A "pax norte americana" - levando a democracia ao mundo

Iraque - dez anos após a invasão - RFI

EdiSilva
Eu tenho em casa diversas revistas "Galileu".

Sim, foi uma assinatura que fiz para minha filha há mais dez anos.

Eu já dei dinheiro para a globo. Já tive assinatura da época, da veja e do correio braziliense.

Houve um tempo, assim que entrei na cadeia de consumo, com um salário um pouco acima do mínimo e, portanto, "se achando", queria ser classe média.

Mas isto dá e passa... para algumas pessoas.

Digo tudo isto antes que alguém me aponte como ex-aliado da imprensa de direita.

E isto pode acontecer agora que estou quase atingindo os dez leitores no blog e a qualquer momento podem querer me derrubar por inveja.

Estou pensando em colocar no blog uma faixa dizendo: 


Mas, deixando a digressão de lado, voltemos à vaca morna (não demorei o suficiente para que ela esfriasse).

Eu estava lendo uma Galileu de 2006 e lá tem uma entrevista com uma escritora norueguesa, Asne Seierstad, sobre o livro dela recém lançado naquela época, com o título "101 dias em Cabul". Não li e não entendi porque 101 dias. Qual o impeditivo para que fossem cem? E cento e dois?

Na entrevista, ela diz sobre o Iraque: "Antes havia estabilidade, mas com medo. Depois (da invasão norte americana) veio a liberdade, mas também o caos. Muita gente não sabia das atrocidades do governo de Saddam Hussein. Alyia, a minha intérprete, nunca desejou democracia".

Tem muitos ângulos para se discutir esta afirmação. Vamos a um aspecto: depois da invasão, então, não havia medo? Como a população do país, vendo tudo destruído, soldados estrangeiros nas ruas prendendo e atirando em qualquer um que parecesse suspeito, respondiam a isto psicológica e emocionalmente? Considerem que todos lá são árabes e, logo, suspeitos aos olhos norte americanos pós 11 de setembro.
Bombardeio no início da invasão - sob os olhos do mundo, civis eram mortos - BBC
É isto que eles consideram "ajuda humanitária".

Vamos a outro parágrafo: A entrevistadora pergunta, falando dos iraquianos que "não queriam a democracia": "Essas pessoas mudaram de opinião?"

Asne: "Algumas. Histórias de torturas e prisões políticas eram chocantes para Alyia. Ao mesmo tempo, numa ditadura tão cruel, as pessoas sentem medo. Conheci um homem que nunca falava sobre política com seus filhos, porque não sabia se um deles o denunciaria ao governo."

Sério isto? Nas condições que relatei mais acima, com seu país ocupado por quem procurava terrorista em todo canto do país, este medo acabou?

E não fiquemos com a versão romantizada pela imprensa ocidental, que era censurada e não podia nem relatar quantos soldados norte americanos morriam na invasão. Ali continuava uma ditadura, com o agravante de ser tocada por um país estrangeiro, cujos únicos objetivos no país eram os contratos milionários para reconstruí-lo, os lucros da indústria armamentista e o petróleo que jorrava em abundância por lá. Para atingir estes objetivos e levar a "pax norte americana" aos pobres iraquianos, não importavam os danos colaterais. De que valem uns poucos milhões vidas nativas se o lucro era tão alto?

Ajuda humanitária.
Tropas norte americanas no Iraque em 2005 - BBC

Qualquer cidadão iraquiano que se mostrasse contra isto seria declarado "terrorista".

Esta é a democracia made in USA, a mesma que eles querem trazer à Venezuela.

Assistam ao filme "Rambo III". Sim, concordo que é um filme complicado em alguns aspectos, mas vejam como se constrói a versão política na época da "salvação" dos afegãos das mãos dos monstros soviéticos. Aquele povo que o Rambo ajuda são os futuros talibãs que os bravos soldados norte americanos irão enfrentar poucos anos depois para acabar, novamente, com a tirania, os terroristas e matar Osama Bin Laden. 

Como aconteceu em diversos países, o governo norte americano colocou ou deu condições para que um ditador tomasse conta do pais e depois foi levar sua missão humanitária para derrubar o ditador.

Felizmente no Brasil não foi preciso destruir o país para pegarem o petróleo. Usaram amigos internos que lutaram para mudar a legislação que determinava que o lucro com o petróleo fosse para a Educação e a Saúde e que a maior parte do óleo fosse explorado pela Petrobras. 
Bush em 2003, dentro de um porta aviões, com faixa atrás onde se lê "missão cumprida". Ele não teve coragem de ir tem terra, onde continuava a guerra. Os norte americanos abandonaram o país em 2011, sem cumprir nenhuma missão que não fosse enriquecer suas construtoras, suas petroleiras e sua indústria armamentista.

Usaram amigos internos que culpabilizaram e prenderam quem podia, se eleito, dificultar o caminho de suas empresas petrolíferas e acabar com a empresa que explorava o petróleo no país e era a maior investidora do país em diversas áreas, como Cultura, obras, construção naval e de plataformas de petróleo. Milhões de empregos, mas que importa isto, podemos dar tudo às empresas norte americanas, todas tão honestas e cuidadosas com a democracia.

Usaram amigos internos para derrubar, através de um impeachment fajuto, a presidenta que não aceitaria aquelas mudanças na lei.

Se isto não tivesse acontecido, é possível que ainda não fosse a vez da Venezuela se tornar a grande inimiga da democracia, pois eles poderiam estar fazendo isto com o Brasil. 

Mas, felizmente, temos no país muitos amigos do grande irmão do norte, sempre dispostos a trair seu país e seu povo em busca do sonho mexicano. Sim, mexicano, que sempre teve governos pró norte americanos e viu seu povo viver na miséria e na exploração. Felizmente, parece que aprenderam com seu passado. Veremos quando os norte americanos voltarão seus canhões híbridos para eles, logo após acabarem, melhor dizendo, levarem a democracia à Venezuela.

Notícias dos países pacificados pelos norte americanos:





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