Flávio Bolsonaro deixa o prédio do Senado, em Brasília, após prestar depoimento em julho
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Do UOL, no Rio e em São Paulo
14/08/2020 08h45Atualizada em 14/08/2020 12h31
O antigo dono da loja de chocolates comprada pelo senador
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que foi ameaçado ao tentar denunciar
um esquema de notas frias no estabelecimento.
A declaração foi dada em depoimento ao MP-RJ (Ministério
Público) na investigação sobre um suposto esquema de "rachadinha" no
gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) e revelada ontem
pelo Jornal Nacional. Em nota, o senador pediu que o MP investigue a conduta de
promotores do Caso Queiroz após vazamentos de informações do inquérito, mas não
comentou a denúncia.
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Flávio Bolsonaro
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Bolsonaro?
Cristiano Correia Souza e Silva vendeu a loja localizada em
um shopping da Barra da Tijuca (zona oeste carioca) para Flávio em 2015. Em seu
depoimento, Silva diz que foi informado por clientes de que a loja estaria
vendendo produtos abaixo da tabela e reportou a prática à sede da Kopenhagen. A
empresa confirmou à reportagem que a denúncia era verídica e que multou a loja
por isso.
Após a denúncia ser noticiada na época, Silva relatou que
ele e a mulher começaram a sofrer ameaças por parte do sócio do senador na
loja, Alexandre Ferreira Dias Santini --que o MP suspeita ser um laranja.
Silva contou que, no dia 23 de dezembro de 2016, sua mulher
recebeu uma mensagem de Santini com uma imagem de pessoas sendo enforcadas.
Eles chegaram a registrar um boletim de ocorrência, mas não levaram a denúncia
adiante por medo.
O que diz Flávio Bolsonaro
Por meio de nota de sua assessoria de imprensa, Flávio
reiterou que sofre perseguição por parte de promotores do Rio que investigam o
Caso Queiroz. O comunicado diz que eles buscam "atacar sua imagem
pública". Flávio contudo não comentou as denúncias feita ao MP sobre a
ameaça supostamente feita pelo sócio dele na loja tampouco sobre o
subfaturamento dos produtos.
"O senador Flávio Bolsonaro esclarece que a alucinação
de alguns promotores do Rio em persegui-lo é tão vergonhosa que até perderam
prazo para apresentar recursos ao STF e ao STJ de decisão que retirou a
investigação da competência deles."
O senador cobrou o procurador-geral de Justiça do MP-RJ,
Eduardo Gussem, para que a conduta de promotores seja investigada após o
vazamento de seu depoimento ao MP.
"O senador espera ainda que o procurador-geral de
Justiça do MP/RJ, Eduardo Gussem, não prevarique e instaure, imediatamente,
procedimento para apurar conduta criminosa desses poucos promotores de
injustiça por violação de sigilo profissional, uma vez que o processo deveria
correr em segredo de justiça, mas é insistentemente, trazido a público,
inviabilizando a defesa do senador dentro do devido processo legal e do contraditório",
diz a nota.
A reportagem do UOL procura o MP para que se manifeste sobre
as críticas de Flávio Bolsonaro.
O UOL procurou a defesa de Santini, que informou que não se
manifestará sobre a reportagem.
MP estima que R$ 1,6 mi possam ter sido lavados em loja
Para o MP, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio preso no
Rio, recolhia parte dos salários de funcionários do gabinete de Flávio na Alerj
em suposto esquema de rachadinha. Os promotores suspeitam que parte desse
dinheiro entrou na conta bancária da loja de chocolates do ex-deputado estadual
a partir de depósitos em espécie.
O MP estima que, entre 2015 e 2018, R$ 1,6 milhão possam ter
sido lavados na loja de chocolate.
Segundo a investigação, esses recursos saíam da empresa para
os bolsos de Flávio sob a forma de uma fictícia divisão de lucros, que
desrespeitava a participação societária do político e de Santini na empresa.
Para a Promotoria, "parte dos recursos desviados da
Alerj, oriundos do esquema de 'rachadinhas', foi 'lavada' por meio da aquisição
e do funcionamento do empreendimento comercial".
Além disso, havia um percentual considerado alto de
depósitos em espécie na conta da loja. Para o MP, o estabelecimento funcionava
como "conta de passagem". "Créditos espúrios retornaram a Flávio
Bolsonaro travestidos sob a forma de distribuições de lucros fictícios",
afirmaram os promotores no pedido de buscas feito à Justiça.
Flávio Bolsonaro já negou irregularidades na loja de
chocolates e refuta a suspeita de rachadinha em seu gabinete
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