domingo, 26 de julho de 2020

Que nome se dá a quem persegue antifascistas?

Taí o episódio de ONTEM:
Os episódios você ouve lá na Central3.
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1. Vai dar Merda

Do Rubens Valente – ler essa matéria meses depois do golpe boliviano é uma onda muito, muito errada.
“O Ministério da Justiça colocou em prática em junho uma ação sigilosa sobre um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários, um dos quais ex-secretário nacional de direitos humanos e atual relator da ONU sobre direitos humanos na Síria, todos críticos do governo de Jair Bolsonaro.” [UOL]
Anti-fascismo nessa bad trip escrota virou sinônimo de terrorismo, só isso basta pra ver o quão fodido estamos.
“O ministério produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas. A atividade contra os antifascistas, conforme documentos aos quais o UOL teve acesso, é realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas), uma das cinco secretarias subordinadas ao ministro André Mendonça. A secretaria é dirigida por um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e tem uma Diretoria de Inteligência chefiada por um servidor com formação militar – ambos foram nomeados em maio por Mendonça.”
O ministro terrivelmente evangélico está cumprindo à risca os desejos presidenciais, isso ninguém pode negar,
Se lembra do Bolsonaro reclamando dos seus canais de inteligência naquela fatídia reunião, dizendo que sua “inteligência pessoal” funcionava melhor? Eles fez uma mudanças no desenho do sistema de inteligência e essa é uma delas:
“Investida das atribuições de serviço de “inteligência” por um decreto do presidente Jair Bolsonaro, o de nº 9.662 de 1º de janeiro de 2019, a Seopi não submete todos os seus relatórios a um acompanhamento judicial. Assim, vem agindo nos mesmos moldes dos outros órgãos que realizam normalmente há anos o trabalho de inteligência no governo, como o CIE (Centro de Inteligência do Exército) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Procurado pelo UOL, o ministério afirmou que integra o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) e que a inteligência na segurança pública faz “ações especializadas” com o objetivo de “subsidiar decisões que visem ações de prevenção, neutralização e repressão de atos criminosos de qualquer natureza que atentem contra a ordem pública, a incolumidade das pessoas e o patrimônio.”
De “QUALQUER NATUREZA“, vale tudo.
“Além da PF e do CIE, o documento produzido pelo Ministério da Justiça foi endereçado a vários órgãos públicos, como Polícia Rodoviária Federal, a Casa Civil da Presidência da República, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a Força Nacional e três “centros de inteligência” vinculados à Seopi no Sul, Norte e Nordeste do país. Os centros funcionam como pontos de reunião e intercâmbio de informações entre o Ministério da Justiça e policiais civis e militares que são recrutados pelo ministério. Assim, o dossiê do Ministério da Justiça se espalhou pelas administrações públicas federal e estaduais e não se sabe a consequência dessa disseminação. Pode ser usado, por exemplo, como subsídio para perseguições políticas dentro dos órgãos públicos.”
Os caras do Seopi tavam investigando perigosíssimos policiais anti-fascistas, porra!
“Na primeira quinzena de junho, a Seopi produziu um relatório sobre o assunto “Ações de Grupos Antifa e Policiais Antifascismo”. O relatório foi confeccionado poucos dias depois da divulgação, no dia 5 de junho, de um manifesto intitulado “Policiais antifascismo em defesa da democracia popular”, subscrito por 503 servidores da área de segurança, aposentados e na ativa, incluindo policiais civis e militares, penais, rodoviários, peritos criminais, papiloscopistas, escrivães, bombeiros e guardas municipais. No manifesto, o movimento se diz suprapartidário e denuncia um “projeto de neutralização dos movimentos populares de resistência, propondo uma “aliança popular antifascismo”. Segundo o manifesto, o movimento deveria ter participação de sindicatos, entidades de classe, movimentos populares, estudantes, artistas e outros. O documento pede ainda uma reação “às ameaças civis-militares de ruptura institucional”.
O manifesto foi usado pelo Ministério da Justiça para embasar a apuração sobre os servidores, mas não foi o único argumento. Em 31 de maio, protestos antifascistas ocorreram em capitais como São Paulo e Curitiba. Os protestos foram alvo de um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia 5 de junho, mesmo dia do manifesto dos policiais antifascistas. Ele discursou numa solenidade em Águas Lindas (GO) contra “grupos de marginais, terroristas, querendo se movimentar para quebrar o Brasil”. O relatório do Ministério da Justiça foi produzido menos de uma semana depois das declarações de Bolsonaro. Após citar os protestos de 31 de maio, o relatório afirma: “Verificamos alguns policiais formadores de opinião que apresentam número elevado de seguidores em suas redes sociais, os quais disseminam símbolos e ideologia antifascistas”.”
Que nome se dá a quem investiga anti-fascistas?
Sim, fascistas!
Bolsonaro deu o papo e a Seopi foi investigar, caralho, se fosse a Seopi subsidiando a paranóia presidencial já seria absurdo, mas quando o presidente é que encaminha alguma denúncia de whatsapp para os caras inestigarem, ah, aí é o cúmulo do absurdo. E tem quem acredite na pax presidencial.
“A Seopi somou as assinaturas dos dois manifestos e montou um anexo, em tabela de arquivo Excel, com uma “relação de servidores da área de segurança pública identificados como mais atuantes”. Os 579 nomes foram divididos por estado da federação. Além desse anexo, a Seopi incluiu os dois manifestos, de 2016 e 2020, uma série de “notícias relacionadas a policiais antifascismo” e cópias em PDF do livro “Antifa – o manual antifascista”, do professor de história Mark Bray, e de um certo “manual de terrorismo BR”. Encontrado na internet e escrito em linguagem adolescente, esse “manual” diz ter receitas para fabricação de bombas caseiras e atos de “anarquia”. A Seopi não faz qualquer explicação que permita ligar esse “manual” aos antifascistas. Não há registro de que “antifas” tenham participado de qualquer ato terrorista em território nacional.
O relatório do Ministério da Justiça diz que “além desses servidores foi possível identificar alguns formadores de opinião, professores, juristas e o atual secretário de estado de articulação da cidadania do Pará [sic], defensores desse movimento”. Os alvos, todos acompanhados de fotografias, são os professores universitários Paulo Sérgio Pinheiro (integrante da Comissão Arns de direitos humanos, presidente da comissão independente internacional da ONU sobre a República Árabe da Síria desde 2011, com sede em Genebra, nomeado pelo conselho de direitos humanos da ONU, ex-secretário nacional de direitos humanos no governo de FHC e ex-integrante da Comissão da Verdade); Luiz Eduardo Soares (cientista político, secretário nacional de Segurança Pública no primeiro governo Lula e co-autor do livro “Elite da Tropa” [Objetiva, 2006]); e Ricardo Balestreri (secretário estadual de Articulação da Cidadania do governo do Pará e ex-presidente da Anistia Internacional no Brasil). Há também um quarto nome da academia, Alex Agra Ramos, bacharel em ciências políticas na Bahia.”
Porra, pra esse pessoal aí isso é prêmio, hein.
“No relatório, a Seopi cita como “destaque na mídia” uma entrevista concedida por Pinheiro ao UOL em fevereiro de 2019 intitulada “Discurso violento de líderes cria clima de ‘liberou geral'”. Curiosamente, ao longo da entrevista Pinheiro sequer menciona as palavras fascismo, antifascismo ou antifascistas nem associa Bolsonaro e o governo a nada parecido. Sobre Soares, a Seopi destacou um texto intitulado “apelo à unidade antifascista”, na qual ele fala em “ameaças seguidas de golpe por parte do garimpeiro genocida do Planalto” e vê o “avanço do fascismo”. Ele pede que a esquerda se una em torno da “ameaça”. No seu relatório, a Seopi reproduziu ainda a página de Balestreri no Facebook e uma foto do secretário.”
E o canário da mina tombou faz tempo:
“Dois policiais civis entrevistados pela coluna que integram o “movimento de policiais antifascismo”, Luiz Felipe de Oliveira Teixeira, 57, do Rio Grande do Sul, e Pedro Paulo Chaves, 34, do Rio Grande do Norte, disseram que agentes da segurança pública já vinham sofrendo retaliações mesmo antes do relatório da Seopi. Em abril, um promotor de Justiça de Natal pediu a abertura de um inquérito após Chaves dizer num vídeo que eles iriam investigar a quebra da estratégia do isolamento social durante a pandemia por manifestantes pró-Bolsonaro que organizaram carreatas nas ruas de Natal e Mossoró. Teixeira disse que, no Rio Grande do Sul, policiais que integram o movimento antifascista passam a ser preteridos em algumas operações, deixando de receber diárias de viagem. Além disso, comentários dos antifascistas em redes sociais podem render processos administrativos disciplinares.”
O sigilo do relatório que vazou era de… CEM anos!
“Para contornar a LAI (Lei de Acesso à Informação), a Seopi carimbou os documentos sobre os antifascistas como “de acesso restrito”. A LAI prevê três tipos de sigilo sobre uma informação produzida pelo Executivo: ultrassecreto (que deverá ser divulgada num prazo máximo de 25 anos), secreto (15 anos) e reservado (cinco anos). Uma única menção a “acesso restrito” aparece na lei e no decreto que a regulamentou, o de número 7724/2012, no ponto que trata de “informações pessoais”. O artigo 55 do decreto diz que informações relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem terão “acesso restrito a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que se referirem, independentemente de classificação de sigilo, pelo máximo de cem anos”. Ou seja, segundo o critério adotado pela Seopi as informações que produziu só poderiam ser conhecidas daqui a um século.”
André Mendonça foi procurado e devia estar muito ocupado para responder as perguntas e soltou uma nota sonolenta, que nada explica. Significa.
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2. 2022

Em 2016, ainda na campanha, Trump disse que poderia matar alguém em plena quinta avenida e nada lhe aconteceria. O mesmo parece valer para Bolsonaro, que tentou implodir de todas as formas sua base de apoio e falhou miseravelmente:
“O governo Jair Bolsonaro passou nos últimos três meses por uma tempestade política perfeita. À crise inaugurada pela pandemia do novo coronavírus, menosprezada pelo presidente desde o início, somaram-se a conturbada demissão de seu ministro mais popular, Sergio Moro, duas trocas no Ministério da Saúde, a abertura de um inquérito para apurar interferência política na Polícia Federal, a divulgação em vídeo de uma escabrosa reunião de seu gabinete, o cerco a bolsonaristas radicais em duas investigações do Supremo, a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em uma casa do advogado de Bolsonaro, o diagnóstico de Covid-19 do chefe do Executivo e o saldo nefasto de mais de 80 000 mortos pela doença. Mesmo em meio a dificuldades sérias, que poderiam estraçalhar a popularidade de inúmeros políticos, Bolsonaro segue firme, mostrando mais uma vez que é um fenômeno político. Se a disputa presidencial fosse hoje, ele seria reeleito. Essa é uma das principais conclusões de um levantamento exclusivo realizado pelo instituto Paraná Pesquisas entre os dias 18 e 21 de julho.” [Veja]
Sim, eu sei que é Paraná Pesquisas, mas isso tá em linha com as demais pesquisas de aprovação do governo.  E não vou ser daqueles que só se empolga com pesquisa que bate com a minha torcida, né?
“Mesmo sendo um mandatário controverso à frente de um país dividido em relação ao seu governo, Bolsonaro lidera todos os cenários de primeiro turno — com porcentuais que vão de 27,5% a 30,7% — e derrotaria os seis potenciais adversários em um segundo round da corrida ao Planalto em 2022: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), o ex-governador Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro Sergio Moro, o governador paulista João Doria (PSDB) e o apresentador Luciano Huck.”
Tenho muitas dúvidas desse papo dele ganhar o sgundo turno de todo mundo, contra a esquerda ok, probabilíssimo, mas pra direita também?! Com um discurso liberal, com apoio da imprensa e do mercado?! Eu truco.
“Um feito impressionante, considerando-se que, segundo a mesma pesquisa, 48,1% dos brasileiros desaprovam a sua gestão (eram 51,7% no fim de abril) e 38% consideram ruim ou péssimo o seu trabalho (eram 39,4%). Comparada a um levantamento anterior da Paraná Pesquisas, de três meses atrás, a aprovação oscilou positivamente de 44% para 47,1%, enquanto o contingente que considera seu mandato ótimo ou bom foi de 31,8% para 34,3%, variação acima da margem de erro de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.”
E não há nenhuma estranheza aí, digamos que pra muita gente que desaprova o governo Bolsonaro é o menos pior.
“Entre os possíveis nomes de centro-direita, quem aparece melhor hoje é alguém que estava colado ao presidente até recentemente, o ex-ministro Sergio Moro.”
Centro? Moro é centro-direita e, acredite, Huck e Doria são tratados como Centro!
“Nas disputas de segundo turno, depois do inelegível Lula, Moro é quem mais se aproxima de Bolsonaro (44,7% contra 35%). Nas de primeiro turno, ele termina em segundo lugar, quando o candidato do PT é Fernando Haddad e em terceiro, mas não longe, quando é incluído o nome de Lula (veja os quadros). Visto como um ícone na batalha anticorrupção, Moro apresenta potencial de crescimento numa faixa hoje ocupada por Bolsonaro, mas que pode ser conquistada se as revelações do caso Fabrício Queiroz tisnarem de vez a imagem do presidente em relação ao cuidado com o dinheiro público. Essa ameaça de Moro já entrou no radar do bolsonarismo nas redes sociais e em manifestações de rua, que o elegeram como novo integrante do hall de “traidores da pátria”. O ponto negativo de Moro como alternativa a Bolsonaro é que, em razão de sua atuação como juiz, marcadamente contra Lula e o PT, ele dificilmente vai aglutinar apoios da esquerda. Outro dado dificultador é que ninguém sabe ao certo quais são as posições econômicas defendidas pelo ex-ministro.”
O que me leva a essa matéria da Folha:
“As recentes ações da Polícia Federal levantaram suspeitas entre políticos e no mundo jurídico de que as supostas pressões de Jair Bolsonaro sobre a corporação não teriam por objetivo apenas proteger familiares e amigos do presidente, mas também enfraquecer adversários. Desconfianças à parte, fato é que a nova onda de arrochos sobre a “velha política”, governadores e prefeitos pode dar uma lustrada na imagem de “outsider” do presidente e passar uma massa corrida nas avarias provocadas por Sérgio Moro em seu discurso de combate à corrupção.” [Folha]
Some à equação o Aras recolhendo todos os dados das lava-jato em Rj, SP e Curitiba.
“Quem enxerga longe já vê Bolsonaro em marcha pela reeleição. O plano, entre outros pontos, inclui pisar no pescoço da Lava Jato de um lado, enquanto, do outro, se promover como herdeiro do espólio eleitoral da operação. Mas e o Moro? A estratégia inclui desgastar o ex-juiz ao máximo, associando-o, inclusive, a uma ideia de seletividade na condução de seus trabalhos na Lava Jato: dizer que ele pegou Lula, mas protegeu os tucanos.”
E se alguém acha que Moro e a LJ tão de bobeira na pista, repare no tming das operações pra cima do Serra. É a vacina deles pra estratégia do Bolsonaro. E não, o Serra não é inocente, não é esse o ponto.
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3. Xô

Bolsonaro tá perdidinho, acabando com a última base que lhe resta e jurando que o Centrão lhe será fiel.
“Na tentativa de evitar derrotas no Parlamento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende fazer mais trocas nas vice-lideranças do governo no Congresso e se afastar cada vez mais do núcleo considerado radical do bolsonarismo. Nesta quarta (22), o presidente destituiu a deputada Bia Kicis (PSL-DF) do cargo de vice-líder do governo no Congresso depois de ela ter votado contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tornou permanente o Fundeb e, assim, descumprido a orientação de Bolsonaro. ” [Folha]
“A ideia, segundo auxiliares palacianos, é trocar outros nomes que não votam tão alinhados ao Planalto ou que não defendem o presidente publicamente e ampliar ainda mais o espaço do centrão nessas funções.”
Ué, se tem algo que a Bia Kicis faz é alinhamento irrestrito ao presidente, em votações e em público.
E lembra do Filipe Martins dizendo que Boslonaro precisava de sua base mais fiel?
“Em paralelo, diante de um baixo crescimento econômico e da perda de apoio nas redes sociais, fatores avaliados como preocupantes para a sua campanha eleitoral, Bolsonaro abandonou postura agressiva e tem se afastado de aliados de primeira hora, identificados com o núcleo ideológico. A avaliação do presidente, manifestada por assessores palacianos, é que o discurso incisivo de assessores e deputados olavistas, ligados ao escritor Olavo de Carvalho, tem atrapalhado a pauta governista e gerado ruídos com o Poder Legislativo.”
“​Apesar de ter se afastado do grupo ideológico, o presidente não pretende romper com ele ou esvaziar radicalmente seu espaço no governo federal.​”
Entendeu? Bolsonaro quer o melhor dos dois mundos
“Desde abril, Bolsonaro começou a esboçar mudanças na máquina pública para acomodar indicados do centrão, como em cargos de segundo escalão e lideranças do governo, e passou a priorizar os conselhos da cúpula militar e do núcleo econômico. O presidente tem, por exemplo, levado mais em consideração a opinião dos ministros Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa) e Fábio Faria (Comunicações).”
Peercebeu que o Ramos não tá aí no meio?  O Ramos, que t[aá puto com Guedes e Faria na articulação política paralela.
“Integrantes do centrão, como PP, Republicanos e PL, reclamam do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e dizem que de nada adianta trocar líderes e vice-líderes se não mudar o ministro.”
“Já ministros reclamam do líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), que pode ser substituído pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer (MDB).”
Bolsonaro, que não tem idade pra ser ingênuo, quer agradar todo mundo sem desegradar ninguém. Inluindo o Arthur Lira, para delírio do Maia:
“Essa mudança, embora empolgue setores do Parlamento ligados ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não agrada muito a parlamentares do núcleo duro do centrão. O líder informal desse grupo, Arthur Lira (PP-AL), já teria feito inclusive chegar a Bolsonaro a informação de que defende a permanência de Hugo e que é contra a entrada de Barros. A avaliação de aliados de Lira é que, se o correligionário assumir a liderança do governo, o deputado alagoano perderá protagonismo na articulação do governo.’ Aliados de Vitor Hugo também rebatem a provável substituição do líder dizendo que Bolsonaro replicou publicações do deputado em suas redes sociais nesta quinta, endossando seu aliado.”
Sim, com uma foto dos dois pratiando tiro ao alvo e o Major, orgulhoso, apontando para o fundo da bala. Eu juro que ele postou isso.
“Na noite desta quinta (23), Bolsonaro voltou a prestigiar Vitor Hugo, que acompanhou do Palácio da Alvorada a live semanal do presidente. Em tom de brincadeira, Bolsonaro se referiu às publicações da imprensa que indicam a insatisfação de auxiliares presidenciais com o desempenho do deputado e sua possível saída do posto. “Agora há pouco fiquei sabendo que ele [Vitor Hugo] tinha sido demitido da liderança”, ironizou Bolsonaro.”
Não lembro quem foi que falou que o governo se divide em facções, que brigam umas com as outras:
“Apesar da tentativa de buscar uma base no Congresso, o trabalho do centrão ainda não agradou uma ala do governo. A equipe econômica critica Ramos e os parlamentares. Integrantes do time de Paulo Guedes reclamam que a Economia teve de ceder na votação do Fundeb para os anseios dos parlamentares. A intenção do Planalto era vincular uma parte da verba do fundo a um programa de transferência de renda. A maioria do Congresso, no entanto, não cedeu. Do outro lado, deputados bolsonaristas acusam os membros do time de Guedes de inábeis e dizem que, no caso do Fundeb, eles entraram tarde e com uma péssima proposta para negociar.”
E quem se fode nessa é o novo partido presidencial – e quem ganha é o… Bob Jeff!
“Com a irritação do presidente com deputados federais do PSL que votaram contra a renovação do Fundeb, uma parcela da sigla tem avaliado desistir de se filiar ao Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta viabilizar para 2022. Um dos caminhos cogitado é o PTB, de Roberto Jefferson. “Eu estou de coração e portas abertas para receber todos eles”, disse Jefferson à Folha.​”
Encerro com Bruno Boghossian:
“Primeiro, o governo abandonou a bravata eleitoral e distribuiu cargos aos parlamentares dessas legendas. Agora, planeja terceirizar oficialmente as negociações no Congresso para os deputados desse grupo. O resultado das piruetas políticas será determinante para o futuro do governo. No passado, Bolsonaro já simulou outras correções de rumo, mas sempre acabou retornando ao bolsonarismo autêntico.” [Folha]
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4. Malditos e criminosos milicos

Algumas atas do ministério do Doutor Pazuello viram a luz do sol e os generais nada mais são que criminosos:
“Após descumprir promessas de entregas de testes de diagnóstico, leitos de UTI, respiradores e equipamentos para proteção individual, o Ministério da Saúde mudou a orientação sobre compras contra a covid-19, transferindo a responsabilidade para Estados e municípios em pleno avanço da pandemia. A guinada de discurso foi registrada em ata de reunião do Centro de Operações de Emergência (COE) do ministério de 17 de junho, já sob a gestão interina do general Eduardo Pazuello. O documento sugere “deixar claro” que o ministério “não tem a responsabilidade de fornecer respiradores e EPI (equipamentos para proteção individual)”. “Isso ocorreu devido a atual conjuntura da emergência de a falta de atendimento no mercado, porém hoje já estamos com um panorama mais estabilizado possibilitando aos Estados usarem suas verbas destinadas a esta emergência para aquisição”, registra a ata.
A ata da reunião de 17 de junho não diz de quem partiu a fala sobre mudar o discurso para compras, mas o Estadão apurou que a orientação é de auxiliares de Pazuello. A composição dos encontros do COE varia. Além de técnicos da Saúde, já participaram representantes da Casa Civil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entre outros. O órgão serve para orientar o ministro da Saúde sobre ações na pandemia e já alertou sobre benefícios do isolamento, falta de medicamentos para UTI e sobras de cloroquina, como revelou o Estadão. Na reunião, representantes da Saúde ainda afirmam que o governo federal precisava ser “reativo” e atender imediatamente locais mais impactados no começo da pandemia, mas que a ideia “neste segundo momento” é “estruturar onde ainda não aconteceu levando em consideração capacidade de compra e logística.” Auxiliares de Pazuello pediram também atenção “especial” em contratações extraordinárias, para evitar “tantos problemas na hora da compra por erros nos editais”. “Verificar com o solicitante se a demanda está de acordo com sua real necessidade e capacidade para uso de imediato. Fazer um check list do pedido para entender qual a urgência da situação no momento, se isto vai realmente salvar vidas naquele momento”, orienta ainda o COE.” [Estadão]
Repare no absurdo:
“Representantes de Estados e municípios queixam-se de que o Ministério da Saúde, além de descumprir promessas de compras, não coordenou a aquisição nacional de insumos estratégicos, como medicamentos usados em UTI para sedar e intubar pacientes graves.
Porra, esse governo liberalóide é incapaz de entendr que a melhor forma de compra é com escala, comprar uma quantidade grande por um preço menor, mas por alguans motivos eles querem que estados e municípios, que não estão acostumadas a fazer esse tipo de compra, se virem. E ai se alguém comprar respirador com sobre-preço.
“Para o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e primeiro presidente da Anvisa, o médico Gonzalo Vecina, o ministério deveria liderar as aquisições na crise. “A política de compra, de garantia de estoque regulador, ou mesmo de tentar importar produto, é do governo federal. O ministério importa com um ‘pé nas costas’. Já para um Estado ou município, comprar na pandemia é um desastre”, disse. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirma que, no começo da pandemia, o ministério “chamou para si” a responsabilidade de distribuição de respiradores. Os Estados “montaram seus leitos de UTI certos de que receberiam aqueles equipamentos, o que não se concretizou”, diz a entidade em nota. O Conass afirma que muitos Estados e municípios tiveram de arcar com compras emergenciais após o governo não cumprir com o prometido. O mesmo ocorreu com máscaras, luvas e outros equipamentos de proteção, diz o Conass. “É necessário atentar para o fato de que o mercado está desregulado com o consumo exagerado em escala mundial, exigindo ações coordenadas e efetivas.”
O Ministério da Saúde chegou a prometer a entrega de 3 mil kits para instalação de leitos de UTIs. Somente 540 foram enviados. Após licitações fracassadas, a pasta desistiu de novos contratos. A pasta lançou em 6 de maio e relançou em 24 de junho o programa Diagnosticar para Cuidar, com praticamente a mesma meta de entrega de testes para a covid-19: cerca de 46 milhões, sendo 24 milhões do tipo RT-PCR, mais preciso e que detecta a presença do vírus, e 22 milhões de exames sorológicos (rápidos), que encontram anticorpos para a doença. Mesmo após reciclar o programa, no entanto, o governo entregou cerca de 20% dos testes RT-PCR e 34% dos modelos sorológicos prometidos.”
Mas Jair não tem nada a ver com isso, tá ok?!
“O presidente Jair Bolsonaro afirma, desde o começo da pandemia, que o governo federal já fez a sua parte para conter a doença ao enviar recursos para a saúde a Estados e municípios. “Vocês não vão botar no meu colo essa conta. O que nós, do governo federal, fizemos desde o começo: é liberar recursos para saúde. E também criar aquele benefício emergencial”, disse em 29 de abril.”
E tem mais ata fodendo o governo:
“Ata do Comitê de Operações de Emergência (COE) do Ministério da Saúde mostra uma orientação para não divulgar informações sobre escassez de insumos e medicamentos.” [O GLobo]
E repare quando se deu essa discussão:
“A omissão desses dados foi discutida e recomendada em reunião no dia 29 de maio,quando o general Eduardo Pazuello já estava no comando da pasta e cinco dias antes do estopim da crise envolvendo a falta de transparência do ministério em relação ao número de casos e óbitos por covid-19. O documento aponta que, na época, havia 267 insumos com risco de desabastecimento, dos quais muitos tinham origem fora do país. O Comitê aponta então a necessidade de fazer um chamamento junto às empresas para que relatem quais produtos estariam em falta. A ata sobre a reunião traz ainda a orientação: “IMPORTANTE: Não fazer divulgação dos dados”.”
Ligue os macabros pontos aí. Ontem saiu por aqui uma matéria dando conta que Pazzuelo sabotou o isolamento mesmo sendo alertado que isso salvaria centenas de milhares de vidas. Seu chefe sabta até o uso de máscaras. Isso leva mais pessoas às UTIs que estao sem produtos básicos para o tratamento intensivo.
“O GLOBO procurou o Ministério da Saúde para questionar o órgão sobre a orientação de não divulgação dos dados, mas até o momento não obteve resposta.”
E nem vai ter.
“Técnicos que fazem parte de um comitê de emergência criado para assessorar o Ministério da Saúde em decisões sobre o novo coronavírus alertaram sobre o risco de o governo ficar com estoques parados de cloroquina. No início de julho, o governo federal tinha uma reserva de 4.019.500 comprimidos do medicamento—pouco abaixo do total que já havia sido distribuído, de 4.374.000 até aquele momento. Em uma reunião no dia 25 de maio, momento em que o ministério negociava a vinda de ao menos três toneladas de insumos para serem trazidos ao Brasil para produção do medicamento, os técnicos alertaram para o risco de estoque parado. “Devido a atual situação não é aconselhável trazer uma quantidade muito grande, pois caso o protocolo venha a mudar, podemos ficar com um número em estoque parado para prestar contas”, diz documento que registra o encontro, obtido pela Folha. O total parado em estoque, no entanto, poderia ser ainda maior, já que alguns estados não quiseram receber o medicamento. “Com isso, ficou em estoque para devolução 1.456.616, estamos aguardando maiores definições para proceder ou não com o recolhimento”, aponta o registro do encontro.” [Folha]
Repare no amadorismo:
“O mesmo documento diz que novas distribuições de cloroquina estariam previstas entre julho e agosto, mas não traz previsão de locais ou quantidades.”
“O histórico das reuniões dos técnicos do Ministério da Saúde também mostra que algumas mudanças nas orientações para ampliação da oferta da cloroquina foram apenas comunicadas ao comitê por alguns membros do ministério, sem que técnicos tivessem poder de decisão sobre as medidas. No dia 9 de junho, por exemplo, representantes da secretaria de gestão do trabalho e educação em saúde apresentaram a proposta de oferta de cloroquina também para crianças e gestantes, na contramão do recomendado por parte das entidades do setor. “Foi pontuado que os técnicos do COE fazem sugestões, mas não tem chancela administrativa sobre o documento. Ele é apresentado apenas para ciência deste COE”, informa a ata. Dias antes, atas de reunião já orientavam que demandas sobre a cloroquina enviadas pelos municípios fossem enviadas à secretaria –a qual, na prática, não compete fazer análise de medicamentos, mas sim de organizar ações de capacitação e apoio a profissionais de saúde. No mesmo dia em que alertou sobre o risco de ter estoques parados da cloroquina, ainda em maio, o comitê também citou, pela primeira vez, a escassez de medicamentos sedativos e analgésicos usados para intubação de pacientes em UTIs, apontando necessidade de reunião com a Casa Civil. ​ Medidas, porém, foram anunciadas apenas em junho. Em reunião, também houve uma orientação para que os dados sobre a escassez não fossem divulgados.”
E o Brasil, diplomaticamente, não existe.
“Na Bloomberg e por agências como Reuters e Xinhua, além de diversos jornais do México à Argentina, “China fornece US$ 1 bilhão de crédito para o acesso a vacinas na América Latina”. Foi em videoconferência “copresidida” pelos chanceleres mexicano, Marcelo Ebrard, e chinês, Wang Yi —e com vários outros ministros, de países como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Peru e Uruguai. “A vacina tem que estar acessível a todos”, disse o argentino Felipe Solá à agência Telám após a reunião. Abaixo, imagem no canal chinês CGTN. “Estava ausente o Brasil, o mais afetado na região”, anotou a Bloomberg. “O gabinete de Jair Bolsonaro e os ministérios das Relações Exteriores e da Saúde do país não responderam aos pedidos de comentário.”” [Folha]
Pra vacina o dinheiro chinês não serve, mas…
“Dois dias antes, por agências como Reuters, Xinhua e a russa Sputnik, “Banco dos Brics empresta US$ 1 bilhão ao Brasil para amenizar choque econômico da Covid”. Mais precisamente, para “assegurar uma robusta resposta fiscal”. No caso, com o Brasil presente. A instituição, sediada em Xangai e com participação paritária dos sócios (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), passou a ser comandada há duas semanas por Marcos Troyjo, indicado pelo ministro Paulo Guedes. Será o presidente pelos próximos cinco anos.”
Guedes indicando presidente do BRICS, que bad trip escrota! E Abraham no Banco Mundial, não dá um ano e o multilateralismo vira uma distante lembrança.
Enquanto isso, o charlatão do Palácio faz das suas charlatanices habituais…
“Um estudo promovido por 55 hospitais brasileiros testou o desempenho da cloroquina no tratamento da Covid-19. Os médicos acompanharam 667 pacientes em estágio leve ou moderado da doença. A conclusão foi a mesma de pesquisas já feitas no exterior: a droga é ineficaz no combate ao coronavírus. E ainda pode provocar efeitos adversos, como arritmia cardíaca. O relatório da Coalizão Covid-19 Brasil foi divulgado nesta quinta, com ampla repercussão na imprensa. Poucas horas depois, Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo no Palácio da Alvorada. Diante de milhares de seguidores, o presidente voltou a exibir uma caixinha do remédio. “Enquanto não tem um medicamento claro para atacar o problema, é válido esse aqui”, afirmou.” [O Globo]
E Bolsonaro insiste nesse papo de chuva:
“Jair Bolsonaro fez das suas no Whatsapp ontem. Enviou a um grupo de aliados uma reportagem sobre a previsão feita por cientistas britânicos de que a pandemia pode durar anos. A matéria vinha acompanhada de um texto em tópicos. Um deles trata a contaminação por Covid-19 como uma questão de tempo. Diz a mensagem compartilhada por Bolsonaro: — O vírus é como uma chuva, você vai se molhar, é uma questão de tempo. Ficaremos em casa para sempre? O que diz o seu governador e prefeito? Cada vez mais se prova que o Pres. Jair Bolsonaro sempre esteve certo.” [O Globo]
E infelizmente não parou por aí:
Essa foto é real, porra. E eu fiquei tão desconcertado, sem saber o que escrever, que fiz isso aqui ó:
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Vou escrever o quê sobre uma porra dessa?! Que palavras eu vou encontrar pra falar sobre essa lisergia do capitão cloroquina com a pobre ema?! Saiu ontem a porra dum amplo estudo, o mais completo feito pelas bandas de cá, mostrando que a cloroquina de nada serve e o presidente charlatão tá mostrando a caixa do remédio pra uma ema, porra, minhas sinapses se recusam a dar conta disso.
Bolsoaro tem uma cloroquina ara todos os problemas brasileiros. Uma solução tão simples quanto idiota, que NUNCA vai dar certo.
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5. Haddad e Ciro

Lula deve estar muito, muito puto com o Haddad. Delfim explanou o episódio Ciro & Haddad de 208 e Haddad foi dar a sua versão, para desespero do ex-presidente
“O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato derrotado do PT à presidência em 2018, está preocupado com a repercussão que teve a afirmação do ex-ministro Delfim Netto de que o PT traiu Ciro Gomes, viabilizando a vitória de Bolsonaro. “Me dou bem com o Delfim, é um interlocutor antigo, mas ele usou uma palavra que não faz o menor sentido. Nunca houve nenhum acordo com o Ciro para ser traído”. Haddad admite que tentou uma aproximação com o PDT, e até que propôs que Ciro aceitasse ser vice de Lula para, sendo o ex-presidente impedido de se candidatar pela Justiça eleitoral, assumir a cabeça de chapa. Mas tudo em nome pessoal, sem o aval do PT. “Houve uma aproximação, até inadvertidamente, pois não tinha autorização do PT, me reuni com o Ciro na casa do Chalita (Gabriel Chalita, ex-secretário de educação de Haddad em São Paulo) para conversar, para saber o que ele estava pensando”. No jantar, segundo relato de Haddad, Ciro dava como certo que o Lula não teria alternativa, e falou, inclusive, que o PT teria que fazer acordo com ele.” [O Globo]
Porra, nem sentar pra uma reunião o Lula deixava, puta que pariu!
“A certa altura, diz Haddad, o pedetista chegou a dizer: tenho tanto respeito por você, que, numa chapa nossa, nem importa quem vai estar na cabeça. “Claro que ele falou isso por diplomacia. Eu não sou bobo. O Chalita depois me chamou atenção para o gesto que o Ciro havia feito”. Haddad disse na ocasião que respeitava muito Ciro, e que ia tentar fazer essa aproximação com o PDT. “Tentei manter as pontes. Tentei aproximá-lo e o Lupi (Carlos Lupi, presidente do PDT) do Lula, eles estavam muito distantes naquela ocasião”, recorda-se Haddad. Quando aconteceu a condenação do Lula, pouco depois desse encontro, Haddad diz que ligou para Lupi dizendo que Lula estava ressentido, pois não dera nenhuma ligação para ele. A meu pedido, relata Haddad, ele foi fazer uma visita pessoal ao Lula no Instituto.
A reunião com Ciro no escritório do ex-ministro Delfim Netto “não era para ser uma reunião política, mas para discutir projetos de desenvolvimento”, alega Haddad, que disse ter aceitado o convite de Bresser porque era o coordenador da área econômica do PT. “ Tanto que de petista só estava eu”. “Apesar dos gestos que eu pessoalmente tinha feito de aproximação”, argumenta Haddad, “não houve nenhuma tentativa de acordo para valer”. Segundo relato do jornalista Mario Sérgio Conti na Folha de S. Paulo, que estava presente na reunião, tanto Haddad quanto Ciro Gomes “acham possível que o PDT e o PT formem uma chapa conjunta já para o primeiro turno, com Haddad como vice”.
Ele admite que teve uma conversa com Mangabeira Unger, professor de Harvard e ex-ministro dos governos Lula e Dilma, na presença de Carlos Sadi, professor da UFF e principal assessor do Mangabeira no Brasil, que fez uma tese sobre ele que foi orientado por Haddad. “Expliquei ao Mangabeira que seria muito difícil convencer Lula a desistir da candidatura, porque ele tinha a expectativa de que a ONU se manifestasse, e os advogados dele insistiam que havia possibilidades jurídicas, e ele estava com essa ideia fixa de que conseguiria viabilizar sua candidatura”.”
Sim, a eleição de 2018 fazia parte da estratégia de defesa do Lula! E se tinha algo que se podia cravar em 2018 era que nem fodendo deixariam o Lula sair candidato. E essa crença na salvação vindo da ONU é o cúmulo do embaraço, puta que pariu. Como que a ONU ia tornar o Lula candidato?! Que viagem errada do caralho…
“Mangabeira argumentou que a esquerda corria um risco enorme de perder, e eu fiz a proposta”, alega Haddad, avisando que era a título pessoal: “O Ciro aceitaria ser vice na chapa do Lula para, em caso de impedimento, aí sim assumir a cabeça de chapa?”. Mangabeira disse que não aceitaria, nem ele achava que deveria aceitar.
Fernando Haddad diz que não desistiu de manter as pontes, e quando Lula estava para ser preso, ligou para seus amigos do PDT e falou: “Não vem ninguém do PDT aqui em São Bernardo?”. (No Sindicato dos Metalúrgicos, onde Lula ficou até ser levado para a cadeia pela Polícia Federal). Haddad explica que estava pedindo “um gesto para aplainar o terreno, para ver se a gente conformava uma situação de campo (da esquerda), que defendo desde 2016”. Ele diz que desde a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos estava convencido de que a extrema-direita poderia estar no segundo turno no Brasil, e que era preciso que o “campo progressista” se unisse.
Quando perguntado se ele considerava na ocasião que uma chapa Ciro-Haddad poderia derrotar Bolsonaro, o ex-prefeito de São Paulo hesita: “Não sei. A onda da extrema-direita era muito forte”.”
Eu também não sei, mas que era o melhor caminho, qualquer chapa sem a cabeça de chapa do PT naquele Braisl em que grassava (e ainda grassa) um anti-petismo insano seria um bom começo.
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6. Eleições

“As eleições serão digitais, monotemáticas sobre pandemia e com menos renovação. Nada a ver com candidatos antipolítica, protagonistas das campanhas de 2018, que não devem ter fôlego para sustentar a narrativa de que são diferentes “de tudo o que está aí”.” [Folha]
“Pesquisador na George Washington University na área de políticas públicas, Maurício Moura faz essas e outras projeções para o pleito de 2020. O economista é fundador da Ideia Big Data, empresa de pesquisas e estratégia digital que já prestou serviços para candidatos no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Segundo ele, “acabou a era dos disparos massivos”. A prática, que está no centro de quatro ações que podem cassar a chapa Bolsonaro-Mourão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não terá espaço este ano, apesar das campanhas massivamente digitais a que provavelmente assistiremos.”
Sobre a crença que outsiders não terão chance:
“O sentimento antipetista estava muito forte em função de todos os escândalos relacionados à Lava Jato. Isso prenunciou um fenômeno que teve seu ápice em 2018: o de votar em candidatos antipolítica, antissistema.”
Imagine o desespero do Deltan lendo isso no clipping do MPF…
“O ápice dessa narrativa foi em 2018, quando o discurso dos outsiders era muito simplista, “eu sou simplesmente diferente de tudo o que está aí”. Aconteceu em nível global. Começou na Itália com o movimento Cinco Estrelas, passou pela Espanha com o Podemos e o Ciudadanos. O [presidente da França Emmanuel] Macron mesmo se vendeu como outsider, assim como o Trump. Mas esses outsiders não costumam manter o mesmo fôlego em eleições posteriores. Todos esses que eu citei agora tiveram dificuldades nas urnas para manter o mesmo gás. Essa eleição não tem nada a ver com outsider como protagonista. É uma eleição de pandemia e digital.”
Sobre a mudanças das redes sociais:
“De três maneiras. Uma coisa é o uso dos dados individuais mais transparente. As campanhas que quiserem enviar mensagem direta precisam pedir autorização para a pessoa. O segundo ponto é que acabou a era dos disparos massivos. A questão da privacidade está muito mais regulada, discutida, debatida e a opinião pública entende muito mais o valor disso. Vai ser muito difícil alguém receber uma mensagem do nada de um telefone desconhecido com cunho político sem se indignar. E o terceiro ponto é do lado das plataformas. Eu sinto que as plataformas de rede social no mundo estão muito pressionadas a conter fake news, a conter conteúdo de ódio, a cortar perfis falsos, muito diferente de 2016, 2018.”
Sobre Bolsonaro e as campanhas municipais:
“Eu acho que o presidente Bolsonaro está no melhor cenário possível. Ele não precisa ser cabo eleitoral de ninguém. Se ele decidir ser, ele vai ser em algum contexto que lhe seja muito favorável.”
Essa triste notícia saiu no fim da tarde, me aprofundo mais na segunda.
“Apoiadores bolsonaristas foram suspensos do Twitter nesta sexta-feira, 24, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo informou a plataforma. As contas do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), do empresário Luciano Hang, da extremista Sara Giromini e do blogueiro Allan dos Santos estão fora do ar no Brasil. O bloqueio temporário das contas foi determinado em maio pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das fake news – que apura notícias falsas, ofensas e ameaças contra autoridades. A medida foi justificada pela necessidade de ‘interromper discursos criminosos de ódio’.” [Estadão]
E não é que as redes sociais obdeceram ao STF?!
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7. A sugestão presidencial

Bolsonaro perguntou, com o cretinismo que lhe é peculiar, se era proibido militar virar ministro e Maia não deixou a belíssima idéia presidencial quicando
“O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na noite desta quinta-feira (23) que o Congresso deveria discutir uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para evitar militares da ativa em funções gratificadas no Executivo​. Maia afirmou que a questão deverá ser melhor organizada futuramente para que militares passem automaticamente para a reserva se quiserem ocupar cargos. “Acho que essa questão de militares da ativa estarem no Poder Executivo em funções gratificadas, isso a gente vai ter que organizar melhor no futuro. Quem quiser vir no futuro para o governo das Forças Armadas vem. Mas vai precisar, sem dúvida nenhuma, automaticamente caminhar para a reserva.”” [Folha]
Tem que incluir os coroas da reserva também, e se eles fizerem discursinho político têm que inventar um asilo-prisão militar pra eles passarem um tempinho por lá.
“Em entrevista à revista Época nesta quinta, Maia destacou que a presença de militares da ativa no governo não é boa para o Brasil ou para as Forças Armadas. A ideia, afirmou o presidente da Câmara, deve ser discutida daqui a um tempo para não ser vista como um direcionamento a determinado ministro ou assessor. “É bom que a gente construa. Não para agora, para não parecer que é contra o ministro A ou ministro B, ou assessor A ou assessor B, mas um pouquinho mais na frente acho que a gente vai ter que aprovar uma PEC para que quem vier para o mundo civil não possa estar na ativa. Não é bom. Não é bom para as Forças Armadas, não é bom para o Brasil… Ninguém pode dizer que foi enganado, que não era esse o caminho. O presidente Bolsonaro sempre disse que nas Forças Armadas tinham quadros de boa qualidade, verdade, e que ele sempre utilizaria esses quadros e garantia espaços para que eles pudessem exercer funções no Poder Executivo. Então, não foi uma surpresa para ninguém”
Faz agora mesmo e dedica ao Ramos e Pazuello. E ao Almirante amigão do Bolsonaro.
“No último domingo, a Folha mostrou que a presença de militares da ativa no governo federal dobrou no decorrer dos últimos 20 anos. O crescimento é de 33% em um ano e meio de gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). São hoje 2.558, em ao menos 18 órgãos, entre eles Saúde, Economia, Família e Minas e Energia. Entre 1990 e 2019, os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica tinham atuação restrita ao Ministério da Defesa (sempre chefiado por um civil nesse período), a Vice-Presidência e a Presidência da República, mais especificamente o Gabinete de Segurança Institucional (que em determinado período se chamou Casa Militar), responsável pela segurança do presidente, entre outras funções. De acordo com o Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Economia, em janeiro de 1999 eram 1.137 os militares das três Forças cedidos a postos de relevância no Executivo. ​A partir da gestão de Michel Temer (MDB), em 2016, militares da ativa passaram a figurar em outras pastas —AGU (Advocacia-Geral da União) e Fazenda (hoje, Economia), entre outros—, embora em pequenos números.”
Maldito Michel Miguel, tava se borrando de medo de não passar a faixa e foi logo colando com os milicos!
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8. Covid-17

A desigualdade nossa de cada dia.
“Pacientes com Covid-19 internados em hospitais privados têm taxa de cura 50% maior do que aqueles de instituições públicas. Em média, 51% dos doentes hospitalizados em unidades privadas sobrevivem, índice que cai para 34% nos hospitais públicos.” [Folha]
Sabe juros compostos? É mais ou mneos isso, uma desigualdade vai multiplicando a outra:
“Os índices de cura nas unidades públicas são menores em estados do Norte e Nordeste. A média é 45% em Pernambuco e 53% no Pará, ante 60% em São Paulo e 79% no Rio Grande do Sul.”
Pelo menos com o tempo o abismo diminui:
“Há também mudanças ao longo do tempo. Em períodos de hospitais lotados e grande ocupação das UTIs do SUS, há um maior percentual de mortes. É o que se observa, por exemplo, no Amazonas, primeiro estado a ter o sistema de saúde em colapso, em meados de abril. No último mês, com maior disponibilidade de leitos de UTI e profissionais de saúde mais experientes, a rede pública aumentou a taxa de cura e a desigualdade foi reduzida em boa parte dos estados —no Ceará, o SUS ultrapassou a rede particular. Mesmo com a melhora recente, ainda há grande disparidade entre unidades públicas e privadas e entre as regiões do país. O Rio de Janeiro, por exemplo, se mantém como um dos locais em que o abismo entre as duas redes é mais evidente. Segundo especialistas, não é possível apontar apenas uma causa para essa disparidade, mas um fator importante é a questão das doenças crônicas. O controle das comorbidades, de acordo com infectologistas, é questão-chave na batalha contra a doença. É também um dos quesitos em que as desigualdades sociais mais afetam a saúde da população. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 47 milhões de brasileiros (cerca de 20% da população) têm plano de saúde —logo, acesso a hospitais privados.
Em geral, o percentual de doentes com comorbidades que precisam de internação é semelhante nos hospitais públicos e privados. A diferença está nas chances de cura: mais da metade (56%) dos pacientes com doenças crônicas internados nas instituições públicas morre, enquanto nas privadas 58% sobrevivem. Antonio Bitu, médico intensivista de uma UTI pública e de uma semi-UTI privada de Recife, diz que os doentes da rede pública costumam ter quadro mais grave por causa de comorbidades não tratadas. “O paciente [da rede pública] vem com problemas de base. Tem insuficiência cardíaca mal tratada, diabetes sem controle. A Covid acaba sendo a gota d’água”, afirma. “Infelizmente, é muita gente que já chega em estado muito grave.”
E isso não se dá por conta do SUS, mas APESAR do SUS:
“Programas como o Saúde da Família melhoraram a realidade do doente crônico no SUS, diz Nunes. Contudo, mesmo quando a atenção primária é adequada, o acesso a consultas com especialistas e exames é complicado. Isso acontece especialmente em cidades do interior e no Norte e Nordeste, onde a concentração de profissionais de saúde, especialmente de médicos, é menor. Já em relação às condições de vida, para além de questões primárias, como saneamento básico, há pontos sobre alimentação e atividades físicas, fundamentais no controle de doenças crônicas. “São pessoas que não têm oferta de local para fazer atividade física, que não conseguem comprar alimentos balanceados. Mesmo tendo a mesma doença, a gravidade vai ser diferente [entre ricos e pobres]”, afirma. O mesmo afirma a doutora em saúde pública e pesquisadora da FioCruz Bahia Emanuelle Góes: “Doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, têm em grande parte a ver com o modo de vida. Essas pessoas não têm suporte para ter mais qualidade de vida. Isso adoece”.
O descontrole das comorbidades, por sua vez, gera complicações e faz com que a população mais pobre precise com mais frequência de internações e serviços de média e alta complexidade, nem sempre acessíveis. “Os serviços de média e alta complexidade, mesmo os públicos, estão mais localizados no centro. Mas as pessoas que mais utilizam estão na periferia. Você tem dificuldade de mobilidade, distância. Se é urgência não consegue chegar a tempo, ou precisa rodar a cidade para conseguir uma consulta”, afirma Góes. Ela aponta ainda questões como racismo institucional, que afeta a qualidade do atendimento recebido pela população negra e faz com que seja preterida, por exemplo, na disputa por vagas e no atendimento em situações de urgência —a maioria dos usuários do SUS são pretos ou pardos— e a dificuldade do Estado em lidar com a alta demanda de atendimento nas unidades públicas de saúde. Em geral menos cheia, a rede privada consegue levar à UTI pacientes em quadros não tão graves, que, numa situação de disputa de vaga, como se vê mais frequentemente na rede pública, ficariam na enfermaria, segundo relatos de médicos à Folha.”
Passemos aos enferemeiros:
“O Brasil registrou uma queda de 15% nas mortes de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem pela Covid-19 em julho, em relação ao mês anterior. Os dados são de um levantamento do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), que até o momento já registrou 304 óbitos desses profissionais desde o começo da pandemia no país, em março.” [Folha]
Achei 15% pouco e nao esperava por essa bizarrice aqui:
“Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso, no entanto, são exceções nesse panorama: os três registraram um aumento de 100% no número de mortes de profissionais de enfermagem em relação a junho. Levando em conta os últimos 30 dias, os três estados registram, atualmente, crescimento acelerado de novos casos da Covid-19 na população, de acordo com monitor desenvolvido pela Folha. Segundo o Cofen, São Paulo e Rio de Janeiro estão na liderança com 50 e 43 mortes, respectivamente. Eles são seguidos por Pernambuco (com 29 mortes), Amapá (19), Amazonas (17) e Mato Grosso (17).”
E pra quem não acredita na segunda onda:
“Autoridades regionais em toda a Espanha introduziram novas medidas de combate ao coronavírus na quinta-feira (23) para conter o aumento de infecções que continua desafiando os esforços do governo e prejudicando o turismo. O número de novos casos por dia desacelerou em junho, antes da suspensão do “lockdown” imposto em todo o país. No entanto, segundo dados do Ministério da Saúde, foram confirmados 2.615 novos casos em toda a Espanha nesta quinta, em comparação com uma média diária de apenas 132 no mês passado. Desde o início de julho, mais de 280 focos de infecção foram detectados, principalmente na Catalunha. Cerca de 8.000 casos foram registrados na região nos últimos 14 dias –quase metade dos 16.410 de todo o país–, apesar de as autoridades da capital regional, Barcelona, terem recomendado aos moradores a ficarem em casa. A Catalunha recebe milhares de turistas nesta época do ano, mas está com hotéis vazios e bares fechados.” [Folha]
Passo ao Nelson de Sá:
“Na nova edição da britânica The Economist, “A busca pelas origens do Sars-CoV-2 vai olhar além da China”. Logo abaixo, “Vírus pode ter nascido no Sudeste Asiático”. Cita países como Mianmar, Laos e Vietnã, especialmente este último, e ouve de especialistas que “o Sars-CoV-2 ou algo semelhante circula, provavelmente há muitos anos”, nos morcegos da região.” [Folha]
Talvez isso explique porque o Vietnam se saiu tão bem, boa parte de sua população já estaria imunizada antes da pandemia explodir.
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9. Economia em tempos de pandemia

“As medidas do governo para segurar a queda na renda durante a pandemia devem atenuar a contração no consumo das famílias brasileiras, que ainda assim irá alcançar patamares recordes neste ano, superiores a 7%. Sem o pagamento de auxílios a trabalhadores formais e informais, além da liberação do saque emergencial do FGTS, essa queda poderia chegar a quase 10%. O alcance dos programas tem contribuído para melhorar as expectativas para a economia neste ano, mas há divergências sobre o que acontecerá após o fim, por exemplo, do auxílio emergencial a partir de setembro.” [Folha]
Eu fiquei puto com esse “divergências” – todos sabem o que acontecerá, porra! – mas a discussão versa sobre o impeacto do auxílio:
O Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) estima que a massa ampliada de rendimentos (que inclui, além de rendimentos do trabalho, benefícios de proteção social e previdenciários) registraria uma queda real de 5,7% em 2020 caso não houvesse uma política de compensação de renda. Incluindo as transferências (auxílio emergencial, programa anti-desemprego e saques do FGTS), haverá crescimento real de 2%. Com isso, a projeção de queda no consumo das famílias, principal componente do PIB, da instituição passou de 9,7% para 7,1%. A equipe do economista Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e diretor do ASA Investments, estima um impacto um pouco menor dos auxílios, atenuando a queda do consumo de 9,4% para 7,6%. O Ibre revisou a estimativa de queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 de 6,4% para 5,5%, devido principalmente ao impacto dos auxílios sobre a renda e ao desempenho menos pior que o esperado para o mercado de trabalho. Também contribuíram resultados não tão ruins do comércio e setor de transportes, ambos por conta do maior uso do canal de vendas online.
O economista Carlos Kawall afirma que o programa de auxílio para informais foi fundamental como rede de proteção social, mas aponta uma série de limitações que reduzem seu impacto sobre a economia. Ele aponta que o programa foi desenhado para proteger o trabalhador informal. Isso deixa de fora segmentos importantes como microempreendedores individuais, microempresários, donos de pequenos comércios, que não são elegíveis ou para quem, em alguns casos, os R$ 600 não fariam tanta diferença. Regionalmente, o auxílio tem participação maior na renda e no PIB do Norte e Nordeste. Em outras regiões, como Sul e Sudeste, não haverá recomposição total da renda perdida com a pandemia. “Esse benefício emergencial não vai gerar emprego adicional e demanda adicional de uma forma substancial para os setores perdedores nessa crise, como os serviços. Não adianta você simplesmente olhar a massa agregada de rendimentos, com queda da massa salarial e complementação via benefícios, e dizer que o valor era igual ao que era antes. É desigual”, diz Kawall.”
Alguém acha que esse governo há de encontrar o desenho perfeto para algo desse naipe?
“As medidas do governo para segurar a queda na renda durante a pandemia devem atenuar a contração no consumo das famílias brasileiras, que ainda assim irá alcançar patamares recordes neste ano, superiores a 7%. Sem o pagamento de auxílios a trabalhadores formais e informais, além da liberação do saque emergencial do FGTS, essa queda poderia chegar a quase 10%.” [Folha]
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10. “Mas que filho da puta, olha aí, veja você!

“O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro João Otávio Noronha, negou nesta quinta-feira (23) um pedido de prisão domiciliar para presos enquadrados no grupo de risco do novo coronavírus. Para o ministro, a falta de informações individualizadas sobre o quadro de saúde dos detentos impede a concessão do benefício coletivo. No início do mês, uma decisão do presidente do STJ causou polêmica ao beneficiar com prisão domiciliar o PM aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), investigado por suspeita de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.” [Folha]
Pra não ficar muito feio…
“Também nesta quinta, ao analisar um caso específico, Noronha deu autorização de prisão domiciliar para um acusado de traficar drogas e que está em tratamento contra um câncer.”
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11. “A grande figura trágica do século 20

Tenho discordâncias aqui e acolá com esse texto do João Pereira Coutinho mas a história sobre o Gorbvachev é bem interessante
“Existem dois gigantes óbvios na história do século 20. O primeiro é Churchill. O segundo é Gorbachev. Se eu fosse Shakespeare, escolheria ambos para duas peças trágicas. Mas se apenas pudesse escolher um, ficaria com Gorbachev. Não há personalidade mais trágica na história desse século. Essa, pelo menos, é a mensagem central do documentário “Encontrando Gorbachev”, da autoria de Werner Herzog e André Singer. Recomendo sem reservas. Superficialmente, a obra é uma revisão da matéria conhecida: na década de 1980, liderar a União Soviética não dava saúde a ninguém. Depois da morte de Brezhnev, em 1982, Andropov aguentou dois anos no cargo. Morto Andropov, Chernenko aguentou um. Essa sucessão de funerais é apresentada por Herzog e Singer com uma deliciosa cadência cómica —e sempre com a marcha fúnebre em looping. Até surgir Gorbachev, o primeiro líder da URSS nascido depois da Revolução Bolchevique de 1917.
Esse pormenor não é incidental. Sem carregar o patrimônio fossilizado do marxismo-leninismo, Gorbachev podia olhar para a União Soviética e fazer um balanço dos seus sucessos. Os sucessos eram poucos —e essa é a primeira tragédia de Gorbachev: a intolerância perante a mentira, que se tornou ferina depois do desastre de Chernobyl. Existe a ideia errônea de que, a partir de 1985, o novo secretário-geral pretendia dissolver o “socialismo real” e a União Soviética. Nada mais errado. “Eu queria mais socialismo!”, afirma o próprio em conversa com Werner Herzog. Mas como garantir uma sociedade mais justa quando a economia soviética era uma ruína? Na explicação de William Taubman, um dos melhores biógrafos de Gorbachev, os satélites de Moscovo (Vietnã, Cuba, Coreia do Norte e leste da Europa) recebiam da pátria-mãe 17 bilhões de dólares em matérias-primas e outros produtos. Moscovo recebia entre 3,5 bilhões a 5 bilhões de dólares apenas de volta. O império soviético era um negócio caro e disfuncional. Ainda mais com uma guerra insana no Afeganistão. Mas a tragédia de Gorbachev não se limita ao seu pragmatismo; é preciso incluir também a sua aversão à violência.
Para um regime que, desde 1917, viveu e sobreviveu pela violência, isso era um pecado capital —e Gorbachev assume a falha quando fala de Boris Leltsin, o monstro que ele criou. “Se eu fosse como os outros líderes”, confessa Gorbachev, “Leltsin não teria chegado onde chegou”. “Mas eu nunca fui assim”, conclui ele. Verdade. Não foi assim com Leltsin e não foi assim com todas as repúblicas socialistas do leste da Europa, quando começaram a seguirem os seus próprios caminhos. No documentário, Herzog conversa com Miklós Németh, o último premiê comunista da Hungria e que recebeu de Gorbachev uma frase simples: “não haverá uma repetição de 1956”. O trecho faz referência à brutal repressão soviética em Budapeste para impedir que a Hungria abandonasse o Pacto de Varsóvia.
Enterrando a doutrina Brezhnev, que reservava para o Exército Vermelho o direito de interferir nos casos desviantes, Gorbachev fazia o que Ronald Reagan lhe pedira em discurso célebre: permitir que o muro de Berlim fosse derrubado e, pela secessão das repúblicas soviéticas, terminar com a União. Para aqueles que viveram sob o comunismo e para todos os democratas liberais, Gorbachev é um herói. Mas ele próprio recusa o título e, na sua lápide, deseja apenas que esteja uma palavra: “Tentámos.” É uma palavra romântica, digna de Lérmontov, o seu poeta preferido. Mas talvez a tentativa fracassada de conciliar a União Soviética com a democracia e a liberdade não seja culpa de Gorbachev. Como se vê hoje na Rússia de Putin, a tirania da história, às vezes, é mais forte do que a vontade de um homem.” [Folha]
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12. Paranóia

Da Tatiana Prazeres:
“Se você tem um adolescente em casa, o TikTok dispensa apresentações. Para quem não o conhece, trata-se de aplicativo que permite que, pelo celular, usuários interajam em vídeos curtos cheios de coreografia, repetições, música, dublagens e efeitos visuais. Para muitos, algo inofensivo. Para os EUA, um problema de segurança nacional. Na verdade, para os EUA, tudo está se tornando uma questão desse tipo. A Quinta Avenida está cheia de carros alemães? Problema de segurança nacional. Importação de aço e alumínio? Aplicativo de relacionamento para comunidade LGBT? Idem, idem. Sob esse argumento, os EUA têm adotado ou ameaçado adotar barreiras ao comércio e aos investimentos estrangeiros.” [Folha]
E isso não é novidade, falam do capitlaismo americano como altar mas a real é que a intervenção estatal é brutal. Sabe o Vale do Silício?! Só existe porque os EUA despejaram bilhões nas Forças Armadas, todas essas tecnologias aí foram pensadas pra guerra. Por que você acha que o segundo mercado de tecnologia do mundo é a pequena Israel?! Mas voiltemos ao texto:
“O governo Trump vê risco de segurança nacional em praticamente toda a parte, mas, se a questão tiver qualquer relação com a China, o problema é certo. E se envolver, ao mesmo tempo, China e tecnologia, a preocupação atinge níveis estratosféricos. Isso afeta desde a Huawei, gigante da tecnologia 5G, até a plataforma de relacionamentos Grindr, passando pelo TikTok. A disputa eleitoral agrava o quadro. Os EUA agora consideram proibir o TikTok no país por dois motivos. Há, sobretudo, a preocupação com os dados dos usuários. Alegam que, ao usar o aplicativo, informações pessoais dos cidadãos americanos iriam parar nas mãos do Partido Comunista Chinês. Além disso, os EUA temem que o aplicativo possa ser usado como instrumento de propaganda dos chineses, ao promover determinados conteúdos ou censurar outros. Para os EUA, a melhor maneira de mitigar riscos relativos à proteção de dados e moderação de conteúdo seria adotar parâmetros robustos, que valessem para empresas de qualquer origem, argumenta Samm Sacks, do think tank New America. Essas regras definiriam como as empresas coletam, armazenam e compartilham dados. E com que critérios poderiam recomendar conteúdo aos usuários. Auditorias independentes fiscalizariam as empresas. No caso do TikTok, verificariam se é efetivo o firewall em relação ao ByteDance, grupo chinês ao qual o aplicativo pertence. Por outro lado, ao banir o TikTok, Washington seguiria a cartilha dos comunistas chineses. Os EUA se aproximariam da China num dos aspectos que mais criticam o regime chinês: o fato de a internet não ser livre, de o governo decidir o que as pessoas podem ou não acessar.
Seria compreensível se o governo americano, que tanto fala em reciprocidade, ameaçasse banir o TikTok para tentar abrir o mercado chinês para o Facebook, por exemplo. Mas não é disso que se trata. Por supostamente se tratar de um problema de segurança nacional, a questão não se prestaria a barganhas comerciais. Em boa medida, o TikTok incomoda o governo americano por ser o primeiro app chinês altamente popular nos EUA. São cerca de 26,5 milhões de usuários mensais ativos no país. Os EUA inventaram a internet, são a referência em tecnologia, exportam cultura pop para o mundo. E seus jovens estão vidrados num aplicativo moderninho de uma empresa justamente chinesa. Os EUA obviamente vencerão a batalha, cujo resultado pode ser a venda do TikTok para outro grupo. Seria uma vitória de Pirro, no entanto. Soluções mais inteligentes estão ao alcance dos americanos, inclusive porque outros TikToks surgirão. A opção por banir o aplicativo só faz sentido se o objetivo for mesmo a criação de duas esferas de influência tecnológica. Ao adotar esta via, no entanto, os EUA abrem um precedente perigoso ao tornar sua internet menos livre. Por incrível que pareça, a reação americana ao avanço do TikTok simboliza a ameaça tecnológica, econômica e geopolítica que Washington vê hoje na China. Se a solução for mesmo proibir o aplicativo, o episódio pode entrar para a história como o momento em que a paranoia assumiu a cabine de comando.”
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13. EUA vs China

“A Guerra Fria 2.0 entre Estados Unidos e China ganhou novos contornos de crise diplomática nesta sexta-feira (24). Cumprindo a promessa de retaliação ao governo de Donald Trump, o Ministério das Relações Exteriores chinês ordenou o fechamento do consulado americano em Chengdu, no sudoeste do país. A determinação de Pequim é uma resposta à ordem dada pelos EUA na última quarta-feira (22) de fechar o consulado chinês em Houston, no estado do Texas. Para Pequim, uma reação “legítima e necessária ao ato injustificado” do governo americano. O prazo de 72 horas estabelecido pelo Departamento de Estado americano para o fim das atividades diplomáticas chinesas no consulado se encerra nesta sexta. “Os EUA violaram seriamente o direito internacional, as normas básicas das relações internacionais e os termos da Convenção Consular China-EUA”, diz o comunicado do ministério chinês. “Prejudicaram gravemente as relações China-EUA.” “A situação atual nas relações China-EUA não é o que a China deseja ver, e os EUA são responsáveis ​​por tudo isso. Mais uma vez, pedimos aos EUA que retirem imediatamente sua decisão errada e criem condições necessárias para trazer o relacionamento bilateral de volta aos trilhos.” O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, acrescentou que alguns membros do consulado em Chengdu estavam “realizando atividades que não estavam de acordo com suas identidades”.
Além disso, os funcionários americanos teriam, segundo Wang, interferido em assuntos da China e prejudicado interesses de Pequim na área da segurança. De acordo com uma publicação de Hu Xijin, editor do Global Times, jornal controlado pelo Partido Comunista Chinês, o prazo para o fechamento da unidade diplomática em Chengdu é de 72 horas, mesmo período estabelecido pelo governo americano para o fim das atividades do consulado chinês em Houston. Na ocasião, Hu considerou o prazo abrupto uma “manifestação de pânico” do governo Trump. Inaugurado em 1985, o consulado americano em Chengdu tem quase 200 funcionários, incluindo cerca de 150 contratados localmente, de acordo com seu site. Parte dos diplomatas americanos, contudo, deixaram a China nos estágios iniciais da pandemia do coronavírus. Os EUA mantêm unidades também em Cantão, Shenyang, Wuhan e Xangai, além de mais um consulado em Hong Kong e a embaixada em Pequim.
“O consulado de Chengdu é mais importante que o consulado de Wuhan porque é onde os EUA reúnem informações sobre o desenvolvimento do Tibete e da China de armas estratégicas nas regiões vizinhas”, disse Wu Xinbo, professor e especialista em estudos americanos da Universidade Fudan, em Xangai. Para Jeff Moon, que foi cônsul-geral dos EUA em Chengdu entre 2003 e 2006, a decisão da China indica uma opção “por continuar aumentando o conflito, em vez de pausar ou acalmar as tensões”. “Se a China tivesse fechado o consulado de Wuhan, o assunto poderia ter sido encerrado, porque o problema em Wuhan era a China impedindo que diplomatas americanos retornassem ao país após o surto de Covid-19”, disse Moon à CNN americana.” [Folha]
Sabe qual a chance dos chineses ajoelharem perante o Trump?! NENHUMA!
E como se isso não fosse suficiente…
“Dois caças americanos se aproximaram de um avião de passageiros iraniano no espaço aéreo sírio, fazendo com que o piloto mudasse rapidamente de altitude para evitar colisões, o que feriu vários passageiros, informou a agência de notícias oficial da Síria IRIB nesta quinta-feira. O avião iraniano, pertencente à Mahan Air, estava indo de Teerã, no Irã, para Beirute, no Líbano, e pousou em segurança na capital libansa, segundo disse uma fonte do aeroporto à Reuters. Todos os passageiros deixaram o avião e apenas alguns tiveram ferimentos leves, disse o chefe do aeroporto de Beirute à Reuters. Um passageiro disse que sua cabeça atingiu o teto do avião durante a mudança de altitude, e um vídeo postado pela agência também mostrou um passageiro idoso caído no chão. Israel e Estados Unidos acusam a Mahan Air de transportar armas para guerrilheiros ligados ao Irã na Síria e em outros lugares.” [O Globo]
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>>>> Atenção, Jeff Bezzos! “Paulo Guedes é um intelectual capaz, como ele disse certa vez, de ler o britânico Keynes (1883-1946) “três vezes no original”. Mas, na sua proposta de reforma tributária, decidiu taxar a comercialização de livros em 12%, no lugar do PIS/Cofins. Só que uma lei de 2003 deixa claro que as receitas com as vendas no mercado interno de livros não pagam estes dois tributos.” [O Globo] Dia desses eu li que 60% dos livros vendidos no Braisl foram vendidos ou distribuídos pela Amazon
>>>> Em defesa da família dos parlamentares “A indicação da filha de Braga Netto, ministro da Casa Civil, para uma vaga na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), frustrada após a divulgação, não seria algo inédito na gestão de Jair Bolsonaro. Em seu mandato, persiste a velha prática da nomeação de parentes de deputados, senadores e demais aliados em cargos do governo federal. Em maio deste ano, o filho do senador Elmano Férrer (PODE-PI), Leonardo Férrer, se tornou ouvidor na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Ele teve um voto contrário da representante dos trabalhadores da companhia, que disse que o cargo deveria ser de um servidor de carreira. Só na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entidade vinculada ao Ministério da Saúde, o governo nomeou em agosto passado a mulher do líder do PL, Wellington Roberto (PB), Deborah Roberto, e uma tia do deputado Gustinho Ribeiro (SD-SE), Maria Luiz Felix. Na superintendência do órgão na Paraíba, foi mantida a mãe do líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Virgínia Velloso Borges ocupa o cargo desde 2017. Procurado, Aguinaldo Ribeiro se restringiu a dizer, através de sua assessoria, que sua mãe foi nomeada no governo de Michel Temer. Wellington Roberto diz que a indicação de sua mulher é técnica: — Ela é competentíssima, já trabalhou em vários órgãos aqui em Brasília e agora está na diretoria de saúde ambiental e fazendo um trabalho excelente. Está comunicando tudo ao presidente e colocando ordem por lá. Já o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo no Senado Federal, tem o filho, Sérgio Fernandes Ferreira, empregado em uma diretoria no Ministério do Turismo, mas nega qualquer tipo de favorecimento. — Ele é jovem de boa formação e secretário-geral do partido. Tem vida independente e não sou eu que vou proibi-lo de atuar no governo, até porque já fiz isso durante toda minha trajetória — afirma Izalci. Em 17 de abril de 2019, o deputado Julio Cesar (PSD-PI) conseguiu a nomeação de sua irmã, Jacqueline Carvalho Maia, na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Ela é assessora da presidência da companhia, ligada ao Ministério da Agricultura. — Eu já fui diretor administrativo da Conab em 2001, e conhecendo lá as pessoas consegui uma indicação dela. Não foi critério político, foi mais pela relação de amizade, por eu conhecer as pessoas — diz. Há ainda o caso da esposa do deputado federal Herculano Passos (MDB-SP), ex-vice-líder do governo, que ocupava uma secretaria no Ministério da Cidadania de maio do ano passado até fevereiro deste ano, quando saiu para disputar a prefeitura em Itu (SP). Segundo o deputado, ela foi nomeada por ter “competência técnica” e “notória experiência na área”. O deputado Cláudio Cajado (PP-BA) também emplacou a indicação de sua mulher em um cargo no governo no ano passado. Superintendente da Funasa na Bahia de julho de 2019 até janeiro deste ano, Andreia Cajado deixou o cargo para assumir uma diretoria em uma agência no governo da Bahia. Ela é pré-candidata à prefeitura de Dias D’Ávila (BA). — Ela tem uma atividade política independente da minha, foi prefeita três vezes, é bacharel em Direito e Geografia. A experiência dela exitosa como gestora pública foi que a levou para esse cargo — diz Cajado.” [O Globo]
>>>> É você, Flavinho Desmaio?! “Alvo de duas operações da Polícia Federal neste mês, o senador José Serra (PSDB-SP) tenta levar seus casos para o Supremo Tribunal Federal (STF). O tucano entrou com três reclamações dirigidas diretamente ao ministro Gilmar Mendes. Duas delas são contra a ação que corre na Justiça Federal em que Serra e sua filha, Verônica, foram denunciados por lavagem de propinas que ele teria recebido da Odebrecht sobre obras do Rodoanel.” [O Globo]
>>>> Aguardando Bolsonaro criticar a homangem e listar as comorbidades dos policiais falecidos: “esse aí tinha diabetes, esse aí era obeso, fumava!”: “O comando da Polícia Militar de São Paulo promoveu no último dia 17 os sargentos Magali Garcia, 46, e Cleber Alves da Silva, 44, os primeiros policiais militares paulistas mortos pela Covid-19 no estado. A promoção post mortem —após a morte— é um gesto de reconhecimento do governo paulista ao sacrifício dos policiais durante o combate da pandemia. Eles passam a ser considerados heróis tombados em serviço. “Eles são os verdadeiros heróis e jamais serão esquecidos, pois, nos momentos de isolamento social, estiveram na linha de frente, mesmo diante de todos os riscos, e sacrificaram suas vidas para garantir a segurança de todos”, diz o comandante-geral da corporação, o coronel Fernando Alencar Medeiros. De acordo com o comando da corporação, todos os PMs vitimados pelo vírus terão mesmo tratamento, promoção e status de herói, quando houver indícios de que a contaminação ocorreu no exercício da função policial-militar. O que é investigado em sindicância interna. Até agora, 16 policiais morreram da doença. A promoção post mortem de policial precisa ser aprovada por uma comissão composta por cinco policiais militares, cujo parecer é submetido à aprovação final do Comandante Geral. Os dois policiais promovidos até agora tiveram aprovação unânime.” [Folha]
>>>> Pra cima do Bob Jeff: “A associação brasileira de LGBTs (ABGLT), com apoio do Sindicato dos Advogados de SP e do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, denunciou o ex-deputado Roberto Jefferson por homofobia e transfobia à Procuradoria-Geral dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal. As organizações se basearam em uma entrevista concedida pelo ex-parlamentar na qual ele faz ataques e insinuações de caráter sexual contra ministros do Supremo Tribunal Federal e sugere que pessoas que não sejam heterossexuais não possam integrar a corte. Jefferson também é alvo de denúncia por homofobia protocolada pela vereadora Soninha Francine (Cidadania) na Secretaria de Justiça e Cidadania de SP. Ela se baseia em lei paulista que prevê multa a quem pratica discriminação em razão de orientação sexual.” [Folha]
>>>> O delegado da Nova Era: “A Justiça Federal no Amazonas determinou o sequestro de imóveis do deputado federal Delegado Pablo (PSL), que é acusado de corrupção passiva, crime contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro. Ele foi eleito em 2018 na onda de apoio a Jair Bolsonaro. Delegado licenciado da Polícia Federal, o deputado é suspeito de ter utilizado seu cargo na polícia para praticar ilícitos. Segundo a apuração, o parlamentar teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agenciamento de venda de uma empresa para sua mãe. Os eventos ocorreram entre 2011 e 2012. Em maio, ele foi alvo de uma operação de busca e apreensão. Segundo o Ministério Público Federal, o empresário Daniel Tomiasi teria adquirido a empresa Só Mudas de Eda Oliva Souza, mãe do deputado, por R$ 500 mil. No entanto, a companhia nunca havia registrado qualquer indício de atividades que justificassem o valor pago, como vínculos empregatícios, ponto comercial ou clientes. A empresa não tinha sequer autorização para produzir mudas. Após a sucessão societária, os novos sócios não contrataram funcionários nem movimentaram recursos. Além disso, mantiveram Pierre Oliva, médico e irmão do deputado, como sócio, o que fortaleceu a suspeita no MPF de que a negociação da empresa “serviu para ocultar a destinação de valores ilícitos” a Pablo Oliva, atualmente deputado federal. Na condição de novo proprietário, Tomiasi também pagou um débito de R$ 116 mil relativo a um imóvel registrado pela Só Mudas. A Polícia Federal constatou que Pablo confeccionou o contrato de aquisição da empresa em sua estação de trabalho, mesmo que, oficialmente, não tivesse qualquer relação com o negócio.” [Folha]
>>>> E dia desses em Minas um moleque negro morreu com tiro na nuca: “Vídeo que circula nas redes sociais mostra mais um episódio de violência protagonizado pela PM de SP. Nele, um rapaz é enforcado pelas costas (“gravata”) por um policial e arrastado para fora de uma casa. Uma mulher começa a gritar em tom de voz desesperado que ele não consegue respirar e que não há motivo para apertá-lo assim. Outro homem diz que ele está sendo tirado de dentro da residência —o que não é permitido sem mandado ou flagrante delito no local. Fora da casa, os dois PM tentam algemar o homem, momento em que a filmagem é interrompida. Segundo o governo paulista, o caso foi registrado na delegacia do município e “solicitados os exames periciais cabíveis” para verificação dos ferimentos que ele sofreu. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da gestão João Doria (PSDB), o episódio ocorreu na segunda (20), em João Ramalho (505 km da capital). O rapaz estaria trafegando com uma moto sem placa e, ao ser abordado pelos PMs, teria fugido. Após perseguição, diz o boletim de ocorrência, ele teria sido alcançado pela PM na frente do imóvel que aparece no vídeo. O documento afirma que ele foi puxado para dentro do imóvel por seus familiares, que também teriam pego a moto. Também diz que o rapaz, então, resistiu à abordagem, e foi “contido posteriormente”. Entre cerca de uma dezena de casos de violência protagonizados pela PM paulista nos últimos meses e filmados, este se soma a outros três recentes semelhantes ao caso de George Floyd, assassinado por um policial branco nos EUA que ajoelhou em seu pescoço. Um jovem em Carapicuíba desmaiou duas vezes após ser enforcado por PMs; uma mulher em Parelheiros, rendida e deitada, recebeu pisão no pescoço; e um motoboy gritou “não consigo respirar” quando policiais ajoelharam-se em seu pescoço durante abordagem na avenida Rebouças.” [Folha]
>>>> E não é que passou no Senado americano?! McConnel está em coma e não estou sabendo?! “O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (23) um projeto de lei que destina US$ 740,5 bilhões (R$ 3,86 trilhões) ao Pentágono, fixa as prioridades do Departamento de Defesa e prevê a retirada dos nomes das bases militares que homenageiam figuras históricas pró-escravidão. A versão do Senado da Lei de Autorização de Defesa Nacional para Gastos Críticos foi aprovada com 86 votos a favor e 14 contra. O resultado, alcançado com o apoio de membros do Partido Republicano, que tem maioria na Casa, superou os dois terços necessários para impedir um veto do presidente Donald Trump, que havia ameaçado bloquear o projeto devido ao plano de mudar os nomes das instalações. A Câmara dos Representantes, de maioria democrata, aprovou sua própria versão do projeto, que também inclui a retirada dos nomes —assim como no Senado, o número de votos a favor é suficiente para derrubar um eventual veto. Na última sexta (17), o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, vetou o uso em instalações militares americanas de bandeiras e símbolos que possam ser ofensivos, o que inclui a bandeira confederada. O emblema foi adotado como símbolo do supremacismo branco americano.” [Folha]
>>>> Mais uma notícia surreal de lá: “Hassan Yussef, 65, um dos fundadores do grupo palestino Hamas, foi solto por Israel nesta quinta-feira (23), após 16 meses em detenção administrativa, sem ter recebido acusações. “Meu pai foi libertado da prisão israelense de Ofer e agora está em casa e com boa saúde”, afirmou Owais, filho de Hassan. A detenção administrativa é um dispositivo usado por Israel para prender palestinos sem acusá-los ou processá-los. Hassan foi detido em sua casa, em Ramallah, em abril de 2019, e deveria permanecer sob custódia por seis meses, mas sua saída foi prorrogada duas vezes, por seis e quatro meses. Ele já havia sido preso administrativamente em 2018, quando passou dez meses na prisão. O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, é considerado um grupo terrorista por Israel e pelos EUA. No início do ano, o presidente americano, Donald Trump, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, apresentaram um plano para tentar solucionar os conflitos entre israelenses e palestinos. Mas o projeto, elaborado à revelia dos grupos palestinos, beneficiava israelenses com a desmilitarização da Palestina e com a anexação dos assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada, um território palestino a 50 quilômetros de Gaza. O projeto foi descartado pela Autoridade Nacional Palestina, que controla a Cisjordânia, e o Hamas declarou que considerava a anexação uma “declaração de guerra”. Diante de grande pressão internacional, o plano, que deveria ter sido executado no início de julho, foi adiado.” [Folha]

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