quinta-feira, 8 de outubro de 2020

“Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo”

 O podcast tá de volta amanhã, os episódios você ouve lá na Central3.

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E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )

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1. “Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo”, parte 1

E essa simbiose esquista entre Bolsonaro e Toffoli?!

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Que diabo se passa na cabeça do Toffoli pra protagonizar essa cena surreal?!

Vai ver STF quer dizer Só Tapa no Fux, só pode! Em sua casa Toffoli reuniu, de novo, Bolsonaro, Alcolumbre e Kassio, sabe como é, sábado à noite tudo pode acontecer.

“Bolsonaro ocupou grande parte do seu domingo a oferecer explicações nas redes sociais para seus devotos que não engoliram a nomeação do novo ministroFoi lacônico quando outro dos seus seguidores perguntou por que no sábado à noite ele foi à casa do ministro Dias Toffoli, do Supremo, comer pizza e assistir ao jogo do Palmeiras contra o Ceará: “Preciso governar. Converso com todos em Brasília. Um abraço”.” [Veja]

Filho Da Puta Fiadaputa GIF - FilhoDaPuta Fiadaputa GIFs

Psiiiiiiiii, silêncio, Bolsonaro descobriu que presidente não é ditador e precisa conversar. Quem te viu quem te vê, hein.

Toffoli também precisou se explicar e as aspas mais loucas desse dia puxadíssimo são dele:

“Eu sou um cara que gosta de unir as pessoas, que todo mundo se divirta. Confraternizar. Foi uma confraternização, ninguém falou de trabalho. Não estávamos aqui para discutir assunto sério”, disse o ministro.”

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Vale no mínimo uns 10 tapas na cara duma mão cheia de anel.

Vai ver as autoridades se reuniram pra debater os rumos de A Fazenda, elogiar o Arrascaeta (que homem!) e conjecturar sobre a saída da Maísa do SBT. Tá pra nascer um ministro mais cretino que o Toffoli, como que ele acha que essa frase é digna de ser enunciada publicamente?!

“Nos bastidores, ele tem dito que é preciso manter a harmonia entre os Poderes e que não há nenhum prejuízo de que a cúpula deles se reúna com alguma frequência. Quanto mais Toffoli tenta justificar a cena de promiscuidade explícita com Bolsonaro, mais escandalosa ela fica. Só grandes amigos se abraçam com tanto carinho. Isso nada tem a ver com harmonia entre os Poderes. Impensável que um ministro da mais alta Corte de justiça seja tão íntimo do presidente da República que pode justamente ser alvo de muitas de suas decisões. Nada faltou na cena reveladora das entranhas do poder que serviu para reforçar a convicção de que a independência dos tribunais é coisa para inglês ver. Toffoli e Bolsonaro sem máscara em meio à pandemia; abraçados quando se recomenda o distanciamento; à porta da casa do ministro e não dos gabinetes oficiais de um ou do outro; observados por um policial sem máscara.

Se a gente já fica puto imagine o Fux…

“Magistrados do STF (Supremo Tribunal Federal) creditam ao próprio presidente da corte, Luiz Fux, a falta de deferência de Jair Bolsonaro, que não comunicou a ele com antecedência que indicaria o desembargador Kassio Marques para integrar o tribunal. E fez mais: um dia antes, levou o escolhido para um encontro com Gilmar Mendes e Dias Toffoli. No ano passado, Bolsonaro convidou Fux para um encontro reservado em Brasília —ele já chamou outros ministros para conversar, em cafés, almoços ou jantares. O magistrado declinou. Quando assumiu, Fux fez ainda questão de sinalizar que o Supremo ficaria distante de políticos —numa conduta diferente da do antecessor, Dias Toffoli, que sempre privilegiou o diálogo com os outros poderes. Resultado: na hora de escolher o novo ministro do STF, Bolsonaro não se preocupou em avisá-lo primeiro.” [Folha]

Então fiquemos assim: não só Bolsonaro anunciou o nome antes do Celsão se aposentar como ignorou completamente o presidente da Suprema Corte.

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“A atitude contrariou o presidente do STF —que manifestou o desagrado a ministros do governo.”

Como é que faz pra torcer pelo Fux, Brasil? Tá puxado…

E olha a malandragem presidencial, o combinado não era ir na casa do Gilmar:

“Na terça-feira, Gilmar Mendes tinha hora marcada com Bolsonaro para um encontro no Planalto. Foi o presidente quem mudou o local para a casa do ministro, levando consigo o futuro colega. Esse minueto formalizou o beneplácito público de Gilmar Mendes à indicação. Coisa inédita.” [Folha]

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Gilmar tomando volta do Bolsonaro, que fase.

Teoricamente Kassio entraria na turma que vota os processos da Lava-jato, mas há ministros tentando eviar isso:

“O destino de Kassio ao chegar no STF ainda não está definido em relação às turmas. Após a saída de Celso, o presidente da corte, Luiz Fux, terá de fazer uma consulta aos integrantes da Primeira Turma sobre o desejo de trocar de colegiado. O mais antigo tem preferência, mas o ministro Marco Aurélio é um crítico histórico da troca de turmas no tribunal. O segundo mais antigo, Dias Toffoli, tem dito a interlocutores que quer sair um pouco dos holofotes e que prefere evitar julgamentos da Lava Jato, que geralmente ganham o noticiário e despertam críticas quando há absolvição de políticos investigados. A ala contrária à operação, no entanto, pressiona Toffoli a aceitar a troca de turma para garantir uma maioria contra a Lava Jato.” [Folha]

Sim, tanto Toffoli quer sair dos holoftes que achou uma boa idéia receber o presidente em sua casa sem negar-lhe um caloroso abraço.

“Um ministro disse à Folha que é cedo para cravar como ficará a composição das turmas. Em outras palavras, as articulações estão em curso. No acervo de processos de Celso de Mello que podem ser herdados pelo indicado do presidente está a investigação contra o próprio Bolsonaro por supostas interferências na Polícia Federal, motivada por acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Há também uma situação que envolve o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O STF decidirá sobre a concessão de foro especial ao filho do presidente da República, após o Ministério Público do Rio de Janeiro, que investiga o esquema da “rachadinha”, questionar decisão do Tribunal de Justiça fluminense que tirou o caso da primeira instância. Caso o benefício seja confirmado pela Supremo, poderá ganhar força a tese de anulação das provas colhidas durante a investigação da “rachadinha”, esquema que seria operado por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia do Rio.”

E atenção, Brasil!

“Um outro caso que também alimenta expectativa sobre a atuação do novo ministro é a rescisão da colaboração premiada da JBS, pendente de discussão no STF. A indicação de Kassio, segundo aliados de Bolsonaro e integrantes do Judiciário, contou com o respaldo do advogado Frederick Wassef, que até o mês de junho atuava na defesa de Flávio no caso da “rachadinha”.”

Wassef também prestou serviços à JBS. Recebeu da empresa, segundo apontou um relatório do Coaf, órgão de inteligência financeira, pagamentos de R$ 9 milhões entre 2015 e 2019, e chegou a procurar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para tratar da rescisão do acordo.”

Sabe quem foi a primeira pessoa a dizer que o Wassef estava por trá da indicação. O insuspeito, digamos asssim, Allan dos Santos!

Alguém acha que Bolsonaro pode dizer não ao Wassef, o homem-boma?! E tá explicada a pressa presidencial:

“O Planalto corre para nomear o desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) Kassio Marques ministro do Superior Tribunal Federal (STF). O senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, organizou para esta semana reuniões de Marques com lideranças do Senado, Casa a qual compete avalizar o nome indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à vaga na mais alta corte do país. O Planalto trabalha para que, tão logo Celso de Mello se aposente, a vaga seja preenchida por Kassio Marques. Uma nomeação rápida pode fazer com que Kássio Marques herde do ministro Celso de Mello, que se aposentará no dia 13, o inquérito que apura se Bolsonaro interferiu na Polícia Federal para proteger familiares e aliados, como acusou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro.” [O Globo]

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Bolsonaro tomou tanta porrada, e boa parte delas tá no tópico seguinte, que achou de bom tom ANTECIPAR OS VOTOS do nome por ele indicado!

“Em sua conta no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro escreveu neste domingo que o desembargador Kassio Marques, escolhido ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), está totalmente alinhado com ele. Segundo o presidente, o juiz é contra o aborto, a favor do porte de armas e defende a família. A mensagem foi uma resposta a um internauta que escreveu “Presidente próxima indicação ao STF indica o lula” (sic). Na primeira resposta, Bolsonaro explicou que Lula não preenche o requisito de idade para ser nomeado para o Supremo. “Ele tem mais de 65 anos. Estude e se informe antes de acusar as pessoas”. Em seguida, disse que a escolha de Kassio Marques é “completamente sem volta”. “Kassio é contra o aborto (votará contra a ADPF 442 caso seja pautada). É pró armas nos limites da lei (ele é CAC). Defende a família e as pautas econômicas (quem duvida que aguarde as votações). Resumindo, ele está 100% alinhado comigo, por isso a ferrenha campanha para desconstruí-lo”, escreveu Bolsonaro.” [O Globo]

Nunca antes na história desse pais, companheiro“. Das duas uma: ou o presidente de fato perguntou sobre os votos e o indicado explicou quais seriam seus votos ou Bolsonaro mentiu usando o nome do Kassio.

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Em qualquer dos casos, tivesse alguma dignidade Kassio declinaria da indicação e entraria pra história como um gigante do judiciário brasileiro.

“Nunca antes na história deste país um presidente da República revelou com antecedência como deverá votar ministro indicado por ele para o Supremo Tribunal Federal. Pois foi o que fez, ontem à noite, Jair Bolsonaro a pretexto de defender o desembargador Kássio Nunes Marques, que não foi sequer sabatinado ainda no Senado como manda a lei. Sua nomeação depende disso. Nunca antes na história deste país um presidente da República revelou com antecedência como deverá votar ministro indicado por ele para o Supremo Tribunal Federal. Pois foi o que fez, ontem à noite, Jair Bolsonaro a pretexto de defender o desembargador Kássio Nunes Marques, que não foi sequer sabatinado ainda no Senado como manda a lei. Sua nomeação depende disso.” [Veja]

Bolsonaro deve estar cansado de tanto que tá tendo que se explicar:

“Segundo o presidente, a indicação para a vaga é como “seleção brasileira”. — É muita crítica ai de quem eu to indicando pro Suapremo, ou não? É que indicação pro Supremo, para muita gente ficou igual escalar a seleção brasileira: todo mundo tem seu nome, e aquele que não entrou o nome dele reclama, ai começa a acusar o cara de tudo. Esse mesmo pessoal, no passado, queria que eu botasse o Moro — afirmou. O presidente disse que Marques era “católico e tem uma certa vivência na área militar”. Em seguida, voltou a defender que quem decidiu pela permanência de Cesare Battisti no Brasil foi o Supremo, e não o desembargador, e que a decisão de Marques que derrubou a liminar que proibia a compra de lagostas e vinhos caros no STF foi por uma questão jurídica. — Mentira aquela questão que votou para o Battisti ficar aqui, quem disso isso foi o STF, não foi ele, decidiu em 99. O negócio das lagostas: é que a liminar não pode proibir isso ou aquilo que o Supremo pode comprar. Tem que ver se o processo licitatório estava legal e estava legal — comentouBolsonaro também falou que Marques não era desarmamentista e, citando o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, defendeu que o indicado não era comunista, por ter relações com governos do PT. — Acusa ele de comunista: “ah, ele trabalhou com o PT”. Pô, o Tarcísio trabalhou com o PT. Parece que o ministro da Defesa também trabalhou para o PT. Um montão de militar serviu no governo do PT — defendeu.” [O Globo]

Bolsonaro provando do próprio veneno, semeou ódio e desconfiança e quando tem que colher o que plantou fica puto.

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2. “Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo”, parte 2

O governo tirou o cu da reta e Sara resolveu desabafar, a introdução é maravilhosa:

“Políticos e instituições de mais de 13 países estão me procurando para perguntar o que diabos está acontecendo com Bolsonaro. Por mais que para os brasileiros eu seja uma Zé ninguém, saindo daqui sou MUITO respeitada e prestigiada no cenário político latinoamericano. Eu simplesmente já não sei mais o que responder pra essas instituições (diga-se de passagem, mais de 500).”

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Tanto tenho influência na América Latina, que em fevereiro desse ano, membros do Itamaraty me convidarem pra reuniões, de modo a tratar de sempre estar alinhada com o discurso do presidente, para não cometer nenhuma gafe ou complicações internacionais.”

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Então quer dizer que o governo orientava a Sara, é?! Sara já havia colocado o diminuto general Heleno na cena do crime e agora coloca Ernesto.

Infelizmente, quando cheguei da minha última turnê internacional de palestras e assessorias (Guatemala, El Salvador e México), os ministérios já estavam fechados por conta do coronavírus, logo as reuniões nunca aconteceram. E agora? Qual a orientação do governo pra Sara Winter? Aaaah, nenhuma né? Aliás, a orientação é EXONERAR TODOS os que tiveram contato comigo do governo, afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo. Sim, senhores, estão exonerando todos os que já tiveram contato comigo, a começar pelo Ministério da Damares. Estou cansada. Cansada de ficar calada enquanto vejo o governo que dei minha vida enfiar uma piroca no meu cu. Damares?”

É você, Olavo?!

“Eu sou a filha que Damares abortou.”

E Damares, a mãe, como?!

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“O ofício que meus advogados protocolaram no Ministério dos Direitos Humanos no dia 17 de Junho sobre a prisão política está jogado lá, nem olharam, tampouco responderam. Durante os poucos meses que lá trabalhei fui PROIBIDA DE FALAR A PALAVRA “pró vida” dentro da Secretaria da Mulher. Eu fui exonerada, mas as feministas continuam lá a todo vapor. Pq? Até hoje não sei. Não sei responder isso pra vcs.”

Duas dicas: começa com Foro e acaba com Paulo!

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“Bolsonaro? Que inveja eu tenho do Toffoli. Ele pelo menos ganhou um abraço do Bolsonaro.”

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O que vcs viram do acampamento não foi a ponta do iceberg. Vocês sabiam que General Heleno me convocou ao Planalto pra COMER MEU CU, dizendo que jornalistas da Época, da Folha, do UOL, estavam mandando e-mails se queixando de que nós, os 300 do Brasil éramos hostis com eles??

Olha o general Heleno na cena do crime. E deve ser o Olavão, só pode, é cu pra lá, cu pra cá.

“Isso mesmo, queridos: General Heleno me proibiu de gritar com a imprensa, de mandá-los embora, de gritar “globo lixo”. Pq, né… coitadinho dos jornalistas que fodem a vida do Bolsonaro todo dia. Eles precisam trabalhar, dona Sara! Não os incomode mais. Fomos “aconselhados” por deputados da base aliada a não falar mais um ai do Maia ou do STF, pra não atrapalhar, claro. Obedecemos. Obedecemos de boca calada às poucas broncas que nos eram dadas. Chegou una hora que não entendíamos o que estava acontecendo, mas a gente pensava “Deixa ele, ele é estrategista”. “

Tão estrategista que pensou em estourar uma adutora do Guandu mas achou uma boa idéia mostrar os desenhos de seu plano para uma jornalista da Veja!

“Não reconheço Bolsonaro. Não sei mais quem ele é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador. Porque estou escrevendo isso? Pq não aguento mais. Não aguento mais. Tanta gente fala que sou infiltrada. Talvez eu devesse virar feminista de novo. Feminista, puta, petista, sei lá. Assim pelo menos eu teria atenção do governo, teria sua estima, teria meus direitos reestabelecidos. Acorda Bolsonaro. Já tá bom de dar surra em quem gosta de você. E não me venham falar de virar a casaca. O que eu quero é um Brasil livre do comunismo, do aborto… e pelo visto, esse sonho morreu com a minha última vontade de reagir a vida.”

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Aprendam: nem no governo Bolsonaro existem direitos humanos para os conservadores. E é isso. É isso que vou contar pra qualquer um fora do Brasil que me perguntar: estou vivendo pela vontade de fazer justiça com todos os que estão presos por defender Bolsonaro. Mas não posso mais contar com ele, pois infelizmente, por “estratégia” se tornou parte do establishment. Saudades Coronel Ustra “não faço acariaçao com comunista”.”

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“Obs: eu não quero atirar no Bolsonaro. Eu quero menos “estratégia” e mais conservadorismo.”

E tá correta a indignação em caixa alta do Haddad Debochado!

Passemos ao Olavão, que também tá putasso, vão aí algumas frases maravilhosas:

“Como administrador público, o Bolsonaro é o mais honesto e eficiente que já tivemos. Como estrategista na luta contra o comunismo, é um fracasso vivo rodeado de conselheiros ignorantes ou mal intencionados.” [Facebook]

“Em Deus devemos confiar mesmo quando Ele parece nos abandonar, mas NENHUM homem tem o direito de pedir que confiem nele a esse ponto.” [Facebook]

“Presidente: Gostamos de você e entendemos as suas dificuldades, mas, por favor, pare de chamar de estratégia o que é mera acomodação forçada a poderes superiores.” [Facebook]

Allan dos Santos também tá chateado:

“Não estamos inseridos em embate político, mas uma combate espiritual. Essa é a única batalha real que vivemos. O espírito de confusão quer jogar uns contra os outros para que a batalha seja arrefecida. Peçamos a DEUS pelo presidente e pelo Brasil. É uma luta espiritual.” [Twitter]

Do cineasta que fez o filme do Olavão:

“Se o nome de Kassio Nunes fosse defensável os filhos de Bolsonaro o estariam defendendo…” [Twitter]

Taí um ponto, hein?? Alguém se lembra de algum filho do presidente defenedndo o Kassio?! Fui no twitter do Tonho da Lua e nada.

“A indicação de Kássio Nunes Marques por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal não desagrada só uma ala dos bolsonaristas de rede social. O nome do juiz federal também aborrece parte do empresariado que ainda apoia o governo. A avaliação é que uma escolha influenciada por Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e Ciro Nogueira, líder no centrão, sinaliza aparelhamento da cúpula do Judiciário, o que gera insegurança jurídica ao investidor e piora a imagem de governança.” [Folha]

Quem poderia iamginar que um presidente que passou décadas no Centrão faria isso, né?! Quem poderia imaginar qque um sujeirto razoável e equilibrado como Bolsonaro aumenatria o risco jurídico? Destino faceiro esse, hein…

“Gabriel Kanner, presidente do grupo de empresários Brasil 200, apoiador de Bolsonaro, diz que não foi uma boa indicação. “Ele deveria ter se inspirado no Trump, que recentemente indicou a Amy Barret para a Suprema Corte dos EUA, uma mulher alinhada aos valores que ele representa. Aqui, não foi o que vimos”, afirmou.”

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Olha a inspiração do sujeito….

“O empresário bolsonarista Winston Ling diz que, no primeiro momento, ficou desapontado porque o indicado não é conhecido pelo notório saber jurídico. Porém, ele ponderou, e acha que pode ter havido orquestração para prejudicar a reputação de Nunes. Ling diz que ainda não está feliz com a escolha, mas que não deve desembarcar do apoio ao governo como chegou a manifestar nesta quinta-feira (1º). “Paulo Guedes e o time, que estão implantando um pouco de liberalismo econômico no Brasil, merecem nosso apoio. Não vou desembarcar e deixar eles lutando sozinhos” afirma ele.”

E pra desespero de seus fãs Bolsonaro hoje ainda posou com Maia:

E o Guedes, Brasil?!

“O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta segunda-feira seus encontros com autoridades do Legislativo e do Judiciário, criticadas por parte dos seus apoiadores. No sábado, o presidente se reuniu com o ministro Dias Toffoli, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e, na manhã de hoje, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A declaração foi dada a apoiadores, no Palácio da Alvorada, quando um deles questionou se era difícil governar com o STF. — Não entro no detalhe, não entro no detalhe. É um poder que respeito — disse, acrescentando: — Com quem eu tomei café agora, alguém sabe? Rodrigo Maia. E daí? Estou errado? Quem é que faz a pauta na Câmara? Amanhã vou sancionar com ele e com Alcolumbre a mudança no código de trânsito, que aumentou a validade da carteira de motorista para 10 anos e passou de 20 para 40 pontos o limite da carteira. E dai? — afirmou.” [O Globo]

Bolsonaro como?!

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E sabe quem convenceu o governo (por enquanto, né?) a aceitar o seu amado teto, Guedes?! O Maia!

“O senador Márcio Bittar (MDB-AC) disse nesta segunda-feira, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, que a proposta para o Renda Cidadã irá respeitar o teto de gastos. O parlamentar é relator do programa social que o governo desenha para substituir o Bolsa Família. — Todos nós temos uma responsabilidade e compromisso de fazer o Brasil retomar a economia e a agenda que foi vitoriosa em 2018, que é uma agenda que claramente aponta para austeridade fiscal e para a diminuição do gigantismo estatal e da (diminuição da) intervenção estatal na economia — disse Bittar, após se reunir com Guedes.” [O Globo]

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3. O mais diminuto dos generais

Começo com o ótimo Marcelo Godoy:

“Bolsonaro pode obter sua détente, mas não significa que tenha abandonado sua guerra fria. Como diz Spinoza em seu Tratado Político, “a paz não consiste na ausência da guerra, mas na união das almas, isto é, na concórdia”. Esta o bolsonarismo parece ser incapaz de construir. A começar dentro do próprio governo, como mostram Paulo Guedes, Rogério Marinho, Sérgio Moro, Luiz Mandetta, Santos Cruz etc. O problema é anterior à paz armada com as outras instituições da República. Ele surge não apenas quando há desorganização e ausência de etiqueta no Planalto, mas também quando não se compreende a liberdade. Bolsonaro já esbravejou em reuniões contra a falta de unidade de princípios e atropelos de ministros. Em governos organizados, somente o presidente da República manifesta-se sobre os mais variados temas. Mas alguns dos generais do Planalto parecem desconhecer a subordinação ao presidente ou acham suas estrelas mais reluzentes do que as do capitão. Isso já foi percebido por oficiais ouvidos pela coluna. Não se trata aqui apenas daquele que não pode ser demitido, por ser o vice-presidente da República. Para esses militares, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, como assessor do presidente não deveria expressar opiniões sobre temas que não são de sua responsabilidade no governo, como o Meio Ambiente. Ou será que Ricardo Salles – goste-se ou não dele – não é o responsável pela área, ainda que sob a vigilância de outro general, Hamilton Mourão, e seu Conselho da Amazônia? Ora, qualquer general chamaria de desleal a ação de um hipotético comandante militar da Amazônia que resolvesse dar palpites públicos sobre o Comando Militar do Sul.” [Estadão]

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“Por que então Heleno se comporta de forma diferente no governo? Por que deixou os padrões militares para trás para adotar os da política? Ou será que Heleno ocupará o papel de ideólogo de seu grupo, antes reservado a Olavo de Carvalho? Foi para o canal do YouTube de Eduardo Bolsonaro, o filho do presidente que acredita que sua propaganda substitui o jornalismo independente, que ministro do GSI resolveu dizer que o governo ainda não teve tempo para executar a sua política para a Amazônia. E as pessoas de bom senso podem imaginar o que isso significa, quando o general afirma que a floresta tropical suporta “maus tratos”.

Vamos ao mais diminuto dos generais:

“Nós sabemos exatamente o que temos que fazer na Amazônia brasileira e no Pantanal, só que não houve tempo ainda de colocar em prática, de colocar gente para fazer isso” [UOL]

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“Podemos melhorar a vigilância do desmatamento da Amazônia? Podemos, claro, devemos fazer isso. Mas é o que eu digo, o governo Jair Bolsonaro tem 1 ano e nove meses, não há como resolver todos os problemas do Brasil.”

Ninguém, absolutamente ninguém, achou que esse governo resolveria problemas em 1 ano e 9 meses. Pode dar um século pra esses imbecis e eles falhariam miseravelmente.

Passamos 40 anos tendo uma gestão catastrófica de nossos recursos, inclusive os recursos naturais.”

QUARENTA anos, viado. Estamos em 2020, ele tá falando da década de 80, e só teve redemocratização em 88! E Heleno falou tudo isso em uma conversa com Eudardo Bolsonaro para o canal de youtube do filho do presidente, que fase miserável do GSI. E aqui volto ao Marcelo Godoy:

“Ele prefere pôr a culpa nos governos da Nova República, os tais 40 anos de intervalo entre o reino dos militares e a redenção bolsonarista. O sorridente Heleno se transforma no Bandarra do bolsonarismo, levando aos seus compatriotas a miragem de um Quinto Império. Em vez de d. Sebastião, oferece ao povo a figura de Jair Bolsonaro… Às ameaças dos anos 1970, o Movimento Comunista Internacional e as ONGs a serviço de poderes estrangeiros, Heleno acrescenta potências europeias que cobiçam nossas riquezas. O Bandarra do governo, que já foi o tradutor-mór de Bolsonaro, adverte que a Amazônia é “o destino manifesto do Brasil” e afirma que “integrar a região é a prioridade nacional”. A professora Adriana Barreto de Souza, da Universidade Federal Rural do Rio, mostra em A Defesa Militar da Amazônia, entre história e memória, como a defesa da região se articula com a batalha de Guararapes nas representações militares. E como a doutrina da resistência ao agressor externo vincula a luta contra o invasor holandês ao presente da floresta.”

Votemos ao mais diminuto dos generais:

“A Amazônia consegue suportar até os maus tratos que sofreu”

Sabe quem também conseguiu suportar os maus tratos que sofreu? A torturada Dilma, seu filho da puta, que em nenhum momento baixou a cabeça pra vocês, e décadas depois você e todos os generais deviam obediência a ela! Chupa que é de uva, seus otários!

“Nós temos 80% da cobertura florestal da Amazônia preservada. A Europa tinha 7%, hoje tem 0,1%. Mas agora ganharam a condição de nos criticar diariamente, nós somos os ‘grandes vilões’ do meio ambiente no mundo. Mas a América do Sul, graças ao Brasil, hoje reúne 41% das florestas tropicais do planeta. Nós aceitamos as críticas, sabemos que podemos melhorar e vamos melhorar”

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O governo dele tem a política ambiental comandada por Salles e Nabhan e vem dizer que não aceita críticas, não fode…

“Heleno, no entanto, disse que as áreas de selva têm poucos habitantes e eleitores – “durante muito tempo foi considerado não compensador tratar da Amazônia com a seriedade que merece”. Segundo o ministro, tudo na Amazônia é “muito caro” pelas distâncias, falta de infraestrutura e meios de transporte. Heleno citou que Mourão fez uma “autocrítica sensacional” ao reconhecer que a Operação militar Verde Brasil deveria ter sido mantida desde o ano passado em vez de interrompida e retomada, o que atrasou o combate às chamas. Agora Mourão quer estendê-la até 2022. “Esse erro não será repetido, então, podem esperar resultados muito melhores em 2021 com relação à Amazônia.” “Agora, gente fora do Brasil que não tem moral para nos criticar, que acabou com suas florestas, criticar com a veemência que critica, querer nos colocar como vilões do meio ambiente, não dá para aceitar”, disse Heleno.”

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Enquantto general Heleno grita para as nuvens:

“A dificuldade do Ministério do Meio Ambiente em controlar as queimadas e reduzir o desmatamento na Amazônia e no Pantanal aumentou a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que a pasta seja incorporada pelo Ministério da Agricultura.” [Folha]

Demitir Salles, Nabhan Garcia e cia. que é bom nada, né?

“O movimento para convencer o presidente tem sido feito por empresários do agronegócio e conta com apoio de setores do próprio governo, que avaliam que o movimento é necessário para mudar a imagem negativa do país no exterior. A ideia defendida é que a condução da política ambiental, sobretudo a fiscalização e o monitoramento, seja transferida ao Conselho da Amazônia, comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão. E o restante das funções administrativas do Meio Ambiente seria incorporado pela Agricultura.”

Faça as contas aí: Bolsonaro já chutou Moro a Abraham, abraçou o Centrão (beijo de língua e os caralhos), tá velando Guedes em praça pública e ainda pode tonrar o Salles um mero secretário. Beijo, Olavão, beijo, Allan dos Santos, Kunster e cia.

E, sim, vamos entrgar a política ambiental ao vice que acusou funcionários do INPE de vazarem dados públicos, que denunciou pedras como focos de incêndio e foi aferir calor de queimada com um termômetro no helicóptero.

“A proposta não é inédita. Em 2018, durante a transição de governo, o presidente cogitou unir os dois ministérios, mas não levou a proposta à frente com receio de ser criticado por passar a mensagem pública de que seu governo não priorizava a preservação ambiental.”

Quem poderia imaginar uma coisa dessa, né?

“Agora, com a repercussão negativa da gestão do ministro Ricardo Salles no exterior, sobretudo na União Europeia, a fusão passou a ser defendida por empresários do agronegócio, que já fizeram chegar ao presidente a ideia. Segundo relatos feitos à Folha, a iniciativa tem sido capitaneada por representantes de frigoríficos e de exportadoras, que têm se queixado ao governo do risco de perderem mercado por causa do desgaste da imagem do país no exterior. A articulação por uma mudança teve início em junho e se intensificou a partir de agosto, com o cenário de queimadas não só na floresta amazônica, mas também no Pantanal. A devastação recorde no bioma do Centro-Oeste tem sido avaliada por empresários como a “gota d’água”. De acordo com auxiliares do Palácio do Planalto, a pressão por uma fusão tem apoio de integrantes do segundo e terceiro escalões da Agricultura, bem como de membros das Forças Armadas, para os quais Mourão tem se destacado na interlocução com embaixadores europeus.”

Mourão vive acusando os críticos gringos de interesseiros protecionistas, tudo se resume a uma disputa comercial, e há também a versão de conspiradores de olho na Amazônia. Baita interlocução…

“As críticas foram levadas ao presidente, mas ele, segundo relatos de auxiliares palacianos, sinalizou que, pelo menos por enquanto, não pretende fazer modificações no gabinete. Para aliados do governo, o presidente também tem resistência ao eventual protagonismo do vice-presidente.”

Eis aí o maior dos problemas, o ciúme presidencial.

“Além disso, apesar das críticas a Salles, Bolsonaro já disse a deputados aliados que aprova a gestão do ministro e que considera que ainda é possível alterar a imagem desgastada do país no exterior, sobretudo por meio de campanhas publicitárias. A defesa de uma mudança no Meio Ambiente também foi feita recentemente ao presidente por um grupo de empresários de diferentes setores econômicos. Em almoço promovido no Palácio da Alvorada, foi sugerido a Bolsonaro que Mourão incorporasse parcela das funções do Meio Ambiente. O objetivo era, assim, passar a mensagem a países estrangeiros de que o governo federal estaria disposto a mudar sua política ambiental. Para eles, a troca de Salles, sem nenhuma outra mudança administrativa, não seria suficiente. Segundo relatos feitos à Folha, Bolsonaro ouviu as sugestões sem emitir opiniões. Para congressistas e ruralistas ouvidos pela reportagem, a proposta é “plenamente compreensível”, embora eles tenham dúvidas sobre a possibilidade de ela sair do papel. A fusão seria, na opinião deles, uma “medida desesperada” em reação às críticas dos mercados internacionais à política ambiental brasileira.

Por outro lado, ruralistas e ambientalistas ponderam o efeito negativo de uma decisão como fundir um ministério com foco em desenvolvimento agrícola com um que teria como objetivo assegurar a proteção ambiental do país. “A preocupação seria a compreensão disso lá fora: os jornais noticiando que o Brasil extinguiu o Ministério do Meio Ambiente para submetê-lo à Agricultura. A emenda pode sair pior do que o soneto”, afirmou o líder do PV na Câmara dos Deputados, Enrico Misasi (SP). Na avaliação dele, a medida poderia isolar ainda mais o país. “A gestão da repercussão dessa decisão seria muito delicada, e não vejo como é possível fazê-la a nível internacional”, afirmou. Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, também se diz contra a fusão. “A questão ambiental vai muito além da agricultura. Você tem desde saneamento, petróleo no mar, perfurações marítimas, mineração. A produção agrícola é uma parte, menor e mais fácil de ser tratada, embora seja a que está em evidência”, afirmou. Para ele, a gestão ambiental “ruim” tem reflexos não apenas no exterior, mas no mercado doméstico, como no caso do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente), presidido por Salles. O órgão revogou duas resoluções que protegiam manguezais e restingas. Nos bastidores, ruralistas e ambientalistas concordam com uma solução mais simples que a reorganização administrativa: a troca de Salles por um ministro comprometido com a causa ambiental. No governo, Salles é tido como um dos ministros fortes de Bolsonaro, justamente por ter o apoio do núcleo ideológico e dos filhos do presidente. No entanto, lembra um congressista alinhado com o agronegócio, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub também fazia parte desse grupo.”

Parabéns ao Novo pelo Salles, o Salles saiu do Novo mas o Novo nunca sairá do Salles.

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4. Whitney Loucaça

O que se passa na cabeça da Whitney:

“Sentado à mesma mesa onde, realça, o presidente Costa e Silva se reuniu com seus ministros no Palácio Laranjeiras, em dezembro de 1968, para aprovar o Ato Institucional Número 5, o AI-5, o governador afastado Wilson Witzel se dispõe a avaliar os próprios erros. [O Globo]

Não estava pronto para esse primeiro parágrafo, 2020 e o governador do ‘tem que mirar na cabecinha” baforando charuto cubano na mesma sala onde foi decretado o Ai-5.

Entre afagos no gato Elvis, que sobe no móvel, e baforadas de charuto cubano, reconhece que foi precipitado ao declarar publicamente o desejo de ser presidente da República. Arrepende-se: — Certa vez, uma jornalista perguntou se eu seria candidato à Presidência. Respondi inocentemente que era o sonho de qualquer governador. Hoje reconheço que não agi corretamente. Uma eventual candidatura, seja à reeleição ou a outro cargo, dependeria de articulação política com aqueles com os quais mantive estreitas relações na campanha eleitoral, especialmente a família Bolsonaro. Momentos antes, Witzel havia ligado para o pai, José Witzel, de 81 anos, para perguntar sobre o movimento metalúrgico de São Paulo nos anos 1960. Queria comprovar ao visitante que o pai militou com Lula. Mas Seu José aproveitou o telefonema para avisar ao filho que trocará o marcapasso no próximo dia 7. — Pai, aguenta firme aí. Mamãe também. Quero os dois sentados ao meu lado no Rolls Royce pela Esplanada dos Ministérios — reage Wilson, referindo-se ao tradicional desfile do conversível durante as cerimônias de posse presidencial em Brasília.

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Caralho, competamente pancada das idéias!

“Witzel está afastado do cargo há mais de um mês por denúncias de corrupção na Saúde durante sua gestão. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi reforçada pelo processo de impeachment aberto na Assembleia Legislativa. Desde então, ele oscila entre o mundo real, que lhe fechou as portas da vida pública, e as utopias. Há momentos em que, em tom grave, descreve as estratégias de defesa e faz autocrítica. Porém, logo em seguida, fala da convicção de reassumir o governo e se vê de faixa presidencial. Isolado no ambiente luxuoso do Palácio Laranjeiras, onde qualquer detalhe do prédio secular em estilo clássico francês inspira poder e ostentação, Witzel recebeu o repórter do GLOBO na noite de quarta-feira passada com um discreto sorriso sem máscara, uma das mãos estendidas para o cumprimento e a outra segurando um cachimbo. Antes de subir para a biblioteca, seu local de trabalho, pede ao copeiro Anderson para não se esquecer de levar salgadinhos e o seu uísque. No caminho, exibe o atual livro de cabeceira, “Bolsonaro, o mito e o sintoma”, de Rubens Casara. Nele, o autor estuda as condições que possibilitaram a propagação da campanha bolsonarista e seu “pensamento empobrecido”. Witzel, porém, gosta mais do que está na página 126: “Ao longo da história do Brasil, não foram poucos os episódios em que juízes, desembargadores e ministros das cortes superiores atuaram como elementos desestabilizadores da democracia e contribuíram para a violação de direitos, não só por contrariarem as regras e princípios democráticos como também por omissões”.

Apesar da firme convicção de que reassumirá o governo, algumas desilusões abalaram o governador. Ele esperava contribuir para uma união da direita no país, mas hoje se vê como um político de centro. Acreditava na força do Judiciário, mas agora considera suas decisões um risco à democracia. Apostava em Bolsonaro como um líder da América Latina, mas hoje o enxerga por trás da trama que o derrubou. Finalmente, investiu num discurso belicoso para angariar popularidade, porém agora entende que errou no tom. — Quando comemorei o desfecho do sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói, festejei a vida dos passageiros que foram salvos pela ação da polícia, não a morte do sequestrador. A mensagem não foi entendida. Por isso, me arrependo do gesto. Antes de encerrar a entrevista, Witzel explica que o charuto e o uísque não estão ali por acaso. Ele diz que o primeiro-ministro britânico Wiston Churchill tinha os mesmos hábitos. O governador se inspira nele e o considera o maior “ícone na luta contra o ódio e a intolerância”, que, apesar da vitória contra o nazismo, enfrentou no pós-guerra uma forte oposição interna, mas conseguiu superá-la. Witzel acredita que a história lhe reserva destino semelhante.”

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Se o Chico Otávio não soltou uma gargalhada nessa entrevista é papo de Pulitzer e os caralhos.

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5. Os homens do presidente

Como são burros…

“A Polícia Federal avança sobre mais um nome de auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na investigação dos atos antidemocráticos. Trata-se de Max Guilherme Machado de Moura, ex-policial do Bope do Rio de Janeiro, atualmente assessor especial no gabinete pessoal do presidente. A PF apura a ligação do PM com perfis nas redes socais que estimularam as manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. É o quinto nome na assessoria do presidente a figurar no inquérito e a motivar perguntas da PF nos interrogatórios. Os demais foram os assessores especiais Tércio Tomaz Arnaud, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, apontados como integrantes do chamado “gabinete do ódio”, além do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.” [Folha]

Imagina que louco quando esses imbecis aprenderem o conceito de “firewall”, já é o QUINTO assessor do presidente na cena do crime!

“Iniciado a partir de um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o inquérito busca elucidar a ligação de apoiadores do presidente com as manifestações que pediam fechamento da corte e do Congresso. A PF tem feito progressos na coleta de informações sobre a organização e o patrocínio desses atos, ocorridos seja em ambiente virtual, seja nas ruas do país —um deles, no mês de abril em Brasília, em frente ao QG do Exército, contou com a presença de Bolsonaro. Evidenciada pelos interrogatórios das últimas semanas, uma das linhas de apuração é tentar esclarecer o envolvimento de assessores diretos do presidente. O nome de Max Guilherme foi mencionado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, encarregada do inquérito, nos interrogatórios do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), de Tércio e de José Matheus, nos dias 10 e 11 do mês passado. Os três foram questionados sobre a relação que mantêm com Max Guilherme. Filho do presidente, Carlos respondeu que o “conhece, uma vez que o mesmo trabalha com o presidente de República, [mas] que não tem relação profissional com Max”. José Matheus também disse conhecer “Max, da assessoria do presidente, mantendo apenas uma relação profissional com ele”. Além de perguntar se conhece Max, a delegada quis saber de Tércio se “criou alguma página ou publicou algum conteúdo para Max”. Tércio respondeu que “conhece Max, uma vez que ele trabalha na assessoria pessoal do presidente da República”, mas que não se recorda de ter criado alguma página ou publicado conteúdo em redes sociais. “Max aparentemente não tem domínio das redes sociais e acredita que ele tenha redes sociais de uso pessoal”, consta do depoimento de Tércio. Sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro e ex-integrante do Bope, Max Guilherme foi designado para atuar na segurança de Bolsonaro em novembro de 2018, ainda durante o governo de transição do então presidente eleito. Após a posse, ele passou a integrar o gabinete pessoal do presidente.”

Bolsonaro gosta de promover guarda-costas, hein….

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“Ele acompanha Bolsonaro em compromissos oficiais. Na semana passada, esteve com o presidente em Mato Grosso e no Rio de Janeiro, de acordo com a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto. Recentemente, Bolsonaro o admitiu no quadro suplementar de agraciados da Ordem do Mérito da Defesa. No ano passado, um número atribuído ao nome do sargento da PM foi identificado pelo Ministério Público em uma lista de contatos de Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Queiroz é apontado como o operador do esquema da “rachadinha” no gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Por meio da assessoria de imprensa da Presidência, a Folha enviou perguntas a Max Guilherme, mas não houve respostas até a publicação deste texto.”

E Celsão mandou Fux marcar a data do julgamento sobre o depoimento:

“O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu para incluir na pauta de julgamentos da Corte o recurso apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro para prestar depoimento por escrito, e não presencialmente. Caberá ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, definir a data. Celso se aposenta na terça-feira da semana que vem. Assim, ele participa de apenas mais duas sessões do plenário da Corte, que serão realizadas na quarta e na quinta-feira desta semana. Celso é o relator do inquérito aberto no STF para investigar se Bolsonaro tentou interferir indevidamente na Polícia Federal (PF). Em uma decisão anterior, o ministro determinou a realização de depoimento presencial para que o presidente prestasse esclarecimentos. Posteriormente, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu em nome de Bolsonaro. Celso é o relator, mas, enquanto estava de licença médica, quem ficou responsável por analisar o caso foi o também ministro do STF Marco Aurélio Mello. Marco Aurélio preferiu levar o recurso para julgamento no plenário virtual, em que os ministros não chegam a debater entre si. Eles apenas colocam seus votos no sistema eletrônico da Corte, e o resultado é computado depois. Na semana passada, já tendo retornado da licença, Celso tirou o recurso do julgamento virtual. Ele preferiu levar o caso para ser analisado no plenário físico, que, durante a pandemia de covid-19, está se reunindo por meio de videoconferência. Segundo Celso, o julgamento dessa forma dará mais publicidade ao tema.” [O Globo]

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6. O mais perdido dos governos

General bom é general calado, obdecendo o capitão expulso do Exército por indisciplina:

“No furdunço da pedalada desta semana, Jair Bolsonaro ouviu também conselhos de Roberto Campos, presidente do Banco Central, e gostou. Disse a um assessor do Planalto que Campos não entra em “brigalhada”, não faz barulho, é calmo e “joga para o time, sem vaidade”. O assessor conta que perguntou se Bolsonaro estava então convencido de que seria preciso evitar manobras “fura-teto” para fazer o Renda Cidadã. O presidente respondeu algo como “é, isso a gente vai ver depois”. Importante mesmo era todo mundo do governo fechar a boca e deixar de “brigalhada”. O presidente teria dito algo assim: “O Paulo Guedes precisa falar menos, precisa ficar uns dois meses quieto. O Braga Netto não fala nada. O Heleno parou de falar”.” [Folha]

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Parou de falar merda? Quando?! E pra quem não lembra, no whatsapp da equipe econômica foi sugerido ao presidente do BC que recusasse publicamente qualquer possibilidade de suceder Guedes, e até agora só saiu off em jornal.

“Esse assessor pede para ressaltar que não há perspectiva de Guedes sair do governo e que os rumores velhos de que Campos ocuparia o lugar do ministro teriam sido plantados por inimigos pessoais.”

Sempre os inimigos à espreita.

“Pelos relatos de quem anda perto de Bolsonaro, o presidente parece acreditar na última conversa que ouve a respeito de algum plano econômico, desde que o projeto não mexa com militares, policiais, aposentados e servidores.  Fica feliz quando um grupo de políticos ou assessores apresenta o que parece ser uma solução definitiva e rápida, de modo efusivo e efervescente; “vai na onda”. Se o plano dá errado ou é mal recebido, tem dificuldade de entender os motivos e procura um culpado ou conspirador.”

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Que parágrafo!

“O presidente teria grande desconfiança da equipe econômica, que “não joga para o time”, não acha soluções, que inventa soluções burocráticas. Não seria o caso de Guedes, que teria ingenuidades e vaidades, mas seria leal e merece gratidão por ter apoiado Bolsonaro desde antes da campanha eleitoral. Gente do próprio ministério da Economia diz, de resto, que o ministro leva a Bolsonaro ideias que ainda não estão prontas, que acabam sendo chanceladas com pouca base, ou volta do Planalto com planos novos que acertou com o Planalto, mas que ainda não têm ou não terão fundamento. Sim, além do mais há secretários de Guedes que não gostam de Guedes. E daí? É fácil perceber que esse método, digamos, produz indecisão sistemática, problema até para um governo que é fundamentalmente desvairado e apartado do universo da razão.”

E esse final maravilhoso? “um governo que é fundamentalmente desvairado e apartado do universo da razão.

“Para manter em pé a ideia de reformular o Bolsa Família, a equipe econômica estuda ajustes no plano e passou a avaliar uma proposta que limitaria os gastos com abono salarial, em vez de acabar com o programa. Esse benefício é pago pelo governo a trabalhadores com carteira assinada e com renda mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.090). Técnicos do Ministério da Economia defendem que parte desses recursos seja transferida à população mais pobre, viabilizando a criação do novo programa de renda básica, a ser chamado de Renda Brasil ou Renda Cidadã. Em busca de uma saída que possa ter apoio político, uma das cartas na mesa é tentar retomar uma mudança no abono que já chegou a ser aprovada na Câmara, mas caiu no Senado. Na reforma da Previdência, os deputados, por maioria, aceitaram que o abono salarial seja pago a trabalhadores formais com renda de até 1,4 salário mínimo (R$ 1.463). Assim, menos pessoas receberiam o benefício. Isso reduziria os gastos em cerca de R$ 8 bilhões por ano. O orçamento anual do abono salarial fica por volta de R$ 20 bilhões.” [Folha]

O espantoso é que eles não tenham tido essa idéia antes. Demoraram pra caralho e…

“A proposta de alterar o abono salarial para bancar o novo Bolsa Família tem um entrave orçamentário. A verba só deve livre em 2022, por causa do calendário de pagamento do benefício.”

tenor (2)

Sim, Brasil, eles tão procurando verba pra 2021 e a brilhante idéia deles só funcionaria em 2022!

O governo tá naquela de atirar pra tudo que é lado, menos no pessoal mais abastado, claro:

“Com o objetivo de financiar o Renda Cidadã, o governo estuda extinguir o desconto de 20% concedido automaticamente a contribuintes que optam pela declaração simplificada do Imposto de Renda da pessoa física. A medida pode atingir mais de 17 milhões de pessoas. Em substituição, segundo fontes que participam da elaboração da medida, seria mantido o direito às deduções médicas e educacionais, benefícios que estavam na mira da equipe econômica desde o ano passado. Criado há 45 anos, o formulário simplificado da declaração do Imposto de Renda deixaria de existir. O objetivo é usar os recursos economizados com o fim do desconto padrão de 20% para financiar a ampliação do Bolsa Família, criando o novo programa social do governo, com o nome de Renda Cidadã.” [Folha]

Mas nem isso adianta por conta do maldito teto:

“Ainda assim seria necessário, no entanto, abrir espaço no teto de gastos, regra que limita as despesas públicas à variação da inflação.”

caetano

“Inicialmente, a ideia do ministro Paulo Guedes (Economia) era acabar com as deduções médicas e de educação. O argumento era que esses descontos representam elevados custos à União e vão diretamente para o bolso da classe média, sem benefício aos mais pobres. A conta desses dois descontos é de aproximadamente R$ 20 bilhões em um ano. Agora, o plano mudou, e o Ministério da Economia quer reforçar o discurso de que não pretende prejudicar a classe média, fortemente atingida pela pandemia do novo coronavírus. A nova proposta foi formulada para ser apresentada ao presidente Jair Bolsonaro como uma das soluções para o impasse que envolve o novo programa social do governo, que a equipe de Guedes insiste em batizar de Renda Cidadã. Segundo técnicos do Ministério da Economia, somente com essa medida, o benefício mensal médio do Bolsa Família poderia ser ampliado de R$ 190 para valores entre R$ 230 e R$ 240.”

Ué, e os R$ 300 do presidente?!

“Embora seja o desejo do presidente Jair Bolsonaro que o valor pago pelo programa Renda Cidadã, ainda a ser criado, chegue a pelo menos R$ 300 —para se equiparar ao auxílio emergencial— há ministros no governo que acham impossível alcançar esse patamar.” [Folha]

E atenção, Paulo Gues

“A bolsa de valores brasileira, em dólares, foi a que mais perdeu no mundo. Um estudo do Goldman Sachs calculou que o Ibovespa despencou 42,5% em 2020. A segunda pior foi a bolsa colombiana, com uma queda de 40,5%. Em seguida, vieram as bolsas de Indonésia, Chile, Turquia, México e Rússia. “A economia está muito ruim e a perspectiva futura é incerta. Já vínhamos de uma crise fiscal, que, com o coronavírus, se agravou, deixando todo mundo com pé atrás”” [Não lincamos Antagonista]

“Se a semana passada foi de dinamitar, esta começa com Paulo Guedes procurando reconstruir pontes, dentro e fora do governo. O ministro da Economia chegou ao que muitos — analistas, políticos, mercado — chegaram a achar que seria o limite de deixar o posto, explicitando brigas com o colega Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É com Maia, justamente, que ele faz a primeira tentativa de reaproximação. A costura foi feita por interlocutores em comum: senadores como Renan Calheiros e Kátia Abreu e o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, que será o anfitrião do jantar que reunirá os dois protagonistas, os articuladores do encontro e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho. Segundo integrantes do governo, a ordem do presidente é só retomar a discussão sobre a criação de novos tributos depois das eleições. Ele não quer passar o período eleitoral, em que tem dito a aliados que espera “desbancar” o PT em muitas cidades importantes, e “varrer” o partido de Lula do Nordeste, explicando que o novo imposto sobre pagamentos não vai representar aumento de carga tributária, pois vai permitir a desoneração de folha e de outros tributos. Bolsonaro acha que o tema é árido e que vai causar ruído nesse período. Guedes preferia sair do jantar com Maia com o sinal verde para outra pauta dentro das várias referentes ao Ministério da Economia que dormitam no Congresso: as privatizações. Foi justamente esse o último curto-circuito entre os dois. Maia acusou nas redes sociais o ministro de interditar o debate da tributária. Guedes acusou o deputado de se unir à esquerda para frear as privatizações. E Maia perdeu a paciência e o chamou de desequilibrado. A partir de um quase-rompimento em bases tão duras, os articuladores do encontro preferem dizer que a ideia é quebrar o gelo, sem imaginar que do jantar saia alguma agenda concreta — até porque já virou meme as promessas de datas de ações da equipe econômica que não se concretizam depois.

Missão mais complexa será a de reaproximar Guedes de seu desafeto interno, Rogério Marinho. Os dois se chamam de traidor e fazem ressalvas à competência e ao compromisso com o governo um do outro para interlocutores. Antes que houvesse as últimas críticas públicas, na semana passada, os dois já tinham se estranhado abertamente numa reunião de todos os ministros comandada pelo titular da Casa Civil, general Braga Netto, na qual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse com todas as letras que furar o teto de gastos implicaria a perda de confiança do mercado no governo. Ministros próximos a Bolsonaro, como Jorge Oliveira, tentaram colocar panos quentes nas escaramuças entre os dois: “Não reaja”, aconselhou o titular da Secretaria Geral da Presidência ao colega da Economia. Para tentar amenizar a tensão, Bolsonaro chamou PG ao Alvorada no sábado. Estavam presentes os auxiliares mais próximos, como o próprio Oliveira, e os filhos do presidente. Bolsonaro brincou com a rispidez das declarações à imprensa de Guedes sobre Marinho, serviu um peixe ao ministro e reiterou que ele continua tendo carta branca para tocar a Economia, mas que não entende muito de política.” [Estadão]

Nem de economai ele entende, porra!

A mão invisível do mercado estapeando a cara desse governo liberalóide – o texto é da Míriam Leitão:

“Na reunião com investidores na quarta-feira, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, ouviu de analistas que qualquer tipo de contabilidade criativa para se criar o Renda Cidadã seria visto como uma forma de furar o teto de gastos. O deputado, então, questionou: “Então esse risco já está no preço?” Querendo saber se o pior já teria acontecido com a bolsa, o dólar e o risco-país. Ouviu como resposta um sonoro “não”, porque os investidores ainda não creem que o governo fará isso. Mas se fizer, vai piorar.” [O Globo]

costinha

E olha a malandragem do Guedes:

“Paulo Guedes tem citado a recuperação da utilização da capacidade instalada (Nuci), que subiu de 57%, no pior momento da crise, para 78% em setembro. Ou seja, por esse número, a ociosidade estaria voltando a níveis de antes da pandemia. Mas nem tudo é tão bom quanto parece, explica Campelo. Com a crise, houve fechamento de fábricas, o que provocou um “efeito denominador”. As empresas que fecham saem da estatística e o Nuci fica mais alto.”

E a Merkel terrivelmente comunista – o texto é do Rodrigo Zeidan:

“A segunda onda da Covid-19 está em curso em muitos países e com ela chega também a segunda rodada de planos econômicos em reação à pandemia. Um dos modelos na resposta de segurança social para a pandemia é a Alemanha. O objetivo inicial do país era manter parte da economia fechada, sem destruição da capacidade produtiva. Agora, busca-se permitir que as empresas viáveis economicamente sobrevivam. Até artigos da lei de falências foram suspensos temporariamente. O que temos a aprender com a experiência internacional? Assim como no Brasil, a Alemanha suspendeu seu limite de gastos públicos. Lá, o governo não podia gastar mais que arrecada (Schwarze Null) e só podia emitir dívida de 0,35% do PIB, por ano. Sem essas amarras, o governo ampliou o programa Kurzarbeit. Inicialmente, o Estado passou a pagar 60% do salário dos empregados que tiveram horas cortadas (67% para os funcionários com filhos). Na segunda rodada de apoio, se a redução de jornada for maior que 50% por quatro meses, o auxílio do governo chega a 77% enquanto se a redução continuar a partir do sétimo mês, 87%. Além disso, 3 milhões de microempresas recebem entre 9.000 e 15 mil euros (R$ 60 mil a R$ 100 mil) para cobrir custos fixos, como aluguel.” [Folha]

Essa baluarte da responsabilidade fiscal nunca me enganou!

“As grandes empresas contam com empréstimos do Fundo de Estabilização Europeu, que o governo capitalizou em 400 bilhões de euros (R$ 2,6 trilhões). Por último, o governo separou 100 bilhões de euros (R$ 665 bilhões) para compra de participações em empresas em situação de fragilidade financeira. E tudo isso foi possível, em parte, porque o país tem como marca registrada a responsabilidade fiscal de longo prazo. Mais importante, porém, que os recursos e a competência na implementação das medidas é que as regras são transparentes e previsíveis. Sem a Kurzarbeit, que hoje protege 7,5 milhões de trabalhadores, o número de desempregados, de 2,95 milhões, poderia ter mais que triplicado. Com ela, o número de desempregados é de somente 636 mil a mais que no ano passado. E já começou a diminuir, com a economia gerando 9.000 empregos em agosto passado. O nível de desemprego está em 6,4% e a economia deve se retrair somente 5% este ano, valor bem menor que o tombo de 10% esperado no começo da pandemia. A população pode contar com o programa até o final de 2021. Há riscos, como fraude nos pedidos de auxílio e a criação de empresas zumbis, que não têm futuro e só se mantêm devido aos subsídios”

Um grande foda-se.

“Mas, com a previsibilidade das medidas, o governo agora atua para minimizar esses riscos. As lições alemãs já estão servindo de base para a segunda onda de políticas em países como a Inglaterra, onde a ajuda inicial atingiu 1 milhão de empresas e 25% da população economicamente ativa. Para o Brasil, onde não há segunda onda porque não saímos da primeira, a lição é a importância da previsibilidade e da credibilidade nas políticas de transição, já que ninguém sabe o que vai acontecer com programas importantíssimos, como a renda básica emergencial. Não é para o governo brasileiro comprar participação em empresas, mas ele podia pelo menos parar de bater cabeça. Parece que, mais uma vez, o congresso é que vai forçar políticas goela abaixo da equipe econômica. Do Ministério da Economia, as ações insuficientes, mal executadas e com esforços duplicados, vieram a conta-gotas. Quem dera fosse só questão de falta de dinheiro. Sem políticas coordenadas e abrangentes para que a sociedade se planeje por pelo menos mais seis meses, a emenda vai sair muito mais cara que o soneto.”

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7. Morte

Do Bernardo Carvalho:

“O negacionismo é a incapacidade de encarar a morte, ao mesmo tempo que a promove. Há diversas maneiras de promover a morte, e negá-la ainda é uma das mais eficientes e perversas, porque supõe a cumplicidade das vítimas. Serve tanto para subestimar uma pandemia como para inflamar a histeria antivacina ou culpar indígenas pela devastação da floresta, depois de incentivar grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais a invadi-la, e fazendeiros a queimá-la. O negacionista é um agente da morte, cúmplice ou associado, consciente ou não, incapaz de encarar os fatos. A morte dos outros é a recusa da sua. Assim como o mentiroso precisa acreditar na própria mentira, o negacionista não se deixa perceber na morte que ele promove. Sua suposta ignorância é uma reação torta e desesperada à consciência de seu fim. Num mundo assombrado pelo fim, mas onde a dúvida, que é uma das bases da ciência, passa a servir a sofismas que visam desautorizar a ciência, para sobrevivermos é imperioso reapoderar-se do sentido da morte. É o que faz um livro de poemas espantoso que acaba de sair nos Estados Unidos: “Guillotine” (guilhotina), de Eduardo C. Corral.” [Folha]

Alô, PF!

“O universo desses poemas é o deserto de Sonora, no Arizona, onde nasceu o poeta, filho de imigrantes mexicanos, e o confronto com a morte dos que cruzam o deserto a pé. O poema de abertura se inspira nas palavras e frases riscadas pelos imigrantes, como testamentos, nos barris de água espalhados por ONGs para salvá-los. A polícia de fronteira chama os imigrantes de “corpos”: um corpo correndo, um corpo estendido no chão etc. “No jargão dos agentes, o termo/ para os que atravessam a fronteira é o mesmo/ estejam vivos ou mortos.” Os “corpos” são os outros. Eduardo C. Corral cria imagens maravilhosas para renomeá-los contra a onipotência infantil e narcisista da negação da morte: “uma gaita foi tatuada na minha clavícula/ sinto a boca da morte seus lábios metálicos e quentes”; “se você me acha bonito pelado/ espere só até me ver morto”; “marco meus braços,/ entalho minhas pernas,/ cinco seis dias”; “não toco em espelhos. É errado,/ meu pai sempre dizia,/ tocar um homem.”. No poema que dá título ao livro, dois escorpiões carregam uma lâmina de barbear ao longo do corpo do poeta: “Devagar, em uníssono/ (…) levantam a pequena guilhotina./ Cabe a mim suspender o desejo/ pelo tempo que levam/ para carregar a lâmina/ pela minha pele.”

​Fenômenos recentes como o QAnon revelam, mais que ignorância, uma necessidade alucinada de negar a morte e substituí-la, como faria uma criança, pelas fantasias mais alopradas. É um desdobramento dos negacionismos em versão turbinada: diante do esforço d e viver e lutar contra as formas de destruição que nos caracterizam, é preferível negar o real, viver a fantasia dos últimos minutos como se fossem eternos. A estranha formulação “Deus é fiel”, tão brasileira, invertendo a lógica que pede fidelidade ao crente, introduz o negacionismo no próprio fundamento da fé. Deus deixa de ser representante da vida e da morte, para corresponder, como um animal de estimação, às expectativas do dono. Estamos cercados pela morte por todos os lados e ainda assim nos submetemos a um governo que a promove. Somos asfixiados, queimados, envenenados, assassinados, mas continuamos apoiando o que nos mata. Assistimos à nossa morte, incapazes de reagir à incúria e à má-fé, seja por ganância, por interesse de não entender que estamos no mesmo barco, que somos parte do mesmo país, seja porque preferimos limitar o alcance da morte a uma projeção imaginária, um suposto outro (as duas coisas estão ligadas, é claro).

A tática de jogar uns contra os outros enquanto se acende o pavio que incendeia o bem comum não daria certo se não houvesse um terreno fértil, uma população cujas partes não se reconhecem no todo, e isso por razões históricas óbvias, repetidas à exaustão. Diante da morte, as partes lutam com mais urgência por seus interesses imediatos. Nunca acham que é a morte. Falta sempre mais um degrau. Os outros, os mortos, são apenas corpos. Houve uma vez um grande militar que passou à história do país com o lema “morrer se preciso for; matar, nunca”. Estava se referindo aos povos indígenas. Parece que estamos nas mãos de gente que inverteu a divisa numa forma de onipotência narcisista: “matar se preciso for; morrer, nunca”. O país está sendo executado, mas é como se nós, por meio de algum pensamento mágico, concedendo autoridade ao carrasco, estivéssemos imunes à guilhotina.”

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8. Eleições

Folgo em saber:

“O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou nesta sexta-feira (2) a adoção da cota financeira para candidatos negros já na eleição deste ano. Foram 10 votos contra um. Com isso, os partidos terão de distribuir a verba do fundo eleitoral de acordo com a proporção de negros que concorrem no pleito. Inicialmente, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) havia decidido que a regra só valeria para as eleições de 2022. O ministro Ricardo Lewandowski, que é o relator do caso, no entanto, determinou a adoção imediata da reserva financeira. O ministro Marco Aurélio foi o único que divergiu do relator. O julgamento, portanto, confirmou a liminar que havia sido concedida por Lewandowski. A sessão ocorreu no plenário virtual. Diante da insatisfação de dirigentes partidários com a questão, Lewandowski esclareceu, no último dia 24, como as siglas devem adotar a cota. As cúpulas dos partidos argumentavam que o tema não havia sido regulamentado e que havia incertezas sobre a forma de aplicação da norma. A divisão deverá respeitar a proporção de candidatos negros em todo o país.

O magistrado também determinou que o cálculo para divisão dos recursos deverá levar em consideração, primeiro, o gênero dos concorrentes para, depois, ocorrer a distribuição proporcional relativa à raça do candidato. Como as mulheres têm direito ao mínimo de 30% dos recursos do fundo, os partidos deverão distribuir igualmente a verba entre as concorrentes mulheres negras e brancas e entre os homens brancos e negros. As regras valem para o fundo eleitoral, que será de R$ 2 bilhões. Recursos do fundo partidário que forem aplicados nas eleições também deverão seguir essas normas, mas a fiscalização será local. “Nesse caso, a proporcionalidade será aferida com base nas candidaturas apresentadas no âmbito territorial do órgão partidário doador”, esclareceu Lewandowski. Com a decisão, não haverá duplicidade de cota. Por exemplo, caso um partido tenha 30% de candidatas mulheres, todas negras, sendo os candidatos homens todos brancos, poderia haver a obrigação de as legendas destinarem 60% dos recursos às candidaturas femininas.” [Folha]

Bem bolada essa.

“A eleição de 2020 já apresenta um paradoxo. Ela será conhecida pelo maior número de candidatos na história, mas também será marcada pelo começo da redução no número de partidos no Brasil. Houve um aumento expressivo no número de candidatos a vereador: de mais de 463 mil em 2016 para mais de 509 mil em 2020. Isto era esperado com o fim das coligações proporcionais; isto é, os partidos já não podem lançar uma lista única de candidatos a vereador ou deputado. Por outro lado, o número de partidos competindo nas eleições municipais caiu sensivelmente. Quatro anos atrás, a média de partidos competindo na eleição para vereador era de quase 14, o que representava um pequeno aumento em comparação a 2012, quando o número era de 13. Já em 2020, a média de partidos competindo é de aproximadamente 7. Essas mudanças nos números de candidatos e partidos variam segundo o tamanho dos municípios. Nos municípios pequenos, o número de candidatos a vereador praticamente não mudou, mas o número de partidos caiu vertiginosamente. Por exemplo, nos 1.481 municípios (26,6%) com 5.000 a 10 mil eleitores, o número médio de candidatos foi de 52 para 53, já o número médio de partidos que lançaram candidatos caiu de 12 para 6, ou seja, mais da metade. No outro extremo, nos 95 municípios com mais de 200 mil eleitores, o número médio de candidatos subiu de 533 para 661, enquanto o número de partidos que lançaram candidatos também caiu, mas proporcionalmente menos, de 30 para 25.

De forma geral, quanto maior a população do município, maior foi o aumento no número de candidatos a vereador, e menor a queda no número de partidos que entraram na disputa. No entanto, alguns partidos grandes do chamado centrão mostram crescimento. O DEM aumentou o número de candidatos de 20,4 mil em 2016 para 30,5 mil neste ano, mesmo reduzindo de 3.664 para 2.374 municípios. Já o PSD subiu de 27 mil para 36,2 mil candidatos, e o PP de 25,7 mil para 35,2 mil. Por outro lado, ambos concorrem este ano em 2.850 municípios em comparação a mais de 4.200 em 2016. O PSL, antigo partido do presidente Bolsonaro, também cresceu: de 10,1 mil para 20,3 mil candidatos, sendo que caiu pouco o número de municípios onde o partido estará em disputa, de 1.891 para 1.587, especialmente quando comparado a partidos menores como PRTB, PSC, PMN e PTC. O PMN, por exemplo, lançou apenas 4.600 candidatos em 323 cidades, comparado a 7 .000 candidatos e 1.254 cidades em 2016. Um caso que ilustra esse processo é o município de Viana (MA), onde 29 partidos lançaram um total de 107 candidatos a vereador em 2016, enquanto apenas 9 partidos lançaram 167 candidatos no pleito deste ano, incluindo 23 do PSDB, 23 do PSL e 19 do PT.” [Folha]

Números da disputa na maior cidade do país:

“O deputado federal e apresentador de televisão Celso Russomanno, do partido Republicanos, tem 26% das intenções de votos na disputa pela Prefeitura de São Paulo, revela a primeira da série de pesquisas Ibope/Estadão/TV Globo. Ele é seguido pelo atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 21%, Guilherme Boulos (PSOL), com 8%, e Marcio França (PSB), com 7%.” [Estadão]

“O restante dos candidatos teve desempenho bem inferior aos do primeiro bloco. A candidata Vera Lúcia, do PSTU, foi citada por 2% dos entrevistados. Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL), Andrea Matarazzo (PSD), Orlando Silva (PCdoB), Antônio Carlos (PCO), Levy Fidelix (PRTB), Arthur do Val (Patriota) e Marina Helou (Rede) tiveram apenas 1%. O candidato do Novo, Filipe Sabará, não alcançou 1% das intenções de voto.”

O PSTU, porra! O PSTU tá na frente de PT, PSL, PSD e PC do B! Dando BAILE no Novo em São Paulo (?!?!?!) e com o dobro das intenções de voto de Mamãe Falei e do candidato do Mourão! MARXISM INTENSIFIES, viado!

“Desde os anos 90, esta é a primeira eleição municipal em que o PT larga no mesmo patamar dos chamados “nanicos”, e com risco de perder para o PSOL a liderança entre os simpatizantes da esquerda. Um em cada cinco eleitores pretende votar em branco ou nulo, e 8% estão indecisos. Todos os números se referem à pesquisa estimulada, aquela em que o entrevistado anuncia sua escolha depois de receber um disco com os nomes dos candidatos. Em relação à pesquisa Ibope divulgada no dia 20 de setembro, feita a pedido da Associação Comercial de São Paulo e em parceria com o Estadão, tanto Russomanno quanto Covas tiveram oscilação positiva, de dois e três pontos porcentuais, respectivamente. Boulos manteve a taxa, e França passou de 6% para 7%. Russomanno e Covas são também líderes no quesito rejeição: 31% e 27%, respectivamente, afirmam que não votariam neles de jeito nenhum. O apresentador de TV tem desempenho melhor no eleitorado de baixa renda. Entre os que ganham até um salário mínimo, 35% pretendem votar nele. No outro extremo, entre aqueles com renda superior a cinco salários, a taxa é de apenas 12%. No eleitorado evangélico, Russomanno chega a abrir 15 pontos porcentuais de vantagem sobre o atual prefeito, seu principal adversário (34% a 19%). Entre os católicos, os dois estão empatados em 26%. Na segmentação do eleitorado por escolaridade, Russomanno fica à frente entre os que fizeram até o ensino fundamental e médio, mas Covas tem vantagem na parcela com curso superior (23% a 15%).

E como é burro e cretino o Russomano:

“Ainda na condição de pré-candidato, em agosto, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) estabeleceu que não usar o fundo eleitoral, a verba pública destinada ao financiamento de campanha, era condição sine qua non para que topasse a empreitada de ser candidato à Prefeitura de São Paulo pela terceira vez seguida. A exigência arrepiou os colegas de partido. Ao mesmo tempo em que o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a liderança nas pesquisas animaram os aliados, a perspectiva de não contar com o fundo eleitoral foi vista como um prejuízo à competitividade de Russomanno e chegou a embolar a contratação de marqueteiros e advogados. O argumento de Russomanno era o de que não fazia sentido gastar verba pública em campanha num momento de pandemia e de crise econômica. Ele planejava atrair o apoio de empresários e financiar sua campanha com doações, mas seus correligionários são céticos sobre o resultado disso e não querem abrir mão dos recursos garantidos do fundo. O imbróglio teve fim em uma reunião no último fim de semana, quando Russomanno e dirigentes do Republicanos acertaram equipe e detalhes da campanha. O candidato foi voto vencido na questão do fundo.” [Folha]

Sofre muito esse guerreiro!

“Sua posição contrária ao uso de verba pública é antiga. “Hoje os fundos partidários recebem valores absurdos do dinheiro que você, cidadão, recolheu como imposto para ter saúde, educação, segurança pública, transporte coletivo de qualidade, e outros serviços”, escreveu em seu site na campanha passada. Na terça-feira (29), Russomanno evitou responder à imprensa que, no fim das contas, vai usar a verba pública quando foi questionado. A contratação do marqueteiro Elsinho Mouco, responsável pela sua principal proposta até agora, o “auxílio paulistano”, só foi concretizada depois da decisãode que o fundo seria usado.”

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9. Covid-17

Se o que vai abaixo é um crime eu não sei mais de nada:

“O ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Wanderson Oliveira rechaça o argumento do Palácio do Planalto de que a pasta não precisava mais de testes para Covid-19 rápidos e por isso declinou de doação da Marfrig. A Folha revelou que R$ 7,5 milhões da empresa para a compra de exames foram repassados pela Casa Civil ao Pátria Voluntária, da primeira-dama Michele Bolsonaro. “Claro que precisava [de testes]. Lançamos o Diagnostica Brasil em 6 de maio”, afirma Oliveira. Segundo nota do Planalto, a Saúde rejeitou a doação exatamente naquele mês. “Agora precisará mais do que nunca. Quanto mais testes fizermos melhor será para a manutenção das atividades econômicas com segurança.” [Folha]

Bolsonaro sempre falou que crianças não tinham qualquer risco, era só uam chuvinha, oha essa fala dele quando contraiu Covid e deu aquela entrevista esquisita no Palácio:

“Cuidem dos idosos, dos que têm comorbidades. E se vocês forem jovens, se cuidem, mas FIQUEM TRANQUILOS QUE O RISCO É QUASE ZERO DE UM PROBLEMA GRAVE”

Vamos à realidade:

“Pouco mais de dois meses após o início de um monitoramento pela rede de saúde, o Brasil já registra 375 casos de uma síndrome inflamatória grave em crianças e adolescentes que vem sendo investigada por sua possível ligação com o novo coronavírus. Os dados são de um novo levantamento feito pela Folha junto a secretarias estaduais de Saúde e em boletins do governo federal. Para comparação, até 26 de agosto, balanço do Ministério da Saúde apontava 197 casos —um avanço de 89% em cerca de um mês.” [Folha]

Logo menos Bolsonao há de apontar algumas comorbidades infantis.

“Para especialistas, os registros ainda apontam para uma síndrome relativamente rara, mas que exige atenção e acompanhamento por sua gravidade —há ao menos 26 mortes— e por se tratar de uma nova doença, cuja evolução ainda não é totalmente conhecida. O quadro tem sido chamado de Sim-P, sigla para síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, com registros no país em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. No Brasil, um primeiro alerta sobre a doença foi feito em maio pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), após casos na Europa. Dois meses depois, em 24 de julho, o Ministério da Saúde divulgou um documento aos estados orientando a notificação. Isso ocorre porque a maioria das crianças e adolescentes diagnosticadas com a Sim-P apresentou resultado positivo para anticorpos do novo coronavírus. Outras tiveram confirmação para a Covid-19 em exames de RT-PCR ou contato com pessoas que tiveram a doença. Segundo o pediatra Marco Aurélio Sáfadi, do Departamento de Infectologia Pediátrica da SBP, ao mesmo tempo que o registro de novos casos tem reforçado a ligação com o vírus, ainda não há uma explicação sobre o que leva uma parcela pequena a desenvolver o quadro. “É uma incógnita. Nas casuísticas [estudos de casos], em geral, três quartos são crianças saudáveis, que nada tinham tido anteriormente. Que fator de risco leva a isso ainda não sabemos”, afirma. Até o momento, estudos têm apontado para uma espécie de reação imune “desregulada”, como uma resposta exagerada do organismo à infecção pela Covid. “Hoje as evidências sugerem que o vírus desempenha um papel como um gatilho”, diz Sáfadi. “É cada vez mais sólida a convicção de que esses casos são fruto de uma resposta imune desbalanceada.”

Os sintomas começam com febre alta e persistente, com possibilidade de dor abdominal, vômito, diarreia, conjuntivite e aparecimento de erupções e inflamações na pele. Em nível mais grave, há possibilidade de alterações cardíacas, respiratórias, no sangue, na pele e no sistema nervoso —daí o alerta para a necessidade de um diagnóstico precoce. O quadro e a intensidade também variam conforme cada criança. Embora bastante semelhante a outro quadro raro, chamado de síndrome de Kawasaki, a Sim-P tem peculiaridades, diz Marcos Guchert, que acompanhou seis casos no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. “É realmente uma doença nova. Não estávamos acostumados a ver esse quadro na faixa etária do adolescente, nem com tanta manifestação gastrointestinal”, diz ele, segundo quem um aumento recente dos registros tem chamado a atenção. “Nosso primeiro caso foi em julho, o segundo em agosto e só nesse mês de setembro mais quatro casos”, diz ele, que associa as ocorrências a registros recentes da Covid no estado. Ainda segundo os especialistas, quando detectados e tratados em tempo adequado, os casos têm apontado para uma boa recuperação, embora boa parte dos pacientes precisem de internação, que vai de cinco a dez dias. O registro de mortes no país, no entanto, chama a atenção. Segundo dados dos estados, a letalidade média no Brasil seria de 6%, acima da média de outros países, que é de 2%.

Para a infectologista pediátrica Glaucia Ferreira, que acompanha casos em Fortaleza, uma eventual subnotificação é um fator que precisa ser avaliado. “Inicialmente se pensava que era mais raro, mas temos achado que há um número maior que não está sendo diagnosticado”, avalia. Outra dúvida é como evoluirá a recuperação, afirma ela, que cita necessidade de acompanhamento com exames periódicos após a alta por causa de sintomas graves —caso de pacientes que tiveram insuficiência cardíaca, por exemplo. O avanço de casos da Sim-P ocorre ao mesmo tempo que estados apontam envio irregular, pelo Ministério da Saúde, de imunoglobulina, indicada no tratamento de pacientes com imunodeficiências e outros quadros —como a Sim-P. A situação tem levado estados a fazer remanejamentos entre municípios ou compras extras para evitar falta do produto, “mas grande parte delas sem sucesso, em virtude de problemas no mercado”, diz em nota o Conass, conselho que representa secretarias de Saúde.

Segundo o conselho, o abastecimento irregular começou a ser registrado no final de 2019, quando contratos de compra do Ministério da Saúde foram suspensos por órgãos de controle. O problema é confirmado por ao menos 11 estados ouvidos pela Folha. Entre eles, Minas Gerais e Maranhão dizem que estão sem estoques. Nos demais, os relatos são de baixos estoques e até falta pontuais. Questionadas, secretarias de Saúde dizem que o problema ainda não afetou o tratamento da nova síndrome, mas o quadro é de alerta. A Bahia, por exemplo, diz ter recebido só 30% do valor solicitado para o terceiro trimestre —e com atraso. Para o quarto trimestre, foram solicitados 2.463 frascos. Mas o Ministério da Saúde sinalizou a entrega de 190. Situação semelhante é apontada por Pará, Santa Catarina e São Paulo, entre outros. Procurado, o Ministério da Saúde diz que, “diante da pandemia da Covid-19, as empresas contratadas manifestaram dificuldades em cumprir o cronograma de entrega”.”

E a mamadeira de piroca deu lugar ao Kit-Covid!

“Enquanto o fogo se alastra no Brasil, deixando um rastro de incerteza em áreas de preservação e a pandemia mina as bases da economia de famílias e do Estado, cidades agrícolas do chamado “Nortão” de Mato Grosso vivem numa espécie de bolha imune aos efeitos dessas crises. Grandes redes de lojas do varejo e associações comerciais de municípios como Sinop, Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, para citar os mais dinâmicos da região, relatam abertura de centenas de novas empresas, demanda por mão de obra e superação nas vendas do comércio durante a pandemia. Moradores atribuem a prosperidade local a um combo: alta na exportação de produtos agrícolas, medidas frouxas de restrição social, acompanhadas da distribuição do chamado “kit Covid”, e auxílio emergencial, que fez o dinheiro circular fora das lavouras.” [Folha]

Em seu livro Mandetta relata que Bolsonaro, garoto-propaganda da cloroquina, nunca se importou com a profilaxia, apenas com a economia, e essa matéria da Folha deixa isso claro.

“A decisão de não fechar o comércio veio da articulação do setor privado, com atuação forte por meio de associações, em comitês com a prefeitura e acompanhamento do Ministério Público, segundo lojistas. Também houve campanhas para estimular o consumo em datas comerciais e nos pontos de venda locais, evitando a compra em sites de ecommerce de fora. Com portas fechadas por, no máximo, uma semana desde abril, algumas cidades ainda disponibilizaram o que ficou apelidado de “Kit Covid-19”, composto por remédios como hidroxicloroquina e ivermectina. Em Sinop, é comum encontrar cidadãos que tenham tomado ivermectina para evitar o contágio de coronavírus. Sem eficácia comprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o coquetel não impediu a morte de quase 15 mil pessoas nesses quatro municípios, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado. Um médico de Sinop conhecido por protocolar o kit foi vítima de coronavírus. ​”

E eis uma boa otícia;

“As cenas de maior interação social em SP no mês de setembro não se refletiram, até agora, na média diária de novas internações por Covid-19 em SP. ​A queda, entre o começo de agosto e o fim de setembro, foi de 39% no número de pacientes que deram entrada nos hospitais. Na 31ª semana epidemiológica, de 26 de julho a 1º de agosto, 1.847 pessoas foram internadas. Na 39ª, 1.125 deram entrada em hospitais. O número de internados acaba se refletindo, inevitavelmente, no de óbitos, que segue também baixando. O número de pessoas que estão dando entrada em hospitais, no entanto, ainda é considerado alto, a queda, lenta, e a situação “exige cuidados”, diz João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 em SP. A queda tem sido mais acentuada nos hospitais públicos: 452 pessoas foram internadas no fim de setembro, contra 805 entre o fim de julho e o começo de agosto —uma baixa de 44%. Nos hospitais privados, ela foi mais lenta: 38%. Especialistas dizem que a classe média, que meses atrás estava em isolamento social mais rigoroso, passou a ficar mais exposta com o relaxamento e a volta de várias atividades.” [Folha]

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10. O intocável Judiciário

Um grande show de absurdos:

“Poupados até agora da reforma administrativa, que visa cortar benefícios e penduricalhos na remuneração do funcionalismo público, os juízes brasileiros têm 36% de seus ganhos compostos por extras salariais de diversas naturezas. Levantamento da Folha em 871,2 mil contracheques de magistrados, remetidos ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por tribunais do país de setembro de 2017 a agosto deste ano, mostra que, de R$ 35,2 bilhões brutos desembolsados pelas cortes, R$ 12,6 bilhões cobriram “indenizações, direitos pessoais e eventuais”. Nessas três cestas, pagas para além dos salários, estão benefícios como o terço de férias e o 13º salário, mas também uma gama de auxílios, como de alimentação, saúde, pré-escola e natalidade (para despesas iniciais com filhos); ajudas de custo; indenizações por até centenas de dias de férias acumulados; gratificações por substituição, exercício de magistério e cargos de presidência e representação. Entram ainda jetons e diferentes outras verbas, não raro pagas retroativamente. O valor dos adicionais dá uma ideia da economia para os cofres públicos caso o país decidisse lipoaspirar não só a folha de pagamentos de servidores dos três Poderes, mas também a dos julgadores.

Em setembro, o governo Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com mudanças para, em meio à crise fiscal, supostamente racionalizar o serviço público e reduzir gastos com pessoal. O texto atinge servidores do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, mas não alcança o alto escalão desses Poderes (magistrados, parlamentares, promotores e procuradores do Ministério Público). O Ministério da Economia alega que, por limitação constitucional, o governo não pode propor novas regras para essas carreiras, o que, como mostrou a Folha em outras reportagens, é contestado por parte dos juristas. Um dos focos da PEC é o corte de extras. O texto proíbe adicionais por tempo de serviço e substituição, aumentos de remuneração ou de parcelas indenizatórias com efeitos retroativos, progressões ou promoções vinculadas ao tempo no cargo, indenizações sem previsão de requisitos em lei, além da incorporação de valores pagos pelo exercício de cargos em comissão e funções de confiança. Também veda a aposentadoria compulsória como modalidade de punição, assegurada à magistratura. Os dados levantados pela Folha são os informados pelos tribunais ao CNJ por força de uma resolução que os obriga a reportar as remunerações desde setembro de 2017.” [Folha]

Sim, o judiciário foi OBRIGADO a ser transparente só em 2017! Enquanto isso, os milicos ignoram decisão judicial e nem fodendo revela os salários verde-olivas.

“Embora magistrados estejam, em teoria, sujeitos ao cumprimento do teto de remuneração do funcionalismo, equivalente ao subsídio (como é chamado o salário do juiz) dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), hoje em R$ 39,2 mil mensais, pressões da própria magistratura sobre seus órgãos de controle e sobre o Legislativo, bem como o vácuo legal sobre o tema, criam ambiente para que os tribunais, principalmente nos estados, instituam benesses e autorizem pagamentos de atrasados por conta própria. A maioria dos extras não é considerada para o cálculo do limite. Os descontos para o cumprimento desse parâmetro da lei representam 0,8% do total de rendimentos e 2,2% dos adicionais. Os holerites informados ao CNJ são mensais e têm embutidos o 13º e o terço de férias. Ou seja, em alguns meses, os valores são mais altos que o padrão com esses pagamentos. Quase um quarto deles (203 mil) registra ganhos mensais entre R$ 50 mil e 100 mil; outro 1,6% (14 mil), entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Houve ainda 659 beneficiários de valores entre R$ 200 mil e R$ 500 mil; e 27 que ganharam mais de R$ 500 mil em algum mês. Os três tribunais militares nos estados têm, em média, a remuneração mais alta do país: R$ 51,8 mil por contracheque —nas cortes de Minas Gerais e São Paulo, esse valor é de R$ 54 mil.

O CNJ tenta ao menos desde 2006 regulamentar o pagamento de extras, mas, por resistência da magistratura, enfrenta dificuldades para uniformizar os procedimentos, principalmente nos estaduais, que atuam com relativa autonomia na criação e pagamento de benefícios —e exercem influência sobre Assembleias Legislativas na aprovação de leis com margem a adicionais. Em 2017, por exemplo, a Corregedoria Nacional de Justiça editou provimento determinando ser necessária prévia autorização do conselho para qualquer nova vantagem que não constasse da legislação. Diretriz semelhante veio em recomendação da corregedoria em 2018, orientando tribunais a não pagarem auxílios “ou qualquer outra verba que venha a ser instituída ou majorada, ou mesmo relativa a valores atrasados, e ainda que com respaldo em lei estadual, sem que seja previamente autorizado pelo conselho”. A Associação dos Magistrados do Brasil pediu a suspensão do dispositivo. Argumentou que ele negava validade a leis estaduais em vigor, “impedindo ou criando entraves ao pagamento de verbas pecuniárias instituídas ou majoradas legítima e legalmente, observando as respectivas esferas de competência legislativa”.”

Lembrando que o Fux snetou por anos em cima de um epdido de vistas, possibilitando que TODOS os magistrados do país, recebessem um gordo penduricalho.

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11. Petrobras

Começo com o Jânio de Freitas:

“Os negócios sombrios do esquartejamento da Petrobras em mais um capítulo: agora autorizada por pequena maioria de dois votos no Supremo, a Petrobras vai vender sem licitação oito refinarias por R$ 8 bilhões. Valor que a operação dessas empresas lhe daria e seguiria rendendo. O que está óbvio na existência de pretendentes à compra.” [Folha]

8 refinarias por 8 bilhões – e aqui uma correção, são 8 bilhoes de dólares – SEM LICITAÇÃO, licitar pra quê?! Do presidente da Petrobras:

“Foi um dia muito feliz. Uma grande vitória para o Brasil

tenor (1)

Por que diabos vender um patrimônio bilionário, EM ÉPOCA DE BAIXA, sem licitação seria “uma grande vitória para o Brasil”?!

“O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a venda de duas refinarias da Petrobras sem necessidade de licitação ou aval do Congresso. O resultado do julgamento encerrado nesta quinta-feira tem um papel decisivo para as finanças da estatal e a estratégia da atual direção para reduzir o seu alto endividamento. Suspender o processo de negociação, em alguns casos já bem avançado, das oito unidades de refino que a Petrobras colocou à venda poderia significar, na prática, retardar em mais de um ano a entrada de cerca de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões) no caixa da companhia, de acordo com estimativas de mercado. Castello Branco defende a venda de ativos alegando que a Petrobras precisa focar seus esforços na exploração e produção do pré-sal, negócio do qual seria “dono natural”, nas suas palavras. Nesse sentido, a empresa deveria abrir mão de segmentos em que é menos competitiva.” [O Globoa]

2020, carros elétricos, matrizes energéticas mudando no mundo todo oe o cara coloca as fichas no pré-sal. Pré-sal que nem deveria ter saído debaixo do mar, dizer isso naquela época era certeza de ser tratado como maluco.

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12. O país do futuro

“É muito angustiante ver quando o país fica para trás não só com relação aos países desenvolvidos, mas também com relação a nossos próprios vizinhos latino-americanos. Foi publicado há poucos dias pela Universidade de Oxford o índice anual de preparação dos governos para a inteligência artificial (“Government AI Readiness Index”) que cria um ranking global com relação a essa nova tecnologia. A posição do Brasil não é nada animadora. O estudo analisou 33 variáveis em 10 áreas relacionadas a fatores que contribuem para o desenvolvimento da inteligência artificial. Esses fatores incluem infraestrutura tecnológica, a existência de bancos de dados organizados e acessíveis que possam treinar sistemas de IA, disponibilidade de capital humano e assim por diante. Em suma, o estudo cria uma lente poderosa para analisar o presente e a capacidade futura dos países de se posicionarem no campo. O Brasil ficou em 63º lugar no estudo. Nosso país perde não só para potências globais como EUA, Europa e China, mas se posiciona mal até quando comparado com economias muito menores. Na América Latina o Brasil fica atrás do México, Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile em capacidade de inteligência artificial.” [Folha]

Eu Estou GIF - Eu Estou No GIFs

“No cenário global, perde de países como Egito, Índia, Kuwait, Arábia Saudita, Chipre e as Ilhas Maurício. O país vai mal em vários critérios do índice, como falta de planejamento, capacidade digital, infraestrutura, inovação e assim por diante. O estudo destaca fatos regionais relevantes. Por exemplo, o Uruguai vem se tornando protagonista em transformação digital. O país é o primeiro da América Latina a lançar sua rede de 5G. Além disso, é o líder da região também em governo aberto, com bases de dados governamentais abertas para análise pública e organizadas para processos de inteligência artificial. O país tornou-se também o maior exportador de software per capita da região. A Colômbia também tem destaques. O país tem sete empresas consideradas unicórnios (com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão), tem um plano de transformação de digital em curso e está com sua rede 5G já em testes. A Argentina, por sua vez, é o único país da região hoje que tem uma “puro-sangue” de tecnologia na lista da Forbes das 2.000 maiores empresa do planeta, o Mercado Livre. O que fazer? O Brasil precisa de um Plano Nacional de Inteligência Artificial para coordenar o desenvolvimento em todas as variáveis necessárias. No mundo de hoje ter um plano assim não é facultativo, é obrigatório. Precisa também fomentar bases de dados de forma aberta e organizada. O Poder Judiciário é no país quem lidera essa questão e não por acaso é também líder no uso e desenvolvimento de IA para o setor público. Os outros poderes deveriam aprender com o judiciário. Precisa cuidar de infraestrutura e do 5G, que é uma janela de oportunidade.”

Eita porra, fodeu.

“Não faz sentido o país ficar para trás dessa forma. A alternativa é atraso permanente do país com relação ao mundo e à própria vizinhança.”

Sempre seremos um grande exportador de commodities.

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13. Make Brazil Great Again

Nem os americanos entenderam a visita eleitoral do Pompeo:

“No período em que foi embaixador dos EUA no Brasil (2010-2013), Thomas Shannon recebeu a visita do então vice-presidente Joe Biden, que passou alguns dias em Brasília e também fez uma escala no Rio. Para Shannon, a viagem buscou reafirmar o interesse do governo americano em ter uma aliança estratégica com o Brasil, na época governado por Dilma Rousseff.

“Eu não teria recomendado essa viagem. Pompeo poderia ter dito a mesma coisa em Brasília, focando na relação bilateral. Ir a Roraima mostrou o Brasil se prestando a um evento eleitoral dos EUA.”” [O Globo]

O insuspeito Shannon foi exmbaixador americano de 2010 a 2013. Todos os ex-chanceleres do Brasil criticaram pesadamente o tour eleitoral do Pompeo, e agora são acompanhados por um ex-embaixador americano.

“Primeiro, é importante reconhecer que Biden tem uma vasta experiência em relações exteriores. Ele foi senador, presidente da Comissão de Relações exteriores do Senado, fez muitas viagens. Pense que ele começou no Senado com 30 anos, são 47 anos de experiência. No começo, com muito foco nas relações dos EUA com a antiga União Soviética, os anos da Guerra Fria. Mas Biden teve um papel importante no Plano Colômbia, nas guerras da América Central, e especialmente contra o narcotráfico. Em seu segundo mandato, o presidente Obama o designou como líder da política americana para a América Latina. Biden fez muitas viagens, veio inclusive ao Brasil quando eu era embaixador. E seu pensamento sobre a região não começou como o de muitos americanos, que pensam em Cuba, no Caribe. Ele focou na América do Sul, especialmente em Brasil e Colômbia. Biden poderá ser um dos únicos presidentes americanos que, em seu primeiro dia de trabalho, não terá que perguntar por que o Brasil e a região são importantes. Entende muito bem a questão da migração e seu impacto nos EUA. Biden pensa estrategicamente, já Trump pensa em termos de transações, de acordos, negócios. O importante é que a relação entre os dois países esteja baseada no reconhecimento da importância do outro. Tenho a esperança de que, se for eleito, Biden encontre a maneira de expressar ao Brasil a importância da relação bilateral. Se a relação com Bolsonaro for problemática, imagino que buscará aproximar as sociedades dos dois países.”

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14. China

Favor ler o título do eisódio na voz do Trump:

Vamos ao excelente Igor Gielow:

“Os Estados Unidos farão uma demonstração de força nesta semana contra a China que está causando preocupação nos meios diplomáticos de Pequim. Na terça (6), o secretário de Estado e principal proponente da Guerra Fria 2.0 de Donald Trump contra os chineses, Mike Pompeo, chega a Tóquio. Ele irá se reunir com os chanceleres do Japão, Austrália e Índia na mais importante reunião do chamado Quad desde sua refundação, em novembro de 2017. O Quad é abreviação inglesa de Diálogo de Segurança Quadrilateral. Basta apontar seus integrantes no mapa para entender que é uma frente anti-China, cercando todas as saídas para o mar da grande nação continental. Eles irão discutir a integração da Austrália nos exercícios navais anuais do grupo, em novembro. Mas isso é só um dos incômodos para a ditadura comunista. “E se ele [Pompeo] for louco e der uma parada depois em Taiwan?”, questionou o influente analista chinês Xiang Langxin, do Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, de Genebra.” [Folha]

A menos de um mês da eleição? Estranho é se o Pompeo fizer um tour discreto pelas bandas de lá.

Em um webinário da Fundação Fernando Henrique Cardoso (disponível no YouTube), na quinta (1º), ele citou a hipótese como algo que “apavora os militares chineses” devido ao momento. A eleição americana é em novembro, e Trump está atrás de Joe Biden nas pesquisas. Analistas adoram especular sobre a “surpresa de outubro” que tradicionalmente visa influenciar o resultado do pleito. Com o diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus de Trump, 74, o cenário fica ainda mais nebuloso. “A China vai morder a isca”, disse, se tal afronta diplomática, aos olhos de Pequim, acontecer. Xiang tem bastante trânsito nos meios diplomáticos e militares chineses. Há precedentes. Desde agosto, os americanos já enviaram seu secretário de Saúde e um dos adjuntos de Pompeo à ilha que a China considera uma província rebelde. Nas duas ocasiões, a China fez ameaças militares diretas a Taiwan, exercitando navios no estreito entre os dois territórios e enviando aviões rumo ao espaço aéreo de Taipé. Sistemas antiaéreos e caças da ilha foram acionados. O problema para Pequim é a hipótese de Pompeo ser a mais alta autoridade a pisar na ilha desde que os EUA e a China estabeleceram relações diplomáticas, em 1979. A partir daquele ano, os EUA pararam de reconhecer Taiwan como independente de direito, mas mantêm a relação de fato e são o principal parceiro militar da ilha. Para Xiang, uma reação das Forças Armadas chinesas seria inevitável, e sempre pode haver uma escalada. Ele já concorda com a avaliação corrente de que a disputa sobre o mar do Sul da China, que Pequim considera 85% seu território e os EUA reconhecem como área livre, trazia riscos “muito perigosos” de um conflito acidental. Até aqui, Taiwan era visto como um teatro de confronto improvável, porque poderia opor diretamente Washington a Pequim.

Mas os gestos de Trump com seus enviados à ilha mostram que um embate pode ocorrer. Xiang crê que uma invasão chinesa da ilha, embora não impossível, só ocorreria se ela se declarasse independente. Mesmo se nada disso ocorrer, a reunião do Quad já é espinhosa para a China. O grupo foi criado em 2007, mas dissolveu-se na prática um ano depois com a saída da Austrália. Com a chegada de Trump ao poder, em 2017, foi refeito e revigorado. Agora, deixou de ser um encontro protocolar de segundo escalão e fará uma cúpula de chanceleres. Muita coisa mudou ante a antiga encarnação do Quad, além da beligerância de Trump. A Austrália tinha receio de confrontar a China, até por questões comerciais. Agora, reforça seu poder aeronaval e adota retórica de confronto. A Índia, parceira da China no grupo Brics, também se afastou de Pequim e aproximou-se dos EUA. Neste ano, os dois países protagonizam um tenso impasse na área de fronteira que disputam no Himalaia —que gerou um embate com dezenas de mortos em junho e ainda está inconcluso. O Japão vem se rearmando. Esse será o primeiro grande evento político no país após a renúncia de Shinzo Abe, o premiê que definiu uma política mais agressiva do arquipélago. Mas os nipônicos mordem e assopram. Neste mês, o chanceler chinês, Wang Yi, também visitará Tóquio. Em entrevista recente, ele qualificou o Quad de “ideia para agarrar umas manchetes”. Na visão de Xiang, a China vê este outubro como o zênite das tensões do ano. Que não são poucas, além das já citadas: guerra comercial e disputa tecnológica, diferenças sobre a repressão em Hong Kong e o manejo do coronavírus, fechamento de consulados. Passada a eleição, acredita, as coisas podem se acalmar, seja Biden ou Trump o vencedor. No caso do republicano, ele diz que o problema são os “falcões” de sua equipe. Pompeo é o homem que diz que o mundo tem de escolher entre chineses e americanos. “Trump não quer saber de ideologia, mas Pompeo se aproveita de um presidente idiossincrático”, afirmou. Se além disso o secretário de Estado também será “louco”, como definiu Xiang, deve ficar claro nesta semana.

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15. Um Trump Muito Louco

Queria muito escrever um relato só com os últimos dias do Trump mas me falta tempo, e na falta dele vou de tuítes mesmo.

Enquanto isso, no hospital:

E olha a doideira, Trump obviamente desrepseitou todas as recomendações médicas pra parecer fote, e até o Don Trump Jr. achou absurdo:

“Donald Trump’s erratic and reckless behavior in the last 24 hours has opened a rift in the Trump family over how to rein in the out-of-control president, according to two Republicans briefed on the family conversations. Sources said Donald Trump Jr. is deeply upset by his father’s decision to drive around Walter Reed National Military Medical Center last night with members of the Secret Service while he was infected with COVID-19. “Don Jr. thinks Trump is acting crazy,” one of the sources told me. The stunt outraged medical experts, including an attending physician at Walter Reed. According to sources, Don Jr. has told friends that he tried lobbying Ivanka Trump, Eric Trump, and Jared Kushner to convince the president that he needs to stop acting unstable. “Don Jr. has said he wants to stage an intervention, but Jared and Ivanka keep telling Trump how great he’s doing,” a source said. Don Jr. is said to be reluctant to confront his father alone. “Don said, ‘I’m not going to be the only one to tell him he’s acting crazy,’” the source added. One area where the family seems united is over the president’s manic tweeting early Monday morning. After Trump sent out more than a dozen all-caps tweets, the Trump children told people they want Trump to stop. “They’re all worried. They’ve tried to get him to stop tweeting,” a source close to the family told me.

The Trump family’s private concern about Trump’s behavior could raise questions about his fitness for office. Trump has been prescribed drugs that medical experts say can seriously impair his cognitive function. Last night the New York Times reported that steroids, which Trump is reportedly taking, specifically dexamethasone, are known to “affect mood, causing euphoria or a general happiness.” There is a long history in the Trump family of denying serious illness. According to a Trump family friend, Trump’s father, Fred Trump Sr., insisted on working even after his Alzheimer’s disease advanced in the 1990s. “To retire is to expire!” Fred Sr. would say. The friend said that as Fred Sr.’s disease worsened––he once came down the stairs wearing three neckties––the family created a system so that Fred could think he was still running the Trump Organization. Every day Fred Sr. would go to the office in Brooklyn and they would give him blank papers to sort through and sign. The phone on Fred’s desk was set up so that it could only dial out to his secretary. “Fred pretended to work,” the family friend said. The White House did not immediately respond for comment.” [Vanity Fair]

Do Celso Rocha de Barros:

“Vários e bons analistas já escreveram sobre os efeitos que uma vitória de Biden teria sobre o bolsonarismo. Mesmo se Biden não jogar contra Bolsonaro, certamente não jogará a favor, e nosso isolamento diplomático deve atingir níveis inéditos. Mas há um outro cenário possível que recebeu menos atenção: uma vitória de Trump com corrosão institucional. Se Trump for eleito dentro das regras, as coisas devem continuar como estão. Mas se vencer no tapetão, porque não aceitou a derrota, porque pediu recontagem, porque sua indicada para a Suprema Corte ajudou a anular votos por correspondência, ou porque a milícia Proud Boys espalhou terror pelas ruas, o radicalismo bolsonarista vai se sentir encorajado pela radicalização americana. Afinal, os Proud Boys são a versão gringa da “turma do artigo 142” que Bolsonaro tentou beneficiar com a liberalização da importação de armas. Isso poderia, inclusive, frustrar o esforço de acomodação de Bolsonaro dentro do sistema político brasileiro. Esse acordão vem forte faz alguns meses, e teve uma grande vitória com a indicação de Kassio Nunes para o STF. Se Amy Barrett, a juíza conservadora recentemente indicada por Trump para a Suprema Corte, já estiver no tribunal durante uma manobra para anular votos democratas, os radicais brasileiros perguntarão: Kassio Nunes teria coragem de anular os votos do PT? De qualquer forma, para quem está tentando moderar Bolsonaro, se não for possível que Trump vença fácil, talvez seja melhor que perca feio, sem chance de virar no tapetão. Se Trump tentar melar o jogo e isso contaminar a política brasileira, não será a primeira vez que a direita americana incentivará golpes na América Latina, mas será a primeira vez que o fará pelo exemplo.” [Folha]

Encerro com a Dorrit Harazim:

“Deve ter sido difícil para a Casa Branca, à 1h11 da madrugada da sexta, 2 de outubro, divulgar o que sobrava da agenda de Donald Trump para o resto do dia. Reformatada às pressas pela notícia-bomba de que o presidente testara positivo para o coronavírus, a única atividade mantida foi o seu telefonema de apoio a idosos vulneráveis ao coronavírus. Ironia crudelíssima. Trump poderia ter dado o telefonema a si mesmo. Com 74 anos de idade e sobrepeso (110 kg), colesterol alto, adepto da hidroxicloroquina, uma internação hospitalar de 2019 jamais explicada e ostentação de relatórios médicos que sempre davam a impressão de ter sido escritos pelo próprio paciente, Trump acabou traído pelo vírus que há sete meses teima em negar. Fosse ele apenas uma fraude de bilionário-ostentação, o problema seria pessoal. Dado o cargo que ocupa, o real estado de saúde do 45º presidente americano é de interesse nacional máximo e consequência global instantânea. Sobretudo quando são dois os vírus em colisão na Casa Branca: o corona e a desinformação sistemática usada pelo governante. Ambos podem se revelar mortais — o primeiro, para a vida humana; o segundo, para a vida democrática. O resultado positivo do teste de Trump demonstra de forma inequívoca sua incapacidade de proteger a nação que o elegeu — a curva de 208 mil mortos e 7,2 milhões de infectados continua subindo — e de proteger-se de si mesmo. Nos míseros 30 dias que faltam até a eleição de 3 de novembro — ominoso teste para o atual curso democrático dos EUA —, incertezas, medo e déficit de confiança deverão chegar a extremos. Como fica o funcionamento do país com as lideranças dos três poderes e do mais alto escalão do governo tendo tido contato de primeiro grau (sem máscara nem distanciamento) com Trump ou alguém próximo a ele? Diante do que se sabe sobre a chance de falsos negativos em testes sorológicos, todos deveriam permanecer quarentenados por 14 dias. Dificilmente conseguirão. De uma hora para outra, a pandemia se tornou real. E, de uma hora para outra, a paciente contagem de falsidades e mentiras criadas pelo presidente — já são mais de 20 mil — deixou de ser vista como trabalho inútil do “Washington Post”. Ela explica a abissal falta de confiança na Casa Branca neste momento crítico. De sintomas inicialmente “leves”, pulou-se em algumas poucas horas à hospitalização do presidente. Como dar crédito a qualquer declaração oficial, seja do chefe da nação, de seu vice , chefe de gabinete, médico, porta-voz, estafe? Sem falar que, excetuando um tuíte madrugal do paciente, não só o país, como as lideranças do Congresso permaneceram sem informação oficial por mais de dez horas. Sequer se sabe, ao certo, desde quando Trump está efetivamente infectado. Pela narrativa inicial, ele se contaminou na quarta-feira, ao longo de vários périplos eleitorais — aéreos e terrestres — com sua assessora mais próxima, Hope Hicks, então já sintomática. Trump foi testado na quinta à noite. Contudo é bastante incomum para um paciente de Covid-19 receber resultado positivo já no primeiro dia após ser exposto ao vírus. É mais provável que ele tenha cumprido sua rotina da semana já infectado, mas sem sabê-lo, sempre sem máscara ou distanciamento. Vale registrar que, momentos antes do início do debate-embate de terça-feira, um dos médicos pediu aos convidados republicanos que usassem as máscaras cirúrgicas azuis recebidas. Era uma das regras obrigatórias do evento. Foi ignorada, inclusive pela primeira-dama, que dois dias mais tarde também testaria positivo. Não foi a única regra atropelada naquele debate ímpar. Trump apostara todas as fichas no seu estilo betoneira. Imaginou triturar o adversário morno, deixando-o confuso e expondo suas fraquezas. Apropriou-se quanto pode dos 90 minutos regulamentares, invadiu o território do mediador, confiou no seu impacto macho tonitruante, insultou, interrompeu. Era mais do que uma questão de estilo, foi sua estratégia. Apesar da fragilidade de Joe Biden, porém, deu tudo mais ou menos errado — a começar pelos 3,8 milhões de dólares arrecadados pela campanha democrata nos primeiros 60 minutos do bate-boca. Em 2016, durante seu treino com um sparring de debates antes do primeiro confronto mano a mano com Hillary Clinton, Trump foi informado do vazamento da explosiva gravação na qual ele se gabava de conseguir o que quisesse de qualquer mulher — “elas deixam você fazer tudo …agarrá-las pela xoxota… tudo”. Eram tempos mais inocentes, ainda se pensava que a revelação faria naufragar a ambição presidencial daquele meteoro alaranjado. Mas Trump venceu, cimentando sua certeza de impunidade, imunidade e invencibilidade eternas. De repente, se vê atingido pela impensável possibilidade de derrota eleitoral. Precisaria reverter a tríade de fracassos nesta reta final da campanha — pandemia à solta, economia incerta, consequências legais de suas finanças fraudulentas caso volte a ser cidadão comum. Mas tempo e saúde para incendiar a eleição estão minguando. “As regras são para os bobos, e eu sou esperto”, gostava de proclamar o presidente para alegria de seus seguidores. Não neste caso. Em linguagem que lhe cairia bem, “perdeu, mané”. A pandemia foi mais esperta.” [O Globo]

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>>>> Citação do Néstor García Canclini, antropólogo argentino: “Há muito tempo, Beatriz Sarlo disse: “A cena televisiva é rápida e parece transparente; a cena institucional é lenta e suas formas (precisamente as formas que tornam possível a existência das instituições) são complicadas até a opacidade que engendra a desesperança”.” [Folha]

>>>> Quero saber como foi o convencimento pra cima do Múcio: “Preterido na escolha do futuro ministro do STF, o ministro Jorge Oliveira já tem destino certo: a vaga que será aberta com a aposentadoria de José Mucio Monteiro no TCU. Toda a articulação para a nomeação de Oliveira foi feita nos últimos dias. E já foi comunicada por Bolsonaro ao próprio Mucio na sexta-feira passada. O anúncio oficial da decisão do presidente acontecerá imediatamente. Mucio esteve na sexta-feira com Bolsonaro. E o avisou que se aposentará no dia 31 de dezembro, mas vai protocolar o pedido nesta semana. Ao antecipar formalmente sua saída, José Mucio libera Bolsonaro para enviar o nome de Oliveira para ser sabatinado pelo Senado — a ideia, inclusive é que Jorginho, como é chamado por Bolsonaro, seja ouvido pelo Senado na mesma época da sabatina de Kassio Nunes, ou seja, em novembro. Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República desde junho de 2019, Oliveira terá conversas com ministros do TCU nos próximos dias, assim que Mucio tornar oficial sua saída.” [O Globo]

>>>> Não é a primeira vez que a PGR do Aras decide uma coisa e alianças políticas fazem a PGR mudar de idéia: “Ainda antes de se refazer da acusação de tentar distorcer investigações da Lava Jato, a procuradora Lindôra Araújo confirma sua disposição. Pediu ao Supremo que rejeite a denúncia contra o deputado Arthur Lira por corrupção. A originalidade está em que a acusação foi feita pela própria Lindôra Araújo, assegurando então que “a investigação comprovou o repasse de propina ao parlamentar”. Agora a procuradora acusa a mesma denúncia de “fragilidade probatória”. No intervalo, Lira tornou-se bolsonarista de liderança no centrão. Se não punida por denúncia com falsa comprovação, Lindôra Araújo teria de sê-lo por retirar denúncia com comprovação verdadeira. Mas talvez nem valha o trabalho. Punição no Ministério Público Federal é ficção.” [Folha] E essa Lindôra é a procuradora que foi dar uma batida na LJ de Curitiba e se recusou a usar máscara, sabe como é, one já se viu autoridade respeitando lei no Braisl, né?

>>>> Isso aqui é brutal: “Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com a fuga dos habituais visitantes 50 mil estabelecimentos turísticos tiveram de fechar as portas de março a agosto. São bares, restaurantes, hotéis, pousadas, agências de viagens e serviços de transportes, cultura e lazer. O número representa a extinção de 16,7% dos estabelecimentos turísticos do País, especialmente bares e restaurantes (com o fechamento de 39,5 mil pontos), hotéis, pousadas e similares (5,4 mil) e transporte rodoviário (1,7 mil).Todas as unidades da Federação perderam empresas turísticas, com destaque para São Paulo (redução de 15,2 mil estabelecimentos), Minas Gerais (5,4 mil), Rio de Janeiro (4,5 mil) e Paraná (3,8 mil). Ainda de acordo com o estudo, em seis meses de pandemia foram fechados 481,3 mil empregos formais no setor ligado ao turismo. “O impacto dessa mortandade de empregos no mercado de trabalho é gigantesco. O setor tinha 3,4 milhões de trabalhadores formais antes da pandemia. Houve uma destruição de quase 14% dos empregos no setor”, avaliou Bentes. O setor turístico explorou apenas 26% do seu potencial de geração de receitas nos meses de crise, deixando de faturar R$ 207,85 bilhões entre a segunda quinzena de março e o fim de setembro, calculou a CNC. O pior momento ocorreu em março e abril, quando o volume de serviços turísticos prestados no País despencou 68,1%, conforme apurado pela Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em julho, o setor ainda operava 56,6% aquém do patamar pré-pandemia. “Há dentro do setor turístico perdas muito importantes na parte de locação de automóveis, alojamento e alimentação, agências de viagens, serviços de buffet, criação artística”, enumerou Rodrigo Logo, gerente da pesquisa do IBGE. Segundo Manoel Linhares, presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), as medidas do governo voltadas para sustentação do emprego e concessão de crédito ajudaram a evitar perdas maiores no setor, mas a ocupação na rede de hotelaria permanece baixa. “A ocupação média está em 20% da capacidade total. O hoteleiro precisa de 50% de ocupação para pagar os custos, então ele teve que diminuir gastos, dispensar funcionário”, justificou Linhares. “Vendas internacionais estão fracas. No doméstico, beiramos 70% de um ano atrás”, contou Leonel Andrade, presidente CVC Corp, dona da operadora de viagens CVC, ao comentar o prejuízo líquido de R$ 1,151 bilhão no primeiro trimestre de 2020.” [Estadão]

>>>> No caso da Benedita a crítica não procede já que a cópia se deu em cima de propostas do partido na campanha do Haddad: “Ao menos quatro candidatos a prefeito do Rio copiaram trechos dos programas de governo de publicações disponíveis na internet. O GLOBO encontrou nas propostas entregues à Justiça Eleitoral por Marcelo Crivella (Republicanos), Luiz Lima (PSL), Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) passagens idênticas às de artigos, apresentações da prefeitura e documentos apresentados em eleições passadas. Adversário direto de Crivella na briga pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro, Lima aproveitou itens do plano estratégico apresentado pelo prefeito no primeiro ano de governo. Uma das promessas do candidato do PSL é “promover a balneabilidade das praias e a despoluição de rios e lagoas”, apresentada da mesma maneira no documento do município. Em outro momento, o programa de Lima defende a “integração dos modais, com prioridade para o transporte de alta capacidade e promover a integração físico-operacional e tarifária, diminuindo o tempo de deslocamento e dando capilaridade à rede de transporte” — o trecho foi copiado integralmente do plano da gestão de Crivella. Um artigo escrito por um advogado também serviu de inspiração ao candidato do antigo partido de Bolsonaro. Ao citar as propostas para o esporte, Lima, ex-nadador, faz um depoimento pessoal. O último parágrafo, no entanto, em que narra como profissionais da área “costumam exercer uma liderança natural” entre os alunos foi retirado do texto “Ética e educação física no mesmo jogo. Um desafio possível”, publicado em agosto de 2019. Crivella, por sua vez, retirou integralmente um trecho em que propõe “proteger as fontes de águas subsuperficiais e subterrâneas contidas no Aquífero Guaratiba” de uma apresentação feita pela Secretaria municipal de Meio Ambiente, disponível no site da prefeitura. No capítulo em que trata de ações para fomentar as startups na cidade, o prefeito promete realizar quatro ações para atrair pequenos e microempreendedores. Os textos, no entanto, foram extraídos da área do site da prefeitura que explica a atuação da Agência de Fomento do Município (Fomenta Rio).” [O Globo]

>>>> ATENÇÃO, CARDIOLOGISTA DO TEMER! “Preso durante alguns dias em março de 2019 numa das fases da Lava-Jato fluminense, continua na mira do MPF do Rio de Janeiro. A pedido da força-tarefa, Marcelo Bretas decretou a quebra do sigilo bancário de Temer, de sua mulher, Marcela, e das filhas Clarissa e Luciana. Na decisão, de 24 de junho, Bretas determinou “o afastamento do sigilo bancário” de 27 pessoas físicas e jurídicas. Entre elas, o advogado José Yunes. Um dos mais próximos amigos de Temer, Yunes não passa por esse revés sozinho: também constam da decisão sua mulher, Célia, e seus dois filhos, Marcelo e Marcos, além do escritório de advocacia e da incorporadora imobiliária da família. Impressiona a extensão de tempo da quebra do sigilo: 16 anos. De 2004 até junho deste ano.” [O Globo]

>>>> Doria insiste: “O governo João Doria (PSDB) vai insistir na aprovação do projeto que mexe com a estrutura e as finanças do estado, apesar da derrota sofrida na Assembleia na quarta (30), quando faltou quórum para a votação. O motivo é o impacto de R$ 8,7 bilhões nas contas públicas, que praticamente tiraria o estado do vermelho no ano que vem, antessala da eleição de 2022. O Palácio dos Bandeirantes diz que o revés no Legislativo foi acidente de percurso e fará nova investida nessa semana. O projeto é amplo, com extinção de órgãos, redução de benefícios tributários e transferência de recursos das universidades para o caixa do estado. Até por isso, uniu adversários ideológicos pela sua derrubada. Um dos argumentos do governo é que os benefícios fiscais que, segundo opositores, equivalem a aumento de impostos, não serão eliminados, apenas reduzidos, ficando ainda abaixo das alíquotas mínimas previstas. E que as universidades já tiveram receitas extraordinárias no passado de programas de refinanciamento tributário.” [Folha]

>>>> Que coincidência danada… ““Alvo de busca e apreensão da PF por suspeita de lavagem de dinheiro no esquema da Saúde do Rio de Janeiro, a empresa Fênixx Segurança e Transporte de Valores recebeu ao menos 35 milhões de reais nos dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro”, informa a Crusoé. “A empresa aparece na Operação Tris In Idem, que resultou no afastamento de Wilson Witzel, como sendo ligada ao operador financeiro do Pastor Everaldo, o empresário Victor Hugo Barroso”.” [Não lincamos Antagonsta]

>>>> Qualquer semelhança entre SP e PCC não é mera coincidência: “O site independente El Faro é a melhor fonte de informação sobre a América Central _um verdadeiro “farol”, como o nome diz. No início de setembro, publicou uma reportagem investigativa, baseada principalmente em documentos oficiais do sistema penitenciário e em testemunhas, que dava conta de que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, teria estado negociando com uma das “maras” (facções criminosas) mais violentas e perigosas do país. A Mara Salvatrucha, grupo presente também na Guatemala e em Honduras, é um dos responsáveis pelos crimes de extorsão, sequestros e assassinatos que atingem milhares de famílias humildes que, por sua vez, são levadas a fugir de seu país de origem todos os anos. Muitos de seus integrantes estão presos, e o presidente Bukele costuma propagandear que as prisões onde estão são de segurança máxima, onde impera um regime em que não há possibilidade de comunicação entre os detentos. A negociação que o El Faro denunciou estaria relacionada às eleições legislativas marcadas para março de 2021. Bukele teria prometido benefícios nas condições daqueles que estão presos em troca de que reduzissem os assassinatos afim de dar uma boa imagem do governo e, assim, fazer com que o eleitorado votasse em seus candidatos. O resultado do trato já estaria visível. Nos últimos 9 meses da atual gestão, houve uma redução de 56% da cifra de homicídios. O presidente vem em conflito com o Congresso há meses, e chegou a ameaçar fechá-lo em fevereiro. Como houve imensa repercussão negativa internacional, Bukele recuou. Agora, tenta ganhar espaço no parlamento pelas urnas. Porém, segundo a publicação, com uma “ajudinha” de uma das mais perigosas facções criminosas do mundo. O caso teve ampla repercussão, e vários outros veículos independentes também publicaram matérias à respeito, enquanto a Procuradoria do país anunciou que investigará a suposta negociação. Bukele nega a acusação, diz que a reportagem “é uma farsa” e que a redução dos homicídios está, na realidade, relacionada à sua política de segurança. O presidente ainda determinou que o ministério da fazenda investigue a contabilidade do El Faro, ameaçando mandar fechar o site por suposta evasão de impostos e por lavagem de dinheiro. O mesmo está sendo feito, simultaneamente, com outras publicações que estão repercutindo a história, como a revista Fáctum, La Prensa Gráfica e a a publicação Gato Encerrado. Bukele tem mais de 90% de popularidade, porém muitas de suas ações são criticadas, como deve ser, pelo jornalismo. Entre elas, o abuso de poder durante a pandemia do coronavírus e o avanço contra o legislativo. A imprensa segue sendo uma pedra em seu sapato. Só que afogar financeiramente os meios de comunicação críticos é uma prática típica de governos populistas e intolerantes. Algo com que Bukele, cada vez mais, parece identificado.” [Folha]

>>>> Vai, Jacinda! “A 12 dias da eleição que pode reelegê-la para mais um mandato, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou nesta segunda-feira (5) o fim das restrições ordenadas em Auckland para conter um surto de casos de coronavírus. A maior cidade do país está há 12 dias sem registrar novas infecções depois de três semanas de confinamento para cerca de 1,5 milhão de moradores. “Os habitantes de Auckland e os neozelandeses se submeteram a um plano que funcionou duas vezes. E venceram o vírus novamente”, disse Jacinda, em entrevista coletiva. A primeira onda de casos de Covid-19 na Nova Zelândia foi contida no fim de maio com um confinamento em âmbito nacional. O país chegou a ficar 102 dias sem novos casos de coronavírus. Mas Jacinda pediu que a população continue alerta e lamentou o uso cada vez menor do aplicativo oficial de rastreamento de possíveis infectados e a queda no número de testes. “O retorno do vírus não é a única coisa que nos preocupa. Também há um retorno da indulgência”, disse. Até esta segunda-feira (5), o país de cinco milhões de habitantes registrou um total de 1.855 casos e 25 mortes por coronavírus, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.” [Folha]

>>>> A disputa por 15% das reservas internacionais da Venezuela: “Um tribunal de Londres anulou nesta segunda-feira uma decisão judicial de julho favorável ao líder da oposição da Venezuela, Juan Guaidó, que havia impedido que 31 toneladas de ouro venezuelano depositadas no Banco da Inglaterra (BoE) fossem recuperadas pelo Banco Central do país, que responde ao governo de Nicolás Maduro. Na ocasião, o juiz Nigek Teare escrevera em sua decisão que “o governo britânico reconhece o senhor Guaidó na capacidade de presidente constitucional interino da Venezuela”. No entanto, nesta segunda-feira, considerando ambígua a declaração do então ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, que em fevereiro de 2019 reconheceu Guaidó como “presidente interino da Venezuela”, a Corte de Apelação afirmou que o Executivo de Londres poderia seguir reconhecendo o governo de Nicolás Maduro. Nesta nova decisão, porém, os juízes não conseguiram definir se Maduro é considerado de fato o presidente da Venezuela pelo governo britânico. Por isso, haverá uma investigação mais profunda para determinar quem poderá controlar o ouro. “Antes de poder dar uma resposta definitiva às questões de reconhecimento […] será necessário determinar se o governo de Sua Majestade reconhece o senhor Guaidó como presidente da Venezuela para todos os efeitos e, portanto, não reconhece o senhor Maduro como presidente a nenhum efeito”, escreveram os juízes na decisão, que vai enviar o caso novamente à Corte Comercial, responsável pela decisão de julho. O governo de Maduro, por meio do Banco Central da Venezuela, presidido por Calixto Ortega, tenta há quase dois anos — até agora, sem sucesso — recuperar as 31 toneladas de ouro, que equivalem a cerca de 15% das reservas em moeda estrangeira da Venezuela, avaliadas em US$ 1 bilhão (R$ 5,634 bilhões).” [O Globo]

>>>> Do Gaspari: “Acaba de sair nos Estados Unidos o livro “The Man Who Ran Washington” (“O Homem que Mandou em Washington – A Vida e os Tempos de James Baker III”). Ele comandou as campanhas de três presidentes republicanos. Foi chefe da Casa Civil de Ronald Reagan e George Bush 1º, secretário de Estado e do Tesouro. Junto com seu parceiro de duplas de tênis Bush 1º, administrou a diplomacia americana durante o colapso da União Soviética e a reunificação da Alemanha. Se isso fosse pouco, articulou a equipe de advogados que garantiu a presidência dos Estados Unidos para Bush 2º. Nela incluiu John Roberts, atual presidente da Corte Suprema. Nascido numa família de advogados texanos, James Baker foi criado no conforto. Para quem viu as baixarias de Donald Trump no debate de terça-feira, sua vida mostra que existem conservadores e republicanos decentes. A única eleição que disputou mostra quem ele era. Seus marqueteiros mostraram-lhe que o adversário deixara em liberdade um criminoso que mais tarde mataria duas pessoas. Baker recusou o tema. Ele achou que a acusação seria pessoal. Perdeu a eleição. O autor do livro é o jornalista Peter Baker, sem parentesco com o biografado. A fábrica que produzia conservadores craques como Bush 1º e James Baker está temporariamente fechada. Aos 90 anos, leva a vida em Houston, caçando e pescando.” [Folha]





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