Logo menos atualizo o podcast por aqui, os episódios você ouve lá na Central3.
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1. Mourão morreu mas passa bem
O Ministério do Vai dar Merda faria de tudo para evitar que esses imbecis dessem entrevistas pra jornalistas gringos, por lá a forma de entrevistar autoridades é bem diferente da nossa, e claramente Mourão não fazia a menor idéia desse pequeno detalhe, foi pra entrevista dum programa chamado CONFLICT ZONE achando que ia passear e foi TRATORADO. Acostumado a falar absurdos sem ser contradito o jornalista tirou o vice pra bailar.
“DW: Vice-presidente Hamilton Mourão, há alguns meses, o senhor disse a jornalistas: “Está tudo sob controle, só não sabemos de quem”. Uma admissão perigosa, não? Quão ruim é o caos no governo?
Hamilton Mourão: Está tudo bem no nosso governo. Essa era uma espécie de piada que eu costumava dizer, ok? Não foi algo que quis dizer diretamente. Foi uma brincadeira, só uma brincadeira, porque aqui no Brasil está tudo ok.” [DW]

Pede pra cagar e abandona a entrevista, Mourão! Desliga o roteador da internet, joga café no laptop, sei lá, tenha algum senso de perigo, porra!

“DW: Que tipo de piada foi essa? Dois ministros da Saúde saíram no espaço de um único mês, durante um período de emergência sanitária. Um ministro da Justiça renunciou, um ministro da Educação correu para os Estados Unidos poucos dias depois de deixar o cargo dizendo: “Não quero brigar! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém não me provoquem!”. Isso não é caos suficiente para o senhor?
Hamilton Mourão: Não, não é, não é. São coisas que acontecem em qualquer governo. A forma como o ministro da Educação saiu, bom, não foi um grande problema para nós, e o senhor sabe, o Brasil é um país muito diferente e, bem, algumas coisas que acontecem aqui não acontecem em outros países. É nossa cultura.
DW: Então, por que o senhor escreveu um artigo sobre isso? Dia 14 de maio, o senhor escreveu, em um texto publicado no Estado de S. Paulo: “Nenhum país vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil”, e alertou que o estrago institucional está levando o país ao caos. Foi o senhor que mencionou o caos e chamou a atenção para ele. O senhor escreveu: “Tornamo-nos incapazes do essencial para enfrentar qualquer problema: sentar à mesa, conversar e debater.” Essa foi uma forte acusação ao seu próprio governo, não foi? Porque são líderes como o senhor que deveriam unificar seu país.
Hamilton Mourão: Bem, o país está sofrendo com o que acontece no mundo inteiro. Há um tribalismo excessivo. E os lados políticos são todos muito, diria, polarizados. Há muita polarização na política. Mas nosso governo está conduzindo bem o país e até hoje as coisas estão melhorando, e a relação entre os diferentes Poderes está cada vez melhor. Tivemos algumas dificuldades alguns meses atrás, mas agora está tudo ok.”

“DW: Ao alertar sobre todo esse caos, como fez em maio passado, o senhor estava se preparando para os militares intervirem e começarem a lidar com o caos? Em junho, o presidente lançou abertamente a ideia de uma intervenção militar, dizendo que “as Forças Armadas não cumprem ordens absurdas” do Supremo ou do Congresso. Isso era uma ameaça?
Hamilton Mourão: Isso não é verdade. Em primeiro lugar, as Forças Armadas estão alinhadas com sua missão constitucional, e não estão saindo dela. As coisas aqui no Brasil estão tranquilas e indo bem. E deixo bem claro que a democracia é um valor não só para o governo Bolsonaro, mas também para as nossas Forças Armadas. Então não existe nenhuma ameaça ao Supremo Tribunal Federal ou ao sistema Legislativo aqui no Brasil.”

Mais ou meeeeeeenos….
“DW: E o fato de Bolsonaro ter participado de protestos diante de bases militares, onde seus apoiadores pediam uma intervenção armada para se livrar de governadores, juízes e legisladores que imponham lockdowns em resposta à pandemia? Nenhuma ameaça ali também, suponho. “
Entrevista boa é aquela em que as perguntas são melhores que as respostas. Que os jornalistas brasileiros que entrevistem autoridades vejam isso em looping e aprendam como lidar com políticos.
“Mourão: Bem, na questão da pandemia, as pessoas têm que entender que o Brasil é um país muito desigual. Somos desiguais socialmente, economicamente e, claro, geograficamente. Então, desde o início da pandemia, a gente vem tentando lidar com a curva sanitária, com a curva econômica e com a curva social. É assim que o governo Bolsonaro lidou com essa pandemia.
DW: Bem, ele participou de atos que exigiam uma intervenção armada, não foi? Para se livrar de governadores, juízes e legisladores. O que é isso, senão uma ameaça à democracia?
Mourão: Claro que isso não é uma ameaça à democracia.”
Cadê a assessoria do general pra dar um chute na tomada do computador, porra?!
DW: “Bem, o governador de São Paulo, João Doria, achou que era, não achou? Ele disse: “O Brasil acorda assustado com as crises diárias, por agressões gratuitas à democracia, à Constituição, ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro, pare com agressões, pare com os conflitos.”
Mourão: Não, isso acontece porque há polarização na política. O governo de São Paulo se opôs a Bolsonaro. Isso é muito mais conversa do que, digamos, ação.
DW: Bem, é uma conversa perigosa, não é?
Mourão: Isso acontece.
DW: É uma conversa perigosa.
Mourão: É a maneira como as pessoas se comportam. Não, não é perigosa. É perigoso quando você tem poder de fazer o que quer, mas ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil.”

“DW: Atualmente, muitas pessoas parecem pensar que vocês estão fazendo política através do medo. Eduardo Costa Pinto, da UFRJ, afirma: “Esse é o problema de ter um governo cheio de militares durante uma crise institucional. Os militares vão lutar com unhas e dentes para se manter no poder, e eles têm armas, o que torna difícil uma mediação política.” Por que encher o governo com todo esses militares, se vocês não estão planejando que os militares assumam o poder?
Mourão: Em primeiro lugar, deve ficar bem claro que não somos um governo militar.”

“Mourão: Bolsonaro e eu fomos eleitos por mais de 57 milhões de brasileiros, ok?”

“Mourão: E claro que temos algumas pessoas no governo que vêm do meio militar, mas estão aqui pensando pelo bem do Brasil e respeitando nossa Constituição e nossas leis.“
O artigo 142 mandou lembranças.
“DW: E todos esses militares são qualificados para fazer o trabalho que estão fazendo? Estou pensando no atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Ele é um general da ativa que seguiu as ordens do presidente. Essa é sua única qualificação? Ele não sabe nada sobre saúde ou drogas, sabe?
Mourão: Bem, você não precisa ser médico para ser ministro da Saúde. O que você precisa ser é um homem que entenda a administração pública e, mais, que não seja conivente com corrupção. E, claro, o ministro Pazuello sabe muito sobre logística, que foi o principal problema no nosso Ministério da Saúde.
DW: E ele sabe obedecer às ordens mais do que os outros ministros da Saúde, não é? Ele sabe fazer o que lhe mandam. Essa é sua principal qualificação, não é?
Hamilton Mourão: Bem, ele tem as qualificações e tem feito um trabalho muito bom, e isso foi atestado por todos os secretários de diferentes estados aqui no Brasil. Eles estão todos estão muito satisfeitos com o trabalho que o ministro Pazuello vem realizando, pois todo o apoio necessário para combater e controlar a pandemia chegou a todos os pontos do nosso país.”
E verdade seja dita, por mais absurdo e cretino que o general tenha soado, Mourão se mostrou safo, fosse outro político teria tido um AVC no segundop minuto. O papo entra em ditadura e aperte os cintos aí:
“Bem, tivemos um período de presença militar que durou cerca de 20 anos. Eles fizeram coisas muito boas pelo Brasil e outras coisas não foram tão bem. E isso é história, e a história só pode ser julgada com o passar do tempo.”

Já se passaram mais de 3 décadas, mas vamos esperar, né?
“Ainda estamos a cerca de 50 anos desse período. Precisamos de mais 50 anos para que esse período seja bem avaliado.”

Pelas contas do vice só dava pra julgar o nazismo ali pelo meio da década de 90, todos que condenaram os nazistas antes disso esavam apressados, equivocados. imagine aí o espanto dos alemães com esse papo esquisito do vice.
“DW: Bem, durante a votação para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro dedicou seu voto a um dos mais notórios torturadores do regime, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Este homem foi condenado por tortura durante os 21 anos de ditadura militar. No ano passado, seu presidente o chamou de herói nacional. Na unidade que ele dirigia foram identificados 502 casos de tortura. O senhor tem heróis bastante bons em seu governo atualmente, não é?
Mourão: Em primeiro lugar, não concordamos com tortura. A tortura não é uma política com a qual nosso país simpatize. E claro, quando há muita gente que lutou contra a guerrilha urbana no final dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado, e muitas dessas pessoas foram injustamente acusadas de serem torturadoras.”
Bolsonaro já disse, com todas as palavras, ser “favorável à tortura“. O jornalista pergunta sobre os mais de 500 casos de tortura na unidade chefiada pelo Ustra e…
“Mourão: O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade. “

O conceito verde-oliva de honra é um torço esquisitíssimo. E essa confissão que Ustra não respeitava os direitos humanos de quem não era seu subordinado logo depois de “um homem de honra” é por demais espantoso e mostra bem demais o que os cmilicos entendem como honra.
“DW: Então ele foi injustamente condenado por tortura? Foi tudo inventado? O julgamento foi forjado?
Mourão: Em primeiro lugar, não estou alinhado com a tortura, e, claro, muitas pessoas ainda estão vivas daquela época, e todas querem colocar as coisas da maneira que viram. É por isso que eu disse antes que temos que esperar que todos esses atores desapareçam para que a história faça sua parte.”

Caralhoooo, tem que esperar os torturadores coroas morrerem, e a história há de fazer sua parte,, que verme do caralho! E ele fala isso num momento em que a história testemunha um ressurgimento de uma retórica marcadamente fascista, e o que não falta é exemplo pelo mundo.
“Mourão: E, claro, o que realmente aconteceu durante esse período … esse período passou.
DW: Bem, considerando que o senhor e seu presidente não estão preparados para condenar os torturadores, mas apenas a tortura, o senhor não entende por que tanta gente no Brasil e internacionalmente duvida do seu compromisso, do compromisso do seu governo, com a democracia? O senhor pode entender isso?“
Tim Sebastian é o nome do jornalista cuja boca eu quero beijar, que homem!
“Mourão: Bem, democracia é um dos nossos objetivos nacionais permanentes. Não vemos o Brasil fora da democracia. Nosso principal objetivo hoje é fazer do Brasil a democracia mais brilhante do Hemisfério Sul.
É mesmo? E com gente como Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, outro general aposentado, ele disse que acredita que cabe aos militares colocar essa casa em ordem, essa casa, ou seja, o Brasil. Outra ameaça? Você tem todas essas pessoas que estão preparadas para fazer ameaças, mas diz que realmente não há uma ameaça. Estou confuso, senhor vice-presidente.
Mourão: Bem, isso faz parte da discussão sobre a polarização na política que temos. Ok, são mais palavras do que ações, porque você não vai citar uma única ação do governo Bolsonaro que tenha sido uma ameaça real à democracia aqui no Brasil.
DW: Mas as palavras são importantes na política, não são? O senhor está minimizando tudo, mas até o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, alertou em junho sobre as atitudes dúbias do presidente em relação à democracia. Dubiedade, essa não é uma grande característica para um líder democrático, não é? Ele é dúbio em relação à democracia.
Mourão: Bem, acho que não há como pensar que haja sentimentos dúbios no presidente Bolsonaro em relação à democracia. Inclusive, no sábado passado, por exemplo, o Bolsonaro e o ministro Toffoli jantaram juntos. Portanto, se o ministro Toffoli tivesse alguma dúvida sobre o comportamento do presidente Bolsonaro, eles não estariam juntos na casa dele.”
Coitado doTim tendo que processar essa informação de pesidente da repúlica e da suprema corte confraternizando não uma nem duas vezes.
“DW: Qual a importância da verdade em sua administração? Vamos pegar a questão do desmatamento e das queimadas este ano na Amazônia. Dia 10 de agosto, o senhor disse que agentes do governo estavam executando medidas urgentes para conter o desmatamento e as queimadas. Um dia depois, o presidente Bolsonaro disse exatamente o contrário: “Não acharão nenhum foco de incêndio, ou corte de hectare desmatado. Essa história de que a Amazônia arde em fogo é mentira”. Na verdade, era a afirmação dele que era mentira, não? Porque a Amazônia estava claramente pegando fogo naquele ponto.
Mourão: Bem, não negamos o que está acontecendo, e temos trabalhado muito duro para impedir qualquer desmatamento ilegal e incêndios ilegais que acontecem na Amazônia. O que está claro é que o desmatamento vem aumentando desde 2012, tendo acelerado no ano passado. Desde a segunda quinzena de junho, o desmatamento vem diminuindo. Então o trabalho está começando a render agora e claro, ainda temos o problema dos incêndios. Estamos na estação seca. O período de seca de ano a ano começa a ficar cada vez maior e, claro, temos que ter mais recursos, temos que colocar mais recursos no combate às ilegalidades que acontecem na Amazônia.
DW: Sim, mas quando Bolsonaro, no dia 11 de agosto, disse que não há fogo, que a notícia de que a Amazônia está queimando é mentira, isso mesmo é uma mentira. Não era verdade, era? Simplesmente não era verdade. Então, por que mentir sobre essas coisas?
Mourão: O que acontece na Amazônia, na questão dos incêndios, é muito claro. Temos mais de 500 mil fazendeiros na Amazônia, e uns 5% deles, uns 25 mil fazendeiros, trabalham em seus campos com fogo. E está bem, esse é um sistema muito antigo para trabalhar no campo. Portanto, temos que fazê-los parar com isso, para que os incêndios não cresçam ano a ano.”
DW: Grupos de direitos humanos acusam seu governo de enfraquecer deliberadamente os esforços de seus próprios agentes federais para impedir o desmatamento. A Human Rights Watch afirma que, embora as autoridades federais tenham imposto milhares de multas por desmatamento ilegal, um decreto presidencial permitiu que a maioria delas não fosse paga. Qual é o propósito de se fazer isso?
Bolsonaro: Não, não somos coniventes com ilegalidades na Amazônia. Por exemplo, nossas legislações ambientais dizem que qualquer propriedade na Amazônia pode explorar 20% de sua área. Os outros 80% devem ser preservados.
DW: Bem, por que esses grupos criminosos envolvidos no desmatamento deveriam parar quando suas penalidades são perdoadas e eles nem mesmo são obrigados a pagar multas? Isso significa que todos se safam sem penalidades, que é exatamente o que vocês queriam. E o senhor Bolsonaro não fez segredo algum de suas intenções. Ele atacou abertamente seus próprios órgãos ambientais, que chamou de “indústrias da multa” e prometeu acabar com seu “festival de sanções”. Então, ele deixou bem claro que queria tirar as sanções, tirar as punições e deixar toda a extração ilegal de madeira ir em frente. Ele foi bem claro sobre isso.
Mourão: O presidente Bolsonaro falava disso quando era candidato, e candidato, você sabe, fala muita coisa.“

E o jornaista conseguiu não rir.
O fim da entrevista versa sobre a pandemia:
“DW: Senhor vice-presidente, uma palavra final sobre a pandemia: no que diz respeito ao coronavírus, você tem cerca de 4,7 milhões de casos confirmados, o terceiro maior número de casos no mundo depois dos Estados Unidos e da Índia. Mais casos do que toda a Europa. Não é um ótimo registro, não é mesmo?
Mourão: Bem, como eu disse antes: ok, o Brasil tem muitas desigualdades. Ok, não somos um país igual. Temos problemas sociais e econômico. E, claro, temos uma geografia enorme aqui no Brasil. Então, tentamos lutar contra isso da melhor maneira possível. Lamentamos por termos perdido as vidas de quase 150 mil brasileiros, mas já curamos mais de 4 milhões de pessoas aqui no Brasil. Portanto, acho que apesar desse número de casos e de mortes, lidamos muito bem com essa crise pandêmica.
DW: De que ajudou o presidente ter chamado a covid-19 de gripezinha e ter dito às pessoas: “Acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê?” Que tal ter medo de morrer ou ter problemas de saúdeno longo prazo ou coágulos sanguíneos? Ele não tem muita simpatia pelo seu povo, tem?
Mourão: Claro, o presidente sempre se preocupou com as pessoas. O presidente desde o início da pandemia, disse muito claramente: Temos que cuidar da saúde e temos que cuidar da economia, porque sabemos que tem muita gente aqui no Brasil, bom, eles têm muita dificuldade para ganhar seu dinheiro porque estamos vivendo em um período de crise econômica em que não temos empregos para todos. Da noite para o dia, essas pessoas perderam qualquer chance de ter algum tipo de renda. Então o presidente, que conhece as pessoas comuns, sabia disso.”
Eis aí o único general que não pode se demitir do governo se recusando a fazer uma mísera auto-crítica, defendendo incondicionalmente o mais indefensável dos presidentes.
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2. Fica, Celsão
E se vai o único ministro que teve coragem de peitar pelo governo e chamar as coisas pelo nome. No caso, “o ovo da serpente“. E se vai daquele jeito:
“O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello fez uma defesa do princípio de que todos são iguais perante a lei, e votou pela recusa a um pedido do presidente Jair Bolsonaro, que busca depor por escrito em um inquérito que apura interferência política na Polícia Federal. “ [Estadão]
Sempre lembrando que o presidente disse que deporia presencilamente tranquilo, sem problema nenhum.
“Em seu voto de despedida, o decano da corte fez críticas a ‘privilégios’ e ‘tratamentos especiais’ e manteve a posição que havia demonstrado em setembro, quando determinou que Bolsonaro fosse ouvido presencialmente pela PF. Mello afirmou que qualquer investigado, seja chefe de poder ou não, deve passar por interrogatório presencialmente, de acordo com a lei. “Nunca é demasiado reafirmar que a ideia de República traduz um valor essencial: a igualdade de todos perante as leis do Estado. Ninguém, absolutamente ninguém tem possibilidade para transgredir as leis. Ninguém está acima da autoridade e do ordenamento jurídico brasileiro”, afirmou o ministro nesta quinta-feira, 8, no plenário do Supremo. O ministro, que deixa o STF no próximo dia 13, afirmou que investigados, ‘independentemente da posição funcional que ocupem no aparato estatal ou na hierarquia de poder do Estado, deverão comparecer, perante a autoridade competente, em dia, hora e local por esta unilateralmente designados’. Mello afirmou que tem defendido essa posição há mais de 20 anos no STF. A lei, como destacou, prevê apenas depoimento por escritos para presidentes de poderes quando eles estão na condição de testemunha, mas não na de investigados. Em sua explicação, Mello afirmou que a presença de réus não pode não ser substituída e não é possível haver interrogatórios por procuração. Segundo ele, sem o depoimento presencial, há prejuízo para a investigação, diante da impossibilidade de se fazer novas perguntas e explorar eventuais contradições.”
Alguém em sã consciência duvida disso?! O próprio Bolsonaro., ao dizer que poderia sim depor em pessoa, disse que o “cara eventualmente se enrola”, o que não acontece no depoiimento por escrito, redigido por advogados.
“O dogma republicano da igualdade, que a todos nos nivela, não pode ser vilipendiado por tratamentos especiais e extraordinários inexistentes em nosso sistema de direito constitucional”, disse.”
Olha essa:
“O ministro afirmou, também, que não se pode justificar “o absurdo reconhecimento de inaceitáveis e odiosos privilégios, próprios de uma sociedade fundada em bases aristocráticas ou, até mesmo, típicos de uma formação social totalitária”.”
Alô, generalato!
Plaaaaauuu! O que eu acho mais foda no Celsão é que ficará para a prosperidade que o decano da Suprema Corte, indicado pelo Sarney lá em 89, comparou esse governo ao Ovo da Serpente e não economizou no repertório, não é a primeira vez que ele fala em “totalitário”. Não à toa os generais odeiam o Celsão, é uma mácula no governo verde-oliva que nenhum general imaginou.
“Segundo destacou a defesa de Bolsonaro, precedentes no tribunal permitiram que depoimentos fossem tomados por escritos. O ex-presidente Michel Temer teve essa permissão concedida em 2017 e 2018, por decisões dos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. O procurador-geral da República, Augusto Aras, concordou com o pedido da defesa de Bolsonaro. Celso de Mello, porém, afirmou que a recusa para depoimento por escrito não é inédita entre chefes de poderes. Ele explicou que o ex-ministro do STF Terori Zavascki determinou depoimento presencial de um ex-presidente do Congresso Nacional. “O postulado republicano repele privilégios e não tolera discriminação, impedindo que se faça tratamento seletivo em favor de determinadas pessoas”, disse Celso de Mello. O decano frisou, também, que presidentes de poderes, como quaisquer cidadãos, têm uma série de direitos — entre eles, não ser tratado como culpado antes do trânsito em julgado, não se incriminar, não ser condenado com provas ilícitas. Em seu voto, Celso de Mello afirmou, ainda, que Sérgio Moro, também investigado no caso, deve ter o direito de formular perguntas para serem feitas ao presidente Jair Bolsonaro, por meio de seus advogados.”
Vai, Moro, nunca te critiquei, porra, não se mete nessa porra, deia seus advogados formularem as pergunta, você só precisa enmsiar as perguntas e fazer o que seus advogados mandam. Advogados que não conheço, mas certamente muito mais capacitados que você.
“Quanto aos argumentos da AGU e da PGR, Celso de Mello deixou claro que esta é a primeira vez que o plenário do Supremo está discutindo se presidentes de Poderes, quando investigados, podem depor por escrito, direito que, pela lei, só lhes é dado quando são testemunhas. De acordo com o relator, não procede afirmação do procurador-geral da República de que decisões de Fachin e Barroso representam jurisprudência consolidada do tribunal. “Não há pronunciamento colegiado na Suprema corte sobre o tema agora em julgamento”, disse o decano. ”Esse ponto que está sendo julgado pela primeira vez.” Mello afirmou também que o fato de o presidente poder permanecer em silêncio e mesmo não comparecer ao relatório não dá o direito de depor por escrito. “Caso fosse possível admitir-se essa particular interpretação oposta pelas doutas AGU e PGR, deveria tal exegese (interpretação) ser estendida, por razões de equanimidade, a todos aqueles contra quem se praticam atos de persecução penal, uma vez que a todos os cidadãos é dado o direito ao silêncio, de não comparecer ao interrogatório, de não produzir provas contra si mesmo”, disse. “O fato de o presidente titularizar direitos como todos cidadãos do país titularizam não permite o presidente criar um direito particular que lhe propicie como particular prerrogativa que qualquer outro investigado não possui”, afirmou o decano.”
Curiosíssimo pra ver a argmentação contrária dos demais ministros.
“Ao término do voto, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, agradeceu a ‘última lição’ do decano. “Toda vez que vossa excelência erguer a sua voz, da sua boca e da sua pena sempre sairão para nós, ministros, lições como profissionais e como homens”, disse Fux, que ontem já havia homenageado o decano. Fux não informou quando o julgamento será retomado.”
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3. Overdose de Bolsonaro
Ontem eu cometi um erro imperdoável e deixei de fora essa provcação maravilhosa do Renan Calheiros pra cima do Bolsonaro mas foi obra do faceiro destino:
“Ele (Bolsonaro) já encadeou várias medidas, desde o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a questão da Receita, a nomeação do Aras (Augusto Aras) para a chefia do Ministério Público, a demissão do Moro e, agora, a nomeação do Kassio. É o grande legado que ele pode deixar para o Brasil: o desmonte desse sistema.”
Esse governo não sabe nem jogar damas e Renan joga Xadrez tridimensional. E a verdade é que essa o Renan tinha que fica pra hoje, precedendo esse sincericídio presidencial:
“Eu desconheço lobby para criar dificuldade e vender facilidade, não existe. É um orgulho, uma satisfação que eu tenho dizer a essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação.” [Folha]
A Lava-jato morreu mas passa bem, Bolsonaro ligou o foda-se grandão. E o mais hilário é que há um espaço maravilhoso logo dedpois dele falar em acabar com a Lava-jato, a mula achou que era uma boa idéia pausar, o que só tornou tudo mais absurdo. E um presidente honesto jurando não haver corruppção em um governo de dimensões continentais já seria absurdo, mas um presidente cuja famiglia tem tara por dinheiro vivo?!
E por que diabos Bolsonaro falou isso por livre e espontânea vontade?!
“Parlamentares de diferentes partidos ouvidos pelo blog enxergam a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a Lava Jato como uma operação para, entre outros objetivos, “apagar” a imagem do ex-ministro Sergio Moro para a eleição de 2022. Durante pronunciamento no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (7) o presidente afirmou que “acabou” com a Lava Jato porque, no governo atual, não há corrupção a ser investigada. Senadores e deputados ouvidos pelo blog acreditam que parte da estratégia do governo em “minar” a Lava Jato tenha como pano de fundo uma operação para esvaziar a candidatura de Moro. Nas palavras de um cacique do Congresso, o imaginário popular a respeito do ex-juiz tem relação com a “força da caneta” que ele tinha na Lava Jato: “Se Bolsonaro bate na tecla de que acabou a operação, tenta apagar o seu maior símbolo, trabalha para reforçar isso na cabeça da população”. O sonho do Planalto é a reprodução de uma polarização entre PT e Bolsonaro — e Moro, se candidato, atrapalha os planos, pois racha a base bolsonarista.” [G1]
Bolsonaro precisa de alguém ligado à esquerda no segundo turno, sua reeleição estaria garantida, e Moro não é esquerda nem fodendo.
“Nas palavras de um ex-investigador da Lava Jato ouvido pelo blog, está em curso uma nova bandeira de expoentes da classe política nos bastidores: “Sem investigação, não há corrupção”. Um líder do MDB, que acompanha e participa da cena política há décadas, explica por que, para ele, Bolsonaro recorreu à velha política no auge da crise do governo: “Nós, do Centrão, podemos até estar no Titanic que vai afundar. Mas a gente sabe nadar”.”
Bolsonaro e Centrão passaram de aliança pra simbiose, um depende do outro pra sobreviver.
“O bom momento de Jair Bolsonaro nas mais recentes pesquisas de avaliação não entusiasma só o fã-clube mais fiel ao presidente e o Palácio do Planalto. Expoentes do grupo chamado pelos radicais bolsonaristas jocosamente de “velha política” também torcem pela manutenção do viés de alta de Bolsonaro. O motivo? A popularidade “blinda” o presidente para, na prática, continuar pisando no pescoço da Lava Jato e, principalmente, dos lavajatistas, enquanto, na retórica, tenta ludibriar brasileiros afirmando ter acabado com a corrupção. Ao se aliarem a Bolsonaro, esses parlamentares podem também controlar a pauta legislativa. A aprovação das matérias dependerá deles e, consequentemente, parte da popularidade do presidente. A afirmação de Bolsonaro de que acabou com a Lava Jato porque não há mais corrupção lembrou os piores momentos de Lula se comparando em honestidade a Jesus Cristo.” [Estadão]
E taí uma das poucas comparações ntre bolsoaro e Lula que faz sentido, se comparar a Jesus é puxadíssimo. Bolsonaro jura liderar um governo de anjos e Lula se comparou ao filho do Homem.
E lembra do In Fux We Trust?
“Um dia depois, Fux fez uma articulação interpretada por muitos como um xeque-mate para “salvar” a Lava Jato. O magistrado surpreendeu o grupo de Dias Toffoli e Gilmar Mendes, amigos de Bolsonaro no Supremo, ao levar à sessão administrativa da Corte, nesta quarta, 7, uma proposta que transferiu o julgamento de ações penais para o plenário. Com a mudança do regimento, que acabou sendo aprovada por unanimidade – apesar das queixas de Gilmar sobre a forma como o assunto foi abordado – , a análise de casos da Lava Jato, por exemplo, sai agora da Segunda Turma do STF. Esses julgamentos voltam a ser submetidos ao plenário da Corte, composta por 11 ministros.”
Flavinho Desmaio escaparia dessa
“Os casos de Flávio Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) devem seguir na 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), apesar da decisão de transferir ações criminais para o plenário da corte. Ela não deve alcançar o filho de Jair Bolsonaro porque ele não responde a ação criminal no STF —apenas acionou a corte contra decisões de instâncias inferiores, onde correm originariamente seus processos.” [Folha]
Mas voltemos à trama:
Presidida por Gilmar, a Segunda Turma abriga uma maioria de magistrados “garantistas”, que costumam defender o direito de o réu apelar em liberdade até o último recurso. O colegiado tem imposto sucessivas derrotas à Lava Jato e foi apelidado pelo ministro Herman Benjamin de “Jardim do Éden” em resposta a Gilmar, que se referiu à Primeira Turma como “Câmara de Gás”. No Planalto, interlocutores de Bolsonaro afirmam que, ao contrário de Moro, ele nunca confiou em Fux, visto como fiel aliado do ex-ministro da Justiça. O presidente sempre cita a frase “In Fux we trust” (“Em Fux nós confiamos”), que teria sido dita por Moro, quando ele era juiz da Lava Jato, em troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da operação. De qualquer forma, pouco depois da primeira vitória de Fux como presidente do Supremo para blindar a já combalida Lava Jato, Bolsonaro reagiu. “Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo”, disse o presidente em mais uma frase que chamou a atenção pelo timbre do confronto.”
Tá explicado porque Bolsonaro fingiu que Fuix não existia na indicação do Kassio. Mas depois que as pontes foram devidamente dinamitadas lá vai o overno tentar reconstruir pontes, não por um virtuosismo, mas por pura sobrevivência – e aqui independe se é a sobrevivência dos pais ou dos filhos, dá no mesmo, não à toa eu grafo famiglia.
“O presidente Jair Bolsonaro foi aconselhado por auxiliares a não comprar briga com o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luix Fux. Animado pelo aumento dos índices de popularidade nas pesquisas, Bolsonaro isolou Fux, a quem enxerga como um aliado do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, e faz questão de mostrar que tem amigos na Corte. Agora, o palco do confronto é o destino da Lava Jato e de seus investigados. Os movimentos dos últimos dias pareceram sincronizados. Mesmo antes do desfecho do duelo “Bolsonaro versus Moro” – que entrou em cena após o ex-juiz da Lava Jato acusar o presidente de interferir na Polícia Federal para proteger seus filhos e amigos –, o Palácio do Planalto se prepara para a guerra, às vésperas das eleições municipais.” [Estadão]
Voltemos ao discurso presidencial:
“Essa imprensa que é muito importante para todos nós e que nós queremos a sua liberdade. Me acusam muitas vezes de ser autoritário, eu nunca propus o controle social da mídia, eu nunca propus projeto para combater fake news, se bem que eu sou quem mais sofre o que mais sofre com fake news”
Só porque ele confessou o desejo de enfiar a porrada num jornalista?! Só proque repetidas vezes ele ameaçou anunciantes da Gloo ee da Folha?! Nadaq a ver, tá ok?
“”Nós fazemos um governo de peito aberto. E quando indico qualquer pessoa para qualquer local eu sei que é uma pessoa boa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe em grande parte da mídia”
Bolonsaro já repetiu dezenas de vezes sesse cuiroso conceito, Hitler é criticado pela mídia, né? Bolsonaro veria isso e forma positiva, claro.
Bolsonaro também elogiou Guedes, sabe como é, aquele discurso elogioso no velório…
“Me surpreende por vezes o mercado, por declaração de um ministro ou funcionário de segundo escalão falar alguma coisa, e aquilo passar a ser uma verdade, a bolsa cai e o dólar sobe. A palavra final na economia não é de uma pessoa, são de duas pessoas: eu e Paulo Guedes. Eu não tomo decisões sem ligar para o respectivo ministro” [Folha]
Da Mariliz Pereira Jorge:
“Atualizaram as definições de “com STF, com tudo”. Já são quase dois anos de governo, mas Bolsonaro parece ter finalmente aprendido o que nem os 28 anos de parlamento foram capazes de lhe ensinar e o que Dilma não conseguiu nem em um mandato e meio: fazer política. Não a “nova” política, sem o toma-lá-dá-cá, prometida na eleição e no primeiro ano de mandato, mas aquela mesma com o ranço de sempre. A ocasião faz o ladrão. O capitão, que já bancou o tigrão para cima do Congresso e do Supremo, age cada vez mais feito tchutchuca com os mesmos que sempre serviu de bandeja para sua militância mais radical: Rodrigo Maia, David Alcolumbre e Dias Toffoli. Militância que vem sendo jogada para escanteio por motivo de “prioridades”. Mais vale ficar de boas com um Rodrigo Maia, sentado sobre dezenas de processos de impeachment, fazendo as reformas caminharem, a apoiar maluco que pede a volta da ditadura. A ditadura que espere. Melhor gastar energia com uma indicação no STF, capaz de livrar o pescoço da prole, a agradar pastor terrivelmente evangélico. Prioridades. Deus acima de todos fica para 2021. O sinal de que a paz —e os conchavos— volta a reinar em Brasília teve um sinal incontestável. O senador Renan Calheiros, aquele tipo que é a prova de que o Brasil jamais dará certo, voltou aos holofotes. Depois de promover a reconciliação entre Maia e o ministro Paulo Guedes, em entrevista à CNN festejou o “grande legado” que Bolsonaro, a quem sempre criticou, pode deixar: acabar com o “estado policialesco” que tomou conta do país. Calheiros celebrou as medidas tomadas pelo governo que levam ao desmonte da Lava Jato (aquela que Bolsonaro diz ter posto fim porque não existe mais corrupção) e as nomeações feitas pelo presidente, incluindo a do próximo ministro do STF. Com STF, com tudo. Romero Jucá deve estar orgulhoso.” [Folha]
Passemos ao Kassio, esse prodígio!
“Na vasta experiência acadêmica descrita no currículo do desembargador Kassio Nunes Marques, indicado para substituir Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), constam um curso de pós-graduação e um pós-doutorado que teriam sido feitos, se somados, em um período de apenas dez dias de aula. Segundo informações da PUC do Rio Grande do Sul e do Ministério da Educação, esses dois cursos, juntos, demorariam, em média, de três a quatro anos para serem concluídos. O número de dias que esses dois cursos teriam exigido estão em documentos encaminhados à reportagem pela própria assessoria de Kassio.” [Estadão]

Fora o baile. Quer dizer, fora o plágio. Além de mentiroso é plagiador.
“Apesar das irregularidades encontradas no currículo acadêmico do desembargador federal Kassio Nunes, suspeitas de plágio em sua dissertação de mestrado e pressão de alas do bolsonarismo contra sua indicação, senadores dão a aprovação de seu nome para o Supremo Tribinal Federal (STF) como favas contadas. O Estadão apurou o posicionamento de todos os 27 membros permanentes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e constatou que já existem pelo menos os 14 votos necessários para a aprovação nesta que é a primeira etapa no Senado do processo de confirmação. Apenas dois parlamentares abertamente se dizem contra.” [Estadão]
E o PT, hein?!
“Na CCJ, o desembargador Kassio Marques contará, inclusive, com o voto favorável de integrantes da oposição. “Nem sempre as referências curriculares são as melhores referências. A experiência, a vivência, a prática são. Neste momento, tenho inclinação a votar favorável”, afirmou Rogério Carvalho (PT-SE).”

Inacreditável uma porra dessa, INACREDITÁVEL. Kassio pode estapear uma enhorinha na rua e o petista aí de cima tecerá loas, viado!
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4. Atenção, Paulo Guedes!
Guedes jura que o Brasil “estava decolando”, a recuperação será em V, “o Brasil vai surpreender o mundo”. Enquanto isso:
“O crescimento da economia brasileira em 2021 ficará abaixo da média global e da América Latina e, ao contrário da saída da crise financeira mundial de uma década atrás, desta vez o Brasil não contará com o impulso do aumento de preços de commodities minerais.” [Folha]

Fodeu! Lula nasceu com o cu virado pra lua e recebeu o país não lá mutio bem, mas com a inflação domada, o que foi um baita feito de Itamar e FHC, apesar do uso político que o FHC fez. Aí foi só o presidente da vez desse país extrativista deitar e rolar enquanto o maior país do mundo crescia a dois dígitos por ano e devorava ferozmente boa parte da produção global de commodities. Era pra ter aproveitado o céu de brigadeiro e fazer as reformas estuturais, ams Lula tava mais preocupado com a eleição seguinte, e o Braisl, Costinha?!

“Muitos países, sobretudo os emergentes e europeus, também não se recuperarão tão rapidamente das perdas provocadas em 2020 pela pandemia da Covid-19, segundo novas projeções do Institute of International Finance (IIF), que reúne 450 bancos e fundos de investimento em 70 países. Além de a pandemia ter afetado todo o planeta e levado à paralisação dos setores industriais e de serviços —algo inédito e mais profundo do que o congelamento do setor financeiro há uma década, durante a Grande Recessão—, desta vez a China não está bancando programas de recuperação baseados em grandes investimentos em infraestrutura. O país asiático vem concentrando recursos para ampliar créditos ao consumo, o que demandará mais alimentos e menos produtos minerais. Na crise de dez anos atrás, depois de o PIB brasileiro recuar 0,2% em 2009, o Brasil cresceu 7,5% em 2010, com forte demanda por commodities metálicas e agrícolas por parte da China, o que levou ao aumento de seus preços e a mais receita para os exportadores. Desta vez, no entanto, as commodities metálicas devem ter uma recuperação modesta: alta de preços em torno de 4,5% em 2021, após queda de 2% neste ano. Para o Brasil, o IIF projeta queda do PIB de 5,9% neste ano e alta de 3,6% em 2021 —abaixo do crescimento de 5,3% estimado para o mundo no ano que vem e dos 3,8% na média da América Latina. A opção por não acelerar investimentos em infraestrutura da China deve afetar o Brasil por dois canais: 1) Pode haver menos apetite de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira, na qual as commodities têm peso relevante, sobretudo por causa da Vale; 2) Os preços internacionais de alimentos devem seguir pressionados, especialmente em função da recuperação da demanda global e do dólar caro, que remunera melhor quem exporta —com reflexos na inflação interna. Somando diferentes tipos de entradas e saídas, o Brasil terá um fluxo positivo de dinheiro estrangeiro em 2020 de apenas US$ 11 bilhões, bem abaixo dos US$ 59 bilhões de 2019, segundo o IIF. Neste ano, a fuga dos ativos de risco do Brasil deve atingir US$ 24 bilhões (R$ 134 bilhões), mais que o dobro do registrado no ano passado.”
Enfim, dedo no cu e gritaria

“Embora o Brasil deva crescer menos que a média dos países latino-americanos em 2021, seu tombo neste ano foi significativamente menor que o de seu principal parceiro comercial na região, a Argentina, com queda do PIB de 12,8%.”
Era só o que me faltava, a gente conseguir a proeza de se sair pior que o país que é uma aula magna do que não se fazer economicamente. Olha que o Braisl nunca soube muito bem, mas perto da Argentina nossa política econômica até que é boa.
“Na região, o país mais afetado pela pandemia será a Venezuela, que registra PIBs negativos desde 2014. Em 2020 o país terá encolhido 28%; e deve continuar no vermelho em 2021. Pelas projeções do IIF, a situação da Venezuela neste ano só é pior do que a do Líbano, onde Beirute foi afetada por uma megaexplosão de um porto no início de agosto. Mesmo antes da tragédia, o país já sofria de hiperinflação, com os preços triplicando desde março e a moeda local, a libra libanesa, se desvalorizando quase 80%.”
Leia a matéria abaixo ao som da abertura d’Os Trapalhões
“O governo está preparando 1 possível desmembramento do Ministério da Economia. Essa divisão, porém, será feita por etapas. Na 1ª devem ser desmembradas as áreas de Previdência e Trabalho. ” [Poder360]
Aham, nada a ver com um despreparado se dando conta que não era lá uma boa idéia ser um superministro, fundido várias pastas deveras importantes…
O Poder360 apurou que o ministro Paulo Guedes não vê a mudança como dramática. O motivo: ambas as áreas já tiveram reformas. A trabalhista, no governo Temer, e a previdenciária, na gestão Bolsonaro. Ao assumir o Planalto, Bolsonaro resolveu criar 1 superministério para Guedes: Fazenda; Planejamento; Trabalho; e Indústria, Comércio Exterior e Serviços foram agrupadas em 1 só. Guedes se transformou em 1 dos ministros mais fortes da história. Além de comandar 4 pastas, nomeou sozinho os presidentes das principais estatais (Petrobras, Banco do Brasil e Caixa) e de inúmeras autarquias. Isso nunca havia acontecido desde a redemocratização, em 1985. Há 1 consenso entre os apoiadores políticos de Bolsonaro: fracassou a estratégia de concentrar tanto poder na mão de 1 só ministro. A ideia é reverter a fusão no início de 2021.”

“O Ministério da Economia estuda a criação de um mecanismo para aplicar em obras públicas e programas sociais parte do dinheiro arrecadado com a privatização de estatais.” [Folha]
Isso porque o liberalóide responsável pelas privatizações meteu o pé tem pouca semanas, puto por não privatizar porra nenhuma.
“O objetivo é reduzir as resistências no Congresso à venda dessas empresas e ganhar apoio dentro do governo.”
Dentro do governo, no caso, é o Bolsonaro, claro.
“Em setembro, o próprio Bolsonaro barrou os planos da equipe econômica para privatizar a Casa da Moeda.”

“A ideia é criar um fundo de desinvestimento, que seria alimentado por uma fatia dos recursos das privatizações e da venda de imóveis da União. O dinheiro, então, seria direcionado para essas finalidades.”
E não, isso não resolve a questão do teto.
“A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) também avalia outras possibilidades. Em uma delas, antes mesmo de eventual venda da companhia, seriam distribuídos dividendos das estatais para pessoas pobres. Outra hipótese prevê a concessão de certificados de propriedade de frações dessas empresas aos beneficiários de baixa renda.”
Tudo bem que privatização não orna com comunismo, mas isso aí é muito…

“A equipe econômica diz acreditar que só haverá um desfecho para essa discussão nos dias seguintes às eleições municipais. Integrantes do ministério consideram que a campanha contaminou sugestões que podem representar medidas amargas de corte de despesas.”
Não pega bem para o cabo eleitoral com faixa presidencial, né?
“Parlamentares ainda trabalhavam para apresentar uma proposta de ampliação do programa social na próxima semana, mas a equipe econômica considera difícil a elaboração de um projeto que aponte a origem dos recursos.”

“Líderes partidários que almoçaram com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira (7) confirmaram que o governo decidiu deixar a discussão para depois do período eleitoral. “O Renda ficou para depois da eleição. O próprio relator falou no almoço que era consenso que só será discutido depois da eleição. Eles estão ainda procurando descobrir de onde tirar o recurso”, relatou o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado.”
E não é só a equipe econômica que não sabe pra quem atirar:
“A movimentação de grandes empresários para tentar transmitir ao governo seu senso de urgência pelas reformas tem crescido nas últimas semanas, à medida que o ministro Paulo Guedes (Economia) se enfraquece, elevando a preocupação. Nos diversos grupos que vêm se reunindo, a necessidade da administrativa é consenso, mas quando o assunto é a tributária está cada vez mais difícil costurar os interesses. Enquanto os grandes representantes da indústria torcem pela PEC 45, proposta de unificar impostos, nomes do varejo e dos serviços que são contrários ao projeto estão mais confortáveis com o atraso.” [Folha]
E foda-se se é 1 bilhão ou 100, porra!
“Proposta de congressistas endossada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) de cortar salário acima do teto do funcionalismo (R$ 39,3 mil) é insuficiente para financiar uma ampliação significativa do Bolsa Família. A medida defendida por membros do governo e líderes enfrenta forte lobby de servidores, especialmente do Judiciário, no Congresso. Em 2015, o governo Dilma Rousseff (PT) apresentou um projeto semelhante. A proposta representaria o equivalente a R$ 1 bilhão por ano de redução de despesas para a União. Para bancar o Renda Cidadã, programa que deve substituir o Bolsa Família, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) busca cerca de R$ 20 bilhões. Com essa verba, a ideia é ampliar a cobertura das transferências de renda a famílias na linha de pobreza e extrema pobreza, além de aumentar o valor do benefício mensal.” [Folha]
O problema dos marajás não é virar fonte de receita pra programa social, mas o fato de ganharem acima do teto. Isos valeria em temposd e crise ou não, porra.
“Embora tenha peso político e moralizador, o projeto de cortar os supersalários, debatido por governo e congressistas, tem baixo impacto nas contas públicas. O efeito é maior em estados e municípios.”
Taí outro ótimo motivo pra acabar com essa farra. E se colocar aí a féria nababesca dos milicos dá uma economia total de 2.4 bilhões.
Ah, e Bolsonaro está tentando mediar o conflito entre Guedes e Marinho, é bom ter uma ambulância por perto:
“Após o episódio, segundo líderes partidários próximos do Planalto, o próprio Jair Bolsonaro entrou em campo e pediu que o ministro do Desenvolvimento se acalmasse e não respondesse para evitar ainda mais a crise. De acordo com relatos, na reunião fechada Marinho criticou Guedes ao dizer que ele é um grande vendedor, muito bom na macroeconomia, mas fraco em questões microeconômicas, listando as áreas tributária, previdenciária e a contabilidade pública. Em seu discurso nesta quarta, Bolsonaro tentou afastar a percepção de que seu governo pode descumprir regras fiscais e disse não querer “fazer nada de anormal para dar um jeitinho aqui ou acolá”. Em mais uma sequência de elogios a Guedes, ele disse que o chefe da equipe econômica tem uma “lealdade que é mútua comigo”. E listou uma série de medidas econômicas tomadas para aliviar os efeitos da pandemia.”
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5. Toffoli
Toffoli morde e assopra
“O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal a colher o depoimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre possível crime de homofobia. Toffoli determinou que Ribeiro seja ouvido antes de uma eventual decisão sobre o pedido de abertura de inquérito para investigar o caso.” [G1]
Não seria o amigo do presidente a abrir o inquérito logo de cara, né?
“No mês passado, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo a instauração de inquérito a partir de uma entrevista do ministro da Educação ao jornal “O Estado de S. Paulo”. O vice-procurador-geral afirma que o ministro proferiu manifestações depreciativas a pessoas com orientação sexual homoafetiva. E acrescenta que Ribeiro, na oportunidade, fez afirmações ofensivas à dignidade do apontado grupo social.” Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), as declarações podem caracterizar uma infração penal ao induzir ou incitar a discriminação ou preconceito.”
Ah vá….
‘”A entrevista que motivou o pedido da PGR foi publicada em 24 de setembro. Questionado pelo jornal sobre educação sexual na sala de aula, o ministro afirmou ser um tema importante para a evitar gravidez precoce, mas avaliou não ser necessário discutir questões de gênero nem a homossexualidade. “Acho que o adolescente, que muitas vezes, opta por andar no caminho do homossexualismo (sic), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato, e caminhar por aí. São questões de valores e princípios”, afirmou Ribeiro na entrevista. Toffoli considerou que cabe à PGR fazer uma avaliação preliminar e o depoimento pode ajudar o Ministério Público a formar adequadamente o seu convencimento. “Nesse contexto, deve ser autorizada a providência requerida [depoimento] para que possa instruir eventual pedido de instauração do inquérito”, escreveu o ministro do STF. Após a entrevista, Ribeiro tem dito que jamais pretendeu discriminar ou incentivar qualquer forma de discriminação em razão de orientação sexual. O ministro afirmou que trechos da fala, retirados de contexto e com omissões parciais, foram reproduzidos em redes sociais, o que agravou a interpretação equivocada. Milton Ribeiro também pediu desculpas e declarou respeito a todo cidadão brasileiro, independentemente de orientação sexual, posição política ou religiosa.”
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6. Eleições
“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a repetir dados falsos sobre reportagem da Folha a respeito de funcionária fantasma que trabalhava em seu gabinete. Em vídeo gravado em seu gabinete, Bolsonaro pede votos para sua ex-assessora Walderice Santos da Conceição, que será candidata a vereadora de Angra dos Reis (RJ) com o sobrenome da família presidencial.” [Folha]
Acredite, havia um tempo que esses tipos de vídeos eram gravados fora do palácio, de noite, fora do horário de expediente. Tudo bem que há algunas anos não havia como fazer vídeos por celular, mas de qualquer forma é preciso afetar algum decoro, alguma seriedade, porra. Não é no horário de trabalho que presidente vai ficar gravando vídeo de campanha dos outros. Mas dado que Bolsonaro já tá em campanha de reeleição e todo dia é dia de campanha no Palácio…
“Desde a primeira reportagem da Folha, publicada em 11 de janeiro de 2018, Bolsonaro vem dando diferentes e conflitantes versões sobre a assessora para tentar negar, todas elas não condizentes com a realidade. Ao Jornal Nacional, em outubro de 2018, ele disse que a assessora estava em férias quando o jornal visitou o local pela primeira vez, em janeiro, e não disse, porém, que a Folha retornou ao local em agosto e comprou das mãos da funcionária um açaí e um cupuaçu durante horário de expediente da Câmara. “Tem uma senhor de nome Walderice, minha funcionária, que trabalhava na vila histórica de Mambucaba, e tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S.Paulo foi lá neste dia 10 de janeiro fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como fantasma. É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim administrativo da Câmara de 19 de dezembro, ela estava de férias.” A Folha esteve na pequena Vila Histórica de Mambucaba em duas oportunidades. A primeira foi em 11 de janeiro, durante o recesso parlamentar, a reportagem ouviu de diversos moradores, em conversas gravadas, que Walderice não tinha ligação com a política, prestava serviços na casa do parlamentar e tinha como atividade principal a venda de açaí e cupuaçu, em uma loja que inclusive leva o seu nome, “Wal Açaí”. Segundo pelo menos quatro depoimentos gravados com moradores da região, o marido dela, Edenilson, era caseiro do imóvel de veraneio do então deputado, que mora na Barra Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
As portas do estabelecimento “Wal Açaí”, na mesma rua, foram fechadas às pressas assim que se espalhou a informação sobre a presença de repórteres na região. Neste dia, a Folha encontrou com Bolsonaro, por acaso, no local e convidou o jornal a visitar a sua casa – quem estava com chaves era exatamente o marido de Walderice. Na ocasião, Bolsonaro deu diversas explicações sobre a funcionária, mas em nenhum momento disse que ela estava de férias, argumentação que veio meses depois. Na segunda oportunidade, em 13 agosto, a Folha retornou à vila e comprou das mãos de Walderice um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara. O presidente eleito omitiu essa informação na entrevista ao Jornal Nacional. À reportagem, Walderice afirmou naquele dia trabalhar no local todas as tardes. Minutos depois de os repórteres se identificarem e deixar a cidade, ela ligou para a Sucursal da Folha em Brasília afirmando que iria se demitir do cargo. O então candidato confirmou sua demissão e disse que o “crime dela foi dar água para os cachorros”. Segundo as regras da Câmara, a pessoa que ocupe o cargo de secretário parlamentar, o caso de Walderice, precisa trabalhar exclusivamente para o gabinete no mínimo oito horas por dia. A secretária figurou desde 2003 como um dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília. Seu último salário, foi, bruto R$ 1.416,33.”
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7. A última do MEC
Da Roseli Olher, supervisora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) do Instituto Jô Clemente (antiga Apae de São Paulo):
“A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, reconhece a educação como imprescindível ao pleno desenvolvimento da pessoa. Partindo disso, é necessário, portanto, que se crie oportunidades para que todos os cidadãos tenham acesso à educação de qualidade. A escola regular inclusiva visa atender essa determinação, adaptando-se às necessidades de cada estudante, especialmente aos alunos com deficiência, a fim de proporcionar um ambiente adequado ao desenvolvimento de cada um não apenas pelos conteúdos pedagógicos, mas também pela convivência entre pessoas com e sem deficiência. O Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020, que “institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida”, determina a criação de centros de referência em ensino especial. Segundo o texto, os pais poderão decidir se o filho com deficiência deve estudar em uma escola comum ou especial. O texto, porém, segue na direção contrária à Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que dá o direito e garante o acesso de todas as pessoas com deficiência à educação regular comum. Cabe ressaltar que o direito à educação e a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com igualdade de oportunidades, foi reconhecido pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (art. 24). Está também em consonância plena com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), que esclarece que a educação especial é a “(…) modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (art. 58).
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação (CEPI) do Instituto Jô Clemente mostra que a educação inclusiva promove a autonomia de crianças com deficiência intelectual. Os alunos incluídos demonstram e expressam seus desejos e maior interesse pelas atividades propostas, mostrando-se questionadores em alguns momentos das aulas. Além disso, a maioria consegue transmitir suas ideias e se fazer entender por meio de gestos ou imagens, mesmo quando ainda não há comunicação oral. No caso das crianças matriculadas em escolas especiais, foram identificados poucos avanços quanto à autonomia, aprendizagem e comportamento social. Os alunos permanecem com atitudes infantilizadas e comportamentos inadequados, resultado decorrente da falta de convivência com crianças sem deficiência, o que impede um aprendizado mais amplo. É no Atendimento Educacional Especializado (AEE) e não em escolas especiais que os estudantes com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação recebem, quando necessário, recursos específicos para eliminar barreiras encontradas no dia a dia. Esse trabalho é essencial e deve ser realizado em conjunto com professores da sala de aula comum, para que todos estejam preparados para implementar as estratégias e recursos necessários ao desenvolvimento de cada aluno. Deve-se, portanto, pensar em soluções para reforçar e expandir AEE para todo o país, preparando profissionais e ambientes para tal missão, em consonância com a LBI. Com a nova política de educação especial, escolas comuns poderão negar matrículas a pessoas com deficiência, provocando ainda mais exclusão. Vale, ainda, ressaltar que discriminação é crime e situações como essas podem gerar um grave problema jurídico e social.” [Folha]
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8. Jorginho e o Almirante
E Jorginho enfim foi indicado ao TCU:
“Encaminhei mensagem para o Senado Federal indicando o Maj R/1 PMDF, atual ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, para exercer o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União”, anunciou o presidente em uma rede social.”
O linguajar miliar não está ali à toa….
“Formado em direito e policial militar aposentado, Oliveira é amigo de Bolsonaro e de seus filhos. O pai do ministro, o capitão do Exército Jorge Francisco, morto em abril de 2018, trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro por mais de 20 anos quando ele ocupou uma das cadeiras da Câmara. Antes de Oliveira, o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, era o mais cotado para o cargo. Como mostrou a Folha no mês passado, porém, o nome dele enfrenta resistência no tribunal. Em caráter reservado, Rosário é descrito por integrantes da corte como um burocrata que criou arestas ao defender pautas corporativas da CGU contra o Tribun.al de Contas. Com a ida de Jorge Oliveira para o TCU, Bolsonaro precisará escolher um nome para comandar a Secrtaria-Geral (SG) e outro para comandar a SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos), onde são elaborados e por onde são publicados os principais atos do governo. Hoje, as duas estão sob comando de Oliveira, mas o novo ministro não deve mais acumular as funções, embora a SAJ continue sob o guarda-chuva da Secretaria-Geral. Para a SG, o nome mais cotado é o do secretário especial de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Augusto Viana Rocha, conhecido no Executivo como almirante Rocha.”
Sim, o almirante que Bolsonaro adora.
“Ele passou a ser alvo de fogo amigo no governo neste ano por causa de sua crescente influência sobre Bolsonaro. Caso se torne ministro, será o segundo militar na ativa no primeiro escalão.”

“Há outros cotados para o posto, como o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo pessoal do presidente, que já havia sido cogitado para assumir o Ministério da Segurança Pública, caso a pasta fosse recriada. Para comandar a SAJ, auxiliares de Bolsonaro dizem que pode vir um nome indicado pelo advogado-geral da União, José Levi, mas também circula o nome de Pedro César Nunes de Sousa, chefe de gabinete de Bolsonaro, já que o cargo precisa ser ocupado por alguém da extrema confiança do presidente.”
E ao que parece eo Almirante é, de longe, a pessoa mais inteligente do Palácio:
“Favorito à cadeira de ministro da Secretaria-Geral da Presidência com a ida de Jorge Oliveira para o Tribunal de Contas da União (TCU), o secretário de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto, almirante Flávio Rocha, 58 anos, se transformou em pouco tempo em um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro. Discreto, amigável e muito inteligente, Rochinha como é conhecido pelos mais próximos, conquistou a confiança de Bolsonaro ao trabalhar para diminuir os pontos de tensão existentes em torno do presidente no Palácio do Planalto. Sempre ao lado de Bolsonaro nas agendas diárias — ele aparece em praticamente todas as fotografias de agendas públicas do gabinete presidencial —, o almirante é apontado como peça fundamental na construção do “armistício patriótico” iniciado no governo logo após as operações que atingiram familiares do presidente e deputados bolsonaristas, em meados de junho deste ano. Nos bastidores, o bem relacionado Rocha já atuou para distensionar antigas crises. Se aproveitou do acesso que tem com alguns parlamentares — Rocha já foi chefe da assessoria parlamentar da Marinha na Câmara, onde conheceu Bolsonaro — e também com ministros do Supremo para dialogar em prol de uma união entre os Poderes. Partiu dele a ideia, por exemplo, de convidar o ex-presidente Michel Temer para chefiar, em agosto, a missão oficial brasileira que ofereceu ajuda aos libaneses após a grande explosão no porto de Beirute, no Líbano, deixando cerca de 170 mortos e 4 mil feridos. Aliás, a sugestão inicial, segundo fontes, surgiu em um jantar em que Rocha participara em São Paulo na casa do suplente de senador Luiz Osvaldo Pastore (MDB-ES). Rocha atuou em tudo: ligou para Temer, oficializou o convite, organizou a viagem e ainda acompanhou o ex-presidente na missão. Almirante dono do melhor caderno na época escolar — todos pediam emprestado para copiar as lições devido ao capricho na grafia —, Flávio fala seis línguas e é tido pelos seus amigos como alguém com uma inteligência fora do normal. A aliados, ele justifica ter aprendido tantos idiomas pela perseverança da mãe, que queria que ele fosse diplomata. O cearense de Fortaleza preferiu seguir a carreira militar. Foi declarado Guarda-Marinha em 13 de dezembro de 1984, ainda jovem e não pretende sair tão cedo, nem caso vire ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Apesar de o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, ter decidido seguir para a reserva, atualmente não há pressão no Planalto para que o almirante também deixe a Marinha caso assuma o posto.” [O Globo]
É inacreditável que apenas UM general tenha ido pra reserva, fiungiram uam comoção com o pedido de desuclpas público do comandante militar americano e depois ligaram o foda-se, como de hábito.
“No mês passado, o almirante deu mais uma mostra da boa relação que mantém entre os Poderes. Logo após a cerimônia da Independência, no 7 de setembro, abriu sua casa para um almoço da despedida de Dias Toffoli da presidência do Supremo Tribunal Federal junto de Bolsonaro e mais sete ministros: Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Augusto Heleno (GSI), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Fabio Faria (Comunicações), além do secretário de Cultura, Mário Frias, e do deputado Helio Lopes (PSL-RJ). No mês passado, o almirante deu mais uma mostra da boa relação que mantém entre os Poderes. Logo após a cerimônia da Independência, no 7 de setembro, abriu sua casa para um almoço da despedida de Dias Toffoli da presidência do Supremo Tribunal Federal junto de Bolsonaro e mais sete ministros: Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Augusto Heleno (GSI), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Fabio Faria (Comunicações), além do secretário de Cultura, Mário Frias, e do deputado Helio Lopes (PSL-RJ).”
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9. Covid-17
“O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, deve se reunir nesta quinta (8) com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para falar sobre a Coronavac, a vacina contra a Covid-19. A expectativa é que haja algum avanço nas negociações para que a pasta compre o imunizante, caso ele tenha eficácia comprovada. Apesar de várias conversas anteriores, o ministério ainda não deu uma resposta definitiva sobre a possibilidade. A compra da Coronavac possibilitaria a sua distribuição por todo o Brasil no programa de imunização do SUS, como já ocorre com outros imunizantes.” [Folha]
Pra quê a pressa?! Diexa os outros países omprarem as vacinas primeiro, né…
“Caso a compra não seja concretizada, a distribuição fica inviabilizada. E o Butantan terá que fazer negociações diretas com outros estados e até mesmo países. Dimas Covas tem dito que isso equivaleria a decretar o fim do SUS. Uma das alternativas já em discussão é a formação de um pool de governadores que organize o acesso dos grupos vulneráveis de seus estados à vacina. Ele seria feito nos moldes da Covax, iniciativa da OMS (Organização Mundial de Saúde) que congrega 165 países para garantir acesso igualitário às vacinas que eventualmente funcionarem.”
E taí uma boa notícia:
“A farmacêutica americana Moderna anunciou nesta quinta-feira que não registrará patentes de sua vacina candidata contra a Covid-19 enquanto a pandemia do novo coronavírus persistir. A decisão, uma vez confirmada, permitiria que outras companhias replicassem a fórmula do imunizante, ampliando a capacidade de produção do imunizante e facilitando sua universalização. Em um comunicado, a empresa informou que pretende licenciar os direitos de propriedade intelectual sobre o produto apenas após o fim da pandemia de Covid-19. A vacina testada pela Moderna é tida como uma das principais na corrida global por um imunizante capaz de bloquear a infecção pelo novo coronavírus. A empresa recebeu US$ 1 bilhão da Operação Warp Speed, iniciativa do governo americano para acelerar o desenvolvimento de potenciais vacinas contra o Sars-CoV-2, e mais US$ 1,5 bilhão para assegurar doses para os Estados Unidos.” [O Globo]
E taí algo singular dessa pandemia:
“O combate da Covid-19 surtiu um efeito positivo no controle de doenças respiratórias. Dos causadores de resfriados àqueles que provocam pneumonias letais, todos os vírus respiratórios comuns no Brasil até o ano passado praticamente desapareceram em 2020. E o motivo, dizem especialistas, são as medidas de distanciamento social, hábitos de higiene e máscara contra o coronavírus Sars-CoV-2. Os casos de influenza, coronavírus brandos (HKU1, 229E, NL63, OC43), vírus sincicial respiratório, parainfluenza, adenovírus, rinovírus, metapneumovírus e outros causadores de infecção respiratória, até 2019 muito comuns, despencaram em 2020, afirma o vice-chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, Fernando do Couto Motta. — Nunca vimos isso ocorrer desde que foi estabelecida a rede nacional de vigilância de influenza, em 1999. Todo ano a gripe mata em torno de 2 mil pessoas no país. Este ano isso certamente não vai acontecer — destaca Motta. Dados do InfoGripe/Fiocruz mostram que, até setembro, o Sars-CoV-2 foi a causa de cerca de 99,2% das mortes e 97,4% dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil. A influenza, que até 2019 matava cerca de 6 mil pessoas por ano no Brasil, em 2020 atingiu até agora 1.672 (somadas influenza A e B). O coordenador do InfoGripe/Fiocruz, Marcelo Gomes, diz que 2020 começou no Brasil com a influenza em alta. Até 22 de fevereiro, havia mais casos do que a média dos anos anteriores.
Na análise dos epidemiologistas, isso ocorreu em função de uma temporada de gripe severa no Hemisfério Norte, que acabou obscurecida pela pandemia de Covid-19. Mas, a partir do fim de fevereiro, tudo mudou drasticamente. E só se viu Covid-19. Os epidemiologistas detectaram seus sinais não apenas pelos resultados de testes moleculares de vítimas de SRAG quanto pelo perfil populacional. Houve mudanças significativas na faixa etária. Na Covid-19, há predominância de adultos e menos crianças de até 4 anos, diferentemente do que se vê na influenza. Entre 20 e 26 de setembro, período com os dados mais recentes disponíveis, não houve casos de SRAG registrados no Brasil provocados por qualquer um dos vírus influenza, segundo o boletim do InfoGripe. — Praticamente, não temos encontrado os demais vírus em casos de SRAG, mesmo os influenza tiveram uma queda impressionante. Realmente, uma queda assombrosa e não natural. As medidas de distanciamento são eficazes e, aparentemente, surtiram efeito muito expressivo sobre os outros vírus — diz Gomes. Segundo Motta, não existem números precisos de quantos casos de resfriado e infecções respiratórias acontecem por ano no país.
Mas, a convicção dos especialistas, com base no que se observa em casos graves, é que houve redução brutal nos leves e moderados. — Esses vírus ainda circulam em pequena escala, mas são pouquíssimos casos. Isso é muito positivo porque vírus respiratórios causam as infecções mais comuns e, mesmo que não provoquem doença grave, levam à perda de qualidade de vida e de dias trabalhados — enfatiza Motta. Distanciamento social, máscara e higiene foram fundamentais na redução dos demais vírus respiratórios. Motta, no entanto acredita que outros fatores também pesaram. Um deles é que as pessoas com sintomas dessas infecções, que antes continuavam a circular, se resguardaram mais e isso bloqueou a disseminação. Outro fator é que o Sars-CoV-2 tomou o lugar dos demais vírus. Existe um fenômeno conhecido como interferência viral, pelo qual dificilmente uma célula infectada dará conta de produzir outros vírus. A coinfecção pode ocorrer mas, no caso, o Sars-CoV-2, levará vantagem. O infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e diretor médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, afirma que os outros vírus respiratórios este ano quase não apareceram. Inclusive os influenza, que costumavam ser muito comuns esta época do ano. A temida dupla epidemia de gripe e Covid-19 não aconteceu. — Os vírus respiratórios não foram erradicados. Mas ao menos este ano não tivemos que também sofrer com eles — ressalta Motta. — Medidas de higiene e de educação sanitária, como uso de máscara em caso de sintomas, podem ajudar a termos menos dessas doenças, mesmo depois da pandemia. É uma boa lição, que devemos aprender.” [O Globo]
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10. Economia em tempos de pandemia
Da Míriam Leitão:
“Em sua carta mensal enviada a clientes, o Verde Asset, do economista Luis Stuhlberger, comparou a atuação do governo na pandemia entre 20 países emergentes. O Brasil, apesar de ser o mais endividado (85%), foi o que mais gastou como proporção do PIB (9%). “Os únicos países emergentes que gastaram parecido com o Brasil são Peru e Chile, ambos com grau de investimento e dívida pública antes da pandemia próximas a 25% do PIB, com muita margem de manobra.” O Brasil está dois degraus abaixo do nível de investimento e no mercado já há preocupações de que um novo rebaixamento possa acontecer no final do ano. Se o objetivo do presidente é transferir recursos aos mais pobres para manter a sua popularidade, o tiro pode sair pela culatra. O presidente da Abit, Fenando Pimentel, que representa a indústria têxtil, também está preocupado com o fim do auxílio no final do ano, o que pode afetar o consumo e a recuperação do setor. Mas ele lembra que, mesmo que o Bolsa Família dobre de tamanho, nem de longe terá o mesmo impacto do auxílio emergencial. — O auxílio emergencial custa R$ 50 bilhões por mês. O Bolsa Família é R$ 2,5 bi mensal. Mesmo que o governo consiga dobrar o programa para R$ 5 bi, o efeito sobre o consumo será muito mais limitado do que a ajuda que foi dada na pandemia —afirmou. A ideia de liberar recursos limitando de fato o teto do funcionalismo parece boa, mas enfrenta problema técnico. Segundo o relator da reforma administrativa na Câmara, deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), os orçamentos dos poderes são independentes e o que pertence ao judiciário não poderá ser transferido para um programa social do executivo. “Ainda mais quando for recurso de estados e municípios”, explicou. O balão de ensaio parece que furou novamente.” [Folha]
Enquanto isso…
“Os governos do mundo todo precisam se preparar para uma retomada lenta de suas economias, mesmo com o fim dos lockdowns à medida que a pandemia for sendo debelada, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em novo capítulo de sua Perspectiva Econômica Global divulgado nesta quinta-feira. E os países não podem deixar de lado medidas políticas de auxílio às populações, principalmente no caso das pessoas em situação mais vulnerável. A pandemia de coronavírus provocou “desafios de saúde sem precedentes em escala global. Para conter a propagação do vírus, a maioria dos países recorreu a medidas restritivas de bloqueio, fechamento de escolas e atividades de empresas, e às vezes até impedindo as pessoas de saírem de casa, exceto para ações essenciais”, diz o estudo. Enquanto isso, a atividade econômica se contraiu dramaticamente. “Nenhum país foi poupado, com o PIB caindo drasticamente em mercados emergentes e economias avançadas”, diz o Fundo. Se por um lado os bloqueios impostos pelos governos foram amplamente responsáveis pela contração, diz o FMI, seria razoável esperar uma recuperação econômica rápida à medida que forem terminando. “Mas se o distanciamento social voluntário, adotado pela própria população, tiver um papel predominante, então a atividade econômica provavelmente permanecerá moderada até que os riscos para a saúde diminuam”, alerta o documento. Assim, ao olhar para o caminho de recuperação à frente, a entidade sugere que o simples fim dos lockdowns não trará as economias rapidamente de volta aos seus patamares anteriores. Atenuar as quarentenas tende a ter um efeito positivo na mobilidade populacional, segundo dados do Google acessados pelo FMI, mas, se o perigo para a saúde permanecer, isso continuará a afetar as economias. “Estas descobertas sugerem que as economias vão continuar a operar abaixo do potencial enquanto os riscos para a saúde persistirem, mesmo se os bloqueios forem suspensos”, atesta o relatório. Portanto, os formuladores de políticas devem ser cautelosos; em vez de cessar eventuais medidas de auxílio, devem considerar maneiras de proteger ao máximo a população vulnerável e apoiar a atividade econômica de modo coerente com o distanciamento social necessário.” [O Globo]
Volto à Míriam Leitão:
“A Anfavea, que representa as montadoras de veículos, revisou de -45% para -35% a estimativa de queda da produção este ano. O clima ainda é de cautela. Se em setembro houve crescimento de 4,4% sobre agosto, em relação ao mesmo mês do ano passado foram produzidos 11% menos veículos. Olhando para frente, o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, explica que ainda permanece um cenário de incerteza: “Não dá para desconsiderar que a taxa de desemprego está em 13,8%, que a taxa de juros aos consumidores está em 19%, que estamos tendo aumento de custos acima do esperado, com aço, dólar, IGP-M. Estamos mais cautelosos por enquanto”, explicou.”
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11. Venezuela
Doideira até não poder mais:
“Pela primeira vez em um século, não há equipamentos para a exploração de petróleo na Venezuela. Os poços que permitiam o acesso às maiores reservas do mundo foram abandonados ou deixados para queimar gases tóxicos com um clarão alaranjado sobre pequenas cidades. As refinarias que processavam o óleo para exportação não passam de montes de metal enferrujado, vazando petróleo que mancha de preto as praias e cobre a superfície do mar com um brilho oleoso. A escassez de combustível levou o país à paralisação. Em todos os postos de gasolina, as filas se estendem por quilômetros. O colossal setor petrolífero da Venezuela, que dava vida ao país e alimentou o mercado internacional de energia por um século, está praticamente parado. A produção foi reduzida a um filete em razão de anos de má administração e pelas sanções americanas. O colapso deixa uma economia destruída e o ambiente devastado, afirmam alguns analistas, decretando o fim da era da Venezuela como fornecedora de energia. “Os dias da Venezuela como um país petrolífero acabaram”, disse Risa Grais-Targow, analista do Eurasia Group, consultoria de risco político. O país, que dez anos atrás era o maior produtor da América Latina, com uma receita de cerca de US$ 90 bilhões por ano com as exportações, no final deste ano, deverá faturar líquidos apenas US$ 2,3 bilhões – menos do que o montante agregado que os imigrantes venezuelanos enviarão para casa para sustentar suas famílias, segundo Pilar Navarro, economista de Caracas. Durante o boom do petróleo, a PDVSA, estatal petrolífera, inundava os moradores das cidades produtoras com benefícios que incluíam alimentos grátis, acampamentos de verão e brinquedos natalinos, além da construção de hospitais e escolas. Agora, dezenas de milhares de operários da companhia falida trabalham no desmantelamento das instalações da companhia em busca de ferro velho, ou tentam vender seus característicos macacões com o logo da companhia para conseguir algum dinheiro. O fim da função central do petróleo na economia da Venezuela é uma reviravolta traumática para uma nação que, em muitos sentidos, se definia como um Estado petrolífero. Depois que as principais reservas foram descobertas perto do Lago Maracaibo, em 1914, os petroleiros dos Estados Unidos chegaram em grande número à Venezuela. Nos anos que se seguiram, apesar das receitas abundantes do petróleo, a Venezuela enfrentou uma montanha russa de endividamento recorrente e crises financeiras. A riqueza não contribuiu para reduzir a corrupção ou a desigualdade. Nos anos 90, o ex-paraquedista Hugo Chávez apareceu no cenário nacional prometendo uma revolução que colocaria o petróleo venezuelano para trabalhar para sua maioria pobre. Logo depois de ser eleito presidente, em 1998, Chávez apropriou-se da respeitada companhia petrolífera estatal, demitiu cerca de 20 mil profissionais, estatizou ativos petrolíferos estrangeiros e permitiu que seus aliados pilhassem as receitas. O conturbado setor mergulhou em queda livre no ano passado, quando os EUA acusaram o sucessor e protegido de Chávez, o presidente Nicolás Maduro, de fraude eleitoral, e impuseram severas sanções. Em pouco tempo, os parceiros da Venezuela sumiram. Agora, mais de 5 milhões de venezuelanos, ou 1 em cada 6 habitantes, deixaram o país desde 2015 e vivem exilados no exterior.” [Estadão]
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12. Medo e Delírio em Washington
Trumpo é uam ofensa ambulante à inteligência alheia:
“Minutos após a Comissão para Debates Presidenciais anunciar que o próximo embate entre Donald Trump e Joe Biden seria realizado remotamente, o presidente dos Estados Unidos disse que não irá “perder seu tempo” com um debate por vídeo. A mudança de formato havia sido anunciada justamente para “proteger a saúde e a segurança de todos os envolvidos” após o surto de coronavírus que infectou não só o presidente, mas também ao menos 34 pessoas que trabalham na Casa Branca e seus contatos. — Eu não vou perder meu tempo com um debate virtual — disse Trump em uma entrevista ao canal Fox Business, acusando a comissão de “tentar proteger Biden”. — Os debates não são sobre isso, sentar em frente a um computador e debater é ridículo. E eles ainda podem te cortar quando bem entenderem.” [O Globo]

“A campanha de Joe Biden soube tirar proveito do assunto mais comentado do debate entre os candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos: a mosca que permaneceu imóvel na cabeça do vice-presidente Mike Pence por mais de dois minutos. Cerca de meia-hora após o enfrentamento, os democratas puseram à venda um mata-moscas, que já estava esgotado na manhã desta quinta-feira. Em uma hora, foram vendidos 15 mil mata-moscas “truth over flies” — trocadilho com a expressão “truth over lies”, algo como “verdade antes das mentiras” —, disse um funcionário da campanha de Biden. Custando US$ 10 (R$ 56), os utensílios irão “espantar moscas e mentiras”, segundo sua descrição. Biden também fez piada com o momento, compartilhando em seu Twitter uma imagem de si mesmo segurando um mata-moscas, pedindo doações para que sua campanha pudesse “decolar”. Até o momento, a imagem já foi curtida mais de 742 mil vezes. A campanha também comprou o domínio flywillvote.com, algo como “a mosca vai votar”, link que redireciona o usuário para a campanha de registro de eleitores do Comitê Nacional Democrata. No Twitter, surgiram diversos perfis em referência ao inseto. O incidente ocorreu na segunda metade do debate entre Harris e Biden, mais cordial que o caótico enfrentamento entre Biden e Donald Trump na semana passada. Para o deleite das redes sociais, a mosca permaneceu imóvel na cabeça do vice-presidente por dois minutos e três segundos, contrastando com o seu cabelo grisalho.” [O Globo]
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>>>> Vai ver o governo não tem ninguém pra ajudar na CPMI e tá pedindo as informações via PF: “O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator da CPMI das Fake News no Congresso, disse ao Painel que o pedido da Polícia Federal para ter acesso a documentos das investigações é muito genérico e que pedirá que façam uma nova solicitação, detalhando quais são os documentos de interesse. O Painel mostrou nesta terça-feira (6) que o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) levou dados à Polícia Federal que ligariam Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pessoalmente ao esquema de ataques virtuais contra opositores da família. Em depoimento na semana passada, no dia 29 de setembro, Frota apontou diversos números de IPs de computadores de Brasília e do Rio que teriam sido identificados como participantes de ações de disseminação de fake news na internet. Segundo o parlamentar, os IPs estão ligados a um email oficial e a endereços do filho do presidente. A PF, então, solicitou acesso aos documentos da CPMI ao senador Ângelo Coronel. A PF quer, primeiramente, confirmar o vínculo dos IPs com Eduardo. “Eles disseram que querem todo o material relacionado a ações contra instituições democráticas. É muita coisa que a gente produziu, um calhamaço enorme. Não dá para pedir tudo assim. Estou escrevendo pedindo que façam um novo pedido especificando o que desejam receber”, diz o senador. “Tudo o que produzimos na CPMI está no site, coloquei na internet. E tem uma parte dos documentos que está sob sigilo, no cofre”, completa.” [Folha]
>>>> Ops: “O pacote de medidas para desburocratizar a aviação lançado nesta quarta-feira (7) pelo governo deixou um gosto amargo entre executivos de grandes companhias aéreas nacionais e estrangeiras que atuam no Brasil. Muitos deles saíram reclamando que o novo programa contempla negócios de menor porte da aviação geral, que abrange táxi aéreo, aviação agrícola e anfíbia, mas as gigantes da aviação comercial, cuja retomada tem potencial de alavancar a economia, ficaram de fora. Altos executivos de grande companhias aéreas que gostariam de ter sido ouvidos na preparação do pacote, planejam procurar o governo para insistir com as pautas de desburocratização em questões aduaneiras no negócio de carga e direitos do consumidor. A queixa das aéreas não sensibilizou muita gente no governo. Dentro do Ministério da Infraestrutura, a avaliação de envolvidos no assunto é que sempre ficou claro que o foco seria a aviação geral. Há promessas de uma medida provisória para complementar, porém, nada imediato.” [Folha]
>>>> É você, Flávio? “Eduardo Paes (DEM) tenta tirar das mãos do juiz Flávio Itabaiana, considerado “linha dura”, a ação penal em que é acusado de corrupção, lavagem e falsidade ideológica eleitoral pela prática de caixa dois nas eleições de 2012 com recursos da Odebrecht. Candidato à Prefeitura do Rio, ele quer enviar o caso a outra zona eleitoral em que já responde a uma denúncia mais branda pelo suposto recebimento de recursos ilegais da empreiteira em 2008. A defesa do ex-prefeito alega que os dois processos tratam de temas semelhantes, embora sejam fruto de investigações distintas.” [Folha] E a verdade é que pra derrotar Crivella eu voto em QUALQUER UM, inclusive Paes, falo com tranquilidade.
>>>> Mais um bom trabalho do Ivan Valente: “O Hospital das Forças Armadas gastou mais de R$ 324 mil com procedimentos de saúde relacionados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o vice Hamilton Mourão e seus dependentes, além dos ministros, desde janeiro de 2019. Esse valor, de acordo com o ministério da Defesa, foi ressarcido pela Presidência da República. Em janeiro, Bolsonaro passou por sua segunda vasectomia no HFA, por exemplo. Em julho do ano passado, a primeira-dama Michelle Bolsonaro foi operada para corrigir desvio de septo. No começo do ano, eles fizeram testes para Covid-19 no hospital, que é mantido pelo governo federal. No final de setembro, o governo federal publicou portaria segundo a qual o HFA poderá fazer convênios com outros hospitais para atender o presidente e os demais caso não existam os recursos na própria instituição militar. As informações sobre os gastos foram fornecidas ao deputado Ivan Valente (PSOL) via Lei de Acesso à Informação. Aham, nada a ver com um despreparado se dando conta que não era lá uma boa idéia ser um superministro, fundido várias pastas deveras importantes…” [Folha]
>>>> A malandragem: “A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acompanhou o relator Luis Felipe Salomão e decidiu que o fundo partidário é impenhorável. Em termos práticos, mais um passo para tornar os partidos brasileiros inimputáveis: basta contratar e não pagar. Indiretamente, possibilita o financiamento empresarial escondido.” [Estadão]
>>>> Mulher mandando na OMC: “Duas mulheres, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala e a sul-coreana Yoo Myung-hee, são as candidatas finalistas na disputa pela direção geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), anunciou nesta quinta-feira o organismo. Os dois nomes foram anunciados oficialmente pelo porta-voz da OMC, Keith Rockwell, na sede da organização em Genebra. Uma delas vai substituir o brasileiro Roberto Azevêdo, que saiu da organização em agosto e vai começar um novo emprego na PepsiCo, como vice-presidente executivo e diretor global de Assuntos Corporativos. Será a primeira vez, desde que foi criada em 1995, que a organização, em crise devido em parte aos ataques do governo do presidente americano Donald Trump, terá uma mulher no comando. A vencedora deve ser definida no início de novembro. As duas receberam forte apoio da União Europeia (UE) esta semana, depois que a Hungria – que a princípio respaldava Liam Fox, ex-ministro britânico do Comércio Exterior e pró-Brexit, e a candidata queniana Amina Mohamed – se alinhou com os demais membros da UE. O saudita Mohammed Al Tuwaijri também foi eliminado. Ngozi Okonjo-Iweala, de 66 anos, foi a primeira mulher de seu país a comandar os ministérios das Finanças e das Relações Exteriores. Ela é formada em Economia e também foi diretora de operações do Banco Mundial. Até recentemente, ela também presidiu a Aliança Global para Imunização e Vacinação (GAVI, na sigla em inglês) e liderou um dos programas da Organização Mundial da Saúde de luta contra a Covid-19. A sul-coreana Yoo Myung-hee, 53 anos, é a primeira mulher de seu país a dirigir o ministério do Comércio. Em 1995, assumiu as questões da OMC neste ministério e depois coordenou as negociações sobre acordos de livre comércio, em particular o pacto entre China e Coreia do Sul. Também trabalhou na embaixada da Coreia do Sul na China (2007-2010).” [Folha]
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