Taí o podcast de ontem, escrito por Pedro Daltro e com a luxuosa e habitual produção de Cristiano Botafogo:
Os episódios você ouve lá na Central3.
Ah, e agora o Medo e Delírio em Brasília tem um esquema de asinaturas mensal, mas tenha sua calma. O Medo e Delírio continuará gratuito, se não quiser ou puder pagar tá de boa, você continuará ouvindo o podcast e lendo o blog como você sempre fez.
Agora, se você gosta da gente e quer botar o dinheiro pra voar é nóis : ) Tem planos de 5, 10, 20, 50 reais e 100, esse último aí caso você seja o Bill Gates. Taí o link com o QR Code: [PicPay] E também criamos um Apoia-se, rola de pagar até com boleto, ATENÇÃO, PAULO GUEDES! [Apoia-se]
E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )
__/\/\/\/\/\/\__
1. 100 mil
Oficialmente não estamos lá, 99 mil e algumas centenas e dezenas se foram de acordo com as estatísticas oficiais. Quantas dezenas de milhares dá pra colocar na mórbida conta presidencial?! Extra-oficialmente o corpo de número 100 mil tombou há semanas, mas de nada importa, o luto não existe. Nunca existiu e não será agora, com um psicopata no palácio, que este nobre sentimento daria o ar da graça por essas paragens.
Chegamos às 100 mil mortes com o general – aquele que autografou um documento tão bizarro que dois médicos se recusaram a assinar – no comando do ministério da Saúde. Vai bem demais o Exército brasileiro!
Com vocês, o excelentíssimo Presidente da República
“Estamos com a consciência tranquila. Não existia, naquela época, como não existe, uma vacina, não existia medicamento, apenas a promessa, no primeiro momento, da hidroxicloroquina, depois outras coisas apareceram.” [Folha]

Só faltou dizer que anda dormindo muito bem. E o uso da palavra “promessa” é um belíssimo tiro no pé.
“Junto com os meios que nós temos, temos como realmente dizer que fizemos o possível e o impossível para salvar vidas…”

” … ao contrário daqueles que teimam em continuar na oposição, desde 2018″
“Teimam em continuar na oposição“, Bolsonaro se enforca com a própria língua, como assim a oposição teima em ser oposição? O rei queria que todos se ajoelhassem perante a alteza e jurassem lealdade.!
“Mandetta, que acabou demitido, foi novamente criticado nesta quinta pelo chefe do Executivo, que disse que seu ex-ministro “virou comentarista da Globo por várias e várias semanas”.
“Tínhamos um protocolo do ministro primeiro da Saúde que mandava aplicar apenas em estado grave a hidroxicloroquina. É jogar comprimido fora. Não precisa ter conhecimento nem cérebro para entender que é jogar comprimido fora e perder vidas”, disse Bolsonaro.”
“Não precisa ter cérebro” só não é melhor que “é jogar comprimido fora“. Os comprimidor produzidos a partir de sua ordem, coma cloroquina comprada na Índia sob suas ordens! Bolsonaro tá co o cu na mão, folgo em saber.
“O presidente procurou elogiar o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, alvo de críticas por ser militar da ativa, especialista em gestão, e não em saúde. Bolsonaro disse que o ministério é “para ser educado, complicado” e que “não temos facilidade de encontrar um médico gestor”.”
Mas tem uma facilidade de encontrar generais prodígios que é uma beleza. O sujeito não entende nada de saúde? Foda-se, o gênio há de dar conta. O militar não entende nada de Ibama? Maravilha, tá contratado!
Olha essa cena:
“Quando elogiava a atuação da pasta em seu próprio governo, Bolsonaro voltou a dizer que, pelo conhecimento que tinha, não havia registro de mortes por falta de leitos de UTI ou de respiradores. O mandatário foi corrigido em tempo real. “Alguns casos é possível. Mas a grande maioria tinha os equipamentos lá”, afirmou, após ser alertado por um interlocutor que não aparece nas imagens.”

Quero saber quem foi o croajoso que ousou corrigir o presidente ai vivaço. A primeira cidade duramente atingida foi Manaus, o sistema de súde colapsou e Bolsonaro faz uma afimração que soaria absurda antes mesmo da pandemia.
“As críticas do presidente chegaram novamente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu que cabia a prefeitos e governadores definir sobre quando reabrir o comércio pelo país.
“Eu fui cerceado, o meu governo, na possibilidade de discutir este assunto pelo nosso aqui, à minha esquerda, Supremo Tribunal Federal. A nós coube apenas, praticamente, fornecer meios e recursos para estados e municípios.”

Ele empolgou com as viagens e a metralhadora de absrdos voltou a disparar loucamente. Ele não foi cerceado porra nenhuma, ele queria invadir competências de estados e municípios e o STF apenas apontou as linhas divisórias.
“Bolsonaro disse que “talvez em dezembro, janeiro, exista a possibilidade da vacina e daí este problema estará vencido poucas semanas depois”.”

“Em poucas semanas“, ele não tem a MENOR idéia do que tá falando. Um país de dimensões continentais, nem os EUA podem dizem uma porra dessa, imagine a gente.
“Ele aproveitou a oportunidade para alfinetar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu virtual oponente na eleição presidencial de 2022. O estado de São Paulo fez acordo com a chinesa Sinovac para testar uma vacina contra Covid-19. Alinhado aos Estados Unidos, parte do governo Bolsonaro adota um discurso ideológico contrário à China. “E o que é mais importante nesta vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país: vem a tecnologia para nós”, disse Bolsonaro.”
Amigo, o mais importante é imunização, o resto é perfumaria. E o recalque do Bolsonaro é surreal, ele não fala o seguintes nomes: Doria, Witzel, Argentina e China, só nos resta torcer loucamente pela vacina chinesa.
__/\/\/\/\/\/\__
2. Queiroz & Michelle
Vai ver a única pessoa honesta da famiglia é a Laura:
“O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, depositou pelo menos 21 cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, fato que contraria a versão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que Queiroz teria pago um único cheque à sua mulher.” [UOL]

“Segundo a revista Crusoé, os pagamentos datam desde 2011. A publicação conseguiu a informação tendo acesso à quebra de sigilo bancário de Queiroz autorizada pela Justiça na investigação da suposta prática de “rachadinha” no gabinete de Flávio, então deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Os extratos detalham as movimentações do ex-assessor para Michelle, que totalizam R$ 72.000 entre 2011 e 2018.”
Vamos à versão presidencial:
“Em entrevistas após a divulgação do caso, Bolsonaro disse que o ex-assessor repassou a Michelle dez cheques de R$ 4.000 para quitar uma dívida de R$ 40 mil que tinha com ele (essa dívida não foi declarada no Imposto de Renda). Também afirmou que os recursos foram para a conta de sua mulher porque ele “não tem tempo de sair”. “Há seis, sete, oito anos atrás também chegou uma dívida a R$ 20 mil e ele pagou em cheque para mim também. Quem nunca fez um negócio como esse com um amigo até? Foi o que foi feito. Não cobrei juros, não cobrei nada, então não devo nada”, disse.” [Folha]

Na época Bolsonaro tentou explicar o empréstimo que não constava em seu imposto de renda:
“Você tem a nota fiscal desse relógio no teu braço? Não tem. Você tem nota fiscal do teu sapato? Você tem do teu carro, o documento. Tudo para o outro lado tem que ter nota fiscal e comprovante. Eu conheço o Queiroz desde 1985, nunca tive problema. Pescava comigo, andava comigo no Rio de Janeiro. Tinha que ter segurança comigo, andava com meu filho. Se ele fez besteira, responda pelos atos dele”
E a ex-foragida também depoistou dinheiro na conta da primeira-dama:
“A reportagem também apurou que a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, repassou para Michelle R$ 17 mil de janeiro a junho de 2011. Foram cinco cheques de R$ 3.000 e um de R$ 2.000. Assim, no total, Queiroz e Márcia depositaram R$ 89 mil para primeira-dama de 2011 e 2016, em um total de 27 movimentações.”
Como que nada disso foi descoberto na campanha?! Como que um sujeito mais podre que pau de galinheiro passou por todas as pesquisas sobre seu tenebroso passado?! O cara entrou pobre na política, família inteira com patrimônio imbobiliário milionário, Flávio vendeu 19 imóveis em um mísero ano, porra!
Algum general já se pronunciou?!
__/\/\/\/\/\/\__
3. “Ministro terrivelmente fascista“
Estamos incrivelmente anestesiados:
“A reportagem publicada pela revista Piauí desenhava uma bomba. Um relato, que até agora não mereceu reação do Planalto, revela que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou, em uma reunião com parte de seus assessores mais próximos, intervir militarmente no Supremo Tribunal Federal para depor os seus magistrados. No dia seguinte, os ministros que poderiam ser afetados pelo golpe nada dizem. Tampouco a cúpula do Congresso Nacional. O silêncio de autoridades que passaram semanas emitindo notas de repúdio a cada ataque presidencial contra instituições ou participação em atos antidemocráticos tem uma razão: ninguém quer voltar a tensionar com o Palácio do Planalto, justo em um momento em que o presidente tem reduzido a quase zero as afrontas institucionais.
Nesta quinta-feira, dos 11 ministros do Supremo, o EL PAÍS conseguiu contato com seis deles ou seus interlocutores. Há uma espécie de consenso entre esse grupo de que o pior momento já passou na crise institucional provocada pelo Palácio do Planalto. A síntese feita por um deles foi de que as “bravatas do presidente” foram banalizadas e que, sempre que Bolsonaro ameaçava, falando para sua claque, os ministros militares estavam negociando com o Supremo e botando panos quentes na história. Por essa razão, agora fizeram uma espécie de “ouvidos moucos”. Outro ministro ainda falou que, apesar de o tema ser grave, era difícil se manifestar quando não havia registros oficiais do encontro, apenas relatos coletados por uma reportagem.” [El País]
Se a ameaça de golpe em papel timbrado do GSI não é documento oificial eu não sei mais de nada. Ali fica claro que a ordem do STF seria ignorada.
Passo à Míriam Leitão e o mais recente insutlo do governo ao STF:
“André Mendonça está perdido em seu novelo de versões sobre o que afinal aconteceu na Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça. O órgão teria preparado um dossiê sobre quase 600 policiais e um grupo de professores que se declararam antifascistas, com nomes, endereços digitais e, em alguns casos, fotos, como informou no dia 24 de julho o jornalista Rubens Valente, do portal UOL. O ministro sabe o caminho reto, mas tem insistido em ficar no sinuoso. Por isso acabou derrapando: está descumprindo uma ordem judicial.
A ministra Cármen Lúcia é relatora de uma ADPF apresentada pelo partido Rede de Sustentabilidade e considerou a notícia da existência do dossiê um caso gravíssimo. E mandou que o ministro esclarecesse a questão. Ele confundiu ainda mais. Não mandou o dossiê ao STF e, ao negar esclarecimento, anexou pareceres da AGU e da própria Seopi. Num desses textos se diz que “a mera possibilidade de que essas informações exorbitem os canais da inteligência e sejam escrutinadas por outros atores internos da República Federativa do Brasil já constitui circunstância apta a tisnar a reputação internacional do país e a impingir-lhe a pecha de ambiente inseguro para o trânsito de relatórios estratégicos”. Em outro trecho, sustenta-se a tese de que seria “catastrófico” dar essa informação ao Poder Judiciário.
Então o ministro que quer uma cadeira no Supremo acha que o Supremo não pode conhecer um documento interno do governo sobre seus próprios funcionários. Documento que ele ora diz existir, ora não existir. Segundo Mendonça, “não compete à Seopi produzir dossiê contra nenhum cidadão e nem mesmo instaurar procedimentos de cunho inquisitorial”. Nisso estamos todos de acordo. O Ministério da Justiça tem uma lista de funções e entre elas não está a de fazer dossiês contra policiais, nem instalar procedimentos inquisitoriais. Só que ou o dossiê existe ou não existe. Se não existe, por que exonerar o coronel Gilson Libório? Ele trata o que houve no Ministério como um segredo tão grave que sua divulgação abalaria a república e as relações internacionais.
André Mendonça foi alçado ao cargo no vácuo da queda do ex-ministro Sergio Moro que, por sua vez, caiu porque o presidente queria controlar a Polícia Federal. Todo mundo ouviu os gritos presidenciais reclamando que seu sistema de informações e de inteligência não funcionava e que ele montara até um sistema próprio de informação. “Esse funciona, o meu”, disse Bolsonaro. Para ter uma PF sob seu controle, tinha também que ter um Ministério da Justiça submisso. Assim, com essa encomenda, André Mendonça assumiu.
No dia da posse, bateu continência para o presidente e o chamou de profeta. O presidente acha que todo o sistema de inteligência do país, e nisso ele inclui até a polícia judiciária, deve servir aos seus propósitos. O Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) é feito, sim, para preparar relatórios de inteligência e informar o governo sobre riscos para o país. Deveria, por exemplo, ter deixado o presidente minimamente informado sobre a gravidade da pandemia que se abatia sobre os brasileiros. Hoje, quando estamos perto de 100 mil mortos, ele continua demonstrando ignorância em relação ao assunto.
O risco desse dossiê é Bolsonaro estar usando a máquina do Estado para espionar seus supostos adversários políticos. E nesse caso é a democracia que corre perigo. O último país em que foi considerado crime ser antifascista foi a Itália de Mussolini. O ministro que quer ir para o Supremo não pode decidir que o Supremo não tem o direito de conhecer um documento com o qual ele pode estar ferindo princípios constitucionais.” [Folha]
E não é que o MP do Rio Grande do Norte seguiu o exemplo do ministro terrivelmente evangélico?!
“Não bastasse o Ministério da Justiça, também o Ministério Público do Rio Grande do Norte produz dossiês de policiais, com fotos, dados, manifestações e posts nas redes, produzindo um banco de dados de quem está “conosco”, quem está “contra nós”. Sabe-se lá em quantos outros Estados a produção de dossiês está virando moda. Se fossem sobre fascistas, até daria para entender, mas são contra “antifascistas”. Ser contra antifascista é ser o quê?”

__/\/\/\/\/\/\__
4. Ei, Guedes, vai tomar no cu!
Ontem o gênio bronzeado e grisalho disse que o auxílio acabaria esse ano e que em 2021 os gastos do governo “CAIRIAM DRASTICAMENTE“.
“Enquanto a pesquisa de emprego formal do Ministério da Economia, o Caged, mostrou uma redução no ritmo de demissões de trabalhadores com carteira assinada em junho, a Pnad Contínua, do IBGE, indica que os efeitos da pandemia de Covid-19 para o mercado de trabalho seguem devastadores. No segundo trimestre deste ano, o primeiro inteiramente sob os efeitos da crise sanitária, 8,9 milhões de pessoas ficaram sem qualquer tipo de ocupação. Para o economista Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getulio Vargas, os dados divulgados nesta quinta (6) pelo IBGE mostram uma continuidade na deterioração do mercado de trabalho. “O que me surpreendeu foi que não houve qualquer sinal de recuperação ou de desaceleração da piora do mercado de trabalho pela Pnad Contínua”, diz.” [Folha]
O paciente respira por aparelhos e o Guedes acha que tirar o aparelho da tomada é uma boa idéia.
“A taxa de desemprego no trimestre, diz o pesquisador, só não foi pior porque as pessoas estão saindo da força de trabalho. Ou seja, quem foi demitido ou ficou sem poder trabalhar, como é o caso de muitos informais, ainda não está buscando emprego. Para o IBGE, só está desempregado quem procurou vaga e não encontrou nos 30 dias anteriores à pesquisa.”
Vamos à entrevista:
“Mostra que junho continua tendo uma piora no mercado de trabalho. Algumas pessoas esperavam alguma recuperação, pois os dados do Caged apontavam uma melhora razoável da situação em relação ao fundo do poço, que foram os meses de abril e maio -principalmente abril. Mas a Pnad Contínua, pelo contrário, mostrou uma continuidade da degradação da situação do mercado de trabalho, com uma queda ainda maior no número de ocupações, um aumento ainda maior do desalento e da subutilização do trabalho. Então, o que me surpreendeu mesmo foi que não houve qualquer sinal de recuperação ou de desaceleração da piora do mercado de trabalho pela Pnad Contínua. Houve grande descompasso entre a Pnad Contínua e o Caged. A queda de empregos com carteira assinada na Pnad, entre maio e junho, foi de 1 milhão de empregos. No Caged, a redução foi de 11 mil. Isso não faz muito sentido. Mesmo com uma ou outra defasagem, não é o normal ter um discrepância tão grande. Isso levanta algumas hipóteses, como o atraso no registro dos desligamentos.
As pessoas que estão perdendo suas ocupações não estão procurando novos empregos. Fiz um exercício mostrando que se a força trabalho –que inclui ocupados e desocupados– fosse a mesma do trimestre terminado em fevereiro deste ano, a gente teria uma taxa de desemprego hoje de 21,4%. A saída da força de trabalho está segurando, e muito, a taxa de desocupação. Ela está em taxas elevadas e, no entanto, estaria muito pior, assim, muito, muito pior mesmo, se não fossem as pessoas saindo da força de trabalho. Hoje a força de trabalho tem 96 milhões de pessoas. Em fevereiro, eram 106 milhões, 10 milhões a mais. Temos hoje 12,8 milhões de desocupados, o equivalente a 13,3% da força de trabalho. Se a gente tivesse a mesma força de trabalho de fevereiro de 2020 e a mesma população ocupada de hoje, teríamos 20,6 milhões de desocupados. Talvez não chegue a 21% porque vai ter uma recuperação da população ocupada, mas certamente a taxa de desemprego vai aumentar conforme o auxílio emergencial for acabando. Temos uma situação em que, muito provavelmente, a taxa de desocupação vai passar dos 15%, mas acho difícil chegar a 21%. Pessoas que voltarem à força de trabalho devem conseguir se ocupar conforme haja alguma recuperação cíclica após pandemia.”
E olha o tamanho da merda:
“A adoção definitiva de home office após a pandemia deve acelerar mudanças estruturais no mercado de trabalho, com potencial para aprofundar as desigualdades entre trabalhadores mais escolarizados e aqueles com menor qualificação. Para especialistas, o tema tem que ganhar espaço no debate econômico para apoiar o contingente que tende a ter maiores dificuldades de se recolocar. É uma mudança que já vinha ocorrendo de forma gradual, a partir da adoção de novas tecnologias de comunicação e automação, mas que ganha velocidade durante a pandemia, que forçou as empresas a buscarem alternativas para manter o funcionamento mesmo com a restrição à circulação de pessoas para evitar o avanço do coronavírus. Os dados sobre o desemprego divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta (6) já sinalizam que o teletrabalho vem protegendo mais os trabalhadores mais qualificados do que aqueles que dependem do movimento nas ruas para ganhar seu sustento.
Mesmo com o aumento do desemprego e o fechamento recorde de vagas no segundo trimestre, o rendimento médio do trabalhador subiu 4,6% em relação ao trimestre anterior, para R$ 2.500, indicando que o corte se deu de forma mais intensa entre os trabalhadores que recebem os menores salários.” [Folha]
Passo ao Vinícius Torres Freire:
“O programa de renda básica de Jair Bolsonaro deve chegar a algo em torno de 19 milhões de famílias —atualmente, 14,3 milhões estão no Bolsa Família. É o que está na prancheta; é o que Paulo Guedes deu a entender nesta quinta-feira (5), em uma entrevista, ao mencionar o aumento estimado do número de beneficiários. O programa por ora não está com uma cara muito diferente dos rascunhos do Renda Brasil, do final de 2019. A diferença é que, depois da epidemia, as expectativas em relação ao valor do benefício aumentaram. Antes da calamidade, o Bolsa Família pagava em média R$ 190 por família; o auxílio emergencial rende no mínimo R$ 600. No final de 2019, o plano era pagar uns R$ 232 por família, em média, o que daria quase R$ 53 bilhões por ano (sem “13º”). O Bolsa Família pagou R$ 33,7 bilhões em 2019 (em termos reais, valor corrigido pela inflação). Faltariam uns R$ 20 bilhões, portanto. De onde viriam?
O abono salarial custou R$ 18 bilhões em 2019 (é um benefício anual de até um salário mínimo pago a trabalhadores formalizados que recebem menos que dois mínimos, em média). O seguro-defeso pagou R$ 2,85 bilhões (é um seguro desemprego para pescadores que não podem trabalhar em época de proibição sazonal de pesca, mas recebido por um monte de gente mais. É um rolo). Juntando, dá mais ou menos os R$ 20 bilhões. Guedes e equipe dizem faz tempo que querem pegar esses dinheiros e leva-los para um programa social que consideram mais eficiente. Problemas:
– o fim do abono depende de emenda à Constituição (é direito definido no artigo 239);
– ainda que passe a emenda, levaria pelo menos um ano para que o benefício deixasse de ser pago (haveria direitos adquiridos) e, portanto, para que o dinheiro para o Renda Básica aparecesse;
– gente no Congresso não gosta da ideia de dar cabo do abono;
– muita gente no Congresso quer apenas reformar o seguro-defeso, reservando o benefício, dizem, a pescadores de fato.
– ainda que passe a emenda, levaria pelo menos um ano para que o benefício deixasse de ser pago (haveria direitos adquiridos) e, portanto, para que o dinheiro para o Renda Básica aparecesse;
– gente no Congresso não gosta da ideia de dar cabo do abono;
– muita gente no Congresso quer apenas reformar o seguro-defeso, reservando o benefício, dizem, a pescadores de fato.
Logo, não vai ser fácil arrumar esses R$ 20 bilhões. Além do mais, esse dinheiro extra bastaria para bancar um benefício de apenas R$ 232 por família, recorde-se. Mais de 65 milhões de pessoas recebem auxílio emergencial; no Renda Brasil, o dinheiro cairia na conta de umas 26 milhões de pessoas. A clientela seria diminuída e o valor do benefício também, o que é razoável, pois não há dinheiro, mas politicamente é um problema. Aumentar imposto não adianta, pois a despesa está limitada pelo teto de gasto. Dentro do teto, seria possível arrumar alguns dinheiros com o fim de algumas reduções de impostos e de gambiarras do Orçamento federal. Tirar dinheiro de outro lugar, no curto prazo, é difícil. Sairia de onde? Dos parcos recursos para investimento “em obras” (para as quais há uns R$ 40 bilhões reservados neste ano)? Cortar despesa significativa com salário de servidor, além de uma guerra, depende provavelmente de emenda constitucional.
Neste 2020, é possível estourar ainda mais as contas e pagar um benefício entre R$ 200 e R$ 300 até o final do ano, uma extensão do auxílio emergencial. O déficit ficaria no “orçamento de guerra” deste ano de calamidade. No ano que vem, não dá, a não ser que o período de calamidade ou coisa que o valha seja estendido. Mas Guedes jura para sua audiência que 2021 é ano de cumprimento do teto. Fazer com que o Renda Brasil caiba no teto de gastos é um problema sério para algo que parecia uma solução para Bolsonaro: o benefício político da ampliação do Bolsa Família.” [Folha]
E ao que parece Bolsonaro autorizou Marinho, outrora pupilo e hoje rival do gênio broonzeado dentro do governo, a partir pra cima do Guedes
“Normalmente, o Orçamento do governo federal precisa ser suplementado nos meses de julho e agosto. Temos obras hídricas importantes, como a transposição do São Francisco, de adutoras que estão sendo construídas nos diversos estados do Nordeste, do Centro-Oeste, do Norte e obras de saneamento básico por todo o país. Então, esses recursos precisam ser suplementados. Como este é um ano excepcional, em que foi decretada uma calamidade pública e houve uma queda da atividade econômica, essa suplementação fica mais difícil porque não há excesso de arrecadação. Nós pleiteamos e, certamente, o Ministério da Economia vai buscar uma alternativa para que as obras não sejam paralisadas e possamos evitar um prejuízo para milhões de brasileiros.” [O Globo]
Marinho é lembrado sobre o teto de gastos e…
“Esse é um processo que o Ministério da Economia precisa responder, que hoje abarca o Planejamento e a Fazenda. Eles têm os instrumentos e certamente vão saber usar de forma adequada porque isso é uma escala de prioridades. O presidente Jair Bolsonaro tem nos orientado de que as obras não sejam paralisadas. Acredito que o ministro Paulo Guedes e sua equipe vão encontrar uma forma dentro da lei do Orçamento.”

Mas ele faz coro com Guedes e vende terreno na lua:
“Defendo que, durante a administração do presidente Bolsonaro, mantenhamos o teto, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a regra de ouro. É importante como sinalização de que vamos ter austeridade fiscal e responsabilidade para manter a confiança de que o país é solvente e vai honrar seus compromissos com o mercado e os investidores. Agora, 2020 é um ano de excepcionalidade. A calamidade foi decretada pelo Parlamento. O que interessa é que a economia continue sólida, que ela volte a crescer a partir do próximo ano para que tenha capacidade de honrar os compromissos assumidos neste ano. A partir de janeiro de 2021, defendemos que todos os instrumentos da política fiscal sejam restabelecidos, inclusive o teto.”
Jonralista pergunta se o plano Pró-Brasil está de pé (risos):
“Acredito que sim, mas quem coordena o programa é o ministro Braga Netto. Ele é quem tem que falar. Fizemos a nossa parte quando fomos instados a trazer subsídios e colaborar com o Pró-Brasil.”

Que satisfação, aspira, a pica é do general.
“A gente está falando de obras hídricas e saneamento. Vou repetir, nós vamos ter um déficit de R$ 800 bilhões neste ano. Estamos falando de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões de acréscimo no fiscal. Parece que temos uma faca cravada no olho e estamos preocupados com o cisco. Não podemos reconstruir o país do zero e fazermos de conta que não aconteceu nada antes. O presidente tem essa sensibilidade. Em função dessa calamidade, descobrimos que existiam milhões de “invisíveis”, que não foram atendidos ao longo de décadas. De oito milhões a dez milhões de famílias precisam de algum suporte financeiro. O que o governo vai fazer é realocar recursos públicos que perderam a razão de ser porque estão mal aplicados. Não haverá aumento do gasto público. Será feito um reordenamento do Orçamento.”
Então tá, né?
Eu falei que Bolsonaro estava claramente emocionado com a recepção no Nordeste, lembra?
“O presidente tem muita sensibilidade por esses temas. Cada viagem dessa ele se recarrega, se oxigena porque a reação das pessoas nos emociona. “
Os vídeos me lembraram as recepções do Bolsonaro nos aeroportos antes da campanha.
Pergunta sobre Centrão e a pica volta a ser dos generais:
“O presidente tomou essa decisão junto com seus articuladores políticos, como os ministros Ramos e Braga Netto.”
E atenção, Paulo Guedes!
“O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, teve alta de 0,36% em julho, com impacto, principalmente, da gasolina e da energia elétrica, informou nesta sexta-feira, 7, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior para um mês de julho desde 2016, quando ficou em 0,52%. Em junho, o índice teve alta de 0,26% e em julho de 2019, avanço de 0,19%. No acumulado do ano de 2020, a inflação chega a 0,46% e nos últimos 12 meses, a 2,31%. O resultado de julho e para o acumulado em 12 meses veio igual à medida das estimativas das instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em julho. O maior impacto vem de grupo transportes, que teve alta de 0,78% e contribuiu com 0,15 ponto porcentual.
Entre os itens, a gasolina foi o que colaborou com o maior impacto individual no IPCA do mês, com alta de 3,42%. “A gasolina continua revertendo o movimento que teve nos meses de abril e maio. Já havia subido em junho e voltou a subir em julho. Além disso, houve uma queda menos intensa das passagens aéreas em comparação com maio e junho”, detalha Pedro Kislanov, gerente da pesquisa. O grupo Habitação teve alta de 0,80% em julho, uma aceleração em relação ao mês anterior (0,04%) e, nele, o item energia elétrica responde pela segunda maior contribuição individual para o IPCA, variando 2,59%. Entre as quedas de preço, o destaque foi o grupo vestuário, que teve a maior taxa negativa, com queda de 0,52%, no terceiro mês seguido de retração. “Pode estar relacionado à baixa demanda por conta da pandemia”, afirma Kislanov.” [Estadão]
__/\/\/\/\/\/\__
5. Diplomacia do insulto
Depois do show de ofensas do Guedes ontem o vice-presidente saiu em sua defesa:
“Não é questão de que é o jeito mais adequado. É que as vezes a gente sofre determinadas pressões oriundas de países que não fizeram o trabalho deles em outro período da história. […] Não atrapalha, o Guedes ele só ajuda. Isso faz parte do diálogo, isso não é problema [a fala de Guedes]. O investidor ele vem aonde ele vai ganhar dinheiro. Hoje o investidor por pressão, vamos dizer assim, daqueles que colocam dinheiros nos fundos de investimento, ele busca lugares onde haja respeito ao meio-ambiente, respeito a questão social e que haja governança, que o dinheiro dele dê lucro” [G1]
É fascinante como ele coloca a questão ambiental como uma “pressão, vamos dizer assim.”
“Haveria aquela corrida do ouro na Califórnia e no Alasca, que ocorreu no século 19, em pleno século 21 com aquelas características? Não haveria. É a mesma coisa que acontece na Amazônia. A exploração da Amazônia tem que se dar dentro dos parâmetros que são da humanidade de hoje, e não de dois séculos atrás”
Por isso Salles e Nabhan estão onde estão, né, general?!
__/\/\/\/\/\/\__
5. Centrão
Tem que ver a auto-estima da Bia Kicis, hein…
“Retirada do posto de vice-líder do governo por votar contra a renovação do Fundeb, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) reconhece que foi surpreendida pela decisão do presidente Jair Bolsonaro, mas afirma que não ficou magoada.” [Folha]

A fiel aliada foi destituída dum cargo de liderança do governo pela imprensa, porra! No dia seguinte o presidente apareceu em sua casa, mandou um singelo “você pediu, né?” e avisou aos repóteres um miliciano “hoje foi só amor.”
“Não, eu não fiquei magoada. Eu fiquei surpresa, porque ninguém falou comigo antes. E ninguém gosta de receber uma notícia dessa pelo ‘Diário Oficial’. Mas eu não fiquei magoada. Eu compreendi que era um movimento político. E eu fiquei muito feliz depois quando o presidente foi até a minha casa, mostrando que ele tem muita consideração por mim. Então, entendi como um movimento político. Ele não justificou. Ele brincou comigo. “Você pediu, hein!?”. As palavras dele foram essas. Aí eu que expliquei para ele a minha posição e falei: “Olha, não achei que haveria problema”. Até porque outros vice-líderes já votaram contra o governo em outras ocasiões e não deu essa repercussão, não teve problema. Mas eu entendo, eu aceito. Eu me senti surpreendida. Eu entendo que, até o fato de eu ser muito próxima ao presidente, às vezes dos outros vice-líderes ele não esperava um comportamento e não se importava tanto. Mas, por eu ser tão próxima, talvez ele tivesse entendido que eu deveria ter falado com ele primeiro. (Sou) 200% fiel ao governo.”
Se valoriza, amiga!
“O PSL é um partido rachado, do qual o presidente saiu. Então, ele não pertence ao PSL. Mas uma parte do PSL permaneceu fiel ao presidente. Eu não entendo que o presidente esteja traindo absolutamente ninguém. Eu acho que essa aproximação com o chamado centrão e com os demais partidos é fundamental para que os projetos do governo andem. O que o governo está fazendo agora é política. A política como ela é feita em qualquer lugar do mundo.”
A mesma política que a esquecida Bia Kicis e o presidente viviam demonizando.
“O presidente chegou rompendo. Ele trouxe uma proposta de romper com o sistema criminoso. E o Parlamento precisou se adaptar a essa nova forma de governar, que é com independência. Eu não vou dizer que ele errou, não. Ele fez uma ruptura e ele precisou de um tempo para chegar ao tom correto disso. Ele acertou 500 vezes mais. O que ele fez era necessário.”
500 vezes mais! É ou não é um mito?!
“Mas ele é contra o “toma-lá-dá-cá”. Veja bem. Na política, você tem que abrir espaço para todos. Quanto mais pessoas você tiver com você, maior a sua base e mais você consegue transformar. “Toma-lá-dá-cá” não é isso, não. “Toma-lá-dá-cá”, você dava os cargos e fechava os olhos. Era corrupção, as estatais eram usadas para caixa dois. Isso não vai acontecer no governo Bolsonaro porque ele é contra isso.”
Aham, o sujeito que por 11 anos foi do PP, apadrinhado por Francisco Dornelles, que efnfiou a família inteira na política é contra tudo isso que está aí, tá ok?
“Fase “paz e amor”. Não sei se gosto muito desse nome. Fica parecendo aquele negócio de “Lulinha paz e amor”. Porque traz uma comparação que eu acho que não cabe.”

“Eu acho que o que está havendo realmente é o presidente baixando um pouco o tom, o que eu acho que é bom. Mas eu vou achar muito bom que os demais parem de esticar a corda. Porque não adianta nada o presidente baixar o tom, em um sinal de boa vontade e na busca da harmonia, quando nós temos ministros do Supremo que estão esticando a corda de uma forma absurda.”
É praticamente a fala do Ramos, descartando golpe mas sugerindo que o outro lado não esticasse a corda, sabe como é, né?
__/\/\/\/\/\/\__
6. Congresso
Vai vendo…
“A principal tese que circula, por ora, nos bastidores do Congresso e do Judiciário para validar a recondução de Davi Alcolumbre (DEM-AP) teria como consequência prática a possibilidade de eternizar dirigentes no comando da Câmara e do Senado. Isso porque o plano seria de autorizar o único ponto que atualmente ainda é vedado: de reeleição na mesma legislatura (período de quatro anos). Para ministros do Supremo, a questão deve ser enfrentada na ação impetrada pelo PTB.” [Folha]
Sim, em caso de reeleição volta tudo à estaca zero, ACM e Jáder amariam essa idéia.
“A estratégia em andamento é fazer com que o STF interprete que dentro de uma mesma legislatura seja aplicado o entendimento que permitiu a reeleição para presidente da República, ou seja, que seja autorizado um segundo mandato consecutivo. Isso valeria tanto para Davi quanto para Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nega a possibilidade de tentar permanecer no cargo.”
Mas duvido que isso ande pois daria à chance de recondução no colo do Maia.
“Na terça (4), o PTB entrou com ação pedindo para barrar qualquer possibilidade de reeleição dos dois políticos do DEM. O caso está com o ministro Celso de Mello. Nos bastidores, a expectativa é que ele envie o pedido para análise do plenário. Ainda que decida monocraticamente, um recurso poderia levar o tema para julgamento de todos os ministros do Supremo. Apesar da manobra jurídica contar com apoio de alguns dos magistrados do STF, técnicos e políticos dizem acreditar que a maioria da corte não concordaria com uma mudança desse tipo.”
__/\/\/\/\/\/\__
7. Covid-17
Como confiar nos dados oficiais?!
“Instabilidades nas plataformas do Ministério da Saúde causaram nas últimas semanas represamento de registros de casos da Covid-19 em pelo menos seis estados —e uma posterior explosão de números, quando o acesso ao sistema foi normalizado. A grande variação prejudica a análise da situação da pandemia no país. Na cidade de São Paulo, por exemplo, entre os dias 15 e 21 de julho, foram registrados menos de 700 novos casos diários, o que indicava uma queda drástica na disseminação do novo coronavírus. No dia 22, porém, foram 18,6 mil casos, inseridos de uma vez. Nos dias que se seguiram, os números diários de novos casos variaram entre 0 e 7.000. Situações semelhantes também ocorreram em junho, mas com menos frequência.
Em virtude da inserção de novos campos no sistema Sivep por parte do Ministério da Saúde, as equipes estaduais estão trabalhando na readequação da rotina de extração das informações deste sistema, uma vez que as alterações impactaram no processo de extração automatizada realizada diariamente pela pasta estadual”, informou a secretaria na ocasião. No dia seguinte, a pasta estadual divulgou os registros acumulados de casos e mortes para as duas datas. Devido a isso, aquele foi o dia com maior quantidade de novas mortes: 1.554, número que circulou nas redes sociais como um recorde de óbitos em 24 horas. Situação similar aconteceu no dia 22, desta vez com o número de casos. Foram mais de 65 mil em 24 horas. Naquela quarta-feira, as secretarias informaram os totais represados, gerando um falso recorde de testes positivos em um só dia. Isso porque, nos dias anteriores, estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Piauí relataram problemas com as plataformas do Ministério da Saúde, especialmente o E-SUS, e deixaram de divulgar os números reais de novos casos.” [Folha]
Por essas e outras que é melhor se basear nas estatísticas do consórcio de veículos, que pegam os dados direto das secretarias.
“Segundo Jaqueline Correia Gaspar, diretora do núcleo de informação e vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, instabilidades no E-SUS são relativamente comuns. Para tentar contornar o problema, a área técnica da secretaria faz downloads escalonados ao longo do dia. “Se eu deixo para fazer só uma vez ao dia e naquele horário o sistema apresenta instabilidade, fico sem dados”, diz. Ela diz que divergências de números entre estado e a prefeitura da capital —na quarta (4), a prefeitura contabilizava cerca de 30 mil casos a mais no total acumulado— acontecem por questões tecnológicas e que as equipes estão em contato entre si e com o Ministério da Saúde para tentar identificar o que pode estar ocorrendo. Algumas hipóteses são o horário em que a extração dos dados é feita. “Se eu baixar em horários diferentes, já tenho diferença no números de casos”, afirma.”
E lá vem desolação:
“Começa com mal-estar e febre baixa, seguidos de falta de ar e uma tosse dolorosa. A infecção prospera nas multidões, espalhando-se para as pessoas próximas. A contenção de um surto requer rastreamento de contato, além de isolamento e tratamento dos doentes por semanas ou meses. Esta doença insidiosa atingiu todas as partes do globo. É a tuberculose, a pior doença infecciosa do mundo, acabando com 1,5 milhão de vidas a cada ano. Até este ano, a tuberculose e seus aliados mortais, HIV e malária, estavam acuadas. O número de vítimas de cada doença na década anterior chegou a seu ponto mais baixo em 2018, o último ano para o qual existem dados disponíveis. Mas agora, à medida que a pandemia de coronavírus se espalha pelo mundo, consumindo os recursos de saúde globais, esses adversários eternamente negligenciados estão voltando.
“A covid-19 pode atrapalhar todos os nossos esforços e nos levar de volta para onde estávamos há vinte anos”, disse Pedro L. Alonso, diretor do programa global de malária da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não é só que o coronavírus tenha desviado a atenção científica da tuberculose, HIV e malária. Os lockdowns, principalmente em regiões da África, Ásia e América Latina, levantaram barreiras intransponíveis aos pacientes que precisam viajar para obter diagnósticos ou medicamentos, de acordo com entrevistas com mais de duas dúzias de autoridades de saúde pública, médicos e pacientes em todo o mundo. O medo do coronavírus e o fechamento das clínicas afastaram muitos pacientes que lutam contra o HIV, a tuberculose e a malária, enquanto as restrições às viagens aéreas e marítimas limitaram severamente a entrega de medicamentos nas regiões mais atingidas. Cerca de 80% dos programas de tuberculose, HIV e malária em todo o mundo relataram interrupções nos serviços, e 1 em cada 4 pessoas que vivem com HIV relatou problemas com o acesso a medicamentos, de acordo com a Unaids.
Interrupções ou atrasos no tratamento podem ocasionar resistência aos medicamentos, um problema que já é temido em muitos países. Na Índia, lar de cerca de 27% dos casos de tuberculose no mundo, os diagnósticos caíram quase 75% desde o início da pandemia. Na Rússia, as clínicas de HIV foram reconfiguradas para fazer testes de coronavírus. A temporada de malária começou na África Ocidental, que tem 90% das mortes por malária no mundo, mas as estratégias normais de prevenção – distribuição de mosquiteiros tratados com inseticida e pulverização de pesticidas – foram reduzidas devido aos lockdowns.
Segundo uma estimativa, um lockdown de três meses em diferentes partes do mundo e um retorno gradual ao normal em dez meses podem resultar em 6,3 milhões de casos adicionais de tuberculose e 1,4 milhão de mortes por causa da doença. Uma interrupção de seis meses da terapia antirretroviral pode provocar mais de 500 mil mortes adicionais por doenças relacionadas ao HIV, de acordo com a OMS. Outro modelo da OMS previu que, no pior cenário, as mortes por malária podem dobrar para 770 mil por ano. Vários especialistas em saúde pública, alguns quase chorando, alertaram que, se as tendências atuais continuarem, o coronavírus provavelmente representará um atraso de anos, talvez décadas, no árduo progresso contra a tuberculose, o HIV e a malária. Se a história servir de exemplo, o impacto do coronavírus sobre os pobres continuará sendo sentido muito tempo após o término da pandemia. A crise socioeconômica no Leste Europeu no início dos anos 90, por exemplo, provocou as taxas mais altas do mundo de um tipo de tuberculose resistente a vários medicamentos, um recorde pouco lisonjeiro que a região mantém até hoje.
O ponto de partida dessa cadeia de eventos é a falha no diagnóstico: quanto mais tempo a pessoa passa sem ser diagnosticada e mais demora o início do tratamento, maior a probabilidade de uma doença infecciosa se espalhar e matar. “Quanto mais você deixa as pessoas sem diagnóstico e sem tratamento, mais problemas terá no ano que vem e nos anos seguintes”, disse Lucica Ditiu, chefe da Stop TB Partnership, um consórcio internacional de 1.700 grupos que combatem a doença. A infraestrutura construída para diagnosticar o HIV e a tuberculose tem sido um benefício para muitos países que lutam contra o coronavírus. GeneXpert, a ferramenta usada para detectar o material genético da bactéria da tuberculose e do vírus HIV, também pode amplificar o RNA do coronavírus para fazer o diagnóstico. Mas agora a maioria das clínicas está usando as máquinas apenas para identificar o coronavírus. Priorizar o coronavírus em detrimento da tuberculose é “muito estúpido do ponto de vista da saúde pública”, disse Ditiu. “Você precisa ser inteligente e fazer as duas coisas ao mesmo tempo”.
A pandemia resultou em quedas acentuadas nos diagnósticos de tuberculose em uma série de países: um declínio de 70% na Indonésia, 50% em Moçambique e África do Sul e 20% na China, segundo a OMS. No fim de maio, no México, à medida que as infecções por coronavírus aumentavam, os diagnósticos de tuberculose registrados pelo governo caíram para 263 casos, contra 1.097 na mesma semana do ano passado. A pandemia também está diminuindo o fornecimento de testes de diagnóstico para essas doenças fatais, pois as empresas preferem produzir os testes para detectar o coronavírus, que são mais caros. A Cepheid, fabricante de testes de diagnóstico de tuberculose na Califórnia, passou a se dedicar à produção de testes para o coronavírus. As empresas que fazem testes de diagnóstico da malária estão fazendo o mesmo, de acordo com Catharina Boehme, diretora executiva da Foundation for Innovative New Diagnostics. Os testes de coronavírus são muito mais lucrativos: cerca de US $ 10, em comparação aos 18 centavos de um teste rápido de malária.
A pandemia afetou a disponibilidade de medicamentos para HIV, tuberculose e malária em todo o mundo, interrompendo as cadeias de suprimentos, desviando a capacidade de fabricação e impondo barreiras físicas aos pacientes que precisam viajar até clínicas distantes para buscar os medicamentos. E essa escassez está forçando alguns pacientes a racionar seus medicamentos, colocando sua saúde em risco. Na Indonésia, a política oficial é fornecer aos pacientes com HIV remédios suficientes para um mês, mas tem sido difícil encontrar a terapia antirretroviral nos arredores de Jacarta. As pessoas com HIV e tuberculose que pulam dias de remédios provavelmente ficarão doentes no curto prazo. A longo prazo, há uma consequência ainda mais preocupante: um aumento nas formas dessas doenças resistentes a medicamentos. A tuberculose resistente a medicamentos já é uma ameaça tão grande que os pacientes são monitorados de perto durante o tratamento – uma prática que foi quase inteiramente suspensa durante a pandemia.” [O Globo]
__/\/\/\/\/\/\__
8. O ministro terrivelmente bombado
Se o cara é do PP a chance de ser pilantra é enorme, mas esse aí é mais um caso de alguém que nem é chamado a depor e vira alvo de operação:
“O secretário dos Transportes Metropolitanos da gestão João Doria (PSDB), Alexandre Baldy (PP), foi preso na manhã desta quinta-feira (6) pela Polícia Federal, em uma operação que impôs o maior constrangimento político ao governador tucano desde que ele assumiu o Executivo paulista. As suspeitas que motivaram a prisão são de período anterior à nomeação dele ao Governo de São Paulo, mas atingem a imagem de Doria, que via Baldy como uma das estrelas de seu secretariado e que, de olho na sucessão presidencial de 2022, buscou se descolar nos últimos anos de tucanos investigados em episódios de corrupção. Outras acusações envolvendo duas autoridades do alto escalão escolhidas por Doria —Gilberto Kassab (Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (InvestSP)— já haviam colocado o governador em saia justa, mas, pela primeira, houve prisão de um secretário. Diante das acusações, Baldy pediu licença do cargo a partir desta sexta (7), por um mês, para se defender.
O secretário foi alvo de um dos seis mandados de prisão temporária expedidos pela 7ª Vara Federal do Rio, comandada pelo juiz Marcelo Bretas. A operação desta quinta, batizada de Dardanários, é um desdobramento de investigações da Lava Jato fluminense que apuram desvios na saúde. Segundo o Ministério Público Federal, Baldy é um dos investigados por um “esquema que apura pagamento de vantagens indevidas a organização criminosa que negociava e intermediava contratos em diversas áreas”. Em sua decisão, Bretas disse que a suspeita se refere a todos os cargos públicos que ele ocupou de 2014 a 2018 —Baldy foi deputado federal por Goiás e ministro das Cidades na gestão Michel Temer (MDB). Na casa que o secretário mantém em Brasília os agentes federais apreenderam R$ 90 mil, guardados em dois cofres. Em outra residência do secretário, em Goiânia, a PF achou mais R$ 110 mil. Nos dois dias anteriores à operação policial, Baldy havia tirado licença não-remunerada para cuidar de “assuntos particulares”, segundo o Diário Oficial do Estado. A prisão de Baldy também significa mais uma rachadura em um dos esteios da gestão Doria, o aproveitamento de ex-ministros de Temer (2016-17) em sua gestão. Foram escolhidos ao todo oito ex-ministros para seis secretarias e outros órgãos.” [Folha]
Entra em cena o possível ministro terrivelmente bombado:
“Lideranças de diversos partidos viram na prisão de Alexandre Baldy outra ação midiática de Marcelo Bretas para esculachar a política e os políticos, a exemplo do que o juiz já havia feito com Michel Temer. O entorno do ex-presidente e os amigos do secretário dos Transportes Metropolitanos apontam a plausível motivação: Bretas explicitou sua “candidatura” ao STF. O juiz da Lava Jato do Rio é “terrivelmente evangélico”, se identifica com Jair Bolsonaro e, agora, manda prender um secretário de João Doria e muito próximo de Rodrigo Maia. O incômodo do mundo político: a detenção temporária foi um exagero e um constrangimento desnecessário porque os fatos investigados são antigos, e Baldy tem endereço fixo, família, emprego, etc. Ao sair da cadeia, Baldy será aconselhado por interlocutores a reagir no estilo Michel Temer (de quem ele foi ministro): ir para o embate político. Amigos de Baldy comemoram ao menos o fato de que a família dele não estava em casa no momento da operação. O uso das vagas no Supremo feito por Bolsonaro ainda deve motivar outras interferências de magistrados e promotores no mundo da política, avaliam líderes experientes.” [O Globo]
Imagine o quanto Bolsonaro deve ter gostado disso. E não duvido nada que ele indique o Bretas, é do Rio, deve ter uns contatos por aqui que podem ser úteis à famiglia presidencial.
__/\/\/\/\/\/\__
9. Wajngarten
“O secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, ganhou elogios de Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro, por ter corrido armado atrás de um assaltante nos Jardins, em SP. O homem foi rendido e depois preso.
“Boa, amigo Fábio. Não dê moleza mesmo”, escreveu o guru no Facebook.” [Folha]

“Na quinta (6), Wajngarten conversava com os pais na porta do prédio onde eles moram quando foi abordado pelo assaltante, que pediu que ele entregasse o relógio e outros pertences. O secretário sacou a arma e saiu correndo atrás do homem. Alguém deu uma rasteira no assaltante, que caiu, foi rendido por Wajngarten e acabou preso”
O cara tem arma porque Bolsonaro estendeu, ano passado, porte de arma aos advogados.
__/\/\/\/\/\/\__
10. Ruy Castro
“No dia 28 de junho de 1914, nacionalistas sérvios comandados pelo terrorista Gavrilo Princip mataram a tiros o príncipe Franz Ferdinand, herdeiro do trono austro-húngaro, e sua mulher, quando o casal se dirigia a Sarajevo, capital da Bósnia. O ato colocou a Rússia, a França e a Inglaterra contra a Áustria, a Alemanha e a Itália e desencadeou a Grande Guerra, que matou 9,2 milhões de soldados e 6 milhões de civis e deixou 20 milhões de feridos e 10 milhões de refugiados. Princip não previu essas consequências.
Em agosto de 1954, Gregorio Fortunato, chefe da segurança de Getulio Vargas, autorizou o assassinato de Carlos Lacerda, jornalista de feroz oposição ao presidente. Mas Lacerda só saiu ferido, do que resultou um cerco que levou Getulio ao suicídio e consolidou o mito do getulismo, que dividiria o Brasil por décadas. Incrível Gregorio ter provocado isso.
Em 25 de julho último, em Minneapolis, George Floyd, homem negro de 46 anos, morreu asfixiado quando um policial branco, Derek Chauvin, imobilizou-o por 8’46” com o joelho sobre seu pescoço. Para Chauvin, a barbárie que cometia contra um homem indefeso não tinha maior significado. Mas à morte de Floyd seguiram-se protestos que mobilizaram centenas de cidades dos EUA em torno da causa “Black Lives Matter” e podem determinar o resultado de uma eleição presidencial.
Finalmente, nesta terça-feira, em Beirute, no Líbano, a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas num armazém durante seis anos está sendo atribuída à negligência de funcionários da zona portuária, repetidamente avisados do risco de tragédia. Muitos responderão por isso, mas em breve surgirá o nome de alguém a quem cabia a palavra final —culpado pela perda de tantas vidas e pela devastação de uma cidade.
Sim, eu sei, não é assim tão simples. Mas me intriga como atos provocados por uma única pessoa podem influir na vida de milhões.” [Folha]
__/\/\/\/\/\/\__
11. Líbano
Os libaneses tão virados no ódio – e com razão:
“Dezenas de libaneses se reuniram nesta quinta-feira (6) perto da entrada do Parlamento, em Beirute, para protestar contra o governo, dois dias após uma megaexplosão no porto da cidade deixar ao menos 145 mortos e 5.000 feridos. Forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes do local —que ainda tem escombros do incidente de terça (4)— depois de eles queimarem objetos, vandalizarem lojas e atirarem pedras contra os agentes, relatou o jornal britânico The Guardian. A explosão é mais um dos motivos de insatisfação dos libaneses com o governo e ocorre menos de um ano após uma série de protestos desencadeados por uma proposta de tributar chamadas de voz feitas por aplicativos. Os atos, que começaram em outubro de 2019, culminaram na renúncia do então premiê, Saad Hariri, no fim daquele mês. O Líbano passa por sua pior crise econômica desde a guerra civil (1975-1990). Atualmente, é um dos países mais endividados do mundo: o crescimento econômico foi dificultado por conflitos e instabilidades regionais. O desemprego entre pessoas com menos de 35 anos chega a 37%. Os libaneses também sofrem com a escassez crônica de água e eletricidade, e mais de um quarto da população vive abaixo da linha de pobreza.” [Folha]
Achei BEM foda esse texto do Mar Sem Fim, no Estadão:
“Tudo o que é ruim pode piorar. Que o digam os argentinos. E agora, os libaneses. O que aconteceu é uma tragédia no Líbano, país já devastado por guerras sucessivas, corrupção avassaladora, atentados a torto e a direita, desvalorização da moeda, pandemia de covid-19, e agora a explosão. A mais forte explosão dos últimos tempos que destruiu Beirute. Foi devastador assistir na TV. O mundo ficou estarrecido, em choque. Pasmo. Um cargueiro podre de velho que não tinha sequer banheiros nas cabines, como tantos que navegam nos mares do planeta, o Rhosus construído em 1986, carregado em seus porões com 2.750 toneladas de nitrato de amônio, já não aguentava mais os humores do mar, aliado aos maus tratos do armador.
O navio saíra da Georgia, e navegava para a Moçambique, África, quando o armador dono da empresa Teto Shipping Ltd, com sede nas Ilhas Marshal, o russo Igor Grechushkin morador da cidade de Khabarovsk, decretou falência e se mudou para o Chipre. Assim funcionam várias empresas de navegação. Com bandeiras ‘compradas’, como a empresa do russo, a Teto Shipping Ltd, com sede nas Ilhas Marshal. Por quê a empresa teria nome em inglês, e estaria sediada nas ilhas Marshal? Porque este setor da economia funciona assim. Armadores, à procura de menos impostos, regras trabalhistas frouxas, e menos fiscalização, registram seus navios onde acharem melhores condições. Por ‘melhores’ entenda-se ‘mais frouxas’, ou até pior que isso. Grande parte dos marinheiros que navegam pelos oceanos trabalham em regime análogo à escravidão. E as condições dos navios são para lá de precárias. Esta, a situação do Rhosus com bandeira das Ilhas Marshal, oficialmente República das Ilhas Marshall, país da Micronésia, cujos vizinhos mais próximos são Kiribati, ao sul, os Estados Federados da Micronésia, oeste, e a Ilha Wake, pertencente aos Estados Unidos, ao norte.
Enquanto o espertalhão Igor Grechushkin trocava a cidade de Khabarovsk por Chipre, o cargueiro ficou preso em Beirute de outubro de 2013 até julho do ano seguinte. Segundo o jornalista russo, Mikhail Voytenko especializado em assuntos marítimos, “o Rhosus está realmente abandonado: o proprietário não se comunica, não paga salários, não fornece suprimentos. O proprietário da carga também declarou abandono. As autoridades de Beirute não permitem que a tripulação restante saia do navio e voe para casa.” Este foi o início da tragédia do Líbano. Ela teve seu começo no mar, num navio de bandeira ‘comprada’ como outros milhares, inclusive vários que vêm ao Brasil entre outros países. Ainda segundo o jornalista Mikhail Voytenko, “devido aos riscos associados à retenção de nitrato de amônio a bordo, as autoridades portuárias descarregaram a carga nos armazéns do porto de Beirute.” “O navio e a carga permanecem ali até o momento, aguardando leilão e / ou destinação adequada, disse o escritório de advocacia com sede em Beirute em comunicado. A transferência foi feita em outubro de 2015.”
A partir do desembarque da carga, piorou. Começou o processo de negligência das autoridades portuárias de Beirute. E como tudo que é ruim pode sempre piorar, foram seis anos de negligência! Formava-se a tempestade perfeita que iniciou sua sinistra carreira no porão de um navio podre que ía da Georgia para Moçambique. Beirute teve a falta de sorte de estar no trajeto. E a população libanesa, assolada por uma enxurrada de problemas, sequer sabia que ali, naqueles armazéns, estava estocada e sem controle uma carga que poderia destruir uma cidade. A cidade deles, a ‘Paris do Oriente Médio’, uma emblemática cidade que apaixona quem quer que a conheça, basta ler qualquer matéria na imprensa de jornalista que lá esteve. Aparentemente um incêndio irrompeu próximo ao armazém. De lá, o fogo contaminou outro, onde estava a carga perigosa. Beirute acordou com uma terrível explosão, precedida por enorme deslocamento de ar. Até o momento em que este post foi escrito o número oficial de mortos havia subido para 137, com mais de 5 mil pessoas feridas e quilômetros de entulho ainda cobrindo a área ao redor do epicentro da explosão no porto de Beirute. Simplesmente 10% da população, ou 250 mil pessoas, ficou desalojada. Suas casas e prédios ruíram como se fossem feitas de cartas de baralho.” [Folha]
Vale ler na íntegra.
__/\/\/\/\/\/\__
12. Um Trump Muito Louco
Do Nelson de Sá:
“Da Associated Press, por New York Times e outros, com foto do embaixador Todd Chapman ao lado de Jair Bolsonaro, “Enviado de Trump é próximo de líder brasileiro —alguns dizem que é próximo demais”. Lista ações recentes e confirma: “Ele pressionou o Brasil a retirar tarifas sobre o etanol [americano] citando que isso poderia influenciar o voto de Iowa nas eleições presidenciais dos EUA, de acordo com pessoa que falou à AP sob condição de anonimato”. Não é o único embaixador de Trump a chamar a atenção. Um colunista do Washington Post perfilou o novo enviado à Alemanha, Douglas Macgregor, com a chamada, no alto da home page, “Trump escolhe para embaixador um comentarista racista da Fox News que é anti-Angela Merkel”.” [Folha]

“Antes mesmo de ele começar, as manchetes alemãs já enfatizam o confronto. No financeiro Handelsblatt, “Senadores dos EUA ameaçam porto de Rügen com ‘destruição financeira'” se não cortar o suporte à construção do gasoduto com a Rússia, Nord Stream 2. É pressão de anos, de Trump e senadores republicanos próximos, como Ted Cruz —sem resultado, com o gasoduto quase pronto.”
Aham, a Europa depende da energia russa, nem fodendo a Merkel abaixará a cabeça para o Trump…
E olha a doideira:
“Ao longo da quinta, na manchete do South China Morning Post, “Moeda digital da China está mais perto, com teste em larga escala por bancos estatais”. Segundo o jornal, “o yuan digital, devido ao desafio potencial ao domínio do dólar americano”, levou o G7, que reúne EUA, Japão e outros desenvolvidos, a pautar algo semelhante, a ser discutido na próxima cúpula, ainda sem data confirmada.”
A postura do Trump nessa novela da Tik Tok é absurda:
“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (6) um decreto que proibirá em 45 dias qualquer transação com a ByteDance, proprietária chinesa da rede social TikTok. Trump citou uma “urgência nacional” em sua medida contra o aplicativo de vídeos, acusado pelo mandatário, sem provas, de espionar os usuários americanos para Pequim, em um contexto de tensões comerciais e políticas entre Estados Unidos e o gigante asiático. Nesta quinta-feira (6), o jornal Financial Times noticiou que a Microsoft estava procurando um acordo para adquirir todas as operações mundiais do TikTok, incluindo operações do app de vídeos na Índia e Europa, de acordo com cinco pessoas informadas sobre as negociações. O TikTok é propriedade da ByteDance, companhia de internet chinesa avaliada em US$ 100 bilhões. Isso provocou uma investigação do app, e autoridades do governo Trump disseram que temem que ele constitua uma ameaça à segurança nacional. Wang Wenbin, porta-voz do ministério das relações exteriores da China, disse em entrevista coletiva nesta sexta que o país se opõe firmemente ao decreto de Trump e promete defender os direitos e interesses de empresas chinesas. Após o anúncio de Trump, as bolsas da China registraram queda. O índice CSI300, que reúne as bolsas de Xangai e Shenzen, caiu 1,7% até o fim da manhã no horário local. Já o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,5% no período. ” [Folha]
__/\/\/\/\/\/\__
>>>> Brasil-sil-sil! “O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitará na manhã desta sexta (7) a ponte dos Barreiros, em São Vicente (SP), cuja reforma contará com R$ 48 milhões do governo federal. Como mostrou a Folha, a decisão de investir na obra veio após solicitação do irmão, Renato, que foi convencido por políticos da região a telefonar para o presidente e apresentar o projeto. Bolsonaro se animou com o projeto após enxergar oportunidade política, relatam: o governador João Doria (PSDB) vinha sendo cobrado para fazer a obra. Antes do evento, marcado para as 10h, Bolsonaro deverá se encontrar com o ex-governador Márcio França (PSB), influente na região e também desafeto de Doria. “Bolsonaro foi muito ágil nessa questão da ponte, com a ajuda do irmão dele. E o Doria aprendeu uma lição: há questões que transcendem as ideologias políticas”, diz França, pré-candidato a prefeito de SP. Distante ideologicamente de Bolsonaro, o socialista tem se aproximado do presidente e apontado pontos que vê em comum: a “sinceridade” e o antagonismo com o atual governador de São Paulo.” [Folha] Quem diria, Márcio “Cuba” se aproximando do Bolsonaro…
>>>> Brasil-sil-sil, parte 2! “Mais de três meses após a exoneração de Maurício Valeixo, a Polícia Federal colocou nesta quarta (5) a foto do delegado na galeria de diretores-gerais do órgão. O evento foi marcado por um encontro virtual inusitado: os cinco últimos diretores participaram da cerimônia, a convite do atual, Rolando de Souza. Entre eles, ao vivo da Itália, Fernando Segovia, que ficou apenas três meses no cargo, acusado de tentar proteger o ex-presidente Michel Temer, que era alvo de um inquérito sobre corrupção no porto de Santos.” [Folha]
Relacionado
Nenhum comentário:
Postar um comentário