Família acusa policiais militares de racismo durante abordagem em São Paulo

02/09/14 14:56
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Ana Carolina Pinto

Na última sexta-feira, Jefferson Corrêa, de 20 anos, e seu cunhado, Fabiano Augusto, de 18, aproveitaram a hora do almoço para ir até a Rua Sete de Setembro, conhecido pólo comercial do centro de São José dos Campos, fazer compras. Naquele dia, Claudinei Corrêa, pai de Jefferson, acompanhou os jovens e comprou, à vista, um par de tênis novos para o filho.

Pai compra tênis à vista para os filhos, é tratado como ladrão ...

 
Um homem e dois garotos foram abordados por policiais que disseram que tinham recebido uma ...
1 de set. de 2014 - Vídeo enviado por CANAL NOTA MIL

Perto dali, um telefonema para a Polícia Militar afirmava que havia dois jovens negros “agindo de forma suspeita” na região. Ao avistarem os dois rapazes, os policiais julgaram que se tratavam dos suspeitos. Enquanto olhavam outras vitrines da rua, Jeferson e Fabiano foram abordados pelos agentes. Segundo os rapazes, a ação teria sido realizada de forma truculenta.
- Já chegaram torcendo meu braço e um deles me disse: 'Perdeu, neguinho! Cadê a arma?'. O Jeferson levantou a camisa e mostrou que não tinhamos nada. Foi abusivo, ficamos envergonhados. Estou muito triste. Não somos contra a abordagem, não tenho nada contra a polícia, mas o modo como eles nos abordaram foi totalmente incorreto. Sabemos como funciona o trabalho deles, mas não dá pra aceitar. Qualquer um, amarelo, vermelho, teria sentido a mesma coisa. Não dá mais para aceitar isso - conta Fabiano.
A ação dos policiais foi filmada por dezenas de testemunhas que estavam no local. Um dos vídeos foi compartilhado mais de 15 mil vezes no Facebook. Nas imagens, Claudinei, que é assessor parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo e diretor da ONG Afronorte, impede que os policiais levem os meninos para a viatura.
Um dos agentes lhe dá voz de prisão por desacato e desobediência. Claudinei diz então que vão todos para a delegacia e afirma que vai levar os jovens em seu carro. O policial ainda duvida dele: “Você tem carro? Cadê o seu carro?”. “Você não vai, tudo bem”, diz o mesmo agente. Logo depois, ele puxa um dos jovens pelo braço. “Meu filho, não! Não vai levar”, grita Claudinei, protegendo os jovens com o corpo.
No meio da confusão, é possível ver vendedores da loja Tennisbar tentando explicar aos policiais que a família havia acabado de fazer a compra na loja. Outras pessoas começam a se manifestar contra os policiais: “Vão levar eles por quê, se eles não fizeram nada?”, pergunta uma mulher. “Vai caçar bandido”, grita outro homem. A tensão cresce e as pessoas começam a acusar a polícia. “Preconceito! Preconceito! Preconceito!”.
O caso foi registrado na 1ª DP de São José dos Campos como injúria racial. Claudinei também vai buscar indenização por danos morais. Ele procurou o SOS Racismo, órgão do Estado de São Paulo que presta assessoria jurídica e apoio psicólogico para as vítimas de preconceito.

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- Graças a Deus, o povo é maravilhoso. A juventude começou a gritar, as meninas da loja ficaram do nosso lado. A reação foi muito bacana. Mas agora é a hora do poder público tomar conta. Vamos pedir danos morais, mas sei que não tem dinheiro que pague. Quando a sociedade manifesta o racismo, a gente tenta compreender os aspectos, fazer um trabalho, lutar contra. Mas a Policia Militar? Nada justifica o racismo da polícia - declara Claudinei.
A Polícia Militar de São Paulo ainda não se pronunciou sobre o caso.

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