Por Luana Broni de Araújo
Aristóteles é um dos filósofos mais importantes e comentados, autor de vários livros, perpassa por diversas ideias e concepções desde a reflexão voltada para o Universo e suas diversas particularidades até chegar à construção teórica do que é o homem e suas principais características.
De todas as características humanas, uma em especial, chama atenção: zoon politkon, em tradução, o homem é um animal político. A ideia de que nascemos propensos a viver em sociedade, almejando sempre o bem comum. Tal predisposição do homem, condiciona-o à eudaimonia, ou seja, ao alcance da felicidade, da vida boa, da vida feliz.
Os homens tinham inserção na vida pública, poder de fala em assembleias. Devemos levar em consideração que naquele período, apenas cidadãos atenienses do sexo masculino tinham a oportunidade de participar da vida pública/política, delimitando o papel das mulheres à vida privada, e os escravos ao trabalho braçal. Era uma outra sociedade com recortes diferenciados.
Aristóteles nos deixou esse legado. Nos inseriu na vida política e nos compreendeu como seres políticos. Mas, na vida cotidiana, não nos encaramos dessa forma. É comum escutarmos as seguintes frases: “não gosto de política”, “não me envolvo com política”, “não discuto política”, “nenhum deles me representa”. A intensidade com que tais frases são proferidas no dia a dia, aumentam principalmente em épocas de eleições.
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O ano de 2020 trouxe consigo a ideia de que a política se faz presente em nossas vidas de forma intensificada. Todas as decisões relacionadas às medidas de proteção contra a COVID-19, o Auxílio Emergencial, o Lockdown em algumas cidades, as condições necessárias para que os profissionais de saúde pudessem trabalhar de forma adequada, tudo isso, envolve política, em todos os seus meandros.
Estamos em ano de eleição, os (as) candidatos (as) começaram suas campanhas, suas promessas, seus debates, como manda o figurino. Passamos e estamos passando por uma situação demasiadamente peculiar e isso deve ser mencionado sempre, o discurso dos candidatos diante da situação atual diz muito sobre eles. Precisaremos nos esforçar para ir além dos discursos, as atitudes também falam.
Qual o posicionamento dos (as) candidatos (as) em relação à Pandemia? Acreditam que a cloroquina é a cura? Defenderam ou defendem o isolamento social? Qual a posição deles em relação à vacina? Acreditam no número de vítimas dessa doença ou os números são frutos de uma conspiração midiática?
Precisamos e necessitamos pesquisar com afinco as propostas dos nossos candidatos e além disso, seus posicionamentos em relação a Pandemia que mudou e muda a convivência das pessoas. A influência que as figuras políticas têm não deve ser negligenciada. Pessoas seguem e acreditam muitas vezes no discurso e oratória desses candidatos, o que impacta fortemente no convívio da comunidade.
As fakes news se fazem presente no nosso dia a dia e isso prejudica em demasia a compreensão do momento delicado em que estamos vivendo. É preciso mais do que nunca de atenção, de pesquisas, de reflexão, conhecer nossos candidatos com afinco.
Discutir política é fundamental, com o intuito de acrescentar, debater, refletir. Não podemos e nem devemos negar a importância das decisões políticas em nossas vidas. A negligência a esse tema está nos custando um preço caro demais. Estamos diante de negacionistas, movimentos antivacinas, teoria da terra plana… A academia precisa retomar sua força.
A política implica em vidas e são elas que estamos perdendo.
Luana Broni de Araújo é mestre em Ciência Política (UFPA). Licenciada em Filosofia (UEPA). Professora de Filosofia em Instituições Particulares.
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