quinta-feira, 8 de outubro de 2020

“Eu não sabia nem o que era o SUS”, disse o general da Saúde

 Texto de Pedro Daltro, edição de Cristiano Botafogo e os episódios você ouve lá na Central3.

Ah, e agora o Medo e Delírio em Brasília tem um esquema de asinaturas mensal, mas tenha sua calma. O Medo e Delírio continuará gratuito, se não quiser ou puder pagar tá de boa, você continuará oupavindo o podcast e lendo o blog como você sempre fez.

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E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )

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1. Kassio e o desespero paterno

O desespero paterno é o que há de nortear esse governo, com Kassio ou sem Kassio:

“O objetivo da visita de Bolsonaro era ter a chancela para a indicação do desembargador escolhido a partir da articulação do senador Flávio Bolsonaro, embora o presidente tenha declarado que já tomou muita tubaína com Kassio Marques. Flávio, o primogênito do presidente, é investigado no caso envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz e as “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e que pode chegar à Corte. Este, no entanto, não é o único motivo de preocupação para a família presidencial. No STF, outros inquéritos fecham o cerco ao presidente e seu grupo. Bolsonaro é investigado no caso que apura a suposta interferência política na Polícia Federal, conforme denúncia do ex-ministro Sérgio Moro. Há o inquérito que investiga fake news e ataques a membros da Corte, além de outra investigação sobre a organização e financiamento de atos democráticos.

Foi neste contexto que Flávio iniciou a aproximação com Marques, que percorria gabinetes em Brasília, na companhia de Ciro Nogueira, em busca de apoio a uma vaga para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que será aberta com a aposentadoria do ministro Napoleão Nunes Maia, em dezembro. Há pelo menos dois meses, Marques teria estreitado relações com Flávio, abrindo caminho para ganhar a indicação para o Supremo, surpreendendo até mesmo auxiliares mais próximos de Bolsonaro. A participação direta de Flávio na escolha de Marques foi confirmada ao Estadão por pessoas próximas ao senador e interlocutores do Planalto no Congresso. O advogado Frederik Wassef também teria atuado para construir a aproximação, segundo relatos à reportagem. Em junho, Wassef deixou a defesa de Flávio após Fabrício Queiroz ter sido preso em um imóvel do advogado. Procurado, o senador não se manifestou, enquanto Wassef disse que a informação não procede.” [Estadão]

O pai tá tentando um “grande acordoão, com STF, com tudo”, eles vão tentar “no amor“, e essa montagem é por demais didática:

Mas se não der “no amor” general Heleno não hesitará em assinar ameaças de golpe em papel timbrado do GSI e aquela retórica presidencial borderline voltará a ecoar.

E eis a desgraça: mesmo que a inidcação do Kassio seja fruto de um acordo costurado pelo anfitrião do Queiroz ainda assim seu nome é MUITO melhor que todos os nomes ventilados até aqui. Era rezar pra ele fazer suas promessas ao presidente e, quando enfim na Suprema Corte, desagradar o presidente um punhado de vezes para sublinhar sua independência, a la Fux. Em especial nos julgamentos, diogamos, mais sensíveis. Mas algo me diz que não saberemos o que seria do Kassio com a capa preta da suprema corte, o governo conseguiu a proeza de não checar o currículo de um indicado ao STF pouco tempo depois do vexame do Decotelli, inacreditável.

“O currículo acadêmico apresentado pelo desembargador Kassio Nunes Marques, indicado de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), traz um curso de pós-graduação que não é confirmado pela Universidad de La Coruña, na Espanha. Nos últimos dias, o Estadão consultou universidades citadas no currículo apresentado por Marques sobre os cursos que ele afirma ter feito. No documento que enviou ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), e publicado no site da Corte, Marques menciona que concluiu pós-graduação em “Contratación Pública”, pela Universidad de La Coruña. A instituição, porém, ao ser questionada pela reportagem, informou que não oferece nenhuma pós-graduação deste curso. “Informamos que a Universidade de La Coruña não ministrou nenhum curso de pós-graduação com o nome de Postgrado en Contratación Pública”, declarou a universidade, em resposta ao Estadão. Ao ser questionada diretamente se Kassio Marques participou, ao menos, de alguma atividade com o nome de “Contratación Pública”, a Universidade enviou uma cópia de um certificado de Marques, mostrando que o desembargador participou apenas de um curso de quatro dias, entre 1 e 5 de setembro de 2014. “Kassio Nunes Marques participou como ouvinte do “I Curso Euro-Brasileiro de Compras Públicas’, organizado pela Universidade da Coruña, o Programa Ibero-Americano de Doutorado de Direito Administrativo, a Rede Ibero-americana de Compras Públicas, o Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos de Infraestrutura e Grupo de Pesquisa de Direito Público Global, realizado na Escola de Direito da Corunha entre 1 e 5 de setembro de 2014″, informa o certificado.” [UOL]

caetano

Quatro dias como ouvinte de curso e o maluco sai por aí dizendo que fez pós-graduação, viado! O B rasil precisa da auto-estima dessa galera, udo bem que o cara, ao que parec, foi pego de surpresa, mas ele tava querendo vaga no STJ com esse currículo fantasioso, repare:

“Os questionamentos ao currículo já chegaram ao conhecimento de Kassio Marques. Na audiência virtual que teve hoje com sete senadores, o desembargador chegou a fazer comentários aos parlamentares sobre os cursos de pós-graduação. Segundo um senador presente na reunião, o desembargador teria demonstrado preocupação com a repercussão que esse tema poderia ganhar, mas disse aos senadores que, caso ocorresse qualquer polêmica, ele já tinha as justificativas. Em dado momento, Marques chegou a mencionar, inclusive, que não há exigência de formação em Direito para que alguém assuma o posto de ministro do STF, mas sim reputação ilibada. O currículo de Marques cita também dois cursos de pós-graduação feitos na Universidade de Salamanca, na Espanha: o primeiro, um doutorado em Direito, com especialização em Administração, Fazenda e Justiça; o segundo, um pós-doutorado em Direitos Humanos. Questionada pela reportagem, a universidade afirmou que as informações públicas de alunos estão disponíveis no site da instituição. O doutorado aparece, de fato, na página da universidade – com um detalhe: a tese foi defendida há apenas 11 dias, em 25 de setembro. O pós-doutorado em Direitos Humanos, no entanto, não consta no banco de dados públicos da Universidade de Salamanca.

Mais um curso de pós-doutorado consta no currículo de Kassio Marques, o de Direito Constitucional, pela Universidade de Messina (Universitá Degli Studi di Messina), na Itália. Questionada pela reportagem há quatro dias, a universidade ainda não respondeu sobre a atuação do desembargador neste curso. Chama ainda a atenção o fato de Kassio Marques, com 48 anos de idade, ter concluído o doutorado apenas 11 dias atrás e já possuir dois pós-doutorados consumados em sua carreira acadêmica. O desembargador também não faz uso de um instrumento regularmente utilizado para comprovar a experiência acadêmica, o currículo Lattes, ferramenta básica usada para atestar, com detalhes, a formação e vida acadêmica. No Brasil, Kassio Marques informou, em seu currículo, que possui mais uma pós-graduação, dessa vez em Ciências Jurídicas, pela Faculdade Maranhense – MA. A reportagem não localizou nenhuma instituição de ensino superior com esse nome que ofereça essa pós-graduação. A Faculdade Maranhense (FAM), contatada pela reportagem, informou que não tem cursos relacionados ao Direito. A Faculdade Maranhense São José dos Cocais, contatada pela reportagem nesta segunda-feira, 6, ainda não respondeu se o curso é ofertado e ou se Kassio Marques foi aluno da instituição. Com relação à graduação de Marques, em Direito, pela Universidade Federal do Piauí, a universidade confirmou que ele finalizou o curso em 1994 e disse que ele teve obteve Índice de Rendimento Acadêmico de 8.3704 pontos, “sem qualquer registro que desabone sua conduta acadêmica”.

Cada uma dessas informações foram enviadas, por meio de mensagens, a Kassio Marques, pedindo esclarecimentos sobre os cursos citados, ano e tempo de duração. Até o momento, não houve nenhuma resposta. Hoje, durante visita a senadores no Congresso, Kassio Marques chegou a lembrar que a formação acadêmica, de fato, não seria um fator decisório na escolha de um ministro do STF. Ao comentar sua postura de defesa contra a corrupção, ele afirmou que “ficaria perplexo se fosse indicado qualquer cidadão brasileiro, seja ele advogado, magistrado, ou outro cidadão, pois a Constituição não exige que seja sequer bacharel em Direito para ser ministro do Supremo Tribunal Federal, que fosse contra o combate à corrupção”. De fato, não é preciso ser formado em Direito para ser ministro do STF. O requisito do “notável saber jurídico”, conforme previsto em lei, pode ser alcançado por qualquer pessoa com qualquer formação, e reputação ilibada.”

Sim, ele também apresentou uma tese com DEZENAS de trechos plagiados de um advogado piuaíense como ele, mas que nem assim mereceu uma mísera citação.

Parabéns, general Heleno, o GSI tá voando! Fosse antiafascista Kassio seria checado pela Abin, certeza.

E o Mourão tá numa fase de sair distribuindo coices por aí:

“O vice-presidente Hamilton Mourão comentou nesta quarta-feira, 7, sobre as inconsistências apontadas no currículo do desembargador federal, Kassio Marques, indicado para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro, reveladas pelo Estadão. O vice-presidente evitou responder se a sabatina de Marques poderia ser prejudicada, mas fez questão de ressaltar que o próprio currículo não “tem problema nenhum”. Para o Estadão, a Universidad de La Coruña, da Espanha, negou oferecer o curso informado por Marques em seu currículo e informou que ele foi aluno apenas de um curso com duração de cinco dias, em 2014. Questionado por jornalistas se isso poderia influenciar na sabatina do desembargador no Senado, marcada para o dia 21 de outubro, Mourão respondeu: “Que fique lá na sabatina dele. O meu currículo eu tenho certeza que não tem problema nenhum, está registrado as minhas alterações, tá bom?”.” [Estadão]

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Ontem ele deu uma voadora gratuita no Celsão, e hoje isso.

“Sobre o assunto, Marques chegou a se justificar para senadores dizendo que houve um “erro” na tradução do título do curso. O “postgrado” seria, na sua visão, um tipo de especialização sem paralelo com a pós-graduação nos moldes brasileiros. O termo usado, contudo, tem o sentido de pós-graduação, nos mesmos moldes definidos pelo entendimento no Brasil ou no exterior. A duração mínima, segundo sites especializados em ensino superior na Espanha, é de seis meses. O do candidato a ministro durou cinco dias. Além disso, a própria universidade diz que ele fez um curso e não um postgrado, uma vez que sequer existe na instituição.”

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E a silenciosa Janaina resolveu dar o ar da graça:

“A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que vem cobrando posições do indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro, Kassio Marques, questionou nesta quarta-feira, 7, a defesa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) do desembargador, que ontem foi o centro de mais uma contestação de currículo de indicados de Bolsonaro para cargos públicos. “Não sei como o Senador Randolfe, da REDE, se define. Eu o vejo como um Político de esquerda. Nesse contexto, chama atenção a defesa que ele vem fazendo do indicado por Bolsonaro ao STF. Randolfe costuma ser rígido, apresenta representações por tudo! Logo ele está relativizando as estranhezas no currículo do futuro Ministro. Será que os Bolsonaristas não estão vendo isso?”, escreveu nas redes sociais.” [Estadão]

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Eu acho bacana que a jurista do impeachment nem trata sobre o tal “notório saber jurídico“.

A Rosângela Bittar fez um bom resumo da indicação:

“Sem ilusões: todos os passos amistosos do presidente Jair Bolsonaro em direção ao Supremo Tribunal Federal têm um único e fisiológico objetivo. O de proteger o primogênito Flávio Bolsonaro. A preocupação com este filho é obsessão e determina a relação do presidente com os tribunais superiores. A indicação de Kassio Marques, negociação conduzida por 01 para a vaga do decano Celso de Mello, integra este conjunto de providências objetivas. Desagradou a três alas de apoiadores do presidente e satisfez a outras três. Os que esperneiam são originários do lavajatismo convertidos ao bolsonarismo; são os líderes evangélicos que já saboreavam a vaga; e os radicais ligados ao inacreditável Olavo de Carvalho, que ainda teima em influenciar o governo com gritos e palavrões. Já os três grupos que aprovaram a escolha têm outras motivações. O apoio da Ordem dos Advogados foi corporativista, sem peso político ou ideológico; o Centrão vislumbrou também proteção aos interesses amplamente conhecidos; e um terceiro grupo gostou porque se sentiu aliviado. Temia que o escolhido tivesse um perfil de lobisomem, alguém incompatível com os ritos, linguagem e notável saber jurídico.” [Estadão]

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2. Eduardo, o burro

Flávio na contagem regressiva pra forca e Eduardo e Tonho vão pelo mesmo caminho. O desespero presidencial só faz aumentar, eu achava o Flávio burro, mas o Eduardo, puta que pariu. Não só o imbecil cria contas anônimas com e-mails que ele usa em seu trabalho como parlamentar como parte das máquinas estava em um imóvel de sua propriedade. Mas talvez seja muito cedo para ligar o imóvel do eduardo e os emails usados pelo gabinete do Eduardo ao… Eduardo, né?

“A Polícia Federal pediu à CPMI das Fake News acesso a todos as informações obtidas em suas investigações sobre a ação de grupos organizados para ataques nas redes sociais e para a disseminação de desinformação. Como revelou o Painel, Alexandre Frota (PSDB-SP) mostrou à PF na semana passada material que ligaria Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pessoalmente a esquema de divulgação de fake news. Ele disse que os dados estão na comissão no Congresso. A PF quer, primeiramente, confirmar o vínculo dos IPs com Eduardo. Depois, a investigação vai buscar o conteúdo administrado por esses computadores, para poder afirmar se deles partiram de fato ataques contra opositores de Jair Bolsonaro. Segundo a presidência da CPMI, a decisão sobre conferir acesso aos dados é do relator, no caso, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA).” [Folha]

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E Eduardo né pouco burro não…

“Em depoimento à Polícia Federal, o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury afirmou que pediu a ajuda do deputado federal Eduardo Bolsonaro para que apresentasse a ele pessoas ligadas a igrejas, a fim de concretizar seu projeto de criar uma rádio conservadora. Fakhoury é um dos investigados no inquérito que apura a realização e financiamento de atos antidemocráticos. Na oitiva realizada em 30 de setembro, o empresário relatou que um radialista que lhe prestou consultoria afirmou que muitas rádios estavam ligadas a pastores de igrejas. Fakhoury afirmou que “diante disso, solicitou a título de amizade a Eduardo Bolsonaro se ele conhecia e poderia apresentar algum desses pastores ou pessoas ligadas a igrejas com o objetivo de apresentá-los ao declarante”. Fakhoury disse que queria “ter ideia de valores” de aluguel de rádios. O empresário contou que Eduardo Bolsonaro “trouxe a informação obtida por meio do (pastor) RR Soares” e lhe passou o contato dele para que seguisse com as tratativas. Fakhoury disse, porém, que não procurou RR Soares e que a criação da rádio continua em “fase de planejamento”.” [O Globo]

Alguém deve ter se tocado que essa rádio já existe e é a JP. E taí, aposto que a direçao da JP ouviu esse papo e e mandou o presidente enquadrar o filho.

Em depoimento tomado no mesmo inquérito, RR Soares afirmou à PF que foi procurado por Eduardo, que lhe pediu ajuda para encontrar uma estação de rádio em São Paulo para alugar. No depoimento, o pastor afirmou ter conversado com alguns proprietários de rádios e que um deles lhe disse ter faturamento mensal de cerca de R$ 1 milhão, valor informado ao filho “03” do presidente Jair Bolsonaro.”

Sim, Eduardo não só intermediou o contato entre o empresário e o pastor não, como é burro…

Fakhoury também disse aos investigadores que Eduardo Bolsonaro não tinha interesse pessoal no tema e que falou com RR Soares para “auxiliá-lo”. Ele afirmou ainda que o aluguel da rádio é uma “tratativa privada que não envolve atuação de ente público”.”

Ora, tem alguém aí achando que o governo inundaria a rádio com verba pública? Cês são muito maldosos…

E Frota contou mais que apenas as aventuras internética de Eduardo Bolsonaro:

“Em depoimento à Polícia Federal, o deputado Alexandre Frota afirmou que o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, à época que este chefiava a Secretaria de Governo da Presidência da República, teria lhe confidenciado que estava ‘sofrendo pressão de pessoas ligadas ao governo para que ele de alguma forma auxiliasse, financiasse ou contratasse de alguma forma canais que operassem portais de apoio ao presidente Bolsonaro’. Segundo Santos Cruz teria relatado a Frota à época, ‘diversas vezes foi levado a ele propostas de contratação de serviços’ que seriam prestados pela empresa do blogueiro Allan dos Santos. O parlamentar afirmou à PF que a resistência de Santos Cruz frente a tais demandas acabou fazendo com que ele passasse a ser vítima do ‘linchamento virtual’ coordenado pelo ‘gabinete do ódio’. Em depoimento, Frota disse ainda que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News inclusive identificou diversos conteúdos de ataque a Santos Cruz, tendo rastreado contas e IPs relacionados à estrutura que, segundo ele, foi montada para ‘linchar’ opositores do governo Bolsonaro. As indicações de Frota quanto a Santos Cruz se deram em resposta a um questionamento da Polícia Federal. A corporação perguntou se o deputado tinha conhecimento de que o então Ministro Santos Cruz teve de agir para evitar que ‘algo imoral ou ilegal’ acontecesse na utilização de recursos da área de comunicação do governo.

Como mostrou o Estadão, a Polícia Federal investiga, no âmbito do inquérito sobre os atos antidemocráticos, se o governo Bolsonaro direcionou verbas de publicidade para financiar páginas na internet dedicadas a promover manifestações contra a democracia. A relação do grupo investigado com o governo chegou às autoridades justamente através da CPMI das Fake News, que repassou informações sobre anúncios da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em sites e páginas ligadas aos investigados. Quem controla a Secom desde o início do governo Bolsonaro é o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, mas a chave do cofre do órgão e consequentemente o controle da liberação de recursos fica nas mãos do Secretário Geral da Presidência, atualmente o ministro Eduardo Ramos. Santos Cruz foi seu antecessor na pasta, tendo deixado o governo em junho de 2019, sob desgaste, após ser criticado pela rede bolsonarista. À época, a queda de Santos Cruz, primeiro ministro militar a deixar o governo Bolsonaro, representou uma vitória para a ala olavista do governo, dos filhos do presidente e de Wajngarten. Como mostrou o Estadão, a posição de Santos Cruz quanto à distribuição da verba era considerada ‘linha dura’ e incomodava tanto os políticos como a equipe econômica.

O nome de Allan do Santos não foi citado por Alexandre Frota somente ao tratar das supostas propostas de contratações do blogueiro. O deputado disse não ter relação com o representante do site bolsonarista Terça Livre, mas indicou que, após as eleições 2018, ‘percebeu que o mesmo tinha uma grande influência junto ao Presidente da República, tanto que antes da aproximação do governo federal com o chamado Centrão fazia parte do núcleo duro ideológico e possuía transito livre dentro do Palácio’. O parlamentar também foi indagado pelos investigadores se pertencia a um grupo do Whatsapp chamado Genis House/QG Estado Maior. Frota respondeu que não, mas disse que sabia da realização de reuniões na casa do blogueiro por meio de um assessor parlamentar do deputado Felipe Lerça. Como mostrou o Estadão, Allan dos Santos mantinha um grupo de WhatsApp com deputados bolsonaristas e ‘outras pessoas de baixo escalão do governo’, sendo que as conversas resultavam em reuniões na residência do blogueiro, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Um dos integrantes do grupo era o assessor parlamentar Tércio Arnaud Tomaz, apontado como integrante do ‘Gabinete do Ódio.” [Estadão]

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3. Malafaia

Mas retornemos ao Kassio, Malafaia deu entrevista à Folha e “é pra glorificar de pé, igreja”!

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“”Uns três amigos dele falaram comigo se eu podia atendê-lo, certo? Se eu podia atender ele para conversar, e tal. Falei ‘depois eu até posso conversar que eu não tenho problema de conversar com ninguém. Eu não tenho questões pessoais contra ele. Minhas questões são ideológicas, é só isso. Mas uns três interlocutores [rindo] fortes [ri de novo]. Só vou dizer isso aí, não vou dar nome, não”, afirmou o pastor em um áudio enviado à Folha.” [Folha]

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Daria tudo pra ouvir ese áudio, em especial a última frase.

“Me parece que Lula, Dilma, nunca vi nomearem alguém que seja de uma ala de direita, contra os princípios ideológicos deles.”

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É curioso como o referencial desse pessoal é o PT, é como se o norte dosse sempre dado pelo Lula, loucura.

[Kassio Nunes] é desembargador nomeado por Dilma e tem amizade com a turma do PT. Tanto é que um dos mais ferrenhos inimigos do presidente, o presidente da OAB, elogiou Bolsonaro por escolher o cara. Precisa de mais alguma coisa?”

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Bolsonaro está falando ao fígado presidencial e falhando miseravlmente, o lado paterno fala mais alto, sabe como é, um filho mais enrolado que o outro.

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“‘A tese dele, quando fala de aborto, é uma coisa muito dúbia. Foi o presidente que falou, dizendo que somos mais de 30% da população, e que o Supremo tem católico, judeu, gente da esquerda: por que não um evangélico? Teve uma lista tríplice com 95% da liderança evangélica assinando, e 90% dos 95% apoiando o William Douglas. Desviar o foco dizendo que sou contra o candidato de Bolsonaro porque não foi o meu [indicado] é a coisa mais nojenta. O presidente disse que vai ser uma segunda [nomeação], a evangélica. Ninguém colocou faca em pescoço de Bolsonaro.”

Sim, foi Bolsonaro quem ajeitou a corda para se enforcar.

Inclusive o bispo da Universal da Unigrejas assinou a lista também. Essa conversinha fiada da Igreja Universal é por interesse político, tá? Um jogo estratégico nojento, político, para agradar, porque Bolsonaro está apoiando Crivella e Russomanno. A Universal que é isolada. Representa 4% dos evangélicos. Isso é onda, puríssima.”

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Mas apesar da porrada Malafaia não fecha a porta para Crivella. E alguém acha que Russomano tem capa

“Aqui no Rio sou amigo do Crivella e do [Eduardo] Paes, tá, dos dois. Se for pro segundo os dois, vou ficar neutro. Em São Paulo, não decidi se vou dar apoio a Russomanno ou se fico neutro.”

Malafaia, malandro, é o PMDB dos evangélcios

“Apoiei Lula porque acreditava que ele que veio do pobre, do Nordeste, podia fazer transformação no país. Apareci no programa eleitoral dele. Quando comecei a ver diferença entre prática e discurso, me afastei. Meu pai me avisou: “Rapaz, isso é tudo vertente comunista”.”

Se o Lula é comunista…

“Tem alguns apoiadores que estão idolatrando o presidente. Isso não é bom nem pra ele. É exatamente o que a esquerda faz. Não crê em Deus, mas faz culto de personalidade.”

Essa útlima frase aí embaralhou minhas sinapses, confesso. Quem crê em Deus então pode fazer culto de personalidade?! Quem crê no sujeito cufo filho foi torturdo pode fazer culto de personalidade pra um capitão que louva torturador?!

É só ver a história do comunismo no mundo. Apoiar um presidente é salutar, agora, essa idolatria louca de tudo o que ele fala é bom… Minha filha, todos nós somos passíveis de errar. Há dez dias, quando eu soube que a primeira vaga não seria de um terrivelmente evangélico, disse assim: quando anunciar o cara, diga que a segunda vaga vai ser para um evangélico. O sr. falou em muitas reuniões evangélicas, o ser humano faz associação. Daqui a pouco estão dizendo que o senhor é traidor. Ele escutou e falou isso.”

Malafaia é um conselheiro á altura do presidente, isso ninguém pode negar.

Tenho voo próprio, penso. Já discordei do presidente no caso do Magno. Bolsonaro até brinca: “Quando Malafaia bota dois áúdios seguidos no meu zap, eu nem escuto, sei que é bronca”. Fiz casamento dele [com Michelle]. Não cheguei aqui agora, não, com todo o respeito.”

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Malafaia é questionado se ele anda desprestigiado com o presidente, e isso havia sido dito por dois membros da bancada evangélica:

“Tenho que rir desta. Tem gente lá que tem a maior dor de cotovelo. Onde tem ser humano, minha filha, tem despeito. Falo toda semana com presidente… É, não tenho prestígio nenhum.”

Vaidade é pecado ou não é? Ô pastor vaidoso!

Malfaia é questionado sobre a dita honestidade presidencial e o dinheiro do Queiroz:

“O que acho engraçado: por que imprensa não escreveu o que o presidente falou sobre isso? “Ele me emprestou, devolvi acho que com 10 ou 20 cheques”. Qual é o problema de um amigo emprestar dinheiro? E o que o presidente tem a ver com vida do filho? Se o Flávio está devendo, que pague.”

Como se o pai tá fazendo de tudo pra blindar o filho, pastor?!

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4. Guedes

Guedes deu o papo, não vai ter auxílio ano que vem:

“Tem um plano emergencial e o decreto de calamidade que vão até o fim do ano. E no fim de dezembro acabou tudo isso. O ministro da economia está descredenciando qualquer informação de que vai prorrogar o auxílio” [O Globo]

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E como eles não têm a menor idéia como financiar o Renda Brasil, ou Renda Cidadã, sei lá…

“O decreto de calamidade pública e o chamado Orçamento de Guerra permitiram uma série de ações emergenciais e o aumento de gastos públicos neste ano, até 31 de dezembro, o que deve fazer o rombo nas contas federais atingir R$ 900 bilhões em 2020. Com a proximidade do fim do ano e as incertezas sobre 2021, há dúvidas sobre se o governo poderia prorrogar o estado de calamidade pública, o Orçamento de Guerra e estender o pagamento do auxílio emergencial para o próximo ano.”

Alguém acha que a pnademia e seus efeitos desaparecerá na virada do ano?!

“Em conversas reservadas, por outro lado, o ministro tem relatado negociações para criar uma cláusula de emergência, como uma maneira de reagir a futuras crises. Para o Orçamento de Guerra, por exemplo, foi preciso mudar a Constituição, o que demanda tempo e negociação política. Esse plano, ressalta Guedes a interlocutores, viria acompanhado, por outro lado, de gatilhos para corte de gastos.”

Demanda tempo porra nenhuma governo que demorou, Congresso sempre foi a favor da idéia.

“Em meio à pressão pelo aumento de gastos para bancar o Renda Cidadã, novo programa social do governo, e para a realização de obras, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixou claro a auxiliares e interlocutores que o teto do gasto público, é última barreira para sua permanência no governo. Ao ser indagado sobre uma eventual mudança nesse teto, que limita o crescimento das despesas à inflação, Guedes responde: “só se for com outro ministro”. Na visão do ministro, o rompimento do teto será como uma avalanche, comparável ao rompimento da barragem de Brumadinho, “vai arrastar e matar todo mundo”.” [O Globo]

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E não é que o governo teve uma boa – e a mais óbvia – das idéias? Texto do Gaspari:

“A boa notícia foi trazida pela repórter Geralda Doca: a ekipekonômika quer criar recursos para financiar o programa de amparo social impondo um teto salarial para os servidores públicos: R$ 39,2 mil mensais e nem um tostão acima disso.” [Folha]

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A medida resultaria numa economia de pelo menos R$ 10 bilhões anuais para a bolsa da Viúva. Se essa ideia for em frente, Jair Bolsonaro poderá custear uma parte de seu projeto.

E isso valeria para os generais?!

“A ideia de limitar supersalários para ajudar a financiar o programa Renda Cidadã esbarra em forte resistência de setores do Judiciário, da advocacia pública e do Ministério Público Federal.” [Folha]

Só os marajás!

As pedras neste e em outros caminhos foram discutidas no jantar do ministro Paulo Guedes, da Economia, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, na casa do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas para debater o financiamento do projeto sem furar o teto de gastos.”

Mas voltemos ao Gaspari:

“Hoje o programa Bolsa Família protege 13,5 milhões de famílias e custa R$ 29,5 bilhões anuais. O governo é obrigado a respeitar um teto de gastos. No entanto, há um teto salarial para os servidores e ele tem mais buracos do que queijo suíço. Entre setembro de 2017 e abril deste ano 8.226 magistrados receberam pelo menos um contracheque com valor superior a R$ 100 mil. Em 565 ocasiões, 507 afortunados faturaram mais de R$ 200 mil. Há universidades onde professores sacam salários de R$ 60 mil. Dois ministros de Bolsonaro conseguiram mais de R$ 50 mil mensais. Ninguém faz coisa ilegal. O reforço têm nomes bonitos: auxílio-moradia, tempo de serviço, ou participação num conselho. A ideia do teto salarial está há tempo no Congresso, mas não anda. O andar de cima de Pindorama tem suas astúcias. O teto real seria ilegal, porque fere direitos adquiridos. É o jogo trapaceado. Os direitos do andar de cima são adquiridos, os do andar de baixo são flexíveis. Em 1851, Joaquim Breves, dono de grande escravaria e contrabandista de negros, dizia que a repressão ao tráfico ameaçava “a vida e fortuna de numerosos cidadãos, assim como a paz e a tranquilidade do Império”. Para felicidade geral da nação, a 13 de maio de 1888 atentou-se contra a propriedade privada e aboliu-se a escravidão.

O andar de cima é esperto. Em 1831 o Brasil assinou um tratado com a Inglaterra pelo qual todos os escravizados que chegassem a Pindorama seriam negros livres. Depois do tratado entraram perto de 800 mil negros escravizados e até 1850 só 8.000 foram resgatados. Desde 1818 a lei determinava que eles prestassem serviços à Coroa por 14 anos. Em 1835 criou-se um sistema de concessão, ancestral das Parcerias Público-Privadas. O magano ia à Coroa, pedia um negro e pagava uma anuidade equivalente ao que o escravizado lhe trazia trabalhando por um mês. Enquanto a PPP durou, foi um negócio da China. Os dois maiores políticos do Império, o marquês do Paraná e o duque de Caxias, conseguiram 21 e 22 cada um. Os dois principais jornalistas da época, Firmino Rodrigues Silva e Justiniano José da Rocha, também foram concessionários. A eles se juntaram barões, marqueses, juízes, médicos (inclusive o presidente da Academia Imperial) e parentes da governanta de d. Pedro 2º. Um desembargador ganhou 14 negros.”

O que me leva a isso aqui

“Ex-corregedora nacional de Justiça (2010-2012), que se notabilizou por buscar fazer investigações financeiras sobre os pares, a ministra aposentada Eliana Calmon, 75 anos, afirma ser necessária uma nova reforma do Judiciário para promover não só mudanças na estrutura administrativa do Poder, mas em aspectos como o disciplinar. Ela defende a revisão da Loman (Lei orgânica da Magistratura), mas se diz cética a respeito. A iniciativa cabe ao presidente do Supremo, Luiz Fux, recém-empossado. “Como ele é magistrado de carreira, é muito, muito corporativista, e isso atrapalha muito”, comenta, acrescentando que foi do ministro a decisão provisória que, na prática, manteve por anos o pagamento irrestrito de auxílio-moradia aos juízes. “Deu uma liminar a sentou em cima.”” [Folha]

E olha que a Eliana acha que esse Fux aí há de ser melhor que o Toffoli:

“Defendo muito o ministro Fux. Acho que será uma administração bem melhor do que foi a do ministro [Dias] Toffoli, porque o ministro Toffoli é muito político e o ministro Fux é muito institucional. Mas, como ele é magistrado de carreira, é muito, muito corporativista, e isso atrapalha muito.”

Vale ler a entrevista na íntegra, Eliana é uma das poucas magistradas a defender uma reforma no judiciário pra acabar com essa infnidade de absurdos.

Mas volta à cena o Robin Hood esquizofrênico:

“Uma das opções em estudo pelo time de Guedes para financiar o Renda Brasil é congelar benefícios previdenciários de quem ganha mais do que um salário mínimo. A economia gerada com a medida, caso a ideia prospere no campo político, não é suficiente para bancar sozinha toda a ampliação do programa —o governo busca pelo menos R$ 25 bilhões e a iniciativa renderia menos.” [Folha].

É inacreditável como eles se recusam a morde o “andar de cima”, como gosta de falar o Gaspari.

E vai vendo…

“A avaliação de participantes do jantar desta segunda (5) é que Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) acabou isolado com o posicionamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de selar as pazes com Paulo Guedes (Economia). Marinho e Guedes são adversários no governo. A agenda do ministro do Desenvolvimento, porém, é a mesma de Bolsonaro, que tem dedicado boa parte de sua rotina na Presidência em viagens para inaugurar obras. Essa também é a área de interesse do centrão, que rivaliza com Maia o controle da Câmara em 2021.” [Folha]

E taí a explicação para o esquisito pedido de desculpas do Guedes:

Pessoas próximas a Maia acreditam que ele optou por Guedes por enxergar uma chance de destravar a reforma tributária até fevereiro, quando termina seu mandato. No jantar, ambos combinaram não travar a pauta do outro, o que significa que Maia indicou aceitar discutir a CPMF.”

E Maia deve etsar puto até hoje com a incapacidade do Guedes de se deslpar depois do Maia ter se penitenciado frente às câmeras.

E eis outra explicação rpa jogada do Maia: ele tá tentando foder o Arthur Lira na disputa por sua sucessão.

“Sem terem sido convidados para o jantar entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia, deputados do chamado Centrão tentaram, até o último minuto, convencer o ministro da Economia de que não seria uma boa participar do encontro. Alegaram que o jantar poderia prejudicar as articulações em torno da instalação da Comissão Mista de Orçamento na Câmara, que hoje vive uma disputa entre o grupo do deputado Arthur Lira (PP-AL) e o do presidente da Câmara. O início dos trabalhos na CMO, previsto para ontem, foi adiado, para se tentar um acordo.” [Estadão]

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5. A última do MEC

Do excelente Conrado Hubner Mendes:

“O governo federal editou o decreto da “Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida”. Não se deixe seduzir pela beleza do nome de batismo. Na política pública, o diabo mora na malandragem retórica. Pouca gente deu atenção a esta nova rasteira no projeto constitucional da educação. Uma das empreitadas mais instigantes do pensamento político nas últimas décadas se deu no campo da educação de crianças com deficiência. Como fazer? Testar as crianças, classificar suas deficiências segundo a cartilha médica e enviar as reprovadas no teste de normalidade para escolas separadas, onde gozam do conforto da exclusão? Ou construir escolas com recursos físicos e humanos para receber qualquer criança? Nesse embate entre a tradição da “educação especial” e o compromisso com a “educação inclusiva”, o ideal de inclusão prevaleceu. A pesquisa das experiências reais de inclusão ao redor do mundo e dos benefícios trazidos para estudantes com ou sem deficiência não deixou dúvidas sobre qual o princípio mais afinado com a liberdade e a igualdade. A superioridade não está só na filosofia, mas nos resultados. Para todos. Documentos jurídicos nacionais e internacionais refletiram esse raro consenso cuja implementação trouxe dois grandes desafios. Primeiro, o político: convencer os céticos e derrotar grupos de interesse que nasceram e se alimentaram da educação segregada. Segundo, o operacional e financeiro: investir na preparação de escolas e professores para fazer a inclusão acontecer na sala de aula. O Brasil esteve na vanguarda desse processo. A Constituição de 1988 estabeleceu que alunos com deficiência deveriam ser atendidos, preferencialmente, pela rede regular de ensino.” [Folha]

Sim, o Brasil já steve na vanguarda!

Nas décadas seguintes, normas jurídicas diversas avançaram nessa direção, como a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2006, incorporada como emenda à Constituição brasileira, e a Lei Brasileira de Inclusão, de 2015. A inclusão restou como única opção. Apesar da insuficiência de recursos e da resistência, escolas públicas e privadas tiveram de embarcar na educação inclusiva ao redor do país. Erraram e acertaram, bateram cabeça, reagiram a reivindicações e ainda têm muito a entregar, mas construíram um sistema educacional que já pode se dizer razoavelmente inclusivo. Uma opção apoiada por 86% da população brasileira, segundo pesquisa Datafolha de 2019. O tema deixou de ser uma controvérsia pedagógica ou jurídica. Tornou-se pura disputa por recursos públicos na sujeira da barganha política. O diabo também mora nas finanças. A disputa se dá entre o sistema de educação pública e universal, de um lado, e algumas poderosas entidades privadas que, apesar de sua respeitável história de dedicação a pessoas com deficiência, veem na inclusão uma ameaça existencial. A consequência é trágica: recursos públicos escassos serão dispersados por um sistema privado ineficiente e discriminatório. O decreto se apropriou do elã da palavra “inclusão” para liberar e facilitar o seu contrário —a segregação. Incorreu em contrabando linguístico prototípico do bolsonarismo (como a defesa da liberdade pela via da repressão, da vida por meio de políticas de multiplicação da morte, da família pela aprovação só de algumas famílias). Diz adotar um modelo flexível, em que prevalece a escolha dos pais. Ignora que escolhas da família não podem violar direitos da criança. Todo pai e mãe têm direito de exigir do Estado e da escola educação inclusiva e criticar suas falhas. Nenhum pai ou mãe tem o direito de subestimar o potencial de seu filho e impedi-lo de participar dessa sociedade como um igual. Anos atrás, por ocasião de projeto acadêmico, entrevistei 20 grandes especialistas do mundo sobre inclusão. Guardei duas lições fundamentais: “O desejo de classificar pessoas esconde vestígios do apartheid e suas epistemologias da segregação”, contava a sul-africana Elizabeth Walton; a “inclusão é um projeto que fazemos por nós mesmos, não pelos outros”, resumiu o australiano Roger Slee.​”

Acho que essa foto cabe bem aqui:

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6. Corra

Bolsonaro quer porque quer furar o teto, mas…

“A fuga de investidores estrangeiros do Brasil das aplicações de risco em 2020 deve mais do que dobrar em relação ao registrado em 2019. No total, o saldo entre aplicações e retiradas de não residentes ficará negativo em US$ 24 bilhões (R$ 134 bilhões) entre janeiro e dezembro. Em 2019, as saídas somaram US$ 11,1 bilhões (R$ 62 bilhões). Para investimentos direcionados ao setor produtivo, geralmente de longo prazo e voltados à ampliação de empresas comerciais e industriais, o Brasil também atrairá bem menos dinheiro neste ano: cerca de US$ 49 bilhões, ante US$ 73 bilhões em 2019. Somando diferentes tipos de entradas e saídas, o Brasil terá um fluxo positivo de dinheiro estrangeiro em 2020 de apenas US$ 11 bilhões, bem abaixo dos US$ 59 bilhões de 2019. Segundo previsões atualizadas do IIF (Institute of International Finance), que reúne 450 bancos e fundos de investimento em 70 países, as maiores saídas de capital do Brasil estão concentradas em ações e outros títulos de empresas, cujo saldo entre entradas e saques somará cerca de US$ 18 bilhões em 2020. No ano passado, as retiradas nesses itens foram de apenas US$ 2,7 bilhões. O restante das saídas, aproximadamente US$ 6 bilhões, referem-se a investidores que deixaram de aplicar, principalmente, em títulos relacionados ao endividamento do país, como papéis da dívida pública. No ano passado, esses saques já haviam atingindo US$ 8,4 bilhões.” [Folha]

E era pra ser o inverso, viado!

“A redução ocorre em um ano em que os países ricos lançaram pacotes trilionários para injetar liquidez em suas economias —um dinheiro que, em muitos casos, acaba “vazando” para economias que oferecem boas chances de retorno. Não foi esse o caso do Brasil. Segundo Martín Castellano, chefe do departamento de pesquisas do IIF para a América Latina, a desvalorização do real em relação ao dólar até tem tornado os ativos brasileiros baratos para os investidores. No acumulado deste ano, o dólar se valoriza quase 40% frente o real. Em uma situação normal, seria a hora de os estrangeiros comprarem ações e títulos brasileiros, desembolsando menos dólares para adquirir ativos em reais. A situação das contas públicas do Brasil, no entanto, tem desencorajado esse movimento —e estimulado os saques. Para os investidores, o risco seria comprar o ativo hoje e o real se desvalorizar ainda mais; ou a Bolsa embicar para baixo em um eventual quadro de desarranjo macroeconômico provocado pelo alto endividamento do setor público. A fragilidade fiscal continua sendo o calcanhar de Aquiles do Brasil. Ao contrário de outros países na região, o mecanismo de controle do gasto público brasileiro ainda é muito novo e está para ser testado”, diz Castellano, referindo-se ao teto de gastos, que limita a correção das despesas públicas à inflação de 12 meses anteriores. “A percepção dos investidores sobre a habilidade do governo brasileiro em manejar a situação fiscal no resto deste ano e em 2021 será fundamental para determinar o comportamento dos investidores mais à frente”, diz.”

Passo ao Vinícius Torres:

“Está sobrando dinheiro na caderneta de poupança e aumentou a poupança no país durante a epidemia, como bem se sabe. O que vai ser feito desse dinheiro nos próximos meses vai influenciar o ritmo da despiora da atividade econômica. Supõe-se que o gasto dessa poupança extra possa compensar, em parte, uma baixa no consumo provocada pela redução do valor do auxílio emergencial e de seu fim, previsto para dezembro. Mas pode ser que as coisas não funcionem assim, como em uma balança de pratos; o que sai por uma porta talvez não seja compensado pelo que entra pela outra. Antes de mais nada, note-se que o valor dos recursos depositados na caderneta de poupança aumentou R$ 163,7 bilhões de setembro de 2019 para setembro de 2020 (em termos reais, considerada a inflação). Desconte-se desse total o valor dos depósitos que teriam ocorrido “normalmente” (no ritmo em que vinham no anterior ao do início da pandemia). Ainda seriam R$ 143,6 bilhões a mais, em um ano. Equivale a 2% do PIB. É muito dinheiro. Poupança, ocioso dizer, não significa “depósitos na caderneta de poupança”, mas o que deixou de ser consumido, dada a renda disponível. Além do mais, as pessoas podem ter deixado o dinheiro no até no colchão. Mais provável, o guardaram em um fundo de renda fixa ou em alguns tipos de título do Tesouro Direto, para citar duas versões mais “pop” de uma espécie de conta remunerada. Os mais remediados ou ricos, em investimentos mais complexos. O conjunto inteiro de fundos de investimento captou R$ 178 bilhões nos 12 meses até agosto de 2020, segundo dados da Anbima (excluídos os fundos ditos estruturados). Mas o patrimônio dos fundos fica perto de R$ 6 trilhões; o da poupança, de R$ 1 trilhão. Logo, o aumento dos depósitos na poupança foi brutal.

Faça-se um exercício muito simples do que “tem para gastar” no país, poupado em cadernetas, opção provável dos mais pobres, que não raro as utilizam como conta corrente. O valor dos auxílios emergenciais e do benefício de manutenção de emprego foi de R$ 49,8 bilhões por mês (média de julho e agosto). Mal e mal, o excesso da caderneta banca o equivalente à renda de três meses de vida sem esses auxílios. Considerado o pagamento dos auxílios de R$ 300, digamos que o “excesso” de depósitos nas cadernetas compensaria a perda de renda até fevereiro. Questão: as pessoas vão gastar essas e outras reservas? As mais pobres vão. Mas, primeiro, não sabemos quem guardou dinheiro, para começar. Segundo, quem guardou por precaução pode continuar preocupado, pois a epidemia desacelera, mas vai longe. Terceiro, o brasileiro escaldado por sete anos de crise pode ficar na retranca até que veja algum sinal de terra econômica à vista. Há meses, faz-se a conta de quanto o rendimento do trabalho precisa crescer a fim de compensar o buraco que o fim dos auxílios vários vai deixar no potencial de consumo (os emergenciais, o seguro-desemprego ampliado, os dinheiros para estados e municípios). A poupança extra (o que se deixou de consumir na pandemia) seria um contrapeso, mas essa é apenas uma hipótese aritmética. Um Renda Cidadã aliviaria a situação de parte dos mais pobres, mas não do consumo em geral, caso seja financiado por cortes em outras áreas. A despiora econômica até agora foi melhor do que a esperada, mas os auxílios começaram a minguar apenas neste outubro, quando a recuperação da renda do trabalho ainda é pequena. A hipótese do balanço pode dar certo. Se não der, o risco de entrarmos em estagnação precoce ou em parafuso.​” [Folha]

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7. Pantanal em chamas

É desesperador ler as notícias sobre o Pantanal:

“Os incêndios que devastam o Pantanal já destruíram um quarto do bioma dede o início deste ano. Nos últimos dias, o ponto mais crítico é a Serra do Amolar (MS), uma das regiões mais preservadas da maior planície alagável do mundo. Desde 1º de janeiro até o último sábado (3), as queimadas varreram a fauna e a flora de 3.977.000 hectares, uma área pouco menor à do estado do Rio de Janeiro. O tamanho destruído corresponde a 26,5% do Pantanal, de 15 milhões de hectares. No espaço de uma semana, as chamas percorreram 516 mil hectares, ou uma média diária de 73,7 mil hectares. É como se uma área comparável à do município de Salvador queimasse a cada 24h. Os números, publicados às terças-feiras, são do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e foram repassados pelo Ibama. Apesar de ter a menor parte do bioma, Mato Grosso é o estado mais atingido, com 2,16 milhões de hectares. O Pantanal de Mato Grosso Sul perdeu 1,82 milhão, mas é onde o fogo mais avança nos últimos dias.

Até esta terça-feira (6), o fogo continuava fora de controle na Serra do Amolar. A cerca de 100 km ao norte de Corumbá, é de uma das áreas menos antropizadas do Pantanal. As queimadas já atingiram ao menos 102 mil hectares dessa região. Por meio do Prevfogo, o Ibama tem concentrado esforços na região. Foram trazidos brigadistas de outros estados do país, além do reforço de Corpos de Bombeiros, Força Nacional, funcionários das fazendas, voluntários e militares. No sábado (3), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve em Corumbá e sobrevoou de helicópteros algumas áreas queimadas. O Pantanal atravessa a sua pior seca em décadas. A chuva abaixo da média não foi suficiente para provocar cheia sazonal. Com isso, muitos cursos d’água, como lagoas e corixos, secaram. Segundo analistas, a grande maioria dos fogos é provocada pela ação humana. Fazendeiros e agricultores da região usam a queima para manejo de pastagem, para desmatar e para o plantio de roças.

O fogo devastou diversas áreas protegidas desde agosto. É o caso da fazenda São Francisco do Perigara, o maior refúgio de araras-azuis do mundo, e do Parque Estadual Encontro das Águas, atração turística mundial por causa to turismo de observação de onças-pintadas. As queimadas também atingiram quase toda a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) em Poconé (MT). Com 108 mil hectares de mata nativa, é a maior área de proteção privada do Brasil. Duas das três terras indígenas do Pantanal foram atingidas: Baía dos Guatós e Perigara, dos povos guató e bororo, respectivamente. “Nós nunca teremos a dimensão do que nós perdemos neste ano”, afirma o presidente do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), Ângelo Rabelo. “Certamente, desapareceram espécies que não chegaram a ser descobertas.” Nos últimos dias, Rabelo, um coronel aposentado da PM Ambiental de Mato Grosso do Sul, está na Serra do Amolar coordenando esforços contra o fogo. Morando há quatro décadas na região, ele compara o impacto do incêndio deste ano, o pior já registrado no Pantanal, a um dos eventos climáticos extremos que mudaram a história do planeta. “Vamos tentar virar a página e recomeçar com o que sobrou.”” [Folha]

Passo ao Zuenir Ventura:

“Comentando a possível fusão do Ibama com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pretendida pelo ministro Ricardo Salles, o leitor Mario Barilá Filho escreve para advertir que é preciso garantir que o nome do líder seringueiro seja mantido na instituição que resultar dessa operação, cujo objetivo seria apagar qualquer memória da luta do ambientalista pela Amazônia, que causou o seu assassinato. “O ódio de Ricardo Salles por Chico Mendes é comparável ao ódio que os grandes fazendeiros sempre sentiram pela Princesa Isabel.” Na véspera, Bernardo Mello Franco escrevia em sua coluna o artigo “A segunda morte de Chico Mendes”, em que falava também desse desejo de eliminar o nome do seringueiro da estrutura do governo. E lembrava que Salles, com um mês no cargo, classificou o símbolo da luta pela preservação da Amazônia como “irrelevante”. “Que diferença faz quem é o Chico Mendes neste momento?”

Na época, o que mais me chamou a atenção foi o tom de deboche do ministro ao exibir seu ressentimento. Ele não se conformava que a História mantivesse viva a memória de alguém que ele chamava de “irrelevante”. Era preciso promover a segunda morte de Chico Mendes. Só que ele está vendo que foi mais fácil assassinar Chico Mendes do que se desfazer de seus feitos. Desculpem a autorreferência, mas esse é um tema que me é muito caro, profissional e sentimentalmente. O assassinato de Chico em 1988 foi minha cobertura jornalística mais importante, rendendo para mim o Prêmio Esso, o livro “Chico Mendes —crime e castigo” e a tutela da principal testemunha, um garoto de 13 anos que tive que esconder aqui em casa, no Rio, para não ser assassinado também. Salles deve se corroer de inveja ao comparar a biografia do “Herói dos povos da floresta”, a quem a ONU considerou um líder global na defesa do meio ambiente, com a de um ministro famoso pelas besteiras que disse e fez. A mais famosa foi propor “passar a boiada” para que ele, enquanto isso, fraudasse a legislação ambiental. O duro é ele saber que, mais do que irrelevante, ele é danoso.” [O Globo]

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8. Covid-17

Ninguém pode negar que o “Dr. Pazuello” é honesto, né?

“O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que “nem sabia o que era SUS”, o Sistema Único de Saúde. Durante evento do lançamento da Campanha do Outubro Rosa de 2020, realizado nesta quarta-feira (7), o ministro destacou a importância do SUS, porém, admitiu que só passou a conhecer o sistema “neste momento da vida”. “Eu não sabia nem o que era o SUS. Eu passei a minha vida sendo tratado em instituição pública do exército, vim conhecer o SUS a partir deste momento da vida e compreendi a magnitude dessa ferramenta que o Brasil nos brindou”, disse Pazuello.” [Yahoo]

Sim, em plena pandemia Bolsonaro demitiu dois médicos e colocou no comando do Ministério da Saúde um general que não sabia o que era o SUS.

Há uns dias saiu por aqui uma entrevista com um pesquisador da Fiocruz que criticava a demora do Instituto em acender o alerta sobre uma nova fase da pandemia em Manaus. Pois bem:

“O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), confirmou o aumento de enterros por Covid-19 na capital do Amazonas. A média era de 20 a 25 sepultamentos dia passando agora para 50, segundo dados da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana. Virgílio acompanha os dados sobre sepultamentos e cremações diariamente. Virgílio explica que Manaus teve picos terríveis da doença,seguido por uma queda expressiva, mas nunca acreditou que o vírus estivesse eliminado no Estado. “Estamos vivendo uma fase de reinfecção. Se esquecermos os patamares elevados do pico vamos ver que houve uma mistificação dos números”.” [Folha]

E Demétrio Magnoli jurando que por lá a imunização de rebanho era uma realidade dada, sempre duvide de pessoas cheias das certezas.

“O prefeito responsabiliza a Fundação de Vigilância e Saúde, do governo do Estado,de produzir relatórios incompletos. “Muita causa de morte desconhecida e não citam a Covid.Eles fizeram um trabalho pra tudo permanecer menos claro.É desmoralizante para uma instituição que desfrutava de um conceito,mentir e inventar números,negando casos”, afirma Virgílio. O prefeito também desmente as informações do governo com relação aos casos da Covid-19 no interior do Amazonas. “Não adianta inventar história, o interior é desarmado,não tem hospital,não tem intensivistas.O governo dá o número que quiser dar.Afirma que tem 89.202 casos confirmados,dando a entender que morre menos gente no interior do que em Manaus.Isso não é possível porque é na capital que está a maior rede hospitalar do Estado”. Outro dado contestado foi em relação aos índios. “Apenas 80 óbitos?! Isso é mentira”, diz o prefeito. Ele também não concorda com o número de casos – 5323.Virgílio acredita que,além do coronavirus, o maior problema que aflige a comunidade indígena ainda é a violência decorrente da invasão de terras por grileiros.”

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9. Novo

A campanha do Novo na maior cidade do país está um espetáculo>

“Concorrendo graças a uma liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sem o apoio de parte dos 34 candidatos a vereador do seu partido, Filipe Sabará (Novo) retomou os compromissos de campanha para a Prefeitura de São Paulo nessa terça-feira com um “furo” na agenda: faltou a uma panfletagem em que era esperado no Jardim Ângela, zona sul. O candidato se desculpou por telefone e afirmou que havia se atrasado.” [Estadão]

“Sabará, que havia sido suspenso pelo Novo após uma denúncia apontar inconsistências em seu currículo acadêmico e em sua declaração de patrimônio, tem buscando explorar um racha dentro do Novo sobre o apoio ou não ao presidente Jair Bolsonaro. É dessa forma que justifica a tentativa de retirá-lo da disputa. “A coisa toda começou quando eu falei que o (Jair) Bolsonaro foi melhor do que o (João) Doria (no enfrentamento ao coronavírus). Ali começou a divisão entre as pessoas mais críticas ao Bolsonaro e as pessoas menos críticas ao Bolsonaro”, disse Sabará ao Estadão”

Doria é um escroto do caralho, um Bolsonaro q arrota caviar, mas quantos quilos de merda come por dia o candidato do Novo pra dizer q Bolsonaro se saiu melhor no combate ao coronavírus que o Doria?! Isso porque o Novo se gabava de seu processo de seleção de candidatos, hein…

“Membros do Novo que têm ações conjuntas com o governo federal, como o governador mineiro Romeu Zema, estariam no grupo que tenta aproximar o partido do presidente. Integrantes que defendem a independência da legenda, como o líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime (RJ), tentariam garantir a independência. Ganime afirmou que a posição pela independência do partido em relação ao governo inclui “cerca de 80%” dos membros do Novo. “Os outros 10% apoiam Bolsonaro e 10% são contra”.”

Caralho, não sei nem por onde começar. Qual é o maior absurdo? O parlamentar do Novo jurar de pé junto que aapenas 10% do partido apóia Bolsonaro ou a confissão que 80% do partido se recusa a fazer oposição a um governo com retórica marcadamente fascista?!

“A filiação de Sabará foi suspensa no dia 23 de setembro, dias depois de ele dizer que a condução da crise do coronavírus por Bolsonaro era melhor do que a feita pelo governador tucano João Doria, um ex-aliado de quem tentava se dissociar, e de dizer que o melhor prefeito que a capital já teve foi Paulo Maluf. Candidatos e parlamentares do Novo disparam críticas ao candidato. “No meu partido, tem gente que é mais de elogiar (Bolsonaro), tem gente que é mais de criticar. O ponto é que eu respeito o partido, de verdade. Se eles me expulsarem, vai ser por causa deles”, disse Sabará. O presidente nacional do Novo, o empresário Eduardo Ribeiro, discorda. Ele disse que a fala de Sabará ligando a suspensão à defesa de Bolsonaro “não tem fundamento”. “O processo que motivou sua suspensão se originou de uma denúncia de um deputado estadual do Novo, referente a indícios de possíveis irregularidades no seu currículo. Fato que só veio à tona após a convenção, inclusive com ampla divulgação da imprensa”, afirmou.”

Prepare a risada:

“Para Ribeiro, o partido não está alinhado ao governo federal. “Não temos e nunca tivemos compromisso algum com Bolsonaro, nosso compromisso é com as nossas convicções e com o cidadão brasileiro”, disse. “Se o rumo do governo estiver errado, e está, seremos críticos e trabalharemos para proteger a sociedade, sempre preservando a nossa independência.”

“No grupo que ataca a aproximação do Novo com o governo Bolsonaro estaria o fundador da legenda, João Amoêdo, que deixou a presidência do partido em março. Em 2019, em 91% das votações no Congresso, o Novo havia votado com o governo, segundo a ferramenta Basômetro, do Estadão. Sabará disse que procurou Amoêdo para afinar o discurso e se desculpar, mas que o fundador do Novo decidiu não recebê-lo. “Pedi para conversar com ele. ‘Mais para a frente a gente conversa. Agora, não’. A resposta dele foi essa. Mandei uma mensagem falando que concordava com o Novo, os princípios do Novo”, afirmou Sabará. A reportagem não conseguiu contato com Amoêdo.”

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10. DPU

Aí sim, DPU!

“Defensores públicos de todo o país ligados aos núcleos de proteção racial de suas instituições debatem a possibilidade de entrar como amicus curiae (amigo da corte) na ação em que um defensor da União acusa o Magalu de racismo ao lançar programa de trainee para negros. A ação, assinada pelo defensor Jovino Bento Junior, chocou colegas dele em todo o país. A ideia é entrar na causa para sustentar o contrário do que ele diz nela.” [Folha]

Passo ao Thiago Amaparo:

“Imagine se brancos ganhassem apenas 55,8% da renda de negros (pretos e pardos) no país. Imagine se brancos ocupassem apenas 5% dos conselhos de administração das empresas das 500 maiores empresas e 88% destas grandes empresas não possuíssem políticas afirmativas para brancos. Imagine que, após 300 anos de escravidão de brancos no país, estes ainda fossem discriminados em todas as esferas de sua vida. O país descrito acima, pasmem, não existe; é tão ilusório quanto é o racismo reverso. Quer dizer, existe, mas para pretos e pardos. O que a empresa Magazine Luiza faz, ao propor um programa para trainees negros, é formular uma ação afirmativa –portanto, uma ação proporcional, específica e temporária– para atender o déficit racial na liderança da empresa. Medidas como esta se tornaram praxe no meio empresarial. Empresas como Bayer adotam políticas similares. Amazon, General Motors e Goldman Sachs concordaram mês passado a expor seus dados sobre raça e gênero. Consultoria McKinsey aponta que, ao fazer tais políticas, empresas alavancam produtividade e inovação. O que se faz aqui é reverter a inércia que sempre beneficiou profissionais brancos e homens. Não se engane: juridicamente, a ação proposta pelo defensor Jovino Bento Junior não para em pé. Entre uma citação de um blog olavista e um print de tuítes de Sergio Camargo, as mais de 56 páginas da petição esbanjam horrores e carecem de lei. Nesta terça-feira (6), Bento Junior, que é defensor público da União, entrou com uma ação contra o programa de trainee da empresa.

A começar pela escolha do tipo da ação. Chega a ser risível escolher um meio jurídico –ação civil pública– desenhado para proteger direitos de grupos vulneráveis para defender os direitos do grupo de trabalhadores brancos, já super-representados na liderança da empresa. Usando expressões indecorosas passíveis de punição administrativa como “marketing de lacração”, o defensor defende o indefensável: o racismo reverso. Chega a quase defender este conceito, mas por racismo cordial se esquiva. Ação confunde racismo (discriminação racial sistemática) com ação afirmativa (programas voltados a positivamente alavancar grupos historicamente discriminados). Como diria um juiz da Suprema Corte dos EUA, é o mesmo que não saber a diferença entre uma placa de “não ultrapasse” e um sinal de “bem-vindo”. O defensor não leu a convenção da ONU antirracismo, ratificada pelo Brasil na década de 1960, onde está claro que ações afirmativas “não serão consideradas discriminação racial” (Decreto 65.810/169, Artigo 1.4). Outros fundamentos legais sustentam ações afirmativas como a da Magazine Luiza. A Constituição Federal assegura igualdade substantiva. A Lei 12.888/2010 (Estatuto de Igualdade Racial) prevê no seu artigo 39 a legalidade de “ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra (…) nas empresas e organizações privadas”. O Ministério Público do Trabalho já emitiu em 2018 e em 2020 notas técnicas reafirmando a legalidade de tais políticas.” [Folha]

Plauuuu!

“Independência funcional deve ser exercida dentro das competências legais da instituição a que o defensor representa: caso queira fazer advocacia privada no cargo de defensor e combater políticas para grupos que sua instituição, por lei, jurou proteger, as portas da Defensoria deveriam ser a serventia da casa. Num país marcado pelo racismo, pessoas brancas estão tão acostumadas a seus privilégios materiais e simbólicos ao ponto de chamá-los de direito. Um escrutínio mais próximo revela, no entanto, que tais privilégios não se passam de uma fina máscara que ações estapafúrdias como a da Defensoria Pública da União expõem, em todo o seu horror.”

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11. Giro pelo mundo

Comecemos pelo baile do Putin:

“Russia is the country most aggressively trying to inflame social and racial tensions in the United States, and white supremacists pose “the most persistent and lethal threat” to the country, the Department of Homeland Security said in a new report Tuesday. In its first-ever homeland threat assessment, the department described a landscape that mostly aligns with the views of career intelligence analysts in other agencies and outside national security experts. But while the body of the report makes clear that Russia is the primary foreign threat to the 2020 elections — an assessment shared across the intelligence community — the acting homeland security secretary, Chad Wolf, offers a different emphasis in the foreword, stating that China, Russia and Iran are all seeking to disrupt the election. That sentiment has renewed criticism that the Trump administration is seeking to draw a false equivalency between Russia’s and China’s efforts to affect the vote for president. In general, though, the report’s contents steer clear of politics, analysts said. “Given the politicization that has occurred on so many issues within the department, it’s encouraging that the homeland threat assessment takes a much more objective and nonpartisan perspective on cataloguing all these threats,” said Javed Ali, a former DHS senior intelligence analyst now teaching public policy at the University of Michigan.” [Washington Post]

putin kiss GIF

Lembrando que Obama não pegou mais pesado com Putin em 2016 porque pareceria que ele tava usando o governo pra ajudar a foder Trump e ajudar a Hillary. Obaa tava numa sinuca de bico fodida, qualquer coisa que ele fizesse pareceria interneçao nas eleições, e Putin sabia disso.

“The former acting head of DHS’s Office of Intelligence and Analysis, Brian Murphy, in a whistleblower complaint last month accused Wolf of directing him to play down intelligence reports on Russian interference to avoid making “the president look bad,” and of seeking to modify the draft assessment’s section on white supremacy to make the threat appear less severe. Wolf in testimony to the Senate last month denied that he had sought to politicize intelligence or downplay the threat. “Certainly white-supremacist extremists . . . particularly when you look at 2018, in 2019, are certainly the most persistent and lethal threat when we talk about domestic violence extremists,” he told the Homeland Security Committee. Though former DHS officials have said the administration suppressed discussion of domestic terrorism and Russian election interference, career staff have consistently assessed the threats accurately, those officials said. The report, for instance, states that white supremacists have “demonstrated longstanding intent” to target racial and religious minorities and members of the gay and lesbian community, among others. Since 2018, they have conducted more lethal attacks in the United States than any other domestic terrorist threat, it said. That’s in line with a counter­terrorism strategy released in September 2019 by then-acting secretary Kevin McAleenan, who said that white supremacy was one of the most potent drivers of domestic terrorism.”

E a Rússia não tem lado, ela quer é confusão, ela quer produzir ruído, atrito interno.

“The report casts Russia’s election influence efforts as broader than a preference for one political candidate over another. “We assess that Moscow’s overarching objective is to weaken the United States through discord, division, and distraction in hopes that America becomes less able to challenge Russia’s strategic objectives,” the report said, a finding in line with intelligence community assessments dating back to 2016 that Russia wants to undermine faith in democracies and challenge the global leadership of the United States and its allies. The disconnect between Wolf’s statement in the foreword, however, and the body of the report was troubling, former senior officials said. “It seems designed a bit to try to appease the president in case he sees the report,” said Elizabeth Neumann, former DHS assistant secretary for counterterrorism and threat prevention. Wolf, for instance, wrote, “While Russia has been a persistent threat by attempting to harm our democratic and election systems, it is clear China and Iran also pose threats in this space.” Said Neumann, who left in April: “That’s true, but misleading. It makes it sound like China and Iran are on the same level as Russia, and the body of the document makes clear they are not.” The report also avoids any mention of what intelligence agencies have privately concluded — that the Kremlin prefers to see President Trump win over his Democratic rival, Joe Biden, in the November election.”

Do Nelson de Sá:

“Eric Li, da Universidade Fudan, de Xangai, ouvido na primeira reportagem de uma série do Financial Times sobre a eventual nova Guerra Fria, compara os Estados Unidos, não a China, com a União Soviética. “Lembra Brezhnev, Andropov e Chernenko?”, ironiza ele, apontando os EUA numa “briga existencial entre dois octogenários”, Donald Trump, na verdade com 74 anos, e Joe Biden, 78 em novembro.” [Folha]

vladimir putin lol GIF

“O acadêmico ecoa a mídia americana. Do comediante Chris Rock, no SNL, da NBC: “Biden devia ser o último [nome a se considerar]. Será que os democratas querem ganhar? Ficam colocando gente de 75 anos para concorrer com Trump”. Questionou que os EUA rejeitaram rei, “mas têm duques e duquesas dirigindo o Senado e a Câmara”. No New York Times, na coluna “Como cobrir um velho doente”, Ben Smith listou que, na linha de sucessão de Trump, estão “Nancy Pelosi, que tem 80, e o presidente pro tempore do Senado, Charles Grassley, 87”. Os vices de Pelosi “têm ambos 80 ou mais”. E Mitch McConnell, o líder da maioria no Senado, 77. A preocupação não é nova. “Por que pessoas tão idosas comandam a América?”, perguntou a Atlantic em março. Remetia para reportagem de capa do Politico (imagem acima) que lançou o assunto, com o enunciado “Nossos líderes, nosso eleitorado e o nosso próprio sistema sagrado de governo estão envelhecendo. E isso está aparecendo”. Na manchete, “América, a gerontocracia”.”

Sigo com o Nelson de Sá:

“No financeiro Caixin, final da semana passada, “Trump se move para expandir mineração, citando ameaça chinesa”. No Wall Street Journal, depois, “EUA intensificam esforço para conter domínio chinês de minérios para carros elétricos e celulares”. E no FT, “Empresa britânica ganha suporte dos EUA para projeto de mineração no Brasil”.”


E olha esse novo FMI:

“Na Argentina, de Ámbito Financiero a Clarín, La Nación e Página/12, a mesma manchete: “Kristalina Georgieva diz que não vem pedir para cortar ainda mais os gastos”. É a diretora-gerente do FMI, que inicia visita para renegociar a dívida. “Tive muitas conversas com Kristalina e ela vê melhor que ninguém as dificuldades”, disse o presidente Alberto Fernández ao Clarín.”

Continuemos na Aregentina:

“Argentina votó una resolución de las Naciones Unidas que condena la situación de los derechos humanos en Venezuela, en sintonía con el informe elaborado por la alta comisionada Michelle Bachelet. En un comunicado, la Cancillería detalló que las posiciones adoptadas durante la reunión de este martes del Consejo de Derechos Humanos de la ONU en Ginebra fueron por instrucción expresa del presidente Alberto Fernández, como para despejar cualquier duda. Además de votar a favor de la instalación de una misión permanente de Naciones Unidas en Caracas y de investigar las denuncias de las presuntas víctimas, Argentina también expresó su rechazo a los “bloqueos y sanciones” que “agreden especialmente al pueblo venezolano”. Pese a esta salvedad, el voto argentino generó críticas dentro del oficialismo como las que expresó la designada embajadora en Rusia, Alicia Castro. En su discurso ante la comisión, el embajador argentino Federico Villegas Beltrán ponderó los “resultados positivos” de la colaboración que mostró el gobierno de Nicolás Maduro con el trabajo de Bachelet, pero argumentó que el informe presentaba un “insuficiente reconocimiento por parte de las autoridades venezolanas de su responsabilidad por la situación de los derechos humanos en su territorio”. Esta resolución fue aprobada por 22 votos a favor, 3 en contra y 22 abstenciones, entre las que se ubicó México.

La postura argentina fue analizada durante el fin de semana en encuentros de los que participaron la conducción de Cancillería -Felipe Solá, Pablo Tettamanti y Guillermo Justo Chaves-, que luego el canciller terminó de definir el lunes en conversación con Fernández y el secretario de Asuntos Estratégicos, Gustavo Beliz. Ahí coincidieron que había una postura histórica de Argentina de defensa de los derechos humanos que es reconocida en todo el mundo y que se debía respetar. En el caso específico de Venezuela, la posición de las Naciones Unidas es la que viene llevando adelante Bachelet. Desde la campaña electoral, Alberto Fernández se remite a ese informe cada vez que le preguntan sobre el tema. Incluso, cuando todavía era candidato y fue recibido en Bolivia por el entonces presidente Evo Morales, tuvieron un intercambio de opiniones sobre la situación venezolana en la que Fernández le recomendó a Evo que leyera el informe de la ex presidenta chilena. Ese informe fue presentado actualizado el 25 de septiembre pasado, donde se volvió a hablar de ejecuciones extrajudiciales y se reclamó el desmantelamiento de las Fuerzas de Acción Especiales (FAES) de la Policía Bolivariana. Más o menos por esa fecha, Argentina se integró al Grupo de Contacto Internacional que encabeza el canciller europeo Josep Borrell, que tiene como objetivo encontrar una salida a la crisis venezolana, lo que en el Gobierno interpretaban que los obligaba a actuar en sintonía con los países que integran ese Grupo. Tampoco quedó fuera del análisis, como es de imaginar, que justo ayer iniciaba su misión en el país el FMI, en cuyo directorio juega un papel decisivo Estados Unidos, país con el que Argentina ya se había colocado en la vereda de enfrente durante la reciente elección en el BID, que finalmente perdió.

En las conversaciones previas también se evaluó que varios dirigentes del peronismo mantienen un vínculo fuerte con el chavismo, en la misma medida que la oposición y sus medios afines demonizan todo tipo tipo de acercamiento, con lo que cualquier decisión debía tener en cuenta estas variantes. De hecho, hubo un antecedente la semana anterior cuando el representante argentino en la OEA, Carlos Raimundi, evitó una condena a la situación venezolana, lo que fue recortado en títulos catástrofe como si se tratara de un apoyo. En verdad, explicaban en Cancillería, lo que falló Raimundi en ese mensaje fue en no hacer una mención al informe Bachelet. Eso ayer quedó muy explícito cuando el país remarcó “la necesidad de reforzar la instalación de una misión permanente de la Alta Comisionada en Caracas, dotada de los recursos humanos y de los elementos que le permitan desplegar una acción remedial”. En un documento de cinco páginas, los países expresaron preocupación y alarma por diferentes aspectos de la crisis venezolana, incluyendo temas como la emigración masiva y la inseguridad alimentaria. Entre los países que votaron a favor, además de Argentina, hubo europeos como Alemania, España e Italia y sudamericanos como Brasil, Chile, Uruguay y Perú. En la misma sesión, Venezuela junto a países aliados presentó una resolución propia en la que destacó los “progresos” registrado en el país en los últimos tiempos, que fue aprobada por 14 votos a favor contra 7 rechazos. Hubo una mayoría de 25 países que se abstuvieron, Argentina entre ellos. [Pagina12]

Fernandéz e Kirchner estão certíssimos nessa. Os embargos e sanções são absurdos, assim como as violações aos direitos humanos. Uma coisa não invalida a outra. E um relatório assinado por Bachelet não é um relatório qualquer, convenhamos.

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12. Medo e Delírio em Washington

Baita texto do André Duchiade:

“No dia seguinte à sua alta — segundo alguns médicos, apressada — do hospital, para continuar o tratamento contra a Covid-19 da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump não apresentou sintomas de Covid-19 nesta terça-feira, segundo o seu médico, Sean Conley. Ainda assim, sofreu uma série de reveses ligados ao vírus, que reforçam a imagem de falta de comando frente à pandemia, a menos de um mês das eleições presidenciais. A Casa Branca recuou em sua tentativa de pressão para acelerar o desenvolvimento de uma vacina, o que tornou mais improvável o anúncio de um imunizante antes da votação. O presidente também encerrou unilateralmente negociações com o Partido Democrata para a aprovação de um pacote de estímulo econômico contra os estragos da pandemia, mas pode ter dado um passo em falso, pois a responsabilidade pela falta de ação pode lhe cair sobre os ombros. Por fim, diversos militares do alto escalão do país precisaram entrar de quarentena após terem estado em contato com pessoas infectadas, o que provocou apreensão na área de segurança nacional. O anúncio ligado à vacina veio à tarde. A Food and Drug Administration (FDA, a Anvisa americana) divulgou normas atualizadas e mais rígidas para os desenvolvedores de vacinas contra o coronavírus, um documento que a Casa Branca antes bloqueara por duas semanas. O governo federal decidiu aceitar os padrões exigidos pelo órgão para a aprovação de vacinas seguras e eficazes, o que provavelmente tornará o processo mais lento do que o presidente gostaria. Desde o início da pandemia de coronavírus, a FDA disse buscar formas de acelerar o desenvolvimento de vacinas sem sacrificar a segurança. Quatro vacinas chegaram ao estágio final de teste, conhecido como ensaio de Fase 3, nos Estados Unidos, e uma quinta deve alcançar esta etapa neste mês. Trump sugeriu repetidamente que uma vacina estaria pronta no dia da eleição, se não antes, mas agora vê diminuírem as possibilidades de um imunizante ser usado como arma de campanha.

Pouco antes disso, veio a medida mais audaz de Trump do dia, que, para muitas analistas, configurou um tiro no pé. O presidente foi ao Twitter anunciar o fim das negociações com o Partido Democrata para a liberação de um pacote de estímulo econômico contra estragos provocados pela pandemia. Ele responsabilizou o partido rival por exigir um volume exagerado de recursos, e disse que anunciará um plano de resgate após sua possível reeleição em 3 de novembro. “Nancy Pelosi está pedindo US$ 2,4 trilhões de dólares para resgatar estados democratas, mal administrados e com alto índice de criminalidade, dinheiro que não está de forma alguma relacionado à Covid-19. Fizemos uma oferta muito generosa de US$ 1,6 trilhão de dólares e, como sempre, ela não está negociando de boa fé. Rejeito o pedido deles”, escreveu Trump. “Instruí meus representantes a pararem de negociar até depois da eleição, quando, imediatamente depois de minha vitória, aprovaremos uma importante lei de estímulo que se concentra nos trabalhadores americanos e nas pequenas empresas.” As negociações para o pacote estavam empacadas há meses, e a maioria dos parlamentares não acreditava que seria possível chegar a um acordo até a eleição. No entanto, além de provocar uma queda no mercado, o anúncio abrupto fez parecer que a responsabilidade pela falta de ação é do presidente, afirmaram muitos observadores. “Trump não apenas rejeitou fundos de estímulo que provavelmente teriam ajudado em suas chances de reeleição, mas também o fez de forma a ter certeza de que ele pessoalmente levará a culpa por isso”, escreveu em uma rede social o prestigiado estatístico e analista político Nate Silver, sintetizando a análise de vários de seus colegas. Já o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman afirmou que “de forma geral, é tarde demais para que alguma política faça diferença real na economia até o dia da eleição; esta seria a única grande exceção (…) As aparências importam: ao ter um ataque de raiva em vez de buscar um acordo, Trump provavelmente inclina mais alguns eleitores para Biden”.

As notícias ruins para Trump também se estenderam à área de segurança, com o mais alto escalão militar do Pentágono precisando partir para o auto-isolamento por precaução sanitária. Pela manhã, soube-se que o chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, e quase todos os chefes militares que integram o órgão de comando das Forças Armadas, incluindo o general James McConville, chefe do Estado-Maior do Exército, isolaram-se depois que o almirante Charles Ray, vice-comandante da Guarda Costeira, apresentou resultado positivo para coronavírus. “Estamos cientes de que o vice-comandante Ray testou positivo para Covid-19 e que ele esteve no Pentágono na semana passada”, disse Jonathan Hoffman, porta-voz do Pentágono, em comunicado. “Por excesso de cautela, todos os potenciais contatos próximos nessas reuniões estão em quarentena.” O anúncio representou uma ocorrência alarmante nos EUA, uma vez que o vírus estende seu alcance desde os mais altos escalões do governo civil — já são 19 membros do governo infectados, o último deles o redator dos discursos de Trump, Stephen Miller — até o coração operacional do aparato de segurança nacional do país. Funcionários do Departamento de Defesa disseram que a decisão de pôr os altos oficiais em quarentena obedeceu às diretrizes estabelecidas pelos Centros de Controle de Doenças (CDCs). A reação do Pentágono contrastou com a Casa Branca, onde Trump desrespeitou as mesmas orientações sanitárias.

O presidente, contudo, não demonstra disposição para retroceder ou mudar de tática. Logo pela manhã, afirmou que “está ansioso” para comparecer ao debate presidencial marcado para o próximo dia 15, quando, possivelmente, ainda estará infeccioso. À noite, questionou pesquisas eleitorais sobre a Pensilvânia, estado-pêndulo onde, segundo estudos divulgados nesta terça-feira pela NBC, seu rival democrata está à frente por 4 pontos. “Como Biden lidera nas pesquisas da Pensilvânia quando ele é contra fracking (empregos!), a Segunda Emenda e religião? Pesquisas falsas. Vou ganhar a Pensilvânia!.” A quatro semanas da eleição, contudo, o cenário não é animador para o presidente. Como tem sido a regra, Biden apareceu à frente em todas as pesquisas divulgadas na terça-feira relativas a estados indefinidos, incluindo Carolina do Norte, Flórida, Michigan, Arizona e Wisconsin. Em um discurso em Gettysburg, lugar histórico da guerra civil na Pensilvânia, o candidato democrata disse que Trump ” deu as costas” ao povo americano ao desistir do pacote econômico. Em seguida, insistiu na mensagem de união nacional que tem sido a marca de sua campanha: — Há algo maior acontecendo nesta nação do que apenas nossa política quebrada. Algo mais sombrio. Estou falando de algo diferente, algo mais profundo. Muitos americanos procuram não curar as divisões, mas aprofundá-las — afirmou Biden. — Nós podemos transformar a divisão em uma unidade. Creio que muitas pessoas estão buscando isso.” [O Globo]

Queria escrever muito mis sobre Medo e Delírio em Washington mas não tem como.

Encerro com Ian Bremmer e o que seria um governo Biden:

“A montanha-russa que é a eleição de 2020 nos EUA continua a dar voltas e reviravoltas. Antes mesmo da “surpresa de outubro” que foi o diagnóstico de Covid-19 do presidente, as pesquisas de opinião não o favoreciam. Agora Trump está impedido de fazer campanha pessoalmente e está ficando atrás na corrida pela Presidência americana, enquanto o relógio avança sem parar. Isso não significa que a derrota de Trump seja certa –mas quer dizer, sim, que é hora de avaliar como um potencial governo Biden pode diferir de uma segunda administração Trump. A resposta talvez nos surpreenda. Comecemos pelas relações exteriores, uma área na qual Trump gerou incontáveis manchetes angustiadas nos últimos anos. Ele tirou os EUA do Acordo Climático de Paris. Abandonou o pacto nuclear com o Irã. Tirou o país da Organização Mundial de Saúde –durante uma pandemia global. Semeou dúvidas sobre o engajamento dos EUA com a Otan (a aliança militar Ocidental). Ensaiou uma aproximação com a Coreia do Norte. Transferiu a embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém e reconheceu a soberania israelense sobre as Colinas de Golã. Desencadeou uma guerra fria tecnológica com a China. E fez ameaças comerciais incontáveis contra aliados e adversários em igual medida. Contudo, apesar de toda a reviravolta de curto prazo gerada por essas iniciativas, Trump não mudou fundamental a trajetória geopolítica do mundo nestes últimos quatro anos (ainda não, pelo menos). Os EUA abandonaram Paris, a OMS e o pacto nuclear com o Irã na teoria, mas não é nada que não possa ser desfeito por um possível presidente Biden uma vez no cargo.

Apesar de todos os tiroteios verbais, os EUA continuam a fazer parte da Otan. A Coreia do Norte continua a representar a mesma ameaça que antes de Trump chegar à Presidência, não obstante as cúpulas recentes. E, sobre a China, tanto republicanos quanto democratas já estavam fortemente preocupados com sua ascensão geopolítica antes mesmo de Trump assumir o poder. Além disso, as metas políticas que Trump mais genuinamente queria alcançar –tirar tropas americanas de zonas de guerra e estabelecer laços mais calorosos com a Rússia—enfrentaram oposição interna tão ferrenha nos EUA que pouco progresso foi feito em direção a qualquer uma delas. Isso tudo quer dizer que, na prática, uma presidência Biden não será tão diferente assim em relação a que veio antes em matéria de política externa. Biden levará o país de volta ao acordo de Paris, à OMS e ao pacto nuclear iraniano, mesmo que isso exija algumas negociações. Os aliados na Otan (o que dirá os aliados tradicionais dos Estados Unidos) se sentirão reconfortados com o retorno de um presidente americano que não faz questão de desestabilizar alianças históricas. No que diz respeito a avanços mais substantivos, porém, a equipe de Biden aceitará (sem fazer alarde do fato) os contornos do novo Oriente Médio formado sob Trump (de fato, a normalização das relações Emirados Árabes Unidos-Bahrein-Israel é um dos avanços mais subapreciados do mundo no momento). Sob Biden, os EUA também continuarão a linha dura de Trump contra a China, dado o apoio de ambos os partidos a ela. Mesmo aqui, porém, a mudança de discurso (mesmo que não necessariamente de política) sob um possível presidente Biden se mostrará crítica –o engajamento construtivo com outros países, quer sejam aliados ou adversários, limita as possibilidades de disputas saírem do controle.

A política interna dos EUA vai mudar muito mais substancialmente no caso de uma vitória de Biden, e boa parte disso está relacionada ao perigo imediato da Covid-19. Comparada com a equipe de Trump, uma administração Biden deve trabalhar com a comunidade científica dos EUA para conter a pandemia, em vez de ativamente trabalhar contra ela. Dependendo de os democratas também conseguirem uma maioria no Senado, também é provável que haja muito mais estímulo vindo do governo sob uma administração Biden. Quatro anos de presidência Trump também resultaram em uma base democrata que se desviou muito mais para a esquerda, levando o tradicionalmente centrista Biden com ela. Se os democratas conquistarem o controle do Senado, também podemos prever impostos muito mais altos sobre corporações e sobre o 1% mais ricos, enquanto os cortes de impostos promovidos por Trump serão revogados, uma iniciativa facilitada pelos socorros da pandemia, que tornam a supervisão e intervenção federal muito menos controversa. Mesmo que os democratas não controlem o Senado, um presidente Biden pode promover mudanças substanciais por meio de política regulatória, especialmente na frente climática e ambiental. É claro que emendar a política regulatória não chega exatamente a constituir “mudanças transformadoras”, e isso pode decepcionar aqueles que esperam ver um mundo totalmente novo caso Biden emerja vitorioso em 3 de novembro. Mas uma presidência Biden nos lembrará que, mesmo no caso de uma superpotência como os Estados Unidos, as transformações políticas reais sempre começam em casa.” [Folha]

E é imprressionante como Trump mina o país que deveria liderar:

“O governo Donald Trump anunciou nesta terça-feira (6) uma revisão do visto H-1B, voltado a estrangeiros de alta qualificação profissional. As medidas reduzem o escopo de cursos superiores possíveis para um candidato, diminuem a duração das autorizações de certos trabalhadores e exigem que as empresas que contratam imigrantes com esse tipo de permissão paguem salários razoavelmente mais altos. Na prática, a revisão dificulta a qualificação para o visto. Segundo Ken Cuccinelli, um dos diretores do Departamento de Trabalho e Segurança Nacional, um terço das candidaturas para o H-1B deve ser rejeitada com a adoção das novas medidas. Em entrevista coletiva, ele disse que as mudanças eram necessárias para proteger os trabalhadores americanos de classe média, que estariam sendo substituídos por estrangeiros que cobrariam menos para realizar o mesmo serviço. O subsecretário do Trabalho, Patrick Pizzella, seguiu linha semelhante. “A legislação americana de imigração deve priorizar os trabalhares americanos”, afirmou. As medidas, que entrarão em vigor na quinta-feira (8), também devem atingir estrangeiros que já têm esse tipo de permissão —e que não terão como renová-lo a menos que seus salários sejam elevados ao nível exigido pelas novas regras. O governo Trump já tinha anunciado planos de revisar o H-1B em 2017 e, nos últimos anos, passou a rejeitar uma proporção maior de candidaturas: em 2019, 15% dos inscritos foram negados, contra 6% em 2016, segundo dados oficiais.” [Folha]

Quem agraece é o Troudeau, que recebe esse pessoal de braços abertos.

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>>>> O trouxa do general perdeu a quarta estrela pra tomar surra do Tonho da Lua e ser escorraçado pelo capitão! “O governo publicou no “Diário Oficial da União” desta quarta-feira (7) a exoneração do porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros. O general de divisão havia sido escolhido para a função em janeiro de 2019. No final de agosto deste ano, o governo federal informou que iria “desativar” o cargo de porta-voz da Presidência da República. A decisão foi tomada em razão da edição da medida provisória 980/20, que recriou o Ministério das Comunicações. Barros é militar da reserva, com experiência em comunicação social e no contato com a imprensa. Ele participação da missão de paz liderado pelo Brasil no Haiti e chefiou o Centro de Comunicação Social do Exército.” [G1]

>>>> Números positivos: “Apesar dos trancos e barrancos da retomada econômica, houve aumento no número de empresas abertas no Brasil em setembro na comparação com o mês anterior, de acordo com o Mapa de Empresas que será divulgado hoje pela Secretaria Especial de Desburocratização do Ministério da Economia. O saldo foi de 252,8 mil companhias ativas a mais no período de um mês. Ao todo, 327,8 mil foram abertas em setembro, quando a pandemia começou a arrefecer no País. Em agosto, 320,1 mil. Pelo menos 19,5 milhões de empresas estão em atividade. São Paulo também alcançou bom resultado no último mês, com a abertura de mais de 2 mil empresas, número superior ao registrado em agosto. No total, 88,1 mil empresas fecharam em setembro último. Foram 90,3 mil em agosto.” [Estadão]

>>>> Para qual embaixada irá Múcio?!: “José Mucio Monteiro formalizou ontem seu pedido de aposentadoria no TCU. Mucio deixará a presidência da Corte (e a própria Corte) no dia 31 de dezembro. Com a oficialização do pedido, o caminho para Jair Bolsonaro indicar Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, para a vaga deixada por ele. Todo esse movimento foi acertado entre Bolsonaro e Mucio numa conversa a dois na sexta-feira passada. A ideia é que a sabatina de Oliveira aconteça na última semana de outubro.“[O Globo]

>>>> Rubens, Rubens, Rubens Barrichello do Brasil! “O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou o acesso de grandes empresas à linha emergencial de crédito garantida pelo Tesouro, que até esta terça (6) era permitido apenas a companhias com faturamento anual até R$ 300 milhões. A linha, chamada PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito), já liberou R$ 60 bilhões. Recebeu críticas no início da crise pelas dificuldades impostas pelos bancos parceiros do BNDES diante da elevação do risco de calotes. Em junho, o governo liberou o uso de recursos do Tesouro para garantir os contratos. A meta é liberar até R$ 20 bilhões como garantia, o que permitiria a concessão de até R$ 100 bilhões em empréstimos. A linha era destinada apenas a pequenas e médias empresas.” [Folha]

>>>> Antes muito tarde do que nunca: “O Facebook classificou nesta terça-feira (6) como perigoso o movimento da teoria da conspiração QAnon —e começou a remover grupos e páginas dedicados a ele na rede social, assim como contas do Instagram que se identificam como seus representantes. A medida amplia uma determinação de agosto que proibiu um terço dos grupos QAnon por promover violência, mas deixou que a maioria deles permanecesse no ar com restrições na frequência com que o conteúdo aparece em feeds de notícias. Em vez de atuar a partir de denúncias de usuários, a equipe do Facebook agora tratará o QAnon como outras entidades militarizadas, ativamente procurando e excluindo grupos e páginas, afirmou a empresa. O movimento é impulsionado por um anônimo apelidado de Q, que afirma ser integrante do governo americano. A teoria central, sem fundamento, é de que o presidente Donald Trump está secretamente liderando uma repressão contra uma enorme rede de pedófilos que inclui importantes democratas e a elite de Hollywood. Segundo seus membros, a salvação só virá após uma intensa mobilização conservadora que vencerá essa classe. O momento tem vários nomes: “Reset” (reinício), “Grande Tempestade” ou “Grande Despertar”. O FBI classifica o QAnon como uma potencial ameaça de terrorismo doméstico.” [Folha]

>>>> Um Nobel para Raoni: “A Academia Sueca divulgará na sexta-feira o vencedor do prêmio Nobel da Paz. A edição deste ano tem 318 candidatos. Como reza a tradição, a lista completa é mantida em segredo. Nela está o nome do cacique Raoni Metuktire. O líder caiapó tem cerca de 90 anos de idade. Sabe-se que ele nasceu no início da década de 1930 na antiga aldeia Kraimopry-yaka, em Mato Grosso. Em 1954, conheceu os irmãos Villas-Bôas e virou porta-voz da causa indígena. Tornou-se um dos principais defensores dos povos da floresta. Raoni virou celebridade global em 1989, quando fez uma turnê ao lado do cantor Sting. Eles visitaram 17 países em busca de apoio a duas bandeiras: a preservação da Amazônia e a demarcação de terras. Antes disso, o cacique já havia ajudado a inscrever os direitos dos índios na Constituição. No ano passado, o caiapó fez novo giro internacional para denunciar o agravamento das queimadas e do desmatamento no Brasil. Foi recebido pelo Papa Francisco e pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O presidente Jair Bolsonaro se irritou com a viagem. Na tribuna da ONU, apelou a um nacionalismo de araque e chamou o líder indígena de “peça de manobra” de governos estrangeiros. Os ataques do capitão não abalaram o velho cacique. Neste ano, ele enfrentaria desafios muito maiores. Sobreviveu a uma hemorragia digestiva, à contaminação pelo coronavírus e à morte da mulher, Bekwyjkà. Apesar da campanha a seu favor, Raoni não aparece entre os mais cotados para o Nobel da Paz de 2020. A ativista sudanesa Alaa Salah, o oposicionista russo Alexei Navalny, a Organização Mundial da Saúde e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas despontam nas listas de favoritos. A história de luta do caiapó não é o único motivo para torcer por uma zebra. Nas últimas semanas, Bolsonaro voltou a atacar as demarcações e tentou culpar os índios pela destruição da Amazônia. Um Nobel para Raoni ajudaria a mobilizar o mundo em defesa da floresta e dos primeiros habitantes do Brasil.” [O Globo]



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