Puta que pariu, não fode, porra, diz presidente sobre críticas que recebe nas redes sociais. (Foto: Reprodução/Facebook/Jair Messias Bolsonaro)
por Marcelo Freire
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu críticas de apoiadores em sua live semanal nesta quinta-feira (8) e, em meio a palavrões, afirmou que pode não concorrer à reeleição em 2022 se continuar tendo uma recepção negativa.
Assim como ocorreu na última semana, quando indicou Kassio Nunes para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), Bolsonaro defendeu o desembargador e afirmou que ele não é "abortista" e nem "desarmamentista", em alusão a duas ações judiciais em que Nunes atuou no passado e que são usadas por alguns apoiadores do presidente como justificativa para as críticas.
O desembargador, que foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília), também foi apontado como "petista" por alguns apoiadores de Bolsonaro. Esse foi o discurso, por exemplo, do pastor Silas Malafaia, que fez duras críticas ao presidente pela escolha de Nunes.
Na live desta quinta, Bolsonaro confirmou a indicação do então secretário-geral da Presidência Jorge Oliveira para uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União) e começou a falar de Kassio Nunes citando seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, e considerando desistir de concorrer à reeleição em 2022.
"Se o Moro não tivesse sido um problema, hoje o pessoal estaria fazendo uma onda terrível. 'Se não tiver Moro no Supremo, não tem voto [em Bolsonaro] em 2022.' Problema teu. Eu não sei ainda se vou ser candidato. Se eu estiver bem... se eu estiver mal, estou fora. Se o pessoal continuar batendo como bate aí...", disse o presidente.
Em seguida, defendeu Kassio Nunes e disse que há outros casos de ministros e funcionários do Planalto que foram indicados ou até mesmo trabalharam em gestões do PT, mas que isso não seria necessariamente um impeditivo. Depois, voltou a atacar, chamando esses críticos de "direita burra" e "moleque fedelho cheirando a fralda".
"Não é infiltrado da esquerda não. É gente da direita burra. É moleque fedelho, cheirando a fralda ainda. Eu participei da luta armada em 1970 no Vale do Ribeira do lado do Exército Brasileiro e o pai de vocês nem tinha nascido ainda. Conheço essa turma da esquerda desde antes de o pai de vocês nascer. E agora o pessoal se dá o direito de criticar com baixaria. Se a crítica é bem-feita, parabéns, mas é com baixaria", reclamou.
Mais para o final da transmissão, Bolsonaro retomou o assunto ao dizer que seu governo combate a corrupção e subiu o tom, falando vários palavrões.
"Vejo na página do Facebook: 'Bolsonaro nunca mais, você é corrupto'. Puta que pariu, não fode, porra", disparou Bolsonaro, que pediu desculpas pelo linguajar e continuou. "Fala merda o tempo todo e não sabe o que acontece. Se eu fosse corrupto, não estaria agora fazendo live, estaria tomando um vinho de R$ 10 mil."
Ao continuar o assunto, Bolsonaro começou a defender as ações do governo federal durante a pandemia do coronavírus, citando a hidroxicloroquina como uma medicação que deveria ter sido usada no tratamento da covid-19, apesar de a substância não contar com aprovação científica, e atacando governadores e políticos rivais que aplicaram medidas de isolamento social.
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Ao defender a cloroquina, Bolsonaro chamou o médico infectologista David Uip, secretário de Saúde de São Paulo, de "cara-de-pau" por não ter revelado que utilizou a cloroquina em seu tratamento pessoal contra a covid-19, ainda no mês de março. "Vai plantar cebola, porra! Se comeu [sic] o negócio e deu certo, é tua obrigação de falar 'olha, tomei isso aqui'. E depois apareceu a receita. Olha que cara-de-pau. Tomou a cloroquina."
No fim, o presidente atacou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, seu antigo aliado, e voltou a falar palavrões ao criticar as medidas de isolamento social.
"E o nosso ministro garoto-propaganda e marqueteiro da Globo Henrique Mandetta falava o quê? Fica em casa, quando estiver [com] falta de ar, estiver fodido, vai para o hospital", disparou Bolsonaro.
Lava Jato continua para "demais órgãos", diz presidente
Bolsonaro também usou parte da transmissão para falar sobre seu próprio comentário de que a Operação Lava Jato "acabou porque não tem corrupção no governo". O presidente fez a afirmação na quarta-feira (7), no Palácio do Planalto.
Segundo ele, a era uma "figura de linguagem" e quem não entendeu "ou está desinformado ou está com dor de cotovelo". "Não tem uma notícia de corrupção no governo, então a Lava Jato, para nós, não tem finalidade, graças a Deus. Mas para os demais órgãos do Brasil, vai continuar normalmente", declarou o presidente.
"Um ano e dez meses sem corrupção no governo. Eu sei que é obrigação. Mas no passado você não tinha isso", disse Bolsonaro, afirmando que as gestões anteriores tinham diretorias "loteadas por partido político".
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