Orlando Silva, do PCdoB, um dos dois únicos candidatos pretos da disputa junto com Vera Lúcia, do PSTU, aparece também com 1%. Isso mostra como o voto útil de esquerda em Boulos minou as chances de outras candidaturas. É curioso como a candidatura de Orlando foi completamente esquecida pela esquerda da cidade. Isso talvez se deva ao fato dele ser o candidato canhoto mais crítico à hegemonia do PT dentro do campo de esquerda, tendo dado declarações que causaram incômodo entre a militância petista nas redes. É um homem de perfil moderado e conectado com as periferias da cidade. Foi ministro de Lula e um deputado federal atuante. Na minha avaliação, teve o melhor desempenho no debate entre todos os candidatos.

A direita está liderando a corrida, mas Boulos está crescendo e tem chances de chegar no segundo turno. Resta saber se a candidatura psolista terá força para a derrotar a direita num segundo turno em um ambiente eleitoral no qual o antipetismo ainda é um fenômeno vigoroso na capital paulista. Mesmo não sendo petista, Boulos se aproximou do partido nos últimos anos e sofrerá com a rejeição do partido. O fato é que a esquerda em São Paulo já mudou de cara. O PT, que por três vezes elegeu um prefeito e esteve presente em todos os segundos turnos, se vê com um inédito 1% a poucos dias da votação e sem nenhuma esperança de chegar ao segundo turno.