moro não fala um ai, né? E olha que ele teria bastante pra falar:
“A Secretaria de Operações Integradas foi criada por Moro com o objetivo de agrupar operações policiais contra o crime organizado, mas não apenas mudou de mãos como também de foco com a posse do novo ministro. Levantamento do Estadão/Broadcast mostra que Mendonça trocou nove pessoas indicadas por Moro para compor a Seopi.”
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3. MPF – Murros, Pontapés e Facadas

Teve nova reunião entre Aras e os procuradores e…
“Ao abrir nova sessão do conselho nesta terça, o tom de voz do procurador-geral da República era tranquilo e o apelo era por conciliação. O início da sessão, com a fala de Aras, foi transmitida pelo MPF, mas, como se tratava de uma sessão administrativa, que costuma ser fechada apenas para os integrantes do conselho, essa transmissão foi interrompida.
— Tudo isso teria sido mitigado até se nós tivéssemos tido o costume de fazer reuniões administrativas. Espero que dessa forma doravante nós venhamos a fazê-lo, evitando embates desnecessários entre nós todos. Afinal de contas, todos sempre tiveram de mim o tratamento mais respeitoso possível, eu não posso dizer também que não tenha tido o tratamento mais respeitoso de todos, embora tenha algumas reservas no que toca a alguns assuntos. Nós estamos todos no mesmo barco. Se esse avião afundar ou cair, todos nós caímos juntos. Os ataques à instituição já são muito fortes e não vêm da minha manifestação. Vêm das PECs que já estão postas e não foram postas por mim, nem eu pretendo reavivá-las” [O Globo]
Tratamento respeitoso“, disse o sujeito que insiinuou que uma procuradorasem filhos não tinha família. Que falou em ventríloquo e voz lânguida ao se referir ao Nicolau Dino e falou em “anarco-sindicalismo“!
“Em meio a uma guerra interna, integrantes do Ministério Público contrários a Augusto Aras enxergam ao menos um ponto positivo na crise. O caso envolvendo os dados da Lava Jato deve ir para o plenário do STF que vai, enfim, definir os limites do poder do procurador-geral da República. Desde o início da operação, a primeira instância e a cúpula tiveram momentos de tensão. Procuradores pró-Lava Jato têm a expectativa de que o Supremo desenhe uma linha no chão, contra interferências. Mesmo na gestão de Rodrigo Janot, tido como apoiador da Lava Jato, havia conflitos. Para críticos, no entanto, as forças-tarefas viraram grupos intocáveis e o julgamento sobre o compartilhamento de dados da operação deve servir como um ponto final para isso. No Supremo, a coesão dos ministros em temas polêmicos, que marcou os últimos meses, deve dar lugar à velha divisão interna que existe em relação à investigação, da qual o principal símbolo é o ex-juiz Sergio Moro.” [Folha]
E o desde já candidato Moro, no fim das contas, agradece:
“As críticas do procurador-geral da República, Augusto Aras, à Lava Jato fizeram o ex-ministro Sergio Moro recuperar espaço nas redes sociais. As menções a ele, que vêm despencando desde abril, quando pediu demissão, voltaram a subir. As menções ao ex-juiz, que na semana anterior às críticas feitas por Aras chegaram a 42 mil, subiram para 61 mil depois delas, mostra a consultoria AP Exata, que monitora o Twitter em 145 cidades brasileiras. Ainda assim, Moro permanece em baixa se comparado ao desempenho que já teve na rede. Em abril, ele foi mencionado 604 mil vezes. Em maio, 434 mil; em junho, 111 mil, em julho, 102 mil. A avaliação positiva do governo, que vinha superando a negativa no Twitter, caiu outra vez. Na segunda (3), Bolsonaro teve 37,8% de ruim e péssimo e 33,9% de bom e ótimo.”
Em São Paulo a porrada tá cantando também:
“A Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) abriu sindicância para apurar se houve irregularidades na distribuição de investigações dentro da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo. A corregedoria quer saber se foram respeitados os critérios para designar o chefe de cada investigação. De acordo com a portaria que cria a sindicância, publicada nesta terça-feira (4), a procuradora regional da República Raquel Branquinho foi designada para coordenar a apuração. Se considerar que houve algum tipo de irregularidade, Branquinho pode pedir instauração de inquérito. O prazo para conclusão da sindicância é de 30 dias.” [G1]
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4. Maia

Maia foi entrevistado na Globonews e falou sobre vários temas:
“O presidente Bolsonaro sabe que desses [pedidos] que estão colocados eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente, de forma nenhuma deferiria nenhum desses. Eu arquivo, vira um recurso ao plenário, e o recurso tem que ser votado no plenário. Então chegando a 100 mil mortes, nós estaríamos discutindo no plenário da Câmara o recurso ao meu indeferimento, em vez de estar discutindo como é que nós vamos continuar enfrentando a crise do coronavírus.”
Alô, Maia, não fode, porra! O que não falta é crime. É espantoso que a Dilma tenha caído há 4 anos por um crime contábil e fingir que não há do que se acusar Bolsonaro. Dá pra fechar o olho, jogar os crimes pra cima e pegar um aleatoriamente.
“O governo precisa entender que, se não mudar a política para o meio ambiente, o custo para a sociedade brasileira vai ser muito grande […]. Essa questão do meio ambiente deixou de ser apenas uma questão sobre o ponto de vista de A ou de B. Os investidores decidiram, grande parte deles, que a questão ambiental é uma pré-condição para investimento. [..] É óbvio que essa agenda do meio ambiente [do governo] é uma agenda, do meu ponto de vista, suicida. Se o governo continuar indo para onde vai, é uma agenda suicida, porque o Brasil não vai crescer, nossa economia vai continuar patinando, o desemprego vai crescer mais do que apenas o impacto da pandemia e nós vamos ter muitas dificuldades nos próximos anos. Seria importante que o governo mudasse.”
E aqui uso essa oportunidade para ofender os milicos: Estamos entrando no vigésimo mês de governo e esses imbecis não conseguiram derrubar o Salles!
“Maia reiterou que, em 2018, seu candidato era o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, do PDT. Para ele, o centro deveria se unir para construir um projeto que se contraponha às “posições mais radicais da política brasileira”. Caso contrário, disse, haverá um novo segundo turno entre PT e Bolsonaro.”
E na sequência Maia disse que votou em Bolsonaro.
Maia falou sobre a quarentena para juízes:
“Claro que não é para atingir o ex-ministro Moro”, afirmou. “Eu acho que nem os deputados, nem os senadores nem o Supremo encaminhariam uma tese de fazer uma lei para proibir uma pessoa de disputar uma eleição. Ficaria muito ruim para a democracia brasileira” [Folha]
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5. Mourão comunista dos infernos

Os bolsonaristas estão putíssimos com o Mourão por conta do que vai abaixo:
“O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que o país não teme retaliação dos Estados Unidos se escolher uma empresa chinesa na disputa pela conexão 5G no Brasil. O governo norte-americano acusa a Huawei de servir como espiã da China e já baniu a companhia de operar no território. Na semana passada, o embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, disse que poderia haver consequências se o Brasil permitisse as operações da empresa.” [Jovem Pan]
“O general Hamilton Mourão destacou que não pode impedir a presença de nenhuma concorrente no leilão do 5G. Mourão lembrou que mais de um terço das empresas de comunicação que operam o 4G no país têm equipamentos da Huawei e seriam prejudicadas por um eventual banimento da empresa. O leilão do 5G deveria ocorrer neste ano, mas foi adiado devido à pandemia.”
Alô, Allan dos Santos!
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6. Malditos milicos

Do excelente Lúcio de Castro, dos maiores jornalistas investigativos do país:
“É uma das áreas mais estratégicas no combate ao corona vírus. Mas nem assim a possibilidade da existência de conflito de interesse entre o público e o privado foi barreira ou critério para o governo de Jair Bolsonaro realizar nomeações.
No último dia 29 de junho, a edição do Diário Oficial da União trouxe a criação do “Grupo de Trabalho para a Coordenação de Ações Estratégicas de Tecnologia da Informação”, montado “em resposta aos impactos relacionados à pandemia do coronavírus (Covid-19)”, como está na portaria, assinada pelo general Braga Netto, ministro da casa civil. Com a presença de alguns sócios em empresas de informática e tecnologia da informação (TI). Entre eles, a do atual “diretor de monitoramento e avaliação do SUS”, Angelo Denicoli, major do exército na reserva nomeado no ministério da saúde em 18 de maio pelo general Pazuello. Com o histórico de, além de ter uma firma na área, ter representado uma outra que não a dele em uma licitação da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Em pregão comandado por envolvidos em escândalo de corrupção na área de TI.
Até o chamado “Centrão” tem sua cota entre os integrantes: Carlos Roberto Fortner, nomeado por Braga Netto como diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) em 3 de junho, já como parte da aliança do governo com a conhecida ala de deputados. A indicação para o ITI é obra de Gilberto Kassab, envolvido em escândalos de corrupção e com forte ingerência sobre a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), os correios. Fortner inclusive chegou a ser presidente da ECT em 2018 e em 2019 virou vice-presidente de operações, até ser nomeado para o ITI. Na manhã de hoje, a Polícia Federal botou em ação operação que atinge executivos da estatal. O indicado de Kassab chegou a ser citado em relatório do TCU publicado em 24 de abril que aponta baixa produtividade na instituição no período em que ele era o vice-presidente de finanças e controladoria e demonstra também “falhas nas contas”. São esses nomes que agora definem todo o planejamento das medidas do governo na área de tecnologia voltada para a pandemia. Apesar do conflito de interesses entre as ações do ministério e seus próprios negócios, as vagas foram distribuídas para ocupantes com tais ligações. A comissão tem 22 membros, entre titulares e suplentes.” [Agência SportLight]
É um milico mais honrado que o outro, Brasil!
“O titular indicado por Pazuello no grupo de trabalho é Jacson Venâncio de Barros, que assumiu o posto de “diretor do departamento de informática do Sistema Único de Saúde” (SUS/DATASUS) no governo Bolsonaro. De acordo com as informações encontráveis no currículo dele e confirmadas em checagem nos bancos de dados do estado de São Paulo, Jacson Venâncio foi durante anos “diretor corporativo de informática no hospital das clínicas” e “gerente de TI da fundação faculdade de medicina”. Responsável pelas diretrizes de TI de todo o Complexo Hospitalar da instituição. Os cargos na administração paulista não impediram que abrisse em 15 de setembro de 2016 a “Ulwazi Data Science e Analytics Treinamento e Desenvolvimento de Softwares ltda”, tendo como fim o “treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial” e ainda o “desenvolvimento de programas de computador sob encomenda”. A entrada dele no governo Bolsonaro se dá em 7 de fevereiro de 2019. Ao mesmo tempo em que entra no governo federal, está acontecendo uma mudança discreta: de detentor de 99% das cotas da “Ulwazi Data Science e Analytics Treinamento e Desenvolvimento de Softwares ltda”, Jacson passa a ter, em 1º de fevereiro, 1% apenas e transfere essa parte para a sócia que detinha 1%, como pode ser checado nos registros da junta comercial de SP. Exatos seis dias antes da nomeação federal.
O suplente de Jacson Venâncio de Barros no grupo de trabalho para a coordenação de ações estratégicas de tecnologia da informação é Angelo Martins Denicoli. Major da reserva do exército, nomeado pelo general e ministro da saúde Eduardo Pazuello como “diretor de monitoramento e avaliação do SUS” em 18 de maio, quando o ministério passou a ser ocupado por nove militares em cargos estratégicos da pasta. Denicoli ganhou cargo na saúde mesmo tendo postado em suas redes, como mostrou reportagem de Constança Rezende, no UOL em 20 de maio, “fake news” afirmando que “resultados de pesquisas que comprovam que a hidroxicloroquina mata o vírus”, além de uma série de impropérios contra membros do STF e jornalistas.”
Vale ler a matéria toda, esse grupo de trabalho aí é uma bela cena de crimes.
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7. Dplomacia do insulto

Da Bela Megale:
“O impacto das manifestações de Eduardo Bolsonaro nas redes a favor de Donald Trump vem preocupando diplomatas não só no cenário de um eventual governo Biden. O grande problema apontado por diversos integrantes do Itamaraty é que, com a postura de “fustigar” os Democratas, Eduardo deve atrapalhar a aprovação de importantes acordos comerciais que precisam dependem do Congresso dos Estados Unidos. Todas as projeções com as quais o governo brasileiro trabalha hoje mostram o aumento do número de parlamentares democratas no Congresso americano. Além de não haver perspectiva de que eles possam perder o controle da Câmara, tudo indica que terão maioria no Senado após as eleições. Para diplomatas brasileiros, o estrago potencial das manifestações de Eduardo Bolsonaro pode ser grande, porque o Brasil precisará dos Democratas do Congresso americano para aprovar um acordo de livre comércio, por exemplo. O grupo, porém, já deu sinais que não vem recebendo bem as posições do filho ‘03’ de Jair Bolsonaro.” [O Globo]
A famiglia tarada por armas adora pegar a .50 e atirar no próprio é, é fascinante. E até quando o impacto é econômico eles são incapazes de se atentarem para a estupidez.
O embaixador americano & cabo eleitoral do Trump se explicando depois de ter sido caguetado é hilário
“O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, negou na noite de segunda-feira feito lobby pelo fim das tarifas na importação do etanol americano sob o argumento de que isso beneficiaria eleitoralmente o presidente Donald Trump. As alegações levantaram suspeitas em comissões da Câmara dos EUA, que demandaram explicações do diplomata até esta terça-feira. “Em nenhum momento solicitei aos oficiais brasileiros que tomassem quaisquer medidas em apoio a qualquer candidato presidencial”, disse em nota divulgada pela embaixada. “Qualquer interpretação de que minha defesa de interesses comerciais de longa data, durante um ano eleitoral, foi uma tentativa para beneficiar um candidato presidencial específico é simplesmente incorreta.” [O Globo]
Lembrando que quem caguetou lindamente o cara foi um parlamentar ruralista, e ainda apontou o dedo para Eresnto e Eduardo.
“Em uma carta enviada na última sexta, os deputados Eliot Engel, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, e Albio Sires, presidente da Subcomissão para o Hemisfério Ocidental, Segurança Civil e Comércio, se disseram “extremamente alarmados” com o suposto comportamento do diplomata, noticiado primeiramente pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim. Segundo os parlamentares, o embaixador “usou sua posição para beneficiar a campanha” de reeleição de Trump. Ao negar as alegações, Chapman disse que em seus quase 30 anos de serviço público sempre levou “muito a sério” suas responsabilidades no âmbito da Lei Hatch, que os deputados o acusam de ter potencialmente violado. A medida de 1939 veta a participação de funcionários do Poder Executivo em atividades político-partidárias domésticas ou internacionais.”
Como acreditar num sujeito que achou super normal o senador filho do presidente se metendo na eleição americana, defendendo a liberdade de expressão do senador?!
“As demandas de Engel e Sires também se referem o fato de o embaixador ter defendido, em entrevista ao GLOBO, uma postagem feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em suas redes sociais, em que compartilhou um vídeo da campanha de Trump. Na ocasião, Engel reagiu à à postagem do deputado na mesma rede social, dizendo que a família Bolsonaro deveria “ficar fora” da eleição presidencial nos Estados Unidos, e que o comportamento do filho do presidente brasileiro era inaceitável. Já Chapman disse ao GLOBO que Eduardo Bolsonaro estava exercendo sua liberdade de expressão. Eles demandam que Chapman apresente até esta terça descrição de todas as conversas com integrantes do Executivo e do Legislativo do Brasil relativas às tarifas sobre o etanol e à eleição presidencial nos EUA. Pedem ainda que ele entregue todos os documentos relativos a essas conversas, sem cortes. Segundo o New York Times, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA vai abrir uma investigação sobre o caso.”
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8. Covid-17

Conhecereis a verdade” e bla bla bla:
“O governo federal é o segundo menos transparente na divulgação dos contratos emergenciais feitos durante a pandemia de Covid-19, mostra ranking inédito divulgado nesta sexta-feira (31) pela Transparência Internacional. Esta é a primeira vez que o governo federal é avaliado no levantamento, que está em sua terceira edição e inclui os todos os governos estaduais e as prefeituras das capitais. No estudo, o governo registrou 49,3 pontos de 100 possíveis. A nota é considerada regular. Só ficou acima de Roraima, com 40,51 pontos.” [G1]
Tem prefeitura mais transparente que o governo federal, porra!
“Segundo a ONG, o motivo do mau desempenho é a falta de detalhamento das contratações emergenciais e o fato de os dados estarem espalhados por vários portais diferentes. A Transparência Internacional avaliou que o principal portal de informações sobre coronavírus do governo federal mostra poucos detalhes sobre as contratações e não tem os dados em formato aberto, o que é considerado importante para a transparência porque permite o cruzamento com outras informações. O resultado federal contrasta com o dos governos estaduais e prefeituras, que melhoraram a nota em relação ao primeiro e ao segundo levantamento. A nota média dos estados aumentou de 59,5 pontos no primeiro levantamento, há dois meses, para 85,7 nesta edição. Entre as capitais, a média foi de 45,8 para 85,2 no mesmo período. Entre os governos estaduais, Ceará, Espírito Santo e Rondônia atingiram a nota máxima. Os critérios de avaliação do ranking se basearam no guia de Recomendações para Transparência de Contratações Emergenciais em Resposta à Covid-19. O manual foi lançado em maio e produzido em conjunto com o Tribunal de Conta da União (TCU).”
Esse navio japonês da matéria aí debaixo se tornou o melhor estudo sobre Covid-19 até aqui:
“Pequenas partículas suspensas no ar tiveram papel decisivo na transmissão da infecção pelo novo coronavírus em um navio de cruzeiro no Japão, que infectou mais de 700 pessoas no início deste ano, de acordo com estudo assinado por pesquisadores de Harvard. Segundo o artigo, a transmissão pelo ar foi responsável por 59% dos contágios dentro da embarcação, e apenas 41% de todas as transmissões teriam sido feitas pelo contato com as gotículas de saliva. Para chegar a este número, os cientistas recriaram o surto em um computador e observaram os padrões nas taxas de contaminação. O navio Diamond Princess foi apontada como um dos hot spots da epidemia ainda em fevereiro, quando poucos países confirmavam casos de Covid-19. Com mais de 3,7 mil passageiros, o navio chegou a ficar quase um mês de quarentena em um porto japonês. “Essas descobertas ressaltam a importância da implementação de medidas de saúde pública direcionadas ao controle da inalação de aerossóis, além de medidas em andamento que visam evitar a contaminação por gotículas”, escreveram os autores.
Em um programa de computador, os pesquisadores criaram mais de 21,6 mil cenários possíveis para a infecção, mas apenas 132 deles se mostraram mais próximos à realidade observada no navio e que seguiam critérios específicos, que levaram em conta, por exemplo, o ritmo de contágio. Também simbolizado por Rt, o “ritmo de contágio” é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança. No navio este número ficou entre zero e 0,95. Os pesquisadores defendem que um modelo computacional pode ajudar a entender melhor como o vírus é transmitido, já que não há estudos empíricos que expõem voluntários intencionalmente à infecção. Segundo eles, abordagens matemáticas apontam para os caminhos mais prováveis de transmissão.
“Nossos resultados demonstram que a inalação de aerossol foi dominante na transmissão da Covid-19 entre os passageiros a bordo do Diamond Princess”, escreveram os autores do estudo. “A quarentena imposta aos passageiros também se mostrou importante, o que prova o impacto deste tipo de intervenção.” Aerossóis são micropartículas muito, muito pequenas, de poeira, poluição, que ficam em suspensão no ar. Em um centímetro cúbico de ar, pode haver de dez a vinte mil aerossóis. O vírus é ainda menor. E pode se colar a essas micropartículas – que se transformam em superfícies de transmissão. Após pressão da comunidade científica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a transmissão da Covid pelo ar não pode ser descartada em alguns tipos de ambientes internos específicos, mas incluiu a ressalva de que a infecção reportada por pesquisadores nesses locais pode estar ligada a uma combinação de fatores e que mais estudos são necessários.” [G1]
E que proeza o Brasil conseguiu, tivemos semanas de frente e ainda assim falhamos miseravelmente:
“Um estudo publicado na última sexta-feira (31) na revista Nature Human Behaviour apontou que a taxa de contágio (R0) do Sars-CoV-2 no Brasil nos primeiros três meses da pandemia foi de 3, ou seja, cada pessoa infectada contaminava outras três. Essa taxa, segundo os autores, foi ligeiramente maior do que a encontrada em outros países severamente afetados pela pandemia, como Espanha (2,6), França (2,5), Reino Unido (2,6) e Itália (2,5). Nos países europeus, as medidas de contenção e isolamento foram bem-sucedidas em achatar a taxa de incidência e diminuir o R0 para abaixo de 1, enquanto no Brasil a curva de incidência de casos diários continuou a subir. Virologista e principal autor do estudo, William Marciel de Souza realiza sua pesquisa decpós-doutorado em conjunto na Universidade de Oxford e na USP. Ele explica que a alta incidência de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país neste ano em comparação com anos interiores é a principal ferramenta para avaliar a evolução e disseminação da pandemia no país.
Segundo ele, os casos de SRAG sem agente etiológico definido reportados no Sivep-Gripe aumentaram 8,5 vezes em 2020. “Esse aumento foi desproporcional comparado aos outros anos, o que possivelmente indica que ocorre diagnóstico dos casos abaixo do esperado —e não subnotificação— devido à falta de insumos laboratoriais”. Para o pesquisador, a vigilância no sistema do ministério é bem ativa e é pouco provável que o vírus estivesse circulando de maneira silenciosa no país antes do primeiro caso notificado. Avaliando os casos de Covid-19 resultantes em internações ou óbitos (67.180 casos reportados no Sivep-Gripe), os cientistas encontraram que a média de idade dos pacientes internados foi de 59 anos, e os homens representaram mais de 57% do total de casos e 59% dos óbitos. Em relação aos óbitos, idade igual ou superior a 50 anos representou 85% dos casos.” [Folha]
E mais uma escrotidão do mais vil dos governos:
“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou um projeto de lei que previa uma compensação financeira para os profissionais de saúde que ficassem permanente incapacitados para o trabalho por terem trabalhado no atendimento a pacientes do novo coronavírus. O benefício deveria ser pago pela União. O veto integral do presidente foi divulgado pela Secretaria-Geral da Presidência e deve ser publicado no Diário Oficial desta terça-feira (4). A Secretaria-Geral destaca que a proposta do Congresso Nacional tem “mérito” e “boa intenção”, mas afirma haver “obstáculos jurídico que a impedem de ser sancionada”.” [Folha]
Como se obstáculos jurídicos alguma vez tivessem impedido o governo de sancionar o que era de seu agrado.
“O primeiro é que ela cria indenização que configura despesa continuada em período de calamidade, o que vai contra a lei. A proposição —diz o governo— tampouco apresenta estimativa do impacto financeiro da indenização que seria criada, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.”
É fascinante como a equipe econômica quer que o Congresso faça o seu trabalho.
“O texto vetado garantia a compensação ao profissional de saúde incapacitado permanente em razão do seu trabalho de combate à Covid-19. Também estendia o pagamento aos agentes comunitários de saúde que ficassem incapacitados permanentemente por terem realizado visitas domiciliares durante a emergência sanitária. A redação garantia ainda indenização para o cônjuge, dependente e herdeiros do trabalhador de saúde que tivesse falecido por conta do novo coronavírus e atuado diretamente no atendimento de pacientes da doença ou em visitas domiciliares. O valor da indenização que seria paga ao profissional de saúde incapacitado era de R$ 50 mil, segundo o projeto de lei.”
Se fosse parente de milico os benefícios iam cair do céu.
“A proposição vetada também alterava outras normas para determinar que, durante a emergência sanitária, o empregado não precisaria comprovar doença durante os sete primeiros dias de afastamento do trabalho.
Encerremos esse tópico boquiabertos:
“Uma pesquisa coordenada pela Universidade de Hamburgo mostrou que a disposição a se vacinar contra a Covid na Alemanha caiu de 70% em abril para 61% em junho (com um preocupante índice de 52% na região da Bavária).” [Folha]
“Nos Estados Unidos, pesquisa do YouGov realizada em julho mostrou que 25% dos americanos não tomariam a vacina e 28% não tinham certeza se tomariam. Um elemento particularmente preocupante das pesquisas é como a disposição a se vacinar contra a Covid correlaciona com posições políticas. Na pesquisa do YouGov, eleitores democratas são mais propensos a se vacinar (61%) do que republicanos (45%). O índice baixa para 34% entre os que pretendem votar em Donald Trump. A contaminação política funciona também no sentido oposto: pesquisa da Reuters/ Ipsos de maio mostrou que 36% dos americanos tenderiam a não se vacinar se a vacina fosse recomendada pelo presidente Trump.
Não temos ainda pesquisas no Brasil medindo a disposição a se vacinar contra a Covid e correlacionando essa disposição com posicionamento político e crença em boatos —mas está na hora de investigar o problema, já que há risco concreto de uma baixa adesão à vacina comprometer uma saída segura da quarentena. Nas mídias sociais e no WhatsApp, há algumas semanas circula desinformação sobre as vacinas para a Covid com forte teor político. Boa parte desses boatos e rumores mentirosos se apoia na postura antichinesa que o bolsonarismo tem adotado. Se a vacina desenvolvida pela Sinovac vingar, poderemos ver uma intensificação das campanhas de desinformação promovidas pelo bolsonarismo que antagoniza tanto com a China, como com o governador João Doria, responsável pelo Instituto Butantã. Em termos muito concretos: pode ser que não cheguemos à imunidade de rebanho com uma campanha de vacinação que tenha vacina com eficácia de 75% e adesão de apenas 60% da população.”
Alô, Darwin, tô no aguardo de suas explicações.
E isso aqui é deveras surreal:
“O prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (MDB), afirmou nesta segunda-feira (3) que a cidade vai oferecer mais um tratamento sem eficácia comprovada, a ozonioterapia, para pacientes com Covid-19. O município já fornece ivermectina e cânfora como opções preventivas e o antibiótico azitromicina como tratamento a pacientes infectados. Segundo o prefeito, que também é médico, o ozônio deve ser aplicado pelo ânus de pacientes com diagnóstico e sintomas de infecção pelo novo coronavírus, alguns minutos ao dia, em diferentes sessões. O comunicado foi transmitido em uma live da prefeitura. “É uma aplicação simples, rápida, de dois, três minutos por dia. Provavelmente vai ser uma aplicação via retal, que é uma tranquilíssima, rapidíssima, [com] um cateter fininho e isso dá um resultado excelente, […] ajuda muitíssimo nos casos positivos de coronavírus”, disse. Pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a microbiologista Natália Pasternak afirmou que a ozonioterapia é uma “charlatanice que dizem curar câncer”, sem nenhuma comprovação médico-científica.” [Folha]
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9. Ei, Guedes, vai tomar no cu!

Da Míriam leitão:
“O presidente Jair Bolsonaro recebeu o ministro Paulo Guedes na segunda-feira para ouvir a ideia da equipe econômica sobre a nova CPMF. A ideia é que oimposto sobre pagamentos compensaria a redução de outros tributos. Mas também haveria uma redução da contribuição das empresas ao Fundo de Garantia do trabalhador. A alíquota cairia de 8% para 6%. Se a proposta vingar, o governo vai desonerar as empresas. O plano é reduzir o que elas pagam ao INSS. Mas o ministro também quer cortar o que elas recolhem para o FGTS dos empregados. Ou seja, a proposta é um benefício com o chapéu alheio. Tirar o dinheiro do trabalho para beneficiar a empresa não faz sentido.” [O Globo]
A proposta é foder com o trabalhador, ponto final.
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10. Brasil e argentina

Imagine a situação dos argentinos. Vivem numa crise econômica eterna, ebulição política, vem a porra duma pandemia e o viziho mais importante resolve cuspir nos argentinos de tudo que é jeito, além de fazer tudo errado na pandemia e frear a recuperação do continente inteiro.
“A pandemia do novo coronavírus se tornou um novo ingrediente no desgaste da relação entre Brasil e Argentina. Após começarem esta última década com forte cooperações comercial e de investimentos, e ambos com crescimento econômico acima de 3,5%, os dois países chegam em 2020 com a parceria deteriorada e economias apáticas. Um dos setores que melhor retrata o distanciamento é justamente o que vinha demonstrando capacidade de integração, o automotivo. Nos últimos 12 meses, ao menos sete empresas ligadas ao setor automotivo, o carro-chefe da relação bilateral, anunciaram suspender ou deixar produção na Argentina para concentrá-la no Brasil. Os sinais já não eram bons. Em 2019, por exemplo, as exportações de veículos, tratores e acessórios do Brasil para o país vizinho recuaram 48,6% em relação ao ano anterior, enquanto as importações tiveram uma queda de 6,5%.
Indo mais longe no tempo é possível identificar que uma fragmentação da cadeia estava em andamento: outras 36 empresas interromperam ou cancelaram a produção de peças ou projetos no setor de automóveis no país vizinho nos últimos 12 anos, segundo dados da Afac (entidade argentina que reúne as produtoras de insumos para a área). Neste ano, a expectativa é que os números fiquem piores. Na posição de setor fortemente impactado pela pandemia, o automotivo deverá ter na América do Sul a sua maior retração quando se olha em escala global. Enquanto a queda prevista é de 15,3% no recorte mundial, aqui na região a queda projetada é de 37,7%, segundo estimativa mais recente da empresa de pesquisa LMC Automotive. Grande parte dessa perda deverá ocorrer por conta da queda da produção do Brasil e da Argentina, que devem recuar, respectivamente, 38,9% e 25,7%.” [Folha]
Guedes é aquele imbecil que jura que a economia brasileira não depende da Argentina, vai vendo:
“”Com a Argentina, nossas exportações vão demorar muito para retomar, porque lá não há sinal de recuperação, o que não deve ocorrer nem nesse nem no próximo ano. Do nosso lado, vai depender de como a demanda aqui vai se comportar, mas também não vejo mudanças em 2020”, afirma Sandra Rios, diretora do Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento). A advogada brasileira Carla Junqueira, que trabalha na Argentina assessorando juridicamente multinacionais, afirma o fenômeno é mais perceptível na área automotiva, mas que companhias de diferentes setores já pensam em deixar o país. “Tem empresa de todas as áreas avaliando a permanência. Quem mais vem se questionando são os setores de produtos finais de consumo massivo, em que a demanda caiu demais, como higiene e beleza. Mas tem construção civil também”, diz. O pontapé inicial para desgastar a relação veio da recessão econômica no Brasil, em 2015-2016, cujos efeitos se arrastam até hoje no país e que atingiram o vizinho diretamente. Quando a economia brasileira parecia se recuperar foi a vez dos argentinos viverem uma crise, em 2019. “A Argentina teve seu pico de produção de veículos em 2011 e manteve bons níveis até 2013. Em seguida começou a queda porque o foco do setor era a exportação para o Brasil, e o país entrou em recessão. Depois, quando a economia brasileira se recuperava, vimos o mercado interno desaquecer”, diz Raúl Amil, presidente da Afac.”
Bolsonaro é a pá de cal. Muitos empresários não feharam as empresas porque não conseguem tirar os dólares de lá, e adivinhe de quem é a culpa:
“Em setembro do ano passado, ainda sob a presidência de Maurício Macri, o governo argentino adotou o controle de saída de dólares do país, em meio a queda de reservas do dinheiro americano pelo banco central. Reportagem da Folha à época já mostrava que tal medida iria impactar tanto o comércio exterior quanto investimentos e saída de dividendos de empresas brasileiras. Para a advogada Carla Junqueira, o movimento é um sinal de uma quebra na cadeia produtiva regional. “O Mercosul tenta ter uma cooperação, mas se a Argentina tem limitações, como por exemplo no estoque de dólares, e não consegue importar bens intermediários, o processo todo trava.”​ Em relação ao investimento estrangeiro direto (IED) entre os vizinhos, os aportes oscilaram ao longo dos anos, mas a situação em 2020 piorou bastante. Nos seis primeiros meses deste ano, o Brasil investiu US$ 71 milhões na Argentina, um valor muito inferior a 50% (equivalente um semestre) dos US$ 759 milhões aportados no vizinho em todo o ano passado. “Foi muito pouco, e não dá nem para usar o argumento da sazonalidade aqui. Como se trata de investimento de longo prazo, estamos falando de um ação pensada com muita antecedência”, diz Luís Afonso Fernandes Lima, diretor-presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização). No sentido contrário, os aregntinos investiram US$ 9 milhões entre janeiro e junho deste ano, montante também muito abaixo da metade dos US$ 103 milhões aportados em todo 2019. “Também não dá para falar em represamento de investimentos. Como já disse, são avaliações pensadas para ciclos de longo prazo, com retornos em 10 ou 15 anos. Se o país começa a crescer, o apelo aumenta, e ele recebe durante muito tempo investimento direto. Do mesmo modo ocorre no sentido contrários”, afirma Lima. “O que vejo aqui é ou cancelamento dos investimentos ou postergação sem data para serem feitos.” ​”
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11. Em chamas

Hora de afetar surpresa:
“Em novo relatório com base na plataforma Modis, da agência especial americana (Nasa), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) informa que 71% das queimadas em imóveis rurais entre janeiro e junho de 2020 ocorreram para manejo agropecuário. Outros 24% foram incêndios florestais e 5% decorrentes de desmatamento recente. Além disso, metade dos focos de calor detectados no primeiro semestre deste ano ocorreram em imóveis rurais de médio e grande porte – nesta categoria, o fogo para manejo agropecuário também foi o tipo mais comum. “Esses números demonstram como o fogo é ainda amplamente utilizado no manejo de pastos e áreas agrícolas, independentemente do tamanho do imóvel, do lote e do negócio, e a despeito da existência de técnicas mais modernas que o substituem”, apresenta o relatório.” [G1]
E a Tereza Cristina, hein?!  Ainda acha que o problema é de comunicação?!
“O fogo continua em expansão no pantanal. Após o primeiro semestre com maior número de queimadas no bioma, os focos de incêndio em julho na região são os maiores já registrados desde o início do monitoramento. Os incêndios no pantanal cresceram cerca de 241% em relação ao mesmo mês de 2019. Em julho, o Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), registrou 1.684 focos de calor no pantanal. No mesmo período, em 2019, foram 494. Além do elevado número total, o crescimento percentual expressivo está entre os três maiores já registrados para o mês. As chamas avançam mesmo com a proibição, pelo governo federal, por 120 dias, de queimadas no pantanal e na Amazônia (que também teve aumento considerável do fogo em julho). O recorde de julho se soma aos dos meses de março e abril, que também tiveram os maiores valores de focos de calor já registrados pelo Inpe no bioma. Nos primeiros seis meses de 2020, o pantanal teve 2.534 focos de incêndio. Antes, o maior valor havia sido registrado em 2009, com 2.216 focos.” [Folha]
É “passar a boiada” que fala, né?
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12. O sonho tórrido do Bolsonaro

Que nojo:
“A Polônia não tem vergonha de dizer quem tem áreas livres de LGBTs. É como se gente que não segue um padrão heteronormativo fosse um tipo de praga que pudesse ser exterminada com uso de pesticida. O vice-ministro de ativos estatais, Janusz Kowalski, questionado se todo o país deveria ser uma “zona livre de LGBT”, respondeu que, acima de tudo, a Polônia deveria estar livre da ideologia LGBT. A lógica é sustentada, segundo ele, pela Constituição, que só reconhece como família a união entre homem cisgênero e mulher cisgênero. O posicionamento do político vem depois de sanções financeiras que a União Europeia impôs a seis cidades polonesas que se declararam “livres de LGBTs”. Resta saber se estas medidas têm peso mesmo diante de um projeto de poder legitimado pelo voto.
A Polônia reconduziu à presidência o candidato que afirmou que a “ideologia LGBT” era pior que o comunismo. Andrzej Duda recebeu a maioria dos votos por isso. Ou apesar disso. Eliminar LGBTs de países como se elimina pragas de lavouras parece ser o passo seguinte de políticos populistas de extrema direita que martelam em seus discursos que a família tradicional está morrendo. Pode parecer uma simples disputa de narrativas, às vezes essa retórica aparece, sei lá, numa discussão hipotética sobre se um possível homem trans pode protagonizar uma também hipotética campanha de dia dos pais de uma possível marca de cosméticos.
Não é uma teoria. É um jogo de tabuleiro imposto por extremistas, com peças graúdas,​ com o objetivo de decidir quem pode sobreviver e quem não pode, a partir de padrões de gênero, afetividade e sexualidade. E a Polônia, no voto, decidiu que LGBTs não têm o direito de existir. Ao menos por lá.” [Folha]
Que algum milagre aconteça e a gente não vire uma Polônia, uma Hungria.
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13. A direita na Alemanha

Mais uma matéria sobre a extrema-direita alemã:
“Fragmentado entre mais de 80 grupos de interesses bastantes diversos —de neonazismo a antivacina—, o protesto que reuniu cerca de 20 mil pessoas no sábado em Berlim não foi necessariamente uma manifestação de força da extrema direita, mas há nele sinais de alerta que devem ser levados a sério, dizem analistas políticos alemães. “O extremismo de direita é a principal ameaça à segurança interna da Alemanha hoje”, diz o professor da Universidade de Würzburg Hans Joachim Lauth, que estuda a direita europeia. Segundo relatório de 2019 do Ministério do Interior, o país registrou cerca de 1.000 atos de violência de extrema direita no ano passado, quase 3 por dia, e o número de ativistas de grupos violentos de direita subiu de 24 mil para 32 mil.
Boa parte desse aumento, segundo Lauth, se deve ao crescimento da facção Flügel (asa), uma divisão interna do partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD). O grupo, que alcança 7.500 apoiadores, é hoje considerado de extrema direita violenta. Embora o professor de Würzuburg avalie que o número de manifestantes no sábado não seja significativo para os padrões alemães e que a grande fragmentação de pautas mostre que não há um direcionamento central, há também aí um sinal importante, diz Paulina Fröhlich, chefe do programa Futuro da Democracia do centro de estudos Progressive, sediado na capital alemã. “Justamente porque o protesto juntou pessoas tão heterogêneas, sobressai o que as une, que é o populismo”, afirma a pesquisadora, que considera os movimentos de extrema direita “uma grande ameaça à democracia e à sociedade alemãs”.
Os radicais são uma fração pequena da sociedade alemã, observa o cientista político Michael Jankowski, da Universidade de Oldenburg. Pesquisa divulgada pela Fundação Friedrich-Ebert no ano passado mostrou que apenas de 2% a 3% dos entrevistados expressam clara opinião de extrema direita. Mas a manifestação do sábado mostra que essa diminuta minoria é capaz de se mobilizar, juntar forças e fazer suas vozes serem ouvidas, diz ele. Mais que isso, afirma o cientista político, seu discurso está se tornando cada vez mais extremista: “Como a crise dos refugiados deixou de ter a força que tinha em 2015, radicalizar pode ser a estratégia encontrada para serem ouvidos”. O engajamento de extrema direita também tem se tornado mais visível em público, seja no sentido cultural (música, moda), seja na mídia (editoras, blogs) ou no poder de influenciar a atmosfera e a narrativa, afirma Fröhlich, o que traz o risco da chamada “normalização”. Quando linguagem e opiniões extremas escandalizam cada vez menos, cresce o perigo, diz ela: “É muito importante traçar uma linha vermelha clara sobre ações como xenofobia ou discriminação”.
Os atentados recentes, provocados por direitistas, também mostram que não são os radicais islâmicos a principal preocupação de segurança, afirma o pesquisador: “O extremismo de direita é hoje um problema gigante na Alemanha.” Ele ressalva, porém, que embora esteja manifesto um grande potencial para conflito na sociedade alemã, esses grupos não necessariamente ampliarão sua presença no Parlamento. Fröhlich e Jankowski observam que, durante a pandemia de coronavírus, o AfD —maior agremiação de oposição (com 12,6%)— perdeu popularidade. Nas pesquisas nacionais, ele varia hoje em torno de 9%. “Mas, se os movimentos continuarem se radicalizando cada vez mais, pode haver um impacto na sociedade e na cultura política alemã”, afirma Jankowski. Contra isso, duas estratégias de resistência têm ficado mais evidentes, segundo Hans Joachim Lauth: “De um lado, o Estado intensifica medidas de proibição, observação e treinamento político e democrático. De outro, a sociedade civil também eleva o tom de repúdio ao extremismo de direita, o que tem se refletido em várias contra-manifestações e debates públicos”.
No longo prazo, também é preciso “ter consciência de que os movimentos de direita radical e conspiratórios estão aqui para ficar” e tomar decisões para proteger as instituições, segundo Jankowski. “A infiltração nas Forças Armadas nos obriga a repensar o treinamento de nossos soldados, e é preciso comunicação e educação para que a sociedade esteja mais consciente”, diz. Cofundadora e porta-voz de uma iniciativa para combater o populismo por meio da “cordialidade radical”, a Kleiner Fünf, Fröhlich defende “olhar mais de perto e ouvir um pouco mais antes de tirar conclusões”. Segundo ela, atitudes como a de recusar o uso de máscaras e promover aglomerações provam que muitos não entenderam de fato decisões fundamentais do governo: “Isso precisa ser registrado e resolvido”. Para a pesquisadora, “nem todos podem ser conquistados de volta ao lado democrático, mas não se deve desistir de conversar, ouvir, explicar e aprender, mesmo que a contraparte nos pareça totalmente ignorante, como a maioria no sábado”. Analistas têm mostrado que a segurança econômica (real ou percebida) é fundamental para os eleitores de direita, e atender a essa preocupação pode ser uma forma de evitar que eles sejam capturados por extremistas, diz Fröhlich: “Políticas socialmente responsáveis, investimentos orientados para o futuro, aliados a uma proibição clara de qualquer discriminação são estratégias viáveis”.” [Folha]
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14. Um Trump Muito Louco

Eu cravei Trump como o mais maluco há alguns dias, aí Bolsonaro resolveu dar cloroquina pra uma ema e quebrou minhas pernas. Mas Trump retomou a dianteira com a mais estranha de suas entrevistas como presidente.
Caralho, eu acompanho Trump desde a primária republicana – aliás, o Medo e Delírio em Brasília começou no dia da eleição porque era uma loucura acompanhar o governo Trump, uma tresloucada sucessão de absurdos, e o ruído jogava a favor do Trump, daí a i´deia de riar o blog e tentar colocar alguma ordem nessa distopia.
Trump, mais uma vez, e não será a última, usou a incompetência de Bolsonaro frente à pandemia como escudo:
trumpaxios
trumpaxios2
Eis a parte mais absurda da entrevista:
E essa notícia deve desesperar Trump. folgo em saber:
“A Promotoria de Manhattan sugeriu, nesta segunda (3), que a investigação contra o presidente americano, Donald Trump, pode ser mais ampla do que inicialmente anunciada —incluindo fraude bancária e de seguros. A indicação veio em uma nova argumentação do procurador Cyrus R. Vance Jr. para exigir que a empresa de contabilidade de Trump obedeça a uma intimação que pede acesso a oito anos de registros financeiros. No texto, Vance Jr. sugere que não está investigando Trump e uma de suas empresas apenas pelos pagamentos feitos para comprar o silêncio de duas mulheres que disseram ter mantido relações sexuais com o republicano —a ex-atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal. Sem identificar diretamente o objeto do inquérito, o procurador afirma que a investigação está relacionada a “supostas fraudes bancárias e de seguros da Organização Trump e seus funcionários” e que informações apresentadas anteriormente em tribunais e em reportagens sobre as práticas de Trump nos negócios mostram que a Promotoria tem ampla base legal para pedir a intimação. Em sua argumentação, Vance Jr. cita reportagens que mostram que o presidente inflou seu patrimônio líquido e o valor de suas propriedades, além de publicações sobre o depoimento de seu ex-advogado Michael Cohen ao Congresso —em que ele afirma que Trump teria cometido fraude de seguros.
Se a investigação for ampliada de fato, o caso se torna um problema mais grave para Trump e os executivos de suas empresas, já que fraude bancária e de seguros são crimes mais graves do que suborno. A batalha entre Trump e o procurador Vance Jr. pelo cumprimento da intimação já dura quase um ano e chegou à Suprema Corte. Na semana passada, o presidente fez a mais recente tentativa de anular a intimação, depois que tribunal decidiu que o presidente não estava imune a investigações criminais estaduais. Em resposta, Vance Jr. afirmou que o argumento de Trump “se baseia na falsa premissa de que a investigação do grande júri está limitada aos chamados pagamentos em dinheiro feitos por Michael Cohen” em nome de Trump. Cohen foi preso, condenado por sonegação de impostos e por mentir no Congresso. Também foi condenado pela compra do silêncio das duas mulheres. Para tentar reduzir sua sentença, ofereceu informações aos investigadores que pudessem comprometer Trump e sua família, incluindo no caso relacionado à acusação de interferência russa na disputa presidencial de 2016. O advogado trabalhou para a Organização Trump por uma década e insiste que todos os atos pelos quais foi condenado ocorreram a mando do presidente.” [Folha]
E tá pra nascer um presidente com retórica mais mafiosa que o Trump:
“Em uma declaração feita nesta segunda-feira, 3, o presidente dos EUA afirmou que conversou por telefone, durante o final de semana, com Satya Nadella, presidente da Microsoft, sobre a possibilidade da empresa adquirir o TikTok, e advertiu o empresário que o negócio deveria ser feito “como um todo”, e não apenas na aquisição de uma porcentagem da operação no país. O que Trump também afirmou com veemência no processo é que, no negócio, uma parte do dinheiro deveria ir para o Tesouro americano, já que, segundo ele, o país está viabilizando a permanência da plataforma. “Eu disse [ao Nadella] que se você o compra, qualquer que seja o preço, uma parcela muito substancial desse preço terá que vir para o Tesouro dos Estados Unidos. Porque estamos possibilitando que esse acordo aconteça. No momento, eles [China] não têm nenhum direito, a menos que concedamos a eles. Então, se vamos dar a eles os direitos, isso tem que entrar neste país”, disse Trump.” [Estadão]
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>>>> Risos: “Fabrício Queiroz falou ao procurador Eduardo Benones, do Ministério Público Federal do Rio. Contou que estava tudo certo para assumir um cargo com a família Bolsonaro em Brasilia após a eleição de 2018, que, para ele. Jair Bolsonaro venceria no primeiro turno. O ex-assessor disse que acreditava que trabalharia com Jair ou com Flávio Bolsonaro. “Com um ou com outro”, respondeu, ao ser questionado pelo procurador. “Em Brasília?”, indagou Benones. “Era o certo, não é? Acho que sim. Só se eles não quisessem”. Queiroz disse que deu “satisfação” a Flávio Bolsonaro sobre o caso da rachadinha. Segundo o ex-assessor, o parlamentar demonstrou surpresa ao ser informado a respeito. “Eu tive um contato com o senador — ele não era senador, era deputado, mas já estava eleito. Eu dei satisfação a ele do que aconteceu. Ele estava muito chateado, revoltado. Ele falou: ‘Não acredito que tu tenha feito isso, não acredito’.”” [G1]
>>>> Que maravilha: “Após convite de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para que o influenciador digital Felipe Neto participasse das discussões sobre o projeto sobre fake news, cobraram na internet a participação de representantes da direita. Responsável por organizar os debates, Orlando Silva (PC do B-SP) disse que recebeu em julho uma lista “aleatória” do vice-líder do governo, Diego Garcia (Podemos-PR), com sugestões de convidados. O documento continha nomes como Allan dos Santos e Bernardo Küster, investigados no inquérito das fake news, de relatoria de Alexandre de Moraes. Outro indicado foi o jornalista Oswaldo Eustáquio, que foi preso em operação ligada ao inquérito dos atos antidemocráticos. “Respondi sugerindo que indicassem especialistas para as mesas de debates. Estou esperando indicações até agora”, diz Silva.” [Folha]
>>>> Não sabia dessa história da Whitney, quem conta é o Álvaro Marechal: “Dois bicudos que hoje não se beijam, Jair Bolsonaro e Wilson Witzel têm mais coisas em comum do que imaginam. Ambos adotaram o militarismo como estratégia para alcançar o poder, mas suas trajetórias nas Forças Armadas estão longe de servir como modelo. De Bolsonaro, ficou o registro definitivo do general Ernesto Geisel: “Mau militar”. Na revista Piauí de julho, o repórter Allan de Abreu, ao traçar o perfil do governador do Rio, revela o ponto alto de sua passagem pela Marinha. De apelido Rambo, pelo hábito de sempre levar uma faca presa na panturrilha, o tenente Witzel, liderando um grupo de fuzileiros, viu-se numa encruzilhada durante um exercício na zona da mata de Minas Gerais: “Vocês todos vão para aquele lado, e eu vou sozinho por esse aqui”, decidiu. Só reapareceu dali a dois dias, assustado, envergonhado, coberto de lama e morto de fome: “Escorreguei num barranco e me perdi”.” [Folha]
>>>> Haja fé: “A reabertura de igrejas católicas fez os casos de Covid-19 darem um novo salto entre padres e bispos —e acabou alcançando religiosos de destaque. Nesta semana, dom José Negri, bispo de Santo Amaro que concelebra as missas com o padre Marcelo Rossi, foi internado em São Paulo para se tratar da doença. Dom Fernando Figueiredo, que antecedeu dom José Negri na diocese de Santo Amaro e se mantém próximo do padre Marcelo Rossi, também está com Covid-19, mantendo isolamento em casa. No total, 415 padres diocesanos já tinham sido contaminados pelo novo coronavírus até a sexta (31), de acordo com balanço da Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). É um aumento de 11% em relação a um levantamento publicado apenas dois dias antes, que registrava 368 padres infectados. A volta das celebrações tem trazido tensão. Muitos padres permanecem com suas paróquias fechadas.” [Folha]
>>>> Novo sendo Novo: “Conservador nos costumes, defensor da família, adepto de um Estado focado em serviços essenciais e, principalmente, o único “direita raiz” entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. É assim que Filipe Sabará (Novo), 36, quer conquistar os votos dos paulistanos, especialmente dos bolsonaristas. Na opinião de Sabará, se o Estado não gastasse com Correios, por exemplo, teria mais verba para o SUS e para auxílios emergenciais na pandemia. Ele elogia o combate ao coronavírus feito pelo presidente de Jair Bolsonaro, mas critica o prefeito Bruno Covas (PSDB) e o governador João Doria (PSDB), de quem foi secretário de Assistência e Desenvolvimento Social na prefeitura e presidente do Fundo Social do estado. “Os sociais-democratas são um socialismo pintado de cor-de-rosa”, afirma em entrevista à Folha. Sua artilharia também está voltada contra Guilherme Boulos (PSOL), a quem chama de “Madurominion”, em referência ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.” [Folha]
>>>> Aos 49 do segundo tempo: “Argentina alcançou um princípio de acordo com seus credores no limite do vencimento, nesta terça-feira, de sua oferta para a troca de cerca de US$ 66 bilhões em títulos sob legislação estrangeira. Com isso, poderá ser capaz de evitar as consequências da inadimplência. A menos de 24 horas do fim do prazo para aderir à oferta, o governo do presidente Alberto Fernández apresentou uma série de modificações em sua proposta. As alterações já foram aprovadas pelos principais fundos de investimento, confirmou uma fonte do governo à AFP. O prazo para aderir à troca de bônus expira nesta terça-feira, às 17h em Nova York (18h em Brasília). Deve ser estendido para que se possa acertar os detalhes com os credores, acrescentou outra fonte do governo. Apresentada à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a oferta formal da Argentina prevê o pagamento de aproximadamente US$ 53,5 por cada 100 de dívida, enquanto os credores exigem pelo menos US$ 56,5 por US$ 100. A nova proposta coloca a recuperação acima de US$ 54 por cada 100, melhorando os prazos de pagamento e sem mexer na oferta econômica em si, disse uma fonte oficial à AFP.” [O Globo]
>>>> Os milicos argentinos: “Desde o início da pandemia de coronavírus, a sociedade argentina tem discutido o que fazer com o risco de infecção dentro das prisões. Com um agravante político: os centros de detenção abrigam também 221 repressores condenados por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar (1976-1983). Depois de um motim da penitenciária de Devoto, no coração de Buenos Aires, em abril, quando os detentos pediram para sair por não haver condições de respeitar o isolamento social devido à superlotação, o governo do presidente Alberto Fernández pediu à Justiça uma solução. Naquele momento, já havia contaminados entre os 52 mil internos que ocupavam um espaço com capacidade para 24 mil pessoas. A decisão da Justiça foi entregar aos diretores das penitenciárias a responsabilidade de escolher quem poderia ser liberado durante a pandemia —preferencialmente autores de crimes leves ou detentos que ainda aguardavam a condenação. A orientação geral era que não saíssem assassinos, estupradores nem repressores da ditadura, mas era possível levar em conta a idade e o quadro de saúde dos detidos. “Os critérios não foram respeitados, as liberações foram mal feitas e, ao final, responderam a critérios políticos”, explica a advogada Florencia Arietto. Pela lei argentina, os maiores de 70 anos têm o direito de pedir para cumprir o resto da pena em casa —é o caso dos membros do regime militar. No total, há 862 pessoas condenadas por crimes contra a humanidade durante o governo autoritário. Os julgamentos ocorreram depois de 2003, quando o então presidente Néstor Kirchner (2003-2007) derrubou indultos e anistias existentes. Durante a gestão de Maurício Macri (2015-2019), porém, 57% desses condenados deixaram a prisão e estão cumprindo a pena em casa. Os que ainda estão na cadeia agora pedem para sair por fazerem parte do grupo de risco da Covid-19. Mas entidades de direitos humanos são contra —devido à gravidade dos crimes cometidos. E poucos foram autorizados a sair. Um dos repressores presos no Campo de Mayo, Carlos Capdevilla, 74, que participou do esquema de roubo de bebês e da entrega das crianças a famílias de militares, obteve a liberação devido à idade, mas a entidade de direitos humanos H.I.J.O.S. tem feito pressão para que o benefício seja revogado.” [Folha]

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